Réptil Humano

RÉPTIL HUMANO

A encefalologia é a ciência que, em geral, trata do que está dentro da cabeça dos vertebrados. Este conteúdo do crânio é vulgarmente conhecido por cérebro. Possuem cérebro os répteis, as aves e os mamíferos.

Desde a década de setenta do século XX que os especialistas em encefalologia humana resolveram classificar o cérebro anatomicamente de forma diferente. Descobriram que o cérebro dos seres pensantes é constituído por três partes distintas mas que funcionam como um todo. Nasceu a teoria do cérebro triuno.

Em primeiro lugar o cérebro reptiliano, o qual constitui a herança mais antiga do processo evolutivo ao longo de imensos milhões de anos, e que é semelhante aos dos répteis. Depois, o sistema límbico, comum às aves e mamíferos inferiores, o qual é a sede das emoções e sentimentos. Por fim o córtex cerebral, comum aos mamíferos superiores e seres humanos, constituindo o sistema cognitivo.

Comparando o primitivo cérebro réptil com o moderno córtex cerebral, verificou-se o seguinte:

O anterior é a sede da auto-preservação, da acção e da agressão; é onde se localizam as características do impulso sexual, da demarcação do território, do ritual e da hierarquia social. Sendo interveniente na auto-regulação e na acção corporal, não tem noção do tempo, nem do bem nem do mal. Constituindo o sistema instintivo de todo o encéfalo, apenas sabe agir face às circunstâncias do momento.

O posterior é a sede do raciocínio e das tarefas intelectuais. É onde se desenvolve a noção de bem e de mal, se constroem as questões éticas e se codificam os comportamentos à luz da moral e do direito. Tendo a noção do tempo, é capaz de projectar para o futuro e indagar sobre o passado. Possuindo o poder da investigação e do raciocínio, realiza tecnologias que se sobrepõem aos fenómenos da natureza.

Naturalmente que, entre estes dois sistemas cerebrais, geram-se conflitos mentais muitas vezes graves. Quando o cérebro reptiliano domina o cérebro cognitivo, o que é a situação mais vulgar, o indivíduo possui uma mentalidade essencialmente baseada na astúcia e, normalmente, não terá problemas de consciência. Nos casos, menos vulgares, em que o cérebro cognitivo procura dominar o cérebro reptiliano, o pensamento assenta essencialmente na inteligência e, habitualmente, a consciência transforma-se num juiz severo. É muito fácil confundir a astúcia com a inteligência. O discernimento depende da descoberta dos interesses que motivam o indivíduo, dos objectivos que se propõe atingir e dos respectivos meios que utiliza para os concretizar. A astúcia é uma inerência da animalidade. A inteligência é um atributo da espiritualidade.

Se considerarmos que o cérebro reptiliano é inferior e o córtex cerebral é superior, é fácil admitir que seria bom suprimir aquele, talvez cirurgicamente. Porém, extirpá-lo, acarretaria a morte do indivíduo; porque deixaria de haver controlo das funções biológicas automáticas como da respiração, da temperatura do corpo, do ritmo cardíaco, da digestão, dos reflexos defensivos, etc. Portanto, o cérebro réptil pode exercer chantagem sobre o córtex cerebral e dizer-lhe: "Tem cuidado! Se me matas também morres".

Se desta divisão actual do cérebro humano, em termos puramente biológicos, nos é lícito extrair algum paralelismo com as velhas lutas entre o bem e o mal, repisadas nos livros sagrados de todas as religiões, então o cérebro reptiliano corresponderá à parte satânica e diabólica dos seres pensantes. Ora, como não se pode suprimi-lo, é óbvio que em qualquer lugar onde um homem (ou uma mulher) entrar, levará sempre consigo essa parte tenebrosa mas vital do seu ser mental. Logo, também na Espiritualidade, existe a possibilidade de confronto entre as tendências do mal e do bem.

Na constatação deste facto temos a principal porta de entrada para o núcleo duro do Livro da Lei, vulgarmente conhecido por "Bíblia", dado que o desenvolvimento histórico destes textos, no seu conjunto, evidencia esse drama terrível a que o ser humano está submetido ao ser constrangido pelas propostas divinas para se libertar da tirania da besta reptiliana; propostas revestidas por mandamentos, estatutos e concertos estabelecidos entre Deus e o Homem.

YOSEPH