Stefano Cobello
Roberto Grison
Maria Rosa Aldrighetti
O principal objetivo deste módulo é o de melhorar o conhecimento e a compreensão dos participantes acerca de diversos aspetos sobrea inclusão e aceitação de uma criança com paralisia cerebral - na escola, na sala de aula, em casa e na comunidade (família, amigos, sociedade envolvente etc.) Especificamente, pretende-se explorar os conceitos de inclusão e de aceitação e as ferramentas que podem ser utilizadas para as promover:
Objetivos:
Melhorar a compreensão sobre a aceitação e inclusão de crianças com PC na escola, em casa e na comunidade.
Aumentar o número de "ferramentas" que ajudam a garantir a aceitação e inclusão de uma criança com PC.
Aumentar a inclusão e aceitação de crianças com PC na escola e na sala de aula.
Aumentar a inclusão e aceitação de uma criança com PC na família e nas suas redes.
Finalidades
A Paralisia Cerebral é uma condição multifacetada, com muitas expressões diferentes na aparência da criança, e na forma como ela age e se comporta em diferentes situações. Independentemente da aparência e do comportamento, muitas crianças com PC têm de lidar com os desafios de participar numa sala de aula e com os colegas sem incapacidade, assim como os colegas e professores que com ela também têm de lidar. A mesma situação é encontrada em casa: a criança com PC tem de viver em família, rodeada por uma rede sem incapacidade - e a família e a rede têm de lidar com uma criança com PC.
Estes factos podem causar muitas situações difíceis, mas o conhecimento acerca das incapaciaddes e das respetivas ferramentas que podem ajudar a compensá-las, pode ajudar a criança, bem como as pessoas que a cercam, a lidar com esta situação de forma respeitosa e significativa.
Trata-se, por issol de um módulo de formação teórica que irá abordar diversas questões sobre o tema com base nos conhecimentos mais recentes nesta área. Consideramos que os pais e os professores têm um capital de conhecimento muito valioso que resulta de experiências práticas e, como tal, o curso também deve ser um lugar onde os participantes (pais e professores) têm uma oportunidade para discutir e compartilhar as suas experiências práticas. Desta forma, os participantes inspirar-se-ão reciprocamente sobre formas de trabalhar e incorporar a inclusão e aceitação da criança em muitas situações.
Para os pais
Na análise de necessidades, muitos pais expressaram um sentimento de falta de aceitação e problemas de inclusão do seu filho - na escola e em muitos casos também entre a família e os amigos e na sociedade envolvente. O primeiro passo para os pais serem capazes de promover a atitude de aceitação e de inclusão de outras pessoas, é que eles, pessoalmente, aprendam a aceitar a criança e a sua situação tal como ela é.
Outro aspeto importante é saber como lidar e ajudar apropriadamente a criança quando ocorrem situações em ela expressa dor e tristeza por causa da situação e não é capaz de funcionar como as colegas.
As ferramentas para promover a inclusão e a aceitação são formas de aumentar a capacidade de pensar em maneiras para ajudar a compensar e melhorar o contexto de vida, com o objetivo de facilitar a vida da criança, no cumprimento de uma vida com amigos, trabalho, educação e participação em atividades de lazer.
Para os professores
A análise de necessidades indica que os professores que lidam com crianças com PC na sala de aula podem beneficiar do aumento dos seus conhecimentos sobre como incluir e trabalhar a aceitação de uma criança com PC.
Nesse sentido, proporcionar aos professores conhecimentos sobre diferentes aspetos da inclusão e aceitação, aumentando as oportunidades para discutir as ferramentas que podem ser usadas na prática para aumentar a o funcionamento do seu aluno com incapacidade, irá ajudá-los a concentrar-se sobre a situação e influenciar os pares da criança, o ambiente físico, além da sua própria abordagem em relação à própria criança com PC.
Resultados de Aprendizagem
Os participantes irão aprender sobre aceitação e inclusão de crianças com PC com profissionais especialistas que lhes proporcionarão o conhecimento mais recente neste campo.
Os pais vão aprender a lidar com o choque e tristeza, a deles e a da criança, a fim de aumentarem a sua compreensão e aceitação da mesma e dos desafios ligados à incapacidade. Irão também obter o conhecimento necessário para ajudarem os outros a aproximar-se do filho com uma atitude de aceitação e inclusão.
Os professores vão aprender que factores têm influência sobre a aceitação e a inclusão de uma criança com PC numa sala de aula contendo principalmente alunos sem incapacidade. Eles vão aprender a lidar e compensar esses fatores, alterando a sua própria atitude (como concentrar-se nos sucessos) e a atitude dos colegas, mudando o ambiente físico, etc.
