O PARADOXO ENTRE A SEXUALIDADE E A ESPIRITUALIDADE
No Diário de Notícias de 01 JAN 1986 foi publicado um interessante artigo intitulado O DESERTO ESPACIAL VAI POVOAR-SE EM 1994. Tratava de um projecto de construção de uma cidade espacial. A determinada altura lê-se:
«Na gíria dos astronautas, o país a conquistar chama-se LEO (Low Earth Orbit). Vulgo: os arrabaldes da Terra, isto é, o espaço situado a 400 quilómetros de altitude, suficientemente longe do planeta mãe para que possa evitarem a gravidade, mas suficientemente próximo para poder ter acesso de foguetão».
LEO = "Órbita Terrestre Baixa" é uma sigla idêntica à antiga palavra latina para LEÃO, ainda hoje usada neste signo. Seria coincidência? Estamos na Era de AQUÁRIO. Na representação gráfica circular do Zodíaco, o signo de LEÃO (LEO) opõem-se ao de Aquário revestindo-se, tal como este, de misteriosos significados.
Ao que parece, essa cidade espacial ainda não foi construída. Não obstante, o projecto existe e destina-se à concretização de determinados objectivos. Um dos objectivos importantes é esclarecer uma suspeita que atormenta os biologistas afectos ao projecto espacial, a avaliar pelo prosseguimento do artigo referido:
«Os biologistas alcançam ainda mais longe. Sonhando com missões longínquas, debruçam-se sobre a reprodução e a gravidez fora da gravidade. Até ao presente (1986), as experiências tentadas em animais em bio-satélite não resultaram. Ratazanas voltaram em grandes dificuldades, com gravidez nervosa. Problema sério: sem micro-gravidade, as células animais teriam, crê-se, algum problema em adaptar-se a um embrião conveniente».
Catorze anos mais tarde, em 23 FEV 2000, o Diário de Notícias publicou um artigo intitulado SEXO FOI TESTADO NO ESPAÇO cujo início dizia:
«O tabu de décadas está prestes a ser quebrado. O amor no espaço, tema sistematicamente evitado, poderá começar a ser discutido fora das grandes agências espaciais. (...)».
Este mesmo artigo apenas incide na questão do comportamento amoroso dos humanos na ausência de gravidade, nomeadamente quanto às posições a adoptar durante o acto:
«Tentando prever e preparar futuras missões de longa duração, estas experiências pretenderam determinar quais as melhores posições a adoptar nos episódios sexuais em microgravidade».
Até hoje o tabu do amor no espaço não se desfez. Supomos que os programas espaciais continuam a desenvolver-se mas desconhecemos por completo que tipo de acções e experiências têm sido efectuadas e qual a sua amplitude. Desconhecemos se as experiências de reprodução no espaço incluem seres humanos e, caso aconteceram, se houve sucesso ao nível de fecundações.
De qualquer modo, é do conhecimento público o grandioso projecto que a NASA e a sua congénere russa reservam para o futuro, bem assim como outras concorrentes a nível mundial, contemplando viagens espaciais tripuladas rumo a outros sistemas estelares em que haja planetas onde a existência de vida inteligente seja mais provável. Todavia, os cientistas espaciais não são sonhadores néscios super optimistas e não escondem que as viagens espaciais para além do sistema solar só serão viáveis num futuro longínquo devido aos imensos problemas técnicos e biológicos para resolver. Entre eles o sistema de propulsão a utilizar uma vez que os actuais em uso são insuficientes, quer do ponto de vista da velocidade quer da segurança. Estes problemas, segundo previsões realistas muito bem ponderadas, só começarão a ser resolvidos daqui a duzentos anos ou mais. Só então a humanidade poderá abalançar-se em expedições através dos oceanos cósmicos. O que não deixam transparecer é que um empreendimento desta envergadura vai exigir o empenhamento económico escravo de uma parte muito ampla do sector produtivo mundial pelo que será necessário controlar globalmente todo o planeta nas áreas económica, política e social, com vista a obter o máximo rendimento com o mínimo de perdas.
Regressando, agora, às nossas especulações, é obvio que se impõe a questão da perpetuidade da espécie humana em pleno espaço para encontrar a forma de garantir que, no fim da viagem, cheguem ao destino pelos menos os descendentes dos astronautas embarcados no início da aventura. Porque ainda não se sabe até que ponto será descoberta uma tecnologia propulsora suficiente para tirar partido da relação espaço/tempo. Daí a necessidade de estudar hipóteses de reprodução no espaço e efectuar experiências.
O moderno estudo do Universo põe em evidência as leis que regulam os seus movimentos galácticos e os seus fenómenos, sejam mecânicos, físicos, químicos, eléctricos, ópticos, gravitacionais, energéticos, biológicos etc... etc, que a ciência humana vai descobrindo, compreendendo e dominando, a pouco e pouco.
