Cronologia Calendários

CRONOLOGIA – CALENDÁRIOS

(temática desenvolvida pelo Grupo de Estudo da Espiritualidade Universal, para especialistas)

A actual palavra "calendário" provém do vocábulo latino Kalendae o qual deriva da raiz grega kal que significa "chamar", donde o verbo latino calare.

O termo Kalendae era usado na linguagem sacra para designar a convocação do povo, feita no Campidoglio por um dos Pontífices da Roma pagã, quando no céu aparecia, ao pôr-do-Sol, a primeira faceta da Lua crescente. Anunciava-se, então, as datas da Lua em quarto crescente (Nonas) e da Lua-Cheia (Idus).          

Kalendae é o primeiro dia do mês lunar e começa à meia-noite.

Entre os romanos, Kalendarium era o registo onde os prestamistas anotavam, no primeiro dia de cada mês, os juros correspondentes aos empréstimos. Depois, kalendarium passou a significar a tabela das datas importantes do ano.

Calendários Lunares

Ligado ao ciclo lunar encontra-se o mais antigo calendário romano, o calendário judaico e os actuais calendários muçulmano e chinês.

Calendas, Nonas e Idos

Na Roma antiga, os meses eram divididos em três partes denominadas:

 Calendas, ou primeiro dia da Lua crescente;

 Nonas, ou o nono dia antes dos idos, e

 Idos, ou primeiro dia da Lua minguante, a meio do mês.

Estas partes eram ainda contadas de trás para a frente. Assim, por exemplo, 2 de Janeiro era antediem IV nonas januarii; 10 de Março era antediem V idus martii; o primeiro dia do mês era simplesmente Calendae, donde provém o nome "calendário".

Quando o calendário romano era exclusivamente lunar, o primeiro dia dos meses ou calendas fazia-se coincidir com o primeiro dia do crescente lunar, as nonas no quarto crescente e os idos logo após a lua-cheia, ou seja, no primeiro dia do minguante lunar.

Depois, abandonou-se o sistema de contagem baseado nas fases da Lua e os dias passaram a ser predeterminados. As calendas continuaram a corresponder ao primeiro dia do mês, mas as nonas e os idos aos dias 7 e 15, respectivamente, nos meses de Março, Maio, Julho e Outubro, e aos dias 5 e 13 nos outros meses.

Os Meses Lunares

O mês lunar pode ser medido de duas formas:

- De Lua Nova a Lua Nova (mês sinódico actualmente definido pela astronomia);

- Do primeiro dia do crescente ao primeiro dia do crescente (calendas).

Existe uma diferença de um ou dois dias entre estas duas medições, isto é, entre a ocorrência da Lua Nova e das Calendas. É muito importante ter em consideração este diferença entre Calendas e Lua-Nova, pois isto será decisivo para compreender a reconstrução dos calendários romano e judaico, respectivamente. É um pormenor que os historiadores não costumam ter em conta.

Observação das Luas Novas

As miras de observação para determinar as luas novas eram o nascente e o poente. Dado que a Lua governa a noite, na terminologia do Génesis, a determinação da Lua Nova era feita observando o horizonte pouco antes do Sol nascer, ou seja, no fim da noite, e, depois, observando o horizonte pouco depois do pôr-do-Sol, ou seja, no início da noite. Enquanto o nascer da Lua for visível antes do Sol, a Lua Nova não pode ser declarada. Na alvorada em que já não é visível o seu nascer, por estar quase no alinhamento do Sol, é certo que o novilúnio está eminente e a observação passa a ser feita a partir do pôr-do-Sol. No novilúnio, a Lua é invisível (fica escondida) durante três dias.

Astronomicamente, considera-se Lua nova o momento preciso em que a Lua fica no alinhamento do Sol com a Terra.

Ao Pôr-do-Sol (ROMANOS)

Os romanos determinavam o primeiro dia do mês como sendo aquele imediatamente a seguir ao aparecimento da primeira faceta visível do crescente lunar logo após o pôr-do-Sol; isto ocorria um ou dois dias depois da Lua Nova.

O dia (unidade de tempo) começava à meia-noite.

Ao Nascer do Sol (JUDEUS)

Os judeus, que se orientavam pelo calendário mosaico, seguiam o mês sinódico e determinavam o dia de Lua Nova por um processo diferente do utilizado pelos romanos, ou seja, imediatamente a seguir àquele em que, antes do nascer do sol, já não era visível nenhuma faceta do minguante lunar.

Extracto do 1.º Livro de Samuel:

I SAM 20:5 Disse David a Jónatas: "Eis que amanhã é a lua nova, em que costumo assentar-me com o rei para comer; deixa-me tu ir, porém, e esconder-me-ei no campo, até à terceira tarde.

(...)

18 E disse-lhe Jónatas: "Amanhã é a lua nova, e não te acharão no teu lugar, pois o teu assento se achará vazio. 19 E, ausentando-te tu três dias, desce apressadamente, e vai àquele lugar onde te escondeste no dia do negócio; ...

(...)

24 Escondeu-se, pois, David no campo; e, sendo a lua nova, assentou-se o rei para comer pão. 25 E, assentando-se o rei no seu assento, como as outras vezes, no lugar junto à parede, Jónatas se levantou, e assentou-se Abner ao lado de Saúl; e o lugar de David apareceu vazio. 26 Porém, naquele dia, não disse Saúl nada, porque dizia: "Aconteceu-lhe alguma coisa, pela qual não está limpo; certamente não está limpo".

27 Sucedeu, também, ao outro dia, o segundo da lua nova, que o lugar de David apareceu vazio; disse, pois, Saúl a Jónatas, seu filho: "Por que não veio o filho de Jessé, nem ontem nem hoje, a comer pão"?

(...)

34 Pelo que, Jónatas, todo encolerizado, se levantou da mesa; e, no segundo dia da lua nova, não comeu pão; porque se magoava por causa de David, pois seu pai o tinha maltratado.

35 E aconteceu, pela manhã, que Jónatas saiu ao campo, ao tempo que tinha ajustado com David, e um moço pequeno com ele.

Diferenças entre os Calendários Hebraico Antigo, Judaico Moderno e Romano

O grande reformador do calendário judaico, que ainda hoje está em vigor entre os judeus, foi o patriarca Hillel II (*330 - †365 EC). A contagem dos anos, segundo dizem, reporta-se à fundação do mundo, no período da Criação, o que é uma fonte de contradição entre os especialistas. Parece que (e isto é uma opinião pessoal que carece de prova fundamentada) os judeus do século IV EC adoptaram uma antiga cronologia egípcia iniciada em 3.761 AEC com a revolução nacional que realizou a unificação do Egipto (dantes Alto e Baixo).

Moisés, no século XIX AEC (cronologia esotérica), contrapôs ao calendário egípcio um novo calendário para uso dos hebreus, profundamente associado ao simbolismo do Carneiro, cujo culto foi perpetuado com a instituição da Páscoa. Relembramos que os egípcios do tempo de Moisés ainda permaneciam ligados ao extemporâneo culto simbolizado pelo Touro. Moisés impõe ao Bezerro (filho do Touro) o Cordeiro (filho do Carneiro). O calendário mosaico foi, pois, o veículo cronológico das festividades da Páscoa.