Resultados de Aprendizagem
No final deste capítulo, os participantes irão
Identificar as reações e fases típicas que se tem que passar quando se atravessa uma crise. Eles tornar-se-ão conscientes das dificuldades que podem surgir entre os pais enquanto casal e como podem reagir-lhes antes que seja tarde demais.
Conhecer a importância de informar os outros familiares sobre fatos a respeito do diagnóstico, ajudando-os a compreender a situação da criança
Entender a importância de ajudar os avós e outros parentes e amigos próximos da família através de seu próprio período de crise.
Conhecer as ferramentas para ajudar a "cooperação positiva" entre os familiares para crescer de uma forma em que todos se podem beneficiar.
Conhecer as fases de tristeza e crise ligadas à sua própria situação e que a criança com PC pode ter que viver, e identificar as ferramentas para lidar com essas fases.
Conteúdos do Capítulo
É sempre muito difícil saber que um filho tem paralisia cerebral ou qualquer outro tipo de deficiência ou doença. Alguns pais vão saber no próprio momento em que a criança nasce, enquanto outros terão que passar por um período de preocupações e ansiedade, pois o desenvolvimento de seu filho não terá seguido os padrões normais.
Alguns pais vão sentir-se aliviados quando finalmente obtiverem um diagnóstico e souberem com o que é que estão a lidar, mas a maioria dos pais vai experimentar tristeza e passar por uma crise. Pode acontecer uma sensação de perda ao receber uma criança com deficiência como PC, a perda da criança que cada um esperava, e a perda de uma vida como tinham imaginado, com uma criança crescendo, e tornando-se cada vez mais independente. Quando recebem uma criança com PC, os pais têm que mudar as suas ideias sobre o tempo que será necessário para cuidar e apoiar a criança.
As crises podem conter fases distintas, como choque, reação, processamento e uma nova orientação. Como se verá no estudo dos casos individuais, esta crise é diferente de casal para casal, de pessoa para pessoa (e alguns pais podem acabar nunca aceitando o fato de que têm uma criança com deficiência).
Muitas vezes os pais sentem-se no meio de um caos emocional - o que pode ser ainda mais difícil de resolver se a mãe e o pai da criança não reagirem da mesma maneira à situação.
É muito importante receber ajuda e falar com outros membros da família, amigos e até profissionais sobre a situação. Também pode ser uma boa ideia falar com um psicólogo ou outro terapeuta que pode ajudar os pais a lidar com os sentimentos caóticos. Isto é importante se os pais pretendem aceitar a situação e encontrar a força necessária para lidar com as tarefas que seguem o nascimento de uma criança com paralisia cerebral. Também é relevante, pois podem haver mais irmãos na família de quem também é muito importante cuidar. Eles encontram-se muitas vezes numa situação em que se sentem postos de lado e que não recebem a atenção a que tem direito. O irmão com paralisia cerebral recebe muita atenção por causa das preocupações que acarreta e por causa de todas as tarefas que têm de ser lidadas resultantes de sua condição.
Muitas vezes, a ansiedade e as preocupações com a criança com paralisia cerebral e com o seu futuro faz com que os pais se esqueçam que são um casal e tendam a isolar-se dos amigos e familiares. É importante estar ciente de que isso não deve acontecer.
Os pais, irmãos, avós, e todo o resto da família podem sentir dor e tristeza e precisam ser cuidados. Os avós serão muitas vezes um apoio muito importante na vida quotidiana de uma família com uma criança com PC mas é muito importante fornecer-lhes o conhecimento essencial sobre o diagnóstico, para que melhor compreendam a situação.
Atividades / questões para reflexão
Será realizado um trabalho de grupo. Na introdução ao trabalho de grupo o formador vai apresentar as perguntas para reflexão aos formandos. Os formandos serão colocados em grupos de 4-5 pessoas.
Exemplos de um formulário para o trabalho de grupo:
1. Escolha um ou dois participantes do grupo para apresentar a sua história pessoal ao resto do grupo - como foi sua reação quando percebeu que o seu filho tinha PC? Como foi a reação dos avós e dos outros amigos e familiares? Como foi a reação dos irmãos? O seu filho com PC expressa ou tem mostrado sinais de depressão ou algum tipo de sofrimento por causa da sua situação?
2. Em grupo, pensem sobre o que acabaram de ouvir e discutam qual seria a melhor maneira de ajudar esta família através de uma crise? Qual seria uma boa maneira de lidar com as reações de familiares e amigos? Qual seria uma boa maneira de lidar com as reações dos irmãos? Qual seria uma boa maneira de lidar com a criança quando ela expressar tristeza ou depressão por causa da sua situação?