Desde já, no quadro das nossas especulações, ergue-se uma interrogação: Será que as leis biológicas do Universo só permitem a reprodução dos seres complexos como os mamíferos na superfície de um planeta habitável e presos a esse planeta pela força da gravidade que ele gera? Reparemos em como a palavra "gravidade" é tão parecida com "gravidez"! Mera coincidência linguística? Ou, então, que misteriosas reminiscências atávicas relacionaram a gravidez com a gravidade? Será que as fêmeas mamíferas, mulheres incluídas, só podem engravidar onde há gravidade?
Se um dia se verificar experiencialmente como certa esta hipotética lei universal, as expectativas e as teorias explanadas em torno dos actuais projectos de conquista do espaço terão de ser drasticamente reformuladas. Uma conclusão explosiva será, por exemplo, esta:
NO ESPAÇO, VIAJANDO A UMA VELOCIDADE PRÓXIMA DA LUZ, É POSSÍVEL VIVER IMENSO TEMPO. NÃO OBSTANTE, A MORTE INDIVIDUAL CHEGARÁ! E NÃO HAVERÁ DESCENDÊNCIA... LOGO, A PERPETUIDADE DA ESPÉCIE SÓ PODE SER GARANTIDA AO SE CHEGAR À SUPERFÍCIE DE UM PLANETA HABITÁVEL.
Outra conclusão explosiva será:
NO ESPAÇO, O ACTO SEXUAL PARA FIM REPRODUTIVO É INÚTIL.
Ainda outra conclusão explosiva:
NO ESPAÇO, SÓ PODEM PERMANECER SERES QUE ATINGIRAM A MATURIDADE BIOLÓGICA, SEJA, O ESTADO ADULTO.
Finalmente:
NO ESPAÇO, É POSSÍVEL CONSERVAR AS CÉLULAS REPRODUTIVAS RETIRADAS DE UM PLANETA.
Existem mais conclusões explosivas, mas estas já bastam para nos moer o cérebro.
A conquista do espaço pelos humanos é um dado adquirido. Provam-no os esforços tecnológicos desenvolvidos e realizados até ao presente. Qualquer futurologia elementar permite prever que a transposição dos limites do sistema solar rumo ao cosmos é só uma questão de tecnologia e tempo.
É evidente que as leis da evolução natural e universal tendem obrigatoriamente para este desfecho:
O CÉREBRO INTELIGENTE E CRIATIVO LIVRARÁ OS SERES PENSANTES DAS AMARRAS DO PLANETA NATAL, LEVANDO-OS PARA O ESPAÇO INFINITO!
Mas... é só uma questão tecnológica e temporal?
Esses seres do futuro serão mesmo ou ainda humanos?
Não terão necessidade de possuir, a par da tecnologia, uma organização social diferente da actual e de nível imensamente superior?
Também é evidente e muito chocante pensar que a esmagadora maioria da humanidade não se libertará fisicamente do planeta e acabará por morrer juntamente com este.
A conquista plena e o usufruto do Espaço é para seleccionados. Os outros morrerão aqui com a cabeça cheia de ilusões e de crenças bem enraizadas de que os bonzinhos vão para o céu e os mauzinhos vão para o inferno. Nos tempos que correm, até se lhes promete a migração das almas sob dimensão espiritual "post mortem" (vulgo corpos astrais) para uma nave que cruze o espaço próximo da Terra e em momento oportuno. Já ocorreram suicídios colectivos místicos com esta intenção. De facto, o Paranormal tanto dá para condenar os néscios como salvar os sábios. Depende do tipo de Paranormal que quisermos adoptar.
Continuando... Que género de seleccionados usufruirão as delicias do Espaço? Serão eles conquistadores aguerridos, materialistas, déspotas e debochados?
Realmente NÃO! A loucura da animalidade e a vertigem da destruição não os deixaria ir muito longe. As tecnologias espaciais exigem o conhecimento e a manipulação de energias e fenómenos terrivelmente poderosos. Só os cérebros pensantes possuidores de um certo treino mental e espiritual estarão em condições de evitar horrorosas catástrofes. Isto supõe a existência de um código MORAL, ou seja, o conhecimento consciente e pleno da CIÊNCIA DO BEM E DO MAL reservada aos seres divinos. Os espaçonautas terão de ser forçosamente deuses? Por outras palavras perguntamos: Só os seres divinos terão acesso aos benefícios insuspeitados do Espaço?
O Estudo das Actividades Paranormais no âmbito da Especulatividade dispõe hoje de um conjunto de disciplinas recentes que não são bem vistas nem pelas comunidades religiosas instituídas nem pela comunidade científica oficial. Entre elas destacamos a UFOLOGIA e a PALEOVISITOLOGIA. Estas, juntamente com a CIÊNCIA dita de vanguarda, suscitam vias de pensamento que se antevêem revolucionