Com respeito ao uso de barras de detergente que dão cor e aroma à água dos sanitários em shabath. Sabemos que existe a proibição de tingir no shabath, mas que esta proibição não envolve alimentos. Encontrei duas opiniões de Poskim atuais no assunto, a do "kinian torá behala'há", dos grandes de Bnei Brak (Rav Avraham Horowitz), cuja opinião é a de não tingir água no shabath, e a do "Tsits Eliezer" (Rav Eliezer Waldenberg), que considera de que como a maioria dos poskim diz que não há proibição de tingir bebidas em shabath (como chá ou xarope por ex.) e este caso se estende às barras de detergente nos sanitários.
No entanto o Baal ha kinian respondeu-lhe que a água nos sanitários não se destina ao consumo, portanto está proscrito o uso deste tipo de detergente.
Note que este raciocínio parece simplista a primeira vista, já que é evidente que o tsits Eliezer compreendia isto também. Podemos supor que o Rav presumia que quem faz uso destes produtos não o faz pela coloração azul, que é segundária, mas pela higiene e o bem estar, da mesma maneira como alguém que toma chá o faz pelo bem estar e não pela coloração da água. Como o tingimento neste caso não é a intenção mas o efeito segundário, não entra na categoria de proibição e pode ser considerado "como" a proibição de tingir alimentos. Devemos entender que é a este raciocínio que o Kinian Torá responde de maneira estrita à leniência do Tsits Eliezer.
Sobre este assunto o Or letsion (Rab Tsion Aba Shaul) especifica que não há necessidade de ser estrito quanto a isto, tomando como base o Rambam que põe em evidencia a principal proibição de tingir no shabath referindo-se à produção do tingimento. O Or letsion deduz então que sendo que ninguém tinge ou prepara cores com água para pintar (mesmo se existem tintas que podem ser diluídas em água, ninguém pinta com água propriamente dita), e que o tingimento da água nos sanitários não se faz de maneira a que se possa (ou que se queira) pintar algo com ela.
É possível que o Kinian Torá, hala'há de acordo com os costumes ashkenazí considere o conjunto das ações proscritas em shabath, como o sabão sólido em seu contexto, o uso de cosméticos etc, e provavelmente se refere extensivamente a um estado de espírito de santificar o shabath em todas as suas formas no qual não há razão para ter qualquer coisa que fizesse alusão ou lembrasse "tingir em shabath", sobretudo ao tratar-se de algo que não se alinha com os comestíveis. Esta posição tem a virtude de lembrar-nos a halajá e animar-nos a recordar os preceitos da Torá e dos Rabanam e tem grande valor educacional em família.
Ainda assim, de acordo com a halajá pura há suficientemente poskim que permitem ("iesh al mi lismokh" - temos sobre quem apoiar-nos), sobretudo para Sefaradim, que nunca costumaram proibir sabonete sólido no Shabath.