Leituras sugeridas:
§ Emily Pearl Kingsley: 'Holland' - a poem about getting a child with a disability:
§ http://www.our-kids.org/Archives/Holland.html
§ About Emily Pearl Kingsley: http://en.wikipedia.org/wiki/Emily_Kingsley
§ Ariel - a case story (go to page 34): http://www.livingwithcerebralpalsy.com/pdfs/cpuk.pdf
Resultados de Aprendizagem
Os participantes irão identificar ferramentas que podem ajudá-los nos seus esforços em incluir de integrar de forma natural a criança com PC em casa e em várias outras situações, como eventos sociais e atividades desportivas. Eles vão também aprender a melhor maneira de mediar informações sobre a criança para com os outros. Os participantes vão também aprender uma técnica específica de comunicar e estar junto da criança com PC.
Conteúdo da sessão
Sobre a oficina - a técnica de yoga:
Ao utilizar uma técnica de yoga é possível recuperar a comunicação intuitiva com a criança com PC, mesmo que a capacidade de comunicação expressiva seja pobre.
A técnica funciona em melhorar ou produzir um equilíbrio dos hemisférios cerebrais, estimulando o funcionamento dos hemisférios direito ou esquerdo, desenvolvendo a comunicação intuitiva com crianças, desenvolvendo técnicas de relaxamento na presença de crianças, desenvolvendo a habilidade de relaxar os filhos contemplando as nossas reações físicas e resistências à presença e ao comportamento das crianças, esvaziando a comunicação agressiva através de pranayama, ou seja, técnicas de respiração desenvolvidas para as necessidades individuais e ensinando às crianças técnicas simples para melhorar a atividade cerebral.
Os pais e as crianças afectadas por patologias do cérebro, ou seja, PC, podem efetivamente melhorar o seu nível de comunicação com a meditação e exercícios de yoga Kundalini para estimular a intuição, compaixão, tolerância e comunicação eficaz. As sequências e meditações destinam-se a intensificar as habilidades relacionais dos pais com os seus filhos, e usarem a intuição como uma forma de estabelecer um contato mais próximo ao passar de padrões de relacionamento convencionais/racionais para os contemplativos. Serão praticados exercícios básicos Sat Nam Rasayan para criar um estado de profunda comunicação através do relaxamento.
Actividades
Será organizada uma oficina para demonstrar uma técnica de yoga que pode ajudar a promover a comunicação com a criança.
Leituras sugeridas
National Network for child care
http://www.nncc.org/Diversity/divers.disable.special.html
Yogi Bhajan on inner anger http://www.facebook.com/video/video.php?v=1015087216484
Kundalini Yoga neditation for emotional balance http://www.youtube.com/watch?v=fhl58fL5q7U
Kundalini Yoga breathing techniques http://www.kundaliniyoga.org/pranayam.html
Short history of Sat Nam Rasayan http://creacicle.com/blog/?p=1774 (Spanish)
Sat Nam Rasayan http://www.sat-nam-rasayan.de/ (German)
Sat Nam RAsayan and Guru Dev Singh http://www.satnamrasayan.it/gurudevsingh.php (Italian)
Resultados de Aprendizagem
Os participantes vão ficar a conhecer ferramentas que os podem ajudar nos seus esforços para incluir e integrar a criança com PC em diferentes situações: a escola, em atividades de sala de aula, desportivas, de situações sociais, etc, e a melhor maneira para mediar informações sobre o criança.
Conteúdos do Capítulo
É importante sublinhar que a inclusão não é exclusivamente tarefa da escola, mas uma tarefa diária de todas as instituições de apoio à criança com paralisia cerebral.
O atendimento educacional e a reabilitação não pode ser colocado nas mãos dos indivíduos (pais, professores, reabilitadores, educadores), mas precisa ser ligado num sistema lógico. A cooperação e o compromisso, em termos de responsabilidade partilhada entre a escola e os serviços de apoio à família, são a base do sucesso do projeto de vida do aluno com paralisia cerebral.
Colaboração e responsabilidade partilhada significa que todos os participantes estão dispostos a construir planos em conjunto e a participar em momentos de confronto para verificar o seu cumprimento e eficácia.
As tarefas específicas de cada um e as responsabilidades individuais não podem ser separadas de um projeto comum para socializar, aprender e reabilitar, todos aspectos que promovem o crescimento global do aluno.
O modelo social da deficiência, em parte reformulado pela CIF (Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde, 2001 - Organização Mundial da Saúde), tem permitido incidir não só sobre as dificuldades enfrentadas por pessoas com incapacidade devido à sua condição biológica, mas também, e acima de tudo, sobre o contexto em que a pessoa está incluída. O modelo previsto nas escolas e nos serviços de apoio propõe a idéia de uma educação e cultura inclusiva.
O dever da escola e dos serviços é cuidar:
§ Dos sistema relacionais,
§ Dos métodos de trabalho personalizados e individualizados,
§ Da organização dos espaços e tempos de trabalho,
§ Da aprendizagem cooperativa,
§ Do diálogo entre pares,
§ Da atualização contínua e do crescimento profissional das figuras que lá trabalham criando as condições para uma abordagem inclusiva do aluno com paralisia cerebral,
§ De oferecer oportunidades de inclusão para os alunos, o que é explícito, sobretudo na organização de um ambiente onde cada aluno será capaz de expressar o seu potencial para encontrar as respostas certas para as suas necessidades e de participar na vida da comunidade.
Para as escolas e serviços serem capazes de responder às necessidades da pessoa não se levantam apenas questões de recursos técnicos e económicos e de pessoal especializado. Também é importante que questionam conceitos como, ser "normal", o sucesso escolar, e medida do desempenho. É importante questionar, com um forte sentido de responsabilidade e honestidade, os significados de "educação, formação e socialização". "Incapacidade" e "necessidades especiais" não podem ser interpretados como "interferência no sistema", mas como fatores constantes e generalizados dos processos normais da sociedade.O risco é que a escola e as instituições de apoio para as pessoas com incapacidade "se percam todos os dias no caminho."
Actividades
O trabalho desta sessão durará 3 horas.
Na primeira parte (1 hora duração) será apresentado o tema, indicando os deveres e responsabilidades das escolas e dos serviços para promover a inclusão. A lição será realizada com a apresentação de diapositivos, utilizando diagramas e mapas conceptuais para se concentrar nos elementos mais importantes.
Para as 2 horas seguintes, haverá um trabalho de grupo, que vai oferecer oportunidades para usar aprendizagem inter-subjetiva e outros métodos de formação. Ele vai promover discussões que promovam a ideia de que o mesmo problema pode ser enfrentado e resolvido de diferentes maneiras.
O objetivo do trabalho de grupo não é assegurar que os pontos de vista coincidem, mas para encontrar as respostas que levam em conta a especificidade de todos os pensamentos expressos.
Perguntas para reflexão
1) Na sua experiência como professores e pais o que acha que são os deveres e responsabilidades das escolas e serviços para tornar mais eficaz a ação inclusiva?
2) Como tem vivido o sistema de relacionamento entre as várias figuras envolvidas?
3) Qual é o diálogo com a criança com paralisia cerebral? Onde ocorre preferencialmente esse diálogo? Como é que ele acontece?
4) A escola e os serviços têm uma forma estruturada de trabalhar, com um tempo e espaço adequados para o crescimento da criança/adolescente?
Leituras sugeridas
§ http://www.milieu.it
§ http://www2.unescobkk.org/elib/publications/243_244/Teaching_children.pdf
§ http://books.google.it
§ http://books.google.it
§ www.aare.edu.au/08pap/spa08682.pdf
Resultados de Aprendizagem
Os participantes vão conhecer e tomar consciência de quais os mecanismos da sociedade (na escola, em casa, no contato com os serviços sociais e de saúde, etc) que podem ser obstáculos para a aceitação social e vão conhecer ferramentas que podem impedir que isso aconteça.
Os participantes vão saber quais os mecanismos e sentimentos que podem ocorrer na criança com PC ao ter que lidar com uma atitude de exclusão e não-aceitação do meio e vão conhecer ferramentas que podem impedir que isso aconteça.
Conteúdo da sessão
As pessoas com deficiência despertam, em grande medida, sentimentos positivos, como a solidariedade, a admiração pela sua força de vontade, a determinação que transmitem e o desejo de ser útil. Geralmente as pessoas sentem-se mais calmas quando enfrentam situações que são consideradas próximo do normal. Mas há também sentimentos generalizados de embaraço e desconforto. Alguns até sentem medo da possibilidade de experimentar a mesma dor. Há também forte preocupação de ferir ou ofender uma pessoa com incapacidade, inadvertidamente, por aquilo que dizemos ou fazemos. Poucas pessoas são indiferentes, e pensam que é um problema que diz respeito a todos.
No entanto, a aceitação social completa ainda é limitada. O preconceito é forte em relação aos que não são considerados produtivos, capazes de fazer uma contribuição eficaz para a sociedade, com o valor destas pessoas a ser percebida como inferior. As pessoas com incapacidade são frequentemente removidas da imagem de perfeição e beleza estética que atende aos padrões descritos pelos media, tanto que algumas pessoas podem sentir-se constrangidas se forem vistas na companhia de pessoas com incapacidade. Quais são as principais ações que podem ser implementadas para que essas pessoas possam ser consideradas como os demais? Algumas sugestões que devem ser seguidas a nível das políticas sociais são:
Eliminar a ignorância: o primeiro passo para a real aceitação social da incapacidade parte do conhecimento para evitar mal-entendidos e cair em velhos estereótipos. Por isso, é necessário falar sobre a incapacidade, o que significa falar sobre as suas formas, problemas, incluindo-o nos programas educacionais.
