Pergunta: Bom dia Rav, por favor, queijo chalav akum é casher? Não conhecia esse termo
Resposta: Akum são as iniciais de "עובדי כוכבים ומזלות" - pagão/adorador de estrelas e constelações. Este termo entrou no Talmud por meio da inquisição e censura cristãos, e foi introduzido no lugar de "goy" - pois as autoridades cristãs não toleravam o fato do Talmud (dos judeus) os considerar idólatras, junto com as demais nações. Para não ver todos seus manuscritos passarem por outro auto-da-fé mais, os rabinos optaram por dizer-lhes que "goy" (um não judeu) referia-se apenas aos adoradores de ídolos. Então propuseram corrigir e escrever em toda parte onde se lê goy (uns 1500 pontos diversos) colocar o dito acróstico. Diversos manuscritos com estas correções sobreviveram.
O mesmo acróstico implica ainda uma segunda leitura: "עובדי כריסתוס ומריה" - adoradores de cristus e maria. Ademais Akum com "א" se lê mais ou menos como akum com "ע", que significa "deformado", "distorcionado" - como alusão de que eles deformam tudo o que aprendem de nós.
'Halav akum' é o leite ordenhado por não judeus e é uma proibição rabínica, para evitar que judeus pudessem ingerir por equívoco algum tipo de leite não casher como o de camela por exemplo (cuja mescla, no oriente médio com leite de ovelha ou de vaca é comum e serve de base para o famoso "queijo de camelo")
Apesar de no mundo ocidental em geral hoje em dia a procedência do leite ser controlada e o risco de encontrar leite de um animal não casher ser mínimo, talvez zero, a halakhá segue vigente por não conhecermos o futuro... talvez a Europa venha a mudar e não será mais a mesma Europa que conhecemos, e rejeitar um decreto rabínico seria baixar uma defesa do povo judeu que foi projetada para todas as gerações, como por exemplo coisas que todos os judeus observaríamos com afinco hoje se soubéssemos que isto poderia salvar uma única mulher judia de a ser molestada em 200 anos mais. (vide o Rambam, sobre temas similares, sobre o jardim plantado por um homem malvado).
Em termos industriais, por outro lado, levando em consideração a quantidade de produtos derivados, aditivos, espessantes e a enorme quantidade de produtos oriundos D-us sabe de onde, e uns tantos extraídos do leite de vaca "akum", existe uma maior flexibilidade na aceitação do consumo do produto - por não tratar-se do consumo direto, mas de seu uso industrial controlado - o que não constituiria uma cancelação da halakhá a nível pessoal.
Neste caso, mas não em termos gerais, algumas versões de produtos lácteos que vêm com selo de casherut contém halav akum, ou ingredientes derivados de Halav akum.
Ainda assim, não se deve consumir nenhum produto que não tenha supervisão rabínica.