Terão os judeus da época em que viveu Hillel II, por via de um esoterismo tacanho, regredido através das reminiscências egípcias? Só o estudo do esoterismo judaico poderá responder. Seja como for, a reforma foi feita por líderes judaicos oriundos do farisaísmo do tempo do Cristo, posto que os saduceus, depositários dos antigos segredos levíticos por via do sacerdócio de Zadoc, desapareceram com a destruição do templo.

O actual calendário judaico não é igual ao antigo calendário hebraico instituído por Moisés, se bem que ainda tenha muitas semelhanças. Do ponto de vista histórico, as diferenças colocam-nos perante problemas cronológicos insolúveis enquanto não conhecermos o outro calendário, antigo, pois é possível que estejamos a considerar como certos determinados factos históricos referentes ao judaísmo, antes e dos primórdios do cristianismo, provavelmente diferentes daquilo que se supõe na História Oficial.

Há, ainda, o calendário romano. A instituição deste calendário, por Júlio César, está cercada de mistérios dado que, no fundo, ele liga-se ao Egipto, nomeadamente ao ciclo anual Sotíaco de 365 dias e 1/4, por via do matemático e astrónomo alexandrino Sosígenes, possivelmente um grande iniciado nas ciências esotéricas do Antigo Egipto.

Os judeus do terceiro templo de Jerusalém nunca aceitaram o calendário imposto por Roma, aquilo a que chamavam "o calendário do Augusto". Para eles tratava-se de um calendário anómalo, mesmo estúpido, que não prestava para regular as festividades ao longo do ano, em especial a Páscoa a qual dependia da observação dos meses lunares, da Lua-Cheia primaveril e do Ponto Vernal.

A desintegração do Império Romano trouxe consigo várias crises e descontinuidades cronológicas que terão sido aproveitadas, quer pelo poder religioso judaico espalhado pelo mundo de então, quer pelo crescente poder religioso da Igreja Cristã, para fazer "mexidas" em certos registos históricos. Efectivamente, terá sido possível manipular a colocação cronológica de certos factos para salvaguarda futura de interesses religiosos obscuros. Isto significou falsear a História. Mas fizeram-no! Em nome dos dogmas inatacáveis.

A contagem dos anos pela Era de César, usada na Hispânia, ficou à deriva.

Os judeus, na Diáspora, reorganizaram o seu calendário lunissolar ressuscitando uma cronologia oculta.

A Igreja Cristã necessitou de séculos para consolidar a Era de Cristo, preservando o calendário solar romano.

 Em épocas relativamente recentes, fizeram-se realinhamentos cronológicos em que os historiadores actuais depositam confiança. Mas estarão realmente certos?

OS PRIMEIROS CALENDÁRIOS ROMANOS

O Calendário de Rómulo

Rómulo, chefe romano entre 1 e 37 AUC (Ab Urbe Cindita) ¾ 753 a 717 aC, criou um calendário que tinha 304 dias divididos em dez meses, cada mês variando entre 16 e 36 dias.

Posteriormente, o número de dias de cada mês teria 30 ou 31 dias, compreendendo dez meses, sendo que o ano deveria sempre iniciar-se no Equinócio da Primavera (Ponto Vernal). Ora, como o ano trópico tem 365,2422 dias, eles deveriam ter algum sistema para corrigir o defeito de 60/61 dias, mas não sabemos qual era esse processo. Mesmo que houvesse algum método engenhoso, sabe-se que este calendário teve pouca duração, pois os meses flutuavam pelas estações do ano.

Os nomes dos meses foram, provavelmente, o único legado deste calendário:

  

Calendário de Numa Pompílio

Na época do imperador romano Numa Pompílio (717 a 673 AC), sucessor de Rómulo, foram feitas algumas modificações no calendário. Os romanos daquela época eram extremamente supersticiosos e consideravam os números pares como fatídicos. Então, aboliram os meses de 30 dias os quais passaram a ter 31 ou 29 dias. Além disso, aumentou-se para 12 o número de meses, sendo introduzidos JANUARIOS (29 dias), em homenagem a Jano, deus com duas caras, e FEBRUARIUS (28 dias), deus dos infernos e das purificações. Esses meses eram, respectivamente, o décimo primeiro e o décimo segundo do ano, permanecendo o início em Martius.

Com os 355 dias desse calendário, ainda havia uma diferença de 10,25 dias para o calendário solar. Para corrigir isso, era acrescentado, periodicamente, no final do ano, um mês denominado intercalar chamado MERCEDONIUS (segundo alguns, deriva demerces - renda, imposto - porque nessa época eram recolhidos os impostos).

A periodicidade obedecia a um ciclo de 24 anos chamado pompiliano que era subdividido em períodos de 4 anos. Os anos que tinham numeração ímpar neste ciclo e o último (o 24.º) tinham 12 meses de 355 dias; os restantes tinham 13 meses (com o intercalar que poderia ter 22 ou 23 dias). Mercedonius tinha 22 dias quando se intercalava no 2.º, 6.º, 10.º, 14.º, 18.º, 20.º e 22.º ano do ciclo pompiliano, e 23 dias quando no 4.º, 8.º, 12.º e 16.º ano do ciclo, contendo, portanto, Februarius 28 dias nos anos ordinários e 50 ou 51 dias nos anos com intercalação. Isto porque o mês intercalar não vinha após Februarius  mas no meio deste: depois de "23 de Februarius" contava-se 1,2,3 ... 22 ou 23 Mercedonius e prosseguia-se com o 24.º dia de Februarius.

O ano de Numa Pompílio tinha, portanto, 12 meses com 355 dias e quando havia a intercalação, alternadamente 377 ou 378 dias, ou seja, num período de 4 anos tínhamos: 355, 377, 355 e 378 dias, dando uma média de 366,24 dias.

O dia de referência para o Equinócio da Primavera ou Ponto Vernal era o 25 de Março; mas, na maior parte dos anos, este dia do calendário encontrava-se desfasado do verdadeiro dia do Ponto Vernal.

Os dois últimos períodos de 4 anos do ciclo de 24 anos tinham, respectivamente, 371 e 372 dias, em vez de 377 e 378, eliminando 12 dias em 24 anos, o que provocou a média de um ano ligeiramente maior que 365 dias. Com isto, conseguiu-se um calendário bastante razoável embora complicado para o povo romano.

A duração dos meses em cada período no calendário de Numa Pompílio era a seguinte:

(*) Nos dois últimos períodos de quatro anos num ciclo de 24 anos, os anos pares tinham a sua duração reduzida para 371 e 372 dias, respectivamente.                                                                 

A intercalação dos meses e o controlo do respectivo número de dias eram atributos dos pontífices. É importante notar que estes acabaram por ter em suas mãos o poder sobre a época da investidura dos cônsules. Assim, os responsáveis pela observância das regras da intercalação adiavam ou antecipavam a introdução do mês Mercedonius, quer pela conveniência de prolongarem as magistraturas quer para favorecimento de amigos. Deste modo, acabaram por perder o controlo sobre o calendário e em pouco tempo se formou o caos cronológico entre os romanos.

Ocorreram várias imperfeições no calendário romano que impuseram a necessidade de o reformar.

Calendário Juliano

O imperador Júlio César (*654 - †710 de Roma) tomou para si a tarefa de reordenar o calendário romano. Para isso, contratou os serviços do astrónomo grego Sosígenes que vivia em Alexandria.