Estar ciente de que a incapacidade é e pode ser parte de todos: se uma parte da ideia de que a incapacidade é uma das características possíveis da condição humana, podemos falar de uma experiência que todos podem encontrar e viver na sua vida e, como tal, poderá ser considerada normal. Dor e sofrimento são parte da vida. Este assunto não é abordado - o medo do que poderia ferir ou até mesmo o medo de que a incapacidade possa ser parte de nós.
É importante não exagerar a dor, mas ter consciência de que ela existe, que pode pertencer a qualquer um, da mesma forma que a incapacidade. Isto é muitas vezes entendido apenas quando a incapacidade é tangível.
Para aceitar a pessoa com incapacidade, é importante reconhecer a pessoa com incapacidade: a injustiça real que afeta a pessoa com incapacidade não é o termo que se refere a eles: deficiência, incapacidade, de outras habilidades, mas ter que gastar as suas energias para conseguir o os outros tomam como garantido. Se a pessoa com incapacidade ou os seus familiares não se mobilizarem ou não tiverem quem os possa representar, eles não recebem e, por vezes, eles nem sequer perguntam por aquilo a que têm direito.
INSERIR a pessoa com incapacidade de acordo com a sua capacidade PRIMÁRIA: o trabalho é, certamente, um elemento-chave, através do qual a pessoa se sente integrado na sociedade, e útil no mundo.
Habilidades e conhecimentos necessários para aqueles que devem aplicar a lei, de modo que não sejam necessários esforços desumanos para obter o que é concedido num discurso de solidariedade.
Poucos reconhecem os sacrifícios que a pessoa com incapacidade faz para ser como os "normais".
O princípio da solidariedade trouxe grandes melhorias graças às leis que nos protegem, mas, no entanto, é sempre necessário lutar muito para conseguir tudo o que é concedido por lei.
Barreiras arquitetônicas: como são aplicadas as regras que favorecem a sua remoção? A cultura de quem trabalha para eliminar estas barreiras ainda está muito distante do desejável.
Leituras sugeridas
Erving Goffman, Stigma: Notes on the Management of Spoiled Identity, 1963. (Ed. it. by Roberto Giammanco. Stigma. Identity denied. Ombre Corte, Verona, ed. 2003).
- Giampiero Griffo Emilio Aristide, "Le parole sono pietre'', 2005. In www.superando.it.
Schianchi Matthew, La terza nazione del mondo. I disabili tra pregiudizi e realtà, Feltrinelli, Milan, 2009.
- http://www.education.com/reference/article/social-acceptance-rejection- children-disabilties/
http://icarefumane.jimdo.com/
http://www.un.org/disabilities/default.asp?id=150
Resultados de Aprendizagem
Os participantes vão
§ conhecer e receber ferramentas para construir uma escola com espaço igual para todas as crianças/estudantes - com incapacidade ou com desenvolvimento típico - numa atmosfera de respeito mútuo das dificuldades e diferenças individuais.
§ conhecer possibilidades de comunicação alternativa e outras ferramentas disponíveis para incluir crianças com PC na escola.
Conteúdos do Capítulo
O princípio subjacente a cada definição de educação inclusiva é que todos os alunos devem aprender juntos, independentemente das dificuldades ou diferenças. As dificuldades e as diferenças que se encontram também dentro da paralisia cerebral. Cada criança tem sua própria história, características únicas, suas próprias dificuldades e seu próprio potencial. "A deficiência não é um problema de um grupo minoritário dentro da comunidade, mas sim uma condição que todos podem experimentar durante suas vidas", e todas as crianças têm o direito de encontrar as respostas certas para as suas necessidades, independentemente da sua condição física, psicológica, relacional e social condição.
A abordagem para a reabilitação, educação e cuidados de crianças com PC deve ser definida num quadro global que inclui intervenções diretas sobre a criança e sobre o meio ambiente (família e escola). O trabalho de todos aqueles que apoiam a criança com PC (professores, neurologista pediátrico, psiquiatra, fisioterapeuta, fonoaudiólogo, assistente social) deve ser bem projetado para promover o aspecto educacional e de reabilitação, o aspecto emocional-relacional da criança/adolescente e dos pais que serão acompanhados ao longo de todo o seu crescimento, o que vai tornar o aluno autor e protagonista de seu desenvolvimento.
A inclusão social e a educação são objetivos prioritários e não devem estar sujeitas à realização de determinados objetivos pré-tratamento. Como todas as outras crianças, a criança com paralisia cerebral precisa entender todas as oportunidades possíveis do seu ambiente. Um ambiente bem concebido e preparado (a escola) é muitas vezes crucial para o êxito do tratamento praticado.
A Inclusão deve ser um dos pontos-chave do Projeto Educativo da Escola e deve ser reconhecida como um valor que dá qualidade.
Características de um ambiente inclusivo:
§ Abertura à ideia de "especial normal",
§ Flexibilidade da organização e das propostas em termos de educação, reabilitação e sociais,
§ Funcionamento correcto da colegialidade,
§ Trabalho interdisciplinar e coordenado,
§ Disponibilidade de recursos humanos e materiais,
§ Programas de formação abrangentes e pessoal docente qualificado,
§ Uso de tecnologias e ferramentas adequados,
Em particular, na escola
§ Profissionais treinados e qualificados (professores, ...),
§ Reforço das famílias, de acordo com o princípio da subsidiariedade (as famílias, o primeiro sujeito da educação, estão habilitadas e são chamadas a colaborar com a escola nas actividades normais de ensino),
§ A colaboração entre todos os elementos que trabalham para a inclusão escolar e social,
§ O envolvimento do diretor,
§ Reforço da colegialidade dos professores e partilha das responsabilidades (não delegar nos outros, não renunciar, etc),
§ Recepção e aceitação pelo grupo de pares (sem rejeição, exclusão, etc),
§ Articulação metodológica (atividades individuais, em pares, em pequeno grupo, na classe)
§ o uso de tecnologia e de software educacional
§ Remoção de barreiras arquitectónicas na escola
Actividades
§ As actividades a propor para esta sessão pretendem ser experimentais e inovadoras. Na verdade, a intenção é que os professores e pais experimentem a inclusão pelo contrário (para usar em sala de aula e no ambiente externo como experiência pedagógica e educacional).Isto significa: Vamos todos nos experimentar situações de incapacidade.
§ A experiência de formação desenvolvida pretende mover a atenção do aluno com PC (com as suas dificuldades e limitações) para o contexto.Este contexto deve ser entendido como o ambiente e o material, como salas de aula, os colegas e o grupo. A inclusão, antes de mais, significa criar um ambiente de acolhimento e integração para o aluno com necessidades educativas especiais: um ambiente onde deve ser possível estabelecer relações, estimular amizades e onde deve existir disponibilidade para o diálogo e comunicação.
Perguntas para reflexão
1. Tente reproduzir situação de incapacidade do movimento evitando o uso da mão dominante (jogos individuais/grupos, atividades educacionais/didáticas)
2. Tente desenhar e colorir usando uma luva grande de cozinha como obstáculo aos seus movimentos.
3. Escrever em espaços estreitos, respeitando as linhas e quadrados com reduções e obstáculos ao movimento.
4. Desenhar usando réguas e compasso, usar calculadora usando luvas, ou ligando os seus dedos
5. Desenhe com o pé
6. Vamos jogar basket em cadeiras de rodas
Leituras sugeridas
§ http://comforty.com/inclusionseries/webresources.htm
§ http://www.learningrx.com/making-special-education-inclusion-work-faq.htm
§ www.eenet.org.uk/resources/docs/Index%20Italian.pdf
Resultados de Aprendizagem
Os participantes irão perceber a importância de uma estratégia e plano de inclusão bem organizados se se pretender atingir a normalização escolar com sucesso para todas as crianças.
Os participantes irão compreender a importância de uma estratégia muito consciente para garantir que os professores são bem formados no campo da inclusão, e vão compreender melhor a importância da cooperação entre os pais e a escola.
Os participantes vão saber o valor de as crianças serem ajudadas e ensinadas a participar de uma comunidade com crianças de diferentes tipos e com diferentes dificuldades.
Os participantes vão compreender o valor de um sistema escolar inclusivo como uma forma de assegurar uma sociedade inclusiva e democrática para todos os cidadãos em todos os níveis e de todas as partes da sociedade.
Conteúdos do Capítulo
A inclusão é um processo dinâmico e contínuo em que as relações sociais e profissionais aumentam as possibilidades de presença, o sentimento de comunhão, participação ativa e um alto grau de aprendizagem entre todas as crianças. Isso significa que todas as crianças têm o direito de se tornar parte de comunidades sociais e profissionais, desde que seja significativa para a criança específica e para a comunhão com o grupo. A criança tem o direito de ser ouvida e de se sentir reconhecida. A tarefa principal é fazer com que todas as crianças se estejam a sentir bem e tenham a oportunidade de se desenvolver nas relações sociais e profissionais em que participam, e que sejam capazes de desenvolver um bom relacionamento com os outros.
Tantas crianças quanto possível devem frequentar a escola regular, a fim de permanecer nas ofertas comuns na comunidade local e fazer parte dessa comunidade.
Esta intenção pode ser alcançado através de estratégias pedagógicas e de ensino diferenciadas sob medida para a criança específica, enquanto que a cooperação entre os diversos profissionais apoiará a melhor estratégia possível para a criança.
