Pergunta: Rav, eu li o livro Najal Novea, há relatos dessa ideologia de não comer por uma possível “aproximação” de D’us... isso me parece tão anti-judaico
Resposta: Bom dia! Alguns comentários e detalhes:
*O povo judeu é chamado de exército de D.us, logo há muitos pelotões em um exército, todos com formações muito diferentes e destinados a funções diversas, muitas vezes contraditórias, como um batalhão cuja função é atacar, outro impedir ataques. Todos se complementam. Similarmente, temos no judaísmo ortodoxo diferentes vertentes, cada qual com ênfase em alguns pontos diversos, que poderiam inclusive estar em pontos diametralmente opostos, o parecer estar em franca oposição ideológica. O resultado geral deve depender do equilíbrio entre as forças e de sua devida aplicação onde são indispensáveis, e impedir que se apliquem onde não têm seu lugar.
--> o envio de um batalhão e aplicação de uma força em um lugar ou momento equivocado tem consequências dramáticas e é mais nefasto do que a inação calculada.
--> Cada judeu tem o dever de saber onde está, quais são suas forças e seus limites assim como o impacto que dentro do âmbito coletivo, como dito por Ribi Akiva: דַּע מֵאַיִן בָּאתָ, וּלְאָן אַתָּה הוֹלֵךְ, וְלִפְנֵי מִי אַתָּה עָתִיד לִתֵּן דִּין וְחֶשְׁבּוֹן
*este livro é de uma hassidut, logo se trata de "hassidim", de um grupo de pessoas em torno a um Haham que faz mais do que o que solicita a halakhá com propósitos que tocam seu coletivo em um contexto específico
--> o equívoco é extrapolar o preceito ao público largo, que não conheceu o haham, nem estudou seus ensinamentos a fundo, e a quem o haham não se dirige.
--> logo a leitura de tal obra deve fazer-se tendo em mente que a maior parte das coisas ali contidas não se aplicam ao leitor
*Este é o comportamento do haham, que, consciente desde cedo de sua função no mundo, (como um príncipe que é educado desde cedo a ser e viver como rei ou general) se prepara da maneira mais adequada para ele, dentro do contexto da aristocracia na qual se insere.
--> o comportamento do Admor deve ser emulado unicamente por aqueles que ele designa
--> novamente, seria erro dramático extrapolar este comportamento a qualquer um que não pertença à aristocracia
*Note que jejuns são parte do judaísmo temos 7 por ano para todos os judeus, centenas de livros de halakhot e um tratado do talmud pelo menos (taanit) que tratam do assunto. Qualquer jejum fora do âmbito da halakhá é considerado "midat hassidut"
*Todo estudo do judaísmo deve levar em consideração a situação do coletivo agora e quando o ensinamento foi formulado, seu contexto histórico, o público ao qual foi destinado, o impacto que tem se for aplicado a contextos que não são compatíveis, assim como sua ordem de prioridade. É paralelo à mensagem do Ram'hal em sua introdução ao livro Derekh Hashem quando convida o leitor a organizar seu pensamento e compartimentar suas ideias, conscientizando-se do lugar e da aplicabilidade de cada uma delas.
יתרון ידיעת הדברים על מתכונת חלקיהם כפי מחלקותם וסדרי יחסיהם, מידיעתם שלא בהבחנה, כיתרון ראית הגן המהודר בערוגותיו ומיופה במסילותיו ובשורות מטעו, מראיית חורש הקנים והיער הצומח בערבוב.
כי אמנם ציור חלקים רבים, אשר לא נודע קשרם ומדריגתם האמיתית בבנין הכל המורכב מהם, אצל השכל המשתוקק לדעת, אינו אלא משא כבד בלא חמדה, שייגע בו ויעמול ונלאה ועייף ואין נחת. כי הנה כל א׳ מהם שיגיע ציורו אצלו, לא יניח מהעיר בו התשוקה לבא עד תכליתו, וזה לא יעלה בידו, כיון שנעדר ממנו תשלום ענינו, שהרי חלק גדול מהדבר הוא יחסיו עם המתיחסים לו ומדריגתו במציאות, וזה נעלם ממנו, ונמצאת תשוקתו טורדתו מבלי שבעתה וחמדתו מכאיבתו ואין מנוחה. לא כן היודע דבר על אפניו, שבהיות נושאו מתגלה לעיניו בעליל כמות שהוא, הלוך ילך והשכל אל אשר יפנה שם, וביופי מלאכותיו יתענג וישתעשע.
והנה כלל מה שיצטרך לאדם שיבחן בנושאו, הוא מדרגתו האמיתית שזכרנו. וזה, כי הנה כשנבחין כלל הנמצאות המוחשים והמושכלים, שהם כלל כל מה שמצטייר ציורו בשכלנו, נמצא שאין כלם מין א׳ ומדריגה א׳, אלא מינים שונים ומדריגות מתחלפות, וכפי התחלף מינם כן יתחלפו משפטיהם וחוקיהם. וזה ממה שיכריחנו להבחין ביניהם בהשכלתנו, למען נשיג אותם לאמתם כ״א כפי חוקו.
Ler livros aleatoriamente é o mesmo que zapear na televisão. O melhor é participar de um sistema organizado de estudos que se aplique a você, seu contexto, com um Rabino que sabe de onde vem, para onde vai, e qual o impacto e as consequências de seus ensinamentos quando aplicados fora de contexto.
Sorte!