Das modificações introduzidas, destacamos:

- O ano deixaria de ser luni-solar e passaria a ser totalmente solar, obedecendo ao ano trópico.

¾ O ano passaria a ter início em JANUARIUS e não em MARTIUS. Para isso, ele fez com que calendas januaris (primeiro de Janeiro) coincidisse com o primeiro dia da Lua crescente depois do solstício de Inverno, que naquela época se dava em antediem VIII calendas januarii (oito dias antes do primeiro de Janeiro, isto é, a 22 de Dezembro). Este primeiro dia do ano deveria coincidir também com o primeiro dia da semana (Dies Solis). Assim, Júlio César atendeu a antigas regras dos calendários lunar e solar.          

¾ O ano trópico teria 365 dias e 1/4; portanto, no calendário, os anos comuns teriam 365 dias e haveria, de quatro em quatro anos, um dia excedente em FEBRUARIUS: o bis VI antediem calendas martii, onde anteriormente se intercalava o Mercedonius, ou seja, nos anos de 366 dias bisava-se o dia 24 de Februarius o qual era o sexto dia antes do primeiro dia de Martius.

O uso do calendário, assim projectado e proposto por Sosígenes, foi autorizado por decreto de Júlio César no ano 708 de Roma.

O ano seguinte, 709 de Roma, em que teve início o calendário juliano, é conhecido como o ano da confusão, pois foram feitas várias modificações naquele ano a fim de preparar o calendário para a reforma: teve 15 meses e 445 dias!

Em 1 de Janeiro, primeiro dia do crescente lunar (calendas januaris) e primeiro dia da semana (Dies Solis), entra em uso o novo calendário que fica conhecido na História por "Calendário Juliano". Nesta data tem início, também, a Era Juliana. Todavia, a entrada em uso deste calendário, encarado como anómalo, não é pacífica, ainda mais porque Júlio César pretende que o sétimo mês seja designado pelo seu nome: Julius.

Júlio César, após ter sido assassinado, em 15 de Março (Idos), já no ano 710 de Roma, foi homenageado com a atribuição póstuma do seu nome JULIUS ao antigo mês Quintilis que havia passado a ser o sétimo mês no calendário reformado, cumprindo-se assim o seu desejo.

Mas o uso subsequente deste calendário também não foi pacífico: os pontífices, encarregados de regular o novo calendário e de acompanhar a observância das suas leis, "erraram" nas interpretações das regras do calendário e declararam bissextos os anos em intervalos de três em três ao invés de quatro em quatro. Com isto, nos primeiros 36 anos de uso do novo calendário (de 710 a 745 de Roma, inclusive) foram considerados 12 anos bissextos: 712, 715, 718, 721, 724, 727, 730, 733, 736, 739, 742 e 745 de Roma, quando deveriam ser 9 anos bissextos: 713, 717, 721, 725, 729, 733, 737, 741 e 745 de Roma. Isto introduziu uma diferença de três dias por excesso em relação ao correspondente número de anos trópicos.

Octávio César Augusto (*691 - †767 de Roma), o sucessor de Júlio César, promulgou, no ano 736 de Roma, as "Leis Júlia" e decretou que o calendário juliano fosse cumprido em todo o Império romano. Em 746 de Roma, determinou que não fossem bissextos os três anos seguintes a 745 de Roma que o deveriam ser, isto é, 749, 753 e 757, a fim de acertar o calendário juliano com o ano trópico. Em suma, foi só a partir do ano 757 de Roma que o calendário juliano estabilizou e se estendeu o seu uso a todo o Império. Portanto, quando Jesus nasceu (748 de Roma) este calendário ainda não estava imposto na Palestina. Os judeus usavam o Calendário Hebraico, luni-solar, dado através de Moisés.

Graças a estas contribuições, o imperador foi homenageado (por imposição imperial, logicamente) com a atribuição do seu título honorífico AUGUSTUS ao mês Sextilis, mês em que nasceu e que havia passado a ser o oitavo (de octo, donde o seu nome próprio "Octávio", por coincidência?) no calendário juliano. Mas este mês, que tinha 30 dias, passou a ter 31, o mesmo número de Julius, visto que sendo imperador como Júlio César, ambos deveriam ter a mesma medida de homenagem. Com o aumento do número de dias de Augustus, foi prejudicado o mês de Februarius que passou a ter 28 ou 29 dias, em vez de 29 ou 30. Para não haver três meses seguidos com 31 dias, foi alterada a alternância do número de dias nos restantes meses do ano.

Devemos reconhecer que o calendário autorizado por Júlio César era equilibrado e de agradável estética quanto à distribuição dos dias do ano pelos seus meses o que foi despudoradamente escangalhado pelo seu sucessor.

Assim, foi este "calendário de Augusto" que se impôs ao mundo até hoje.

E vai continuar no futuro...

O Calendário Gregoriano

Após a reforma juliana do calendário romano, persistiram algumas incorrecções, que se tornaram apreciáveis depois de muitos séculos, dado que a duração média do ano juliano era 365,25 dias. Na realidade, o ano trópico tem 365 dias, 5 horas, 48 minutos e 47,5 segundos, restando, portanto, uma diferença de 11 minutos e 12,5 segundos. Em cada quatro anos, o calendário juliano aumentava 24 horas quando, na verdade, deveria aumentar 23 horas, 15 minutos e 10 segundos. Com aquela diferença surge, em cada 128,5 anos, o atraso de um dia completo nas datas verdadeiras dos equinócios e solstícios.

O Concílio de Niceia, realizado em 325 EC, determinou que a data da Páscoa cristã deveria ser calculada, pelos astrónomos de Alexandria, para ser celebrada no primeiro Domingo seguinte ao primeiro dia de Lua-Cheia posterior ao Equinócio da Primavera, isto é, entre 22 de Março e 25 de Abril. Mas já neste tempo se havia percebido, entre outros assuntos, que o Equinócio da Primavera, fixado pelo decreto de Júlio César em 23 de Março, estava a ocorrer em 21 de Março. Então, os bispos refixaram o Ponto Vernal para 21 de Março nos anos comuns e 20 de Março nos anos bissextos. Mas isto apenas actualizou o equinócio, não corrigiu a duração do ano.

O progressivo afastamento do Equinócio da Primavera em relação ao respectivo dia previsto no calendário, motivou vários estudos entre os séculos XIII (Bacon) e XV (Pedro d'Ailly, Nicolau de Cusa). No Século XVI, o papa Leão X pede a colaboração das universidades e dos matemáticos com vista a emendar o calendário.

Foi somente em 1582 que o papa Gregório XIII (*1512 - †1586) efectuou a reforma do calendário juliano, quando já havia um atraso de 10 dias na data do equinócio, pois estava a ocorrer na realidade a 11 de Março em vez de 21. Gregório XIII, através da bula Inter Gravissimas, com data de 4 de Fevereiro desse ano, aprova a desejada reforma do calendário, segundo os cálculos do astrónomo calabrês Luís Giglio, e ordena:

¾ Supressão de dez dias do calendário. O dia seguinte a 4 de Outubro de 1582 (Quinta-Feira) passou a ser 15 de Outubro de 1582 (Sexta-Feira), para que o equinócio da Primavera voltasse a coincidir com 21 de Março, em harmonia com a deliberação do Concílio de Niceia.

- Conservação da continuidade dos dias da semana.

- São bissextos os anos múltiplos de 4.

- Os anos de final de século (centesimais, isto é, anos terminados em 00) só serão bissextos se forem divisíveis por 400. Portanto, existe a ausência de três anos bissextos em cada período de 400 anos. O primeiro destes ciclos começou em 1.600 EC, que foi bissexto, mas 1.700, 1.800 e 1.900 não foram. Já o ano 2.000 foi bissexto. Deste modo, após três anos seculares comuns, haverá um ano bissexto.

- Contagem dos dias dos meses por designação dos números cardinais 1, 2, 3, ..., pela sua ordem e seguidamente, e não mais por calendas, nonas e idos.

Porém, com a reforma gregoriana, há ainda uma diferença residual de 2 horas, 43 minutos e 2 segundos em cada 400 anos o que produz o défice de 1 dia completo em cada 3.532 anos. Isto deverá tornar comum o ano 4.000 apesar de divisível por 400, questão que não foi prevista pela reforma gregoriana. É evidente que não valia a pena aos astrónomos de Gregório XIII atender a tão pequena e longínqua diferença; e se nos é lícito presumir que ainda vigore a reforma gregoriana daqui a duzentos séculos, vê-se que mesmo até lá não haverá divergência de um dia se também os anos milenários 8.000, 12.000 e 16.000, múltiplos de 4.000, se fizerem comuns. Esta curiosidade serve para ilustrar o rigor com que o actual calendário fixa o Ponto Vernal em 20/21 de Março, facto determinante para a sua retroprojecção com vista à localização precisa do Ponto Vernal no calendário hebraico dado por Moisés ao sacerdócio Levítico.

Aceitação do Calendário Gregoriano

A reforma gregoriana não foi imediatamente aceite por todos os povos, havendo mesmo vários que se opuseram a ela, principalmente os não católicos.

Quadro cronológico da aceitação do Calendário Gregoriano

 

Hoje, o calendário gregoriano é quase universal, devido às relações internacionais a todos os níveis, prevendo-se a sua universalização plena num futuro não muito distante.

Porém, a Igreja Cristã Ortodoxa Oriental mantém ainda o uso do calendário juliano, tendo votado a rejeição do calendário gregoriano, pela última vez, em 1971. Todavia, esta posição da Igreja Ortodoxa não poderá manter-se por muito tempo face ao enorme desajustamento actual de 14 dias do calendário juliano relativamente ao Ano Trópico.

 Em suma, o calendário que está hoje em vigor em todo o mundo é, na sua essência, o Calendário Romano que foi criado por Rómulo (segundo a lenda), estruturado por Numa Pompilo, reformulado por Júlio César, retocado por César Augusto e reformado pelo papa Gregório XIII. Podemos dizer que o Império Romano continua a viver, entre muitas outras coisas, através deste calendário. 

O Incerto Ano UM da Era Cristã

Os romanos começaram a contagem dos anos a partir da fundação da cidade de Roma (ab urbe condita AUC  "desde a fundação da cidade") que se convencionou, na História Moderna, ter sido em 753 a.C. (início da era romana). Mas esta convenção pode não estar certa.

Este sistema foi usado também, durante muito tempo, por povos conquistados pelos romanos, embora existissem outros sistemas, como a era de Nabonassar e a era de César que vigorou na Península Ibérica.

No século VI d.C., um monge grego chamado Dionísio propôs que se fizesse a contagem dos anos a partir do nascimento do Cristo. Diz-se que ele fez cálculos para saber em que ano Jesus teria nascido, o que era uma tarefa muito difícil. Finalmente, ao que parece, definiu a data do nascimento de Jesus como sendo a 25 de Dezembro do ano 753 AUC. Isto significa que o ano 1 da Era Cristã corresponderá ao ano 754 AUC. Em rigor, não existe a certeza de que seja assim. Mas como a cronologia histórica não se compadece com incertezas, pois a história tem de ser feita e os respectivos factos têm de ser datados, aquela correspondência, à falta de melhor, é oficialmente aceite no mundo profano.

Passados 1.200 anos após Dionísio, os cronologistas descobriram que ele havia cometido um erro de data porque Herodes o Grande morreu quatro anos antes, pelo menos, da data estabelecida por Dionísio relativamente ao nascimento de Jesus. Esta descoberta suscitou grande controvérsia entre os historiadores e a Igreja Cristã, não tendo esta outro remédio senão reconhecer que havia um erro cronológico no seu sistema dado que os Evangelhos informam que Herodes ainda era vivo quando Jesus nasceu. Mas o sistema cronológico não foi alterado; apenas a data de nascimento de Jesus ficou incerta.

A verdade é que a História desconhece a data de nascimento de Jesus o Cristo. Esta questão tem sido amplamente debatida, mas está longe duma solução definitiva. Este facto torna legítima qualquer suspeita acerca da correspondência oficial do ano 1 da Era Cristã com anos de outros sistemas cronológicos, bem assim como da localização cronológica dos acontecimentos históricos que lhe estão associados ou próximos. As obras de história que temos consultado reflectem bem esta dificuldade em localizar acontecimentos na época em que o Cristo viveu.

Um exemplo deveras gritante foi encontrado no "Atlas Bíblico Geográfico-Histórico", da autoria de J. Machado Lopes, editado pela Difusora Bíblica em 1984, donde fizemos o seguinte extracto na página 82:

39 - 4 a.C. = Herodes o Grande

Antipatris conseguiu dos romanos o título de Rei para seu filho, no ano 37. Assim, de governador da Galileia, Herodes ascende a Rei dos Judeus, mas na dependência dos romanos. Pouco a pouco Herodes foi formando um pequeno império, sempre na defesa dos interesses de Roma: continuou a helenização do país; reconstruiu completamente o Templo; restaurou, em Hebron, o túmulo dos Patriarcas; reconstruiu a cidade de Samaria (Sebaste) e construiu Cesareia Marítima; apoderou-se de Jope, de Madabá, etc.

Morre no ano 4 a.C., em Jericó, e foi sepultado na fortaleza Herodium.

Durante o seu reinado nasce JESUS CRISTO, no ano 747 - 748 da fundação de Roma; ano 8, ou 7, ou 6 antes do início da Era Cristã.

(O nosso erro de datação provém do monge Dionísio, o Exíguo, (séc. VI d.C.) que estabelece a contagem do início da ERA CRISTÃ a partir do ano 16 de Tibério - 754 da fundação de Roma, como sendo o do nascimento de Jesus Cristo. O que, está provado, não é certo).

 

Um leitor pouco versado em questões de cronologia, ao ler este pedaço de texto, certamente não se aperceberá das insuficiências cronológicas que contém e o considerará digno de crédito. Já um investigador experimentado em cronologia ficará espantado com as distracções do autor (ou gralhas do editor?) e dirá para consigo: "Oxalá não dêem por isto...". 

É evidente a hesitação em definir uma correspondência precisa entre a cronologia romana e a cristã (747 - 748 da fundação de Roma; ano 8, ou 7, ou 6 antes do início da Era Cristã), ou seja, mais ano... menos ano... tanto faz. Não se nota qualquer preocupação com o rigor histórico-cronológico.