Uma pedagogia Inclusiva pretende que as crianças aprendem com as diferenças de cada um - também os que têm dificuldades ou seja, como consequência de uma incapacidade como a paralisia cerebral. Este apresenta demandas específicas aos profissionais - eles precisam tornar-se muito conscientes sobre o seu próprio papel na vida diária na escola - como pode o professor individual contribuir para o fato de que todas as crianças devem ganhar com essa comunhão?
A declaração de Salamanca aponta que uma escola inclusiva é a base para o desenvolvimento de uma sociedade inclusiva e democrática para todos os cidadãos em todos os níveis e de todas as partes da sociedade.
Portanto, uma "boa" inclusão deve tentar que a criança cresça em comunidades inclusivas entre as crianças, nas escolas, instituições e atividades de lazer, como base para o desenvolvimento de uma sociedade inclusiva e democrática a nível local, nacional e global.
A inclusão é uma forma de olhar para as pessoas e para a sociedade - não um método ou um conceito. É o direito de todas as crianças a serem incluídas, para experimentar afinidade e serem capazes de contribuir e explorar a partir das relações em que participam.
As comunidades são relações dinâmicas entre as pessoas, comprometendo-se uns com os outros, e as diferenças devem ser vistas como forças e aspectos positivos para o desenvolvimento de uma comunidade mais forte e dinâmica.
Leituras sugeridas
Do Special schools lead to discrimination? – a video
(Micheline and Lucy Mason join parent Jonathon Bartley on the Big Questions BBC show.
http://www.youtube.com/watch?v=P38tJ1w-dRA
Resultados de Aprendizagem
Os participantes vão saber que aspetos na infância são importantes a ter em conta quando se trabalha a integração em situações escolares. Eles saberão quais os aspectos que são de importância prévia e quais são secundários.
Conteúdos do Capítulo
Infância
1. Facilitar a utilização de métodos operacionais e transmissivos
2. Dar importância ao trabalho psico-motor,
3. Estimular a expressão através de todas as linguagens
4. Promover uma vida social caracterizada pela convivência pacífica,
5. Promover a aceitação das diferenças e de todos os tipos de diversidade.
Primário
Favorecer a utilização de métodos operacionais e transmissivos
Levar em conta a curva de aprendizagem exigida por todos os alunos,
3. Lembre-se de experiências e aspectos da vida diária,
4. Promover a aceitação das diferenças e de todos os tipos de diversidade,
5. Fornecer um ambiente que é, simultaneamente, estimulante, pacífico e propício para relações positivas entre os membros da classe.
Secundário
1. Promover a aprendizagem cooperativa,
2. Use a tecnologia e multimídia,
3. Combater a percepção negativa dos pares relativamente os estudantes com incapacidade, aos estrangeiros, ou com problemas,
4. Envolver activamente o aluno num processo que liga o conhecimento pessoal, formal e experiencial
5. Organizar as diferentes necessidades de apoio,
6. Organizar intervenções na rede local,
7. Promover a aceitação das diferenças e de todos os tipos de diversidade.
Actividades
O trabalho desta sessão será realizado em uma hora e trinta minutos.
Na primeira parte (cerca de meia hora), o tema será apresentado, incluindo de sugestões para diferentes níveis de ensino. A aula será realizada com a apresentação de diapositivos, fazendo uso de diagramas e mapas conceptuais para se concentrar nos elementos mais importantes.
Durante a hora seguinte, haverá trabalho de grupo, que vai oferecer oportunidades para usar aprendizagem inter-subjetiva e outros métodos de formação. Ele vai promover discussões que promovam a ideia de que o mesmo problema pode ser enfrentado e resolvido de diferentes maneiras.
O objetivo do trabalho e da discussão não é o de assegurar que os pontos de vista coincidem, mas encontrar as respostas que levam em conta as especificidades de todas as ideias expressas.
Perguntas para reflexão
1. Qual é a relação entre os colegas de classe e a criança com paralisia cerebral?
2. Que intervenções mais afetam a aquisição de competências da criança?
3. com referência à idade do seu filho ou aluno quais considera serem as suas necessidades e desejos mais importantes?
4. como tem sido o trabalho realizado até agora para dar continuidade ao processo de inclusão? Qual a continuidade horizontal (entre os diferentes departamentos) e vertical (entre níveis escolares diferentes)?
5. Foi construído um projeto educacional conjunto para a criança/aluno com paralisia cerebral ou houve um programa separado e sem intervenções conjuntas?
Leituras sugeridas:
www.sinpia.eu/atom/allegato/152.pdf
http://web.accaparlante.it/paralisi-cerebrali-infantili
Resultados de Aprendizagem
Os participantes vão saber quais os momentos importantes na vida escolar da criança com PC onde devem ser tomadas decisões para ajudar o aluno a seguir o caminho certo para a educação ao longo da vida - tendo em conta as suas habilidades e possibilidades.
