"SEMEAR ABRIL"

Jorge Martins Bettencourt
17 de Setembro de 2022

VAMOS "SEMEAR ABRIL"! 

De uma vez por todas o país tem de compreender que o maior défice que temos não é o das finanças. O maior défice que temos é o défice que acumulamos de ignorância, de desconhecimento, de ausência de educação, de ausência de formação e de ausência de preparação. É esse défice histórico que temos de vencer se quisermos – e não podemos deixar de querer – sermos (…) melhor do que os melhores. (…) É essa a ambição que temos que ter. É essa ambição que temos que concretizar.”

Quem disse isto há cinco anos foi António Costa, primeiro-ministro de Portugal desde 2015, num tempo em que o projeto “Abril Hoje” dava os primeiros passos na Escola Básica e Secundária de Carcavelos. Anotei o improviso do PM porque resumia o objetivo dos professores e alunos empenhados no sucesso do projecto.

Cinco anos depois, a ambição do PM parece ter esmorecido tal como esmoreceu o projeto “Abril Hoje”, depois de dois anos seguidos de realizações positivas na escola de Carcavelos e na Ibn Mucana. A pandemia não ajudou, mas não explica tudo o que de negativo aconteceu à cidadania e à Educação em Portugal.

Por exemplo, não explica a mediocridade, a iliteracia e a mistificação que predominam na comunicação social e na relação dos políticos com os cidadãos. Não explica a falta de respeito do Estado e da sociedade pelos professores e pelos outros profissionais da Educação. Não explica o abandono escolar e o desejo de emigrar de muitos jovens.

Professores maltratados e alunos desmotivados não contribuem para a formação de cidadãos, de homens conscientes, cultos, livres e iguais, verdadeiros protagonistas da democracia conquistada em 25 de Abril de 1974. Contribuem antes para o acumular da ignorância, do desconhecimento, da ausência de educação, formação e preparação de que falava o PM há cinco anos.

Sou um dos que acreditam que o défice histórico que continuou a agravar-se desde o discurso do PM não se atenua e elimina com a retórica, aparentemente progressista, mas inconsequente, dos principais responsáveis pela Educação em Portugal.

Atenua-se e elimina-se com a valorização das Escolas e dos profissionais que nelas trabalham, em particular dos professores. Atenua-se e elimina-se com a participação e debate, pelos principais interessados, das soluções concretas para os problemas concretos que afetam a Educação, à semelhança do que fizeram os militares envolvidos na preparação e execução do 25 de Abril.

É por isso que a melhor forma de comemorar os 50 anos do 25 de Abril nas Escolas é fazer dele uma fonte de inspiração, atual e viva. É convocar as novas gerações para uma cidadania ativa que acrescente à memória e legado de Abril um sentido atual de juventude e de futuro.

As comemorações dos 50 anos do 25 de Abril nas Escolas devem contribuir para a eliminação do nosso principal défice histórico e semear ação, vontade e liberdade no espírito das nossas crianças e jovens.

Em síntese, devem "SEMEAR ABRIL"!

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