Mas o mais espantoso, o que mais aguça a curiosidade dum batido e ferrenho pesquisador de cronologias e que o faz exclamar "Aqui há gato escondido com o rabo de fora!", é esta afirmação:

... início da ERA CRISTÃ a partir do ano 16 de Tibério - 754 da fundação de Roma...

Não fazemos a mínima ideia de onde J. Machado Lopes extraiu esta informação ou interpretação.

Não fazemos a mínima ideia se foi Dionísio quem fez corresponder o ANO 16 DE TIBÉRIO AO ANO 754 DA FUNDAÇÃO DE ROMA, se foi Machado Lopes ou outro especialista qualquer.

Não fazemos a mínima ideia se isto foi uma distracção do autor ou se foi uma gralha do editor.

Sabemos, com certeza, que o ano 16 do império de Tibério César correspondeu ao ano 782 da fundação de Roma.

Note-se bem:

O ano 16 de Tibério corresponde ao ano 782 da fundação de Roma e NÃO ao 754.

O ano 39 de César Augusto é que corresponde ao ano 754 da fundação de Roma.

E isto pode ser demonstrado com recurso à História Oficial vulgar.

Não acreditamos que Dionísio não tivesse conhecimento destas correspondências para se permitir indicar que o ano 16 de Tibério correspondia ao ano 754 de Roma. Evidentemente que isto é falso e fácil de provar, mas altera por completo a colocação cronológica do Ano UM da Era Cristã e suscita uma dúvida muito incomodativa: 754 ou 782 de Roma?!

São VINTE E OITO anos de diferença! Uma bagatela para a História... ou uma gralha imperdoável?

Na realidade, devemos confessar que decidimos investigar a cronologia partindo da aceitação hipotética da seguinte correspondência:

ANO UM DE CRISTO - 782 DE ROMA - 67 DE AUGUSTO ¾ 16 DE TIBÉRIO

As surpresas foram simplesmente FABULOSAS!

Será que Machado Lopes é um profeta? Ou a gralha editorial ou o acaso (ou... sabemos lá o quê?) aparece aqui como uma indicação providencial?

O Nascimento de Jesus e o Nascimento do Messias ou Cristo

Muitas das dificuldades cronológicas da História actual, afecta ao mundo profano, devem-se ao desprezo a que os historiadores votaram o antigo esoterismo, salvo raras excepções. Sabemos que a Tradição Esotérica Fundamental é transmitida entre os iniciados através de um simbolismo profundamente refinado a que os profanos não têm acesso. O nascimento de alguém reveste-se também desse simbolismo. Em sentido simples e popular, o nascimento é apenas o fenómeno biológico chamado parto ou nascimento parturiente e que conta nas festas de aniversário. Todavia, para os espiritualistas esotéricos, existe um outro nascimento muito mais importante e valioso: o nascimento espiritual. Ora, o projecto messiânico ou cristão atribui especial ênfase ao nascimento espiritual o qual só poderá ocorrer na idade adulta do indivíduo, após um árduo trabalho de aperfeiçoamento mental até que determinada organização esotérica (p. ex. a Maçonaria, mas não só) reconheça que o neófito está preparado para o respectivo cerimonial de aceitação no círculo dos Santos, começando o seu percurso iniciático. Deste cerimonial fazia parte o ritual do baptismo como símbolo do novo nascimento gnóstico. Este conceito de nascimento é nitidamente demonstrado na tradição esotérica joanina (continuada por Lázaro, o discípulo que Jesus amava) através da cena evangélica em que são intervenientes Jesus e Nicodemos:

JOÃO 3:

1 E havia entre os fariseus um homem, chamado Nicodemos, príncipe dos Judeus.

2 Este foi ter de noite com Jesus, e disse-lhe: "Rabi, bem sabemos que és Mestre, vindo de Deus; porque ninguém pode fazer estes sinais, que tu fazes, se Deus não for com ele".

3 Jesus respondeu, e disse-lhe: "Na verdade, te digo que aquele que não nascer de novo não pode ver o reino de Deus".

4 Disse-lhe Nicodemos: "Como pode um homem nascer, sendo velho? Porventura pode tornar a entrar no ventre da sua mãe, e nascer"?

5 Jesus respondeu: "Na verdade, te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito não pode entrar no reino de Deus. 6 O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito. 7 Não te maravilhes de te ter dito: Necessário vos é nascer de novo. 8 O vento assopra onde quer, e ouves a sua voz; não sabes de onde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito".

Jesus nasceu da água (ritual do baptismo) e do Espírito (foi ungido pelo Espírito Santo que desceu em forma de pomba logo após o baptismo).

Certamente que passados pouco mais de 500 anos, em que na Igreja Cristã Primitiva ainda se mantinham boa parte de Irmãos na sua pureza gnóstica, o monge Dionísio o Exíguo conhecia todos estes simbolismos do esoterismo de João o Baptista. Sendo assim, a qual dos nascimentos de Jesus (parturiente e espiritual) se referia Dionísio quando determinou o Ano Um da Era Cristã? Pode conjecturar-se que Dionísio tenha concordado manifestamente com o ano 753 de Roma como tendo sido o do nascimento parturiente. Mas isto não invalida a hipótese de Dionísio ter determinado secretamente o Ano Um da Encarnação do Cristo como correspondendo ao ano 16 do império de Tibério César (782 de Roma) pois foi neste ano (e tudo o indica) que Jesus nasceu espiritualmente (baptismo e unção pelo Espírito), dando-se início à realização do projecto messiânico através da pregação da Boa Nova ou Evangelho, o que lógica e verdadeiramente corresponde ao início da Era Cristã e não o do nascimento parturiente em que o recém-nascido Jesus era apenas o Cristo designado mas não formalizado. Este assunto terá de ser ainda mais aprofundado para que possamos detectar, se for possível, se houve alguma manipulação intencional por parte de certos cronistas para que a história resultasse distorcida para os vindouros.

A Importância de Conhecermos a Cronologia Correcta dos Factos Históricos

Só aparentemente a cronologia histórica não tem nada a ver com o Sobrenatural. O Sobrenatural, qualquer que ele seja, tem determinado o desenrolar histórico deste mundo, devendo merecer especial atenção por parte dos Iniciados que integram o Mundo Sagrado. Por conseguinte, é necessário encarar também o sobrenatural do ponto de vista cronológico terreno, isto é, inseri-lo na corrente do tempo relativamente a factos em que o sobrenatural interferiu neste mundo. Daí, a importância em analisarmos estas questões cronológicas com o objectivo de salvaguardarmos o aspecto histórico dos nossos estudos, porque se algo não puder ser datado convenientemente torna-se alvo de suspeição quanto ao seu valor histórico.

É certo que cronistas influentes e bem informados sobre astronomia puderam consolidar interpretações cronológicas adulteradas ao longo do tempo, mexendo assim no registo cronológico de certos factos históricos. Mas não puderam mexer no mecanismo celeste que é a base da cronologia, a saber, o Sol, a Terra e a Lua, com todos os seus movimentos relativos através dos quais os Astrónomos medem o tempo.

Em épocas relativamente recentes, fizeram-se realinhamentos cronológicos em que os Historiadores actuais depositam confiança. Mas estarão estes realinhamentos absolutamente certos?