Conteúdos do Capítulo
Como em muitas outras situações, a transição da escola secundária para algum tipo de ensino pós-secundário, como ensino médio, escolas técnicas, centros de formação profissional, educação, etc, em muitos casos, exige mais planeamento quando relativo a uma criança ou jovem pessoa com PC do que com a criança ou jovem com desenvolvimento típico.
Têm de ser tidas em conta uma série de questões importantes, tal como o suporte físico e pessoal, a economia, o transporte, e assim por diante.
Por um lado, a Comissão das Nações Unidas para os Direitos Humanos afirma que "as pessoas com incapacidade têm o direito à educação". Com vista a realizar este direito sem discriminação e com base na igualdade de oportunidades deve ser "assegurado um sistema educacional inclusivo em todos os níveis de aprendizagem ao longo da vida". Também se afirma que às pessoas com incapacidade, como PC, devem ser oferecidas possibilidades de usar sua personalidade, talentos e criatividade, bem como suas habilidades físicas e mentais, para o seu pleno potencial.
Deve-se assegurar que as pessoas não sejam excluídas do sistema educacional geral sob alegação de incapacidade. Devem ser fornecidas adaptações razoáveis às necessidades individuais. As pessoas com incapacidade devem receber o apoio necessário, dentro do sistema geral de ensino, a fim de facilitar sua efetiva educação.
Apesar desta declaração de intenções a realidade parece diferente. Não é fácil encontrar material estatístico sobre a situação exata das pessoas adultas com PC no que diz respeito ao nível de escolaridade.
Dinamarca constitui uma diferença. Na Dinamarca existe um registo de Paralisia Cerebral em que todas as pessoas diagnosticadas com PC são registadas. Isto torna possível a realização de investigação com base em dados estatísticos. É claro que não há nenhuma evidência de que os resultados da Dinamarca são totalmente compatíveis com os resultados de outros países europeus, mas, considerando que a Dinamarca representa um exemplo em comparação com outros países parceiros europeus, os estudos podem ser interessantes e servir de exemplo para reflexão.
Em 1995, o registo de PC dinamarquês analisou o estatuto para todas as pessoas nascidas nos anos 1965-1978 (18-30 anos de idade). Este material mostrou que apenas 33% tinham alguma educação além da escola primária - apenas 29% era auto-sustentável e 70% encontravam-se no grupo de menor rendimentos. Nenhum destes resultados era dependente do nível de comprometimento motor da pessoa.
Outro estudo tirado do mesmo registro em relação ao nível educacional, mostrou que de 28 homens e mulheres, 17-48 anos de idade, com uma média de 33,2 anos, demonstrou que, apesar de 28,6% dos participantes do estudo terem passado o ensino médio e 32,1% terem passado um exame no final do ensino secundário, 50% de todos os participantes não receberam qualquer formação adicional.
· Estes resultados indicam que, apesar das boas intenções nas declarações das Nações Unidas, ainda há um longo caminho a percorrer, até que se tornem uma realidade para os jovens com PC.
· A ideia principal desta sessão é apresentar a diferença entre as boas intenções da comunidade mundial e a realidade de um país específico.De salientar que os objetivos ainda não foram alcançados e para levar os formandos do curso a discutir quais obstáculos que ainda precisam ser superados e que ferramentas e esforços devem ser encontrados e usados para promover uma situação onde a inclusão e aceitação acompanham a criança com PC até ao ensino secundário ou educação superior.
Actividades
O trabalho desta sessão terá lugar em 3 horas.
Na primeira parte (2 horas), o assunto será definido, indicando os pedidos de inclusão educacional e as variedades de inclusão educacional.
A apresentação terá lugar através de diapositivos, o uso de diagramas e mapas conceptuais para se concentrar nos elementos mais importantes.
Durante a hora seguinte, haverá trabalho de grupo, que vai oferecer oportunidades para usar aprendizagem inter-subjetiva e outros métodos de formação. Ele irá promover discussões que promovam a ideia de que o mesmo problema pode ser enfrentado e resolvido de diferentes maneiras.
O objectivo do trabalho e da discussão não é para garantir que os pontos de vista coincidem, mas encontrar as respostas que levam em conta as especificidades de todas as ideias expressas.
Perguntas para reflexão
1. Será a orientação um processo sem fim ou uma expressão de momentos isolados no quotidiano escolar de um aluno com PC?
2. O que significa então orientar um aluno com PC?Quais são os aspectos importantes de uma ação orientada?
3. O PEI - plano educacional individual também foi criado para orientar os alunos?É possível transformá-lo de um projeto de curto prazo para um a longo termo?
4. Que tipo de professor, intervenção familiar e serviço social é necessário?