Os historiadores modernos interpretam os documentos históricos escritos na antiguidade, muitos deles de origem religiosa, de uma forma demasiado literal. Passam-lhes despercebidos os aspectos simbólicos, figurativos, parabólicos, metafóricos, enigmáticos etc. Estas narrativas, mesmo quando nos fornecem informação cronológica, fazem-no de uma maneira enigmática, propositadamente vaga, em que é preciso proceder à decifração do texto para se alcançar o significado real. Na Bíblia, por exemplo, as chaves de decifração cronológica estão dissimuladas e espalhadas por todos os escritos que constituem este livro. O mesmo acontece com as obras de Flávio Josefo (que serão exaustivamente investigadas nestes estudos).

É necessário dedicar a todos estes escritos estudos muito meticulosos, pacientes e demorados. A astronomia moderna desempenha aqui uma função fundamental e decisiva, posto que é uma Ciência (quase) Exacta à qual os falsificadores da História não poderão escapar.

A História Oculta

O Esoterismo é um sistema que envolve todo o planeta Terra e abrange toda a Humanidade. Foi criado pela Divindade e, por isso mesmo, está ao serviço da Causa Divina. Não obstante, a Humanidade poderia ser beneficiária privilegiada, caso aceitasse e subscrevesse as condições desta Causa. Os humanos admitidos à participação no sistema esotérico, ingressam no grupo dos que estão por dentro (ESO) e são designados Iniciados, os outros ficam de fora e a eles se patenteia o sistema complementar mas inverso do Esoterismo, ou seja, o Exoterismo (EXO) e são designados Profanos.

Estes breves considerandos colocam sob as nossas indagações a eventualidade de existir uma História dupla: a História Exotérica ou profana ou, ainda, Oficial, de fácil alcance para todos, e a História Esotérica (Oculta) reservada aos Iniciados. Assim, a HISTÓRIA constitui um todo subdividido em dois estratos sobrepostos que se complementam mutuamente.

É da História Oculta que nos vamos ocupar no âmbito da Especulatividade Cronológica. Antes porém, fazemos uma advertência da maior importância: a incursão na História Oculta só é viável com recurso a um sistema cronológico muito peculiar que terá em conta determinada simbologia esotérica que os Historiadores Oficiais contestam e desprezam, como é seu dever aliás, visto que trabalham do lado de fora. Do lado de dentro, o rigor histórico terá de ser muito maior, nomeadamente no que se refere a cronologia, porque o erro pode prevalecer lá fora mas ao Iniciado só interessa a Verdade dos factos ditos transcendentais, mesmo sabendo que estes possam surgir inesperados, incríveis e, até mesmo, dolorosos.

A Arquitectura Cronológica da Tradição Hebraica

Tomo a liberdade de lembrar a todos os Irmãos, verdadeiramente interessados nestes estudos, de que é indispensável possuírem a Bíblia (Velho e Novo Testamentos) e o Alcorão. Não só possuí-los, mas também procederem a leituras completas e profundas. De outro modo, não terão possibilidade de assimilar devidamente temáticas históricas difíceis, confirmar ou rebater teses. Se quisermos estudar a árvore e andarmos somente pelas pontas dos ramos jamais chegaremos à raiz.

Um facto histórico é um acontecimento registado e conservado, preenchendo três requisitos:

-  O quê - exposição do acontecimento em si mesmo, por intermédio de um registo historicamente reconhecido.

-  Onde - relacionando o acontecimento com o espaço, por intermédio de um sistema de localização geográfica.

-  Quando - relacionando o acontecimento com o tempo, por intermédio de um sistema cronológico.

Não existe facto histórico reconhecido ou reconhecível se não estiverem presentes no respectivo registo a exposição credível, a localização geográfica exacta e a data precisa. Estes princípios, tão simples de entender, em breve se revelam complicados quando estudamos determinados factos antigos abrangidos pelo Esoterismo, dado que, no mundo profano, não formam sentido racional (p. ex., a paragem do sol e da lua a pedido de Josué, a levitação de Jesus sobre as águas do lago Tiberíades), o registo histórico é considerado duvidoso (p. ex., Flávio Josefo), são muito difíceis de localizar no espaço (p. ex., narrativas do livro do Génesis) e, sobretudo, a respectiva cronologia é um terrível quebra-cabeças (p. ex., livros das Crónicas ou dos Reis).

A iniciação actual, face aos imperativos impostos pela Ciência Positiva, exige um sistema cronológico que dê credibilidade à dita História Oculta subjacente à Tradição Esotérica Fundamental para que os adeptos possam intuir a certeza de tudo aquilo em que acreditam ou depositam a sua Fé.

Um dos aspectos bíblicos que se reveste de grande importância é o que diz respeito às cronologias. No entanto, um vasto leque de opiniões emitidas por eruditos arraigou a ideia de que as cronologias bíblicas não permitem demonstrações rigorosas e científicas. A título de exemplo, não há acordo quanto às datas dos principais acontecimentos relacionados com a vida do Cristo. Só para referir o ano de nascimento de Jesus, é sabido que eminentes teólogos apresentam cálculos que vão desde o ano um, propriamente dito, até ao ano 7 a.C. Alguns especialistas em cronologia desta época assinalam uma tendência de maior recuo na data de nascimento de Jesus a qual colocariam muito para trás do ano um da Era de Cristo, actualmente em uso em todo o mundo.

Para acontecimentos muito afastados no tempo, os estudos cronológicos apresentados pelos teólogos das várias formações religiosas da cristandade, são os mais contraditórios e absurdos que se possam imaginar.

Numa breve amostragem, vejamos só três casos:

    No início do século vinte, ainda vastíssimos sectores religiosos do catolicismo estavam convencidos de que Deus tinha começado a criar o mundo no ano 4.004 a.C., com base nas contas apresentadas em 1648 pelo arcebispo James Ussher. A obra da criação teria sido realizada em seis dias literais de 24 horas.

    Depois, com a implantação firme do darwinismo, certos representantes da Igreja Católica mostraram-se dispostos a aceitar que os dois primeiros capítulos do Génesis compreenderiam um espaço de tempo não muito superior a 500.000 anos.

    O Padre Teilhard de Chardin, em meados do século vinte, tentando acompanhar as largas passadas da ciência evolucionista, sustentou a tese, rejeitada pela Igreja, de que Deus começou a sua obra de criação do mundo há vários milhares de milhões de anos atrás.

De um modo geral, os actuais cientistas, pouco ou nada ligados aos problemas cronológicos da cristandade, aceitam como muito provável que a Terra começou a sua existência, como planeta plenamente formado mas em estado totalmente incandescente, há 4.500 milhões de anos.

Pondo de parte a ciência, verificamos que no seio das várias religiões as respectivas cronologias são, no seu conjunto, profundamente contraditórias e, por isso mesmo, indignas de crédito.

Até mesmo para o período histórico que vai desde o império babilónico até ao império romano, na parte que diz respeito ao Médio Oriente, muitas datas são alvo de polémica. Cada historiador tem as suas datas.

Já referimos o teólogo de grande envergadura que foi Teilhard de Chardin. No seu famoso livro "O Fenómeno Humano", aceitando a filosofia panteísta, ele sustenta a tese de que Deus criou o mundo ao longo de milhões de anos utilizando o processo evolutivo. Mas este Padre Cientista quase eliminou o conceito de Deus-Pessoa confundindo-o com o Deus-Universo do Panteísmo. Desferiu um golpe mortal na cronologia bíblica. Na verdade, se somarmos todos os tempos indicados no Livro Sagrado, esticando-os até aos limites da prudência e do bom senso, não se obtém senão umas escassas dezenas de milhares de anos. De tal forma que só podemos deixar de fora o primeiro versículo:

«Gen 1: 1 No princípio criou Deus os céus e a terra.»

Quando foi este princípio? O que é o princípio? E o que devemos entender, em termos esotéricos, "os céus e a terra"?

Obviamente que é por aqui que teremos de começar.

Os céus e a terra referidos no primeiro versículo da Bíblia não aludem à totalidade do Universo, quer no espaço quer no tempo, e disso Pedro o Apóstolo nos dá a convicção. (Ped 3: 5, 7 e 13), onde se referem:

    Os céus e a terra passados.

    Os céus e a terra presentes.

    Os céus e a terra futuros.

Também Jesus o Cristo disse: «O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não hão-de passar (Mat 24: 35).»

Na visão apocalíptica de João o Apóstolo, também se faz a afirmação:

«Apo 21: 1 E vi um novo céu, e uma nova terra.»

Para além de tudo o que a expressão "os céus e a terra" possa significar, importa saber que está circunscrita a um espaço delimitado no Universo e a uma certa quantidade de tempo que teve um princípio, no sentido de começo, e há-de ter um fim temporal. Os céus e a terra que agora existem podem ser um ciclo em particular entre muitos em geral, antes e depois. Se assim for, qual será a duração dos céus e a terra presentes?

A astronomia actual ensina-nos que a Terra, gravitando em volta do Sol, possui três movimentos:

    Rotação em torno do seu próprio eixo, determinando os dias solares de 24 horas.

    Translação em redor do Sol, determinando os anos. As estações do ano são originadas pela inclinação do eixo de rotação, relativamente ao plano orbital, e cujo prolongamento imaginário para o norte celeste passa muito perto do ponto de visibilidade da estrela Polar.

    Precessão do eixo, o qual descreve um movimento cónico, tal como um pião que oscila à medida que perde velocidade de rotação. De acordo com os dados mais recentes da astronomia, um movimento de precessão dura cerca de 25.900 anos.

Dos três movimentos terrestres, acima indicados, a Precessão merece a nossa especial atenção. A Divindade Suprema, criadora d'os céus e a terra, conhece melhor que ninguém este movimento. Dar-se-á o caso de Elohim ter feito dele o seu cronómetro pessoal para medir e controlar o tempo terrestre? É lógico que as escrituras sagradas não se referem declaradamente à sua existência, todavia podemos sentir o seu compasso oculto, sempre certo e presente para os bem-aventurados que tiveram a felicidade de o encontrar.

Na Tradição Esotérica Hebraica, o grande ciclo cronológico d'os céus e a terra (aludido no texto sagrado como "eternidade") perfaz 25.920 anos siderais e foi dividido em doze partes; cada parte é um signo ou sinal.

Quando pensamos no Zodíaco, é normal relacioná-lo automaticamente com a astrologia e os astrólogos. É conveniente esclarecer que, em termos puramente astronómicos, o Zodíaco é apenas uma faixa equatorial da esfera celeste vista da Terra, onde se observam todos os movimentos do Sol, da Lua e dos cinco planetas visíveis a olho nu (Marte, Mercúrio, Júpiter, Vénus e Saturno), tendo por referência grupos de estrelas que formam as constelações zodiacais. Na astronomia oficial, os astrónomos também utilizam o Zodíaco na moderna cartografia celeste.

O Zodíaco não foi invenção de astrólogos da antiga Mesopotâmia, segundo as conclusões dos actuais historiadores em geral. É nosso dever devolvê-lo ao seu legítimo criador que até lhe dedicou um dos dias do seu plano criativo, o Dia 4.º:

«Gen 1: 14 E disse Deus: "Haja luminares na expansão dos céus, para haver separação entre o dia e a noite; e sejam eles para sinais (signos) e para tempos determinados e para dias e anos

Os Calendários

Começaremos a sistematização das questões cronológicas pelo estudo dos Calendários que interessam à História Oculta em torno dos eixos civilizacionais Indo-Europeu e Mesopotamo-Africano em que o centro comum ficou estabelecido no Médio-Oriente. Esta matéria será longa e plena de complexidades para o que peço a vossa paciência e também a colaboração prestimosa sem a qual será muito difícil chegar a bom termo.

O primeiro calendário que iremos analisar é este que temos à nossa frente, o do ano 2010 (ano em que estou a escrever estas linhas). Ele tem uma origem, uma história e características gráficas muito interessantes. A origem é romana, o seu uso foi autorizado por Júlio César e decretado pelo imperador César Augusto. Os períodos astronómicos utilizados e que nele podemos consultar são:

- O Dia,

- O Ano e

- O Mês Lunar ou Lunação.

O Dia - O dia solar verdadeiro é o intervalo de tempo entre duas passagens consecutivas do Sol pelo meridiano dum determinado lugar. Varia entre 23h 59m 39s e 24h 00m 30s. Estas variações são devidas às desigualdades que afectam a ascensão recta do Sol as quais obrigam a utilizar o chamado dia civil com a duração média de 24 horas. Este dia, definido em função do dia solar médio, começa à meia-noite e termina à meia-noite seguinte.

O Ano - Em Astronomia consideram-se várias espécies de ano. Neste estudo, apenas consideramos o Ano Trópico porque é este ano que regula o retorno das Estações climáticas e intervém naturalmente na elaboração dos calendários. O Ano Trópico é o tempo decorrido entre duas passagens consecutivas do Sol pelo Ponto Vernal em que o dia (luminosidade) e a noite são iguais (Equinócio). É, actualmente, de 365d 5h 48m 45,3s. O Ponto Vernal ocorre na transição do dia 20 para o dia 21 de Março. Assim, o primeiro dia da Primavera (Equinócio da Primavera) é convencionado em 21 de Março de todos os anos.

O Mês Lunar ou Lunação - É um elemento informativo muito importante que consta no calendário. Este mês tem origem no movimento da Lua em torno da Terra. A lunação é o intervalo de tempo entre duas conjunções consecutivas da Lua com o Sol, momento em que ocorre a Lua-Nova, e que também não tem valor constante, pois varia entre 29d 6h e 29d 20h, sendo o seu valor médio conhecido com grande precisão: 29d 12h 44m 2,8s. A revolução sinódica está na origem dos calendários lunares em que os meses têm alternadamente 29 e 30 dias, produzindo um valor médio de 29,5 dias, logo, diferindo 44m 2,8s do mês sinódico, pelo que surgem dois meses seguidos de 30 dias para acerto.

A Semana de Sete Dias

A construção de um calendário rigorosamente regulado não é fácil porque estes três elementos temporais (dia, ano, lunação) que resultam da combinação dos movimentos astronómicos relativos entre Sol – Terra – Lua não se relacionam perfeitamente entre si. Por isso, foi necessário criar um quarto elemento ou período de tempo utilizado nos calendários ¾ a Semana de Sete Dias que se pode representar graficamente do seguinte modo:

 

 

Esta sucessão infinita de sete dias é o único ritmo constante que permanece inalterável no calendário, constituindo a sua peça fundamental, dando-lhe consistência gráfica e possibilitando a sua consulta prática e acessível a toda a gente.

Os sábios (diga-se, cientistas e historiadores) desconhecem a origem da semana, apenas adiantando algumas conjecturas. Na verdade, o conceito de semana de dias (contagem de sete em sete), tão simples e familiar porque a utilizamos em todos os momentos, é tão natural como respirarmos. É a criação de uma mente genial e fora do comum. E não deve ter sido assim tão simples de descobrir como possa parecer.

Os povos antigos atribuem a invenção da semana aos deuses. Esta ideia da origem divina dos calendários encontra-se patente no quarto mandamento do Decálogo:

«Lembra-te do dia do sábado, para o santificar. Seis dias trabalharás, e farás toda a tua obra, mas o sétimo dia é o sábado do Senhor...

»Porque em seis dias fez o Senhor os céus e a terra, o mar e tudo o que neles há, e ao sétimo dia descansou...». (Êxodo 20: 8 a 11).

A representação gráfica anterior pode ser reorientada de forma a sobrepor as semanas de sete dias:

 

Generalizando, obtemos sete colunas numeradas de 1 a 7 e uma infinidade de linhas que formam uma rede pela qual estenderemos os calendários anuais de todos os tipos e épocas, quer para retroprojectá-los no passado, quer para projectá-los no futuro.

As Tabelas Semanais

A fim de procedermos à reconstrução retrospectiva do calendário, peço aos Irmãos que observem o calendário de 2010. Será o ponto de partida rumo ao passado, até ao famoso ano UM da Era Cristã e ainda muito mais para trás. Em primeiro lugar, constatamos que este ano é comum, pois contém 365 dias. Para sabermos se um determinado ano é comum ou bissexto, dividimos o número respectivo por quatro; se der resto zero, é bissexto, se não, é comum.

Agora, observa como a semana fornece ao calendário uma característica gráfica curiosa: o primeiro dia deste ano (1 de Janeiro) ocorreu numa sexta-feira e o último dia (31 de Dezembro) ocorrerá também numa sexta-feira. Se ainda tiveres um calendário de 2009 (comum) nota que o primeiro e último dias calharam em quintas-feiras. Quanto ao ano de 2008, foi bissexto, pelo que o primeiro dia calhou numa terça-feira e o último dia calhou numa quarta-feira. Já podemos extrair uma lei gráfica - Nos anos comuns, o primeiro e último dias ocorrem em dias da semana de denominação igual. Nos anos bissextos, ocorrem, respectivamente, em dias de denominação contígua.

Estas características levam-nos a construir a seguinte tabela:

 

 

Interpretando a tabela acima, teremos:

 

Com base nestas regras muito simples, elaboramos a Tabela Semanal a partir da qual podemos reconstruir o calendário de qualquer ano.

Parece ser um método rudimentar. Aceitamos o reparado, porém defendemos que este sistema é eficaz, não dando azo para nenhum erro, nem sequer de um dia.

Há que chamar a atenção para os seguintes pontos:

- No ano de 1582 procedeu-se à reforma gregoriana, onde teve lugar a transição do Calendário Juliano para o Calendário Gregoriano. Foi um ano de 355 dias, teve início numa segunda-feira e terminou numa sexta-feira.

Depois deste ano da reforma, não foram bissextos os anos 1700, 1800 e 1900. Também não será bissexto o ano 2100. Os anos 1600 e 2000 foram bissextos devido à regra dos múltiplos de 400.

- Antes do referido ano da reforma, aparecem os anos desde 201 até 299, inclusive, emoldurados com um traço negro mais forte assinalando que estes anos são rigorosamente coincidentes e iguais, quer no calendário Juliano, quer no calendário Gregoriano retroprojectado. Nestes anos, o Ponto Vernal (equinócio da Primavera) ocorreu nos dias 21 de Março (referência média). Os primeiros dias de cada ano (1 de Janeiro) estão ao mesmo nível, desnivelando negativamente para trás e positivamente para frente. Na reconstrução paralela dos calendários, é preciso ter em conta esse desnível. Por exemplo: o primeiro dia do ano 1EC gregoriano está ao nível —36, mas no juliano está ao nível —37.

(Consulta as Tabelas Semanais em Anexo).

- O ano 1 AEC no Calendário Gregoriano retroprojectado faz-se comum devido à regra dos múltiplos de 4000 anos. Se fosse necessário recuar ainda mais no tempo, faríamos comum o ano 4001 AEC, porém, não existem documentos antigos que contenham datação assim tão precisa em épocas muito longínquas.

AC/DC ou AEC/EC?

Quando Dionísio o Pequeno estabeleceu a Era Cristã, a contagem dos anos referia-se ao Anno Domini (Ano do Senhor).

O Anno Domini é algumas vezes referido como Era Comum, Era Cristã ou Era Corrente e abreviado para EC.

EC é muitas vezes preferido por quem deseja um termo não explicitamente relacionado com a concepção Cristã do tempo. Por exemplo, Cunningham e Starr (1998) escreveram que «AEC/EC... não pressupõe a Fé em Cristo e por este motivo é mais apropriado para o diálogo entre as diversas fés do que o convencional AC/DC.

A República da China, depois da sua fundação, adoptou o Calendário Ocidental em 1912 e o termo traduzido significava literalmente "Era Ocidental". Mais tarde, em 1949, a República Popular da China ratificou o uso do Calendário Gregoriano mas aceitou o termo que literalmente significa "Era Comum".

Entretanto, há uma outra razão, evocada por cristãos remissos em relação ao catolicismo, baseada na ideia de que Jesus recebeu o título de Cristo e não um sobrenome, como a Igreja consente. Para aqueles cristãos, Jesus foi ungido com o Espírito Santo na ocasião do baptismo. Como a palavra Cristo, derivada do grego, significa "ungido", os que preferem as siglas AEC e EC consideram que a sigla DC (depois de Cristo) não reflecte o aparecimento de Jesus como sendo "o Cristo" (o Ungido) ou Messias (que significa "o Ungido" em hebraico) e que ocorreu, segundo esta ideia, cerca de 30 anos depois do nascimento parturiente. Levando isto em consideração, julgam as siglas AEC e EC mais apropriadas.

Dado que a tendência é para a universalização de AEC/EC, entendemos que nos devemos moldar, pelo que, em todos os estudos cronológicos utilizaremos invariavelmente as siglas AEC/EC.

Para além de tudo o que foi dito, há ainda um pormenor importante a ter em conta. O erro cronológico em torno do nascimento do Cristo ainda não está resolvido, excepto para a Igreja Romana, pelo que mantemos as siglas AC/DC apenas por referência a esta Igreja.

Na posse destes elementos, já estamos em condições de começarmos a reconstruir os calendários antigos, nomeadamente, o Calendário Hebraico dado por IHVH a Moisés o qual vigorou até à destruição do templo, sob o comando do General romano Tito. Mais importante ainda do que a perspectiva histórica é a perspectiva profética em que esse calendário se mantém em todo o vigor, embora de forma virtual.

Com vista à reconstrução de calendários, consulta as tabelas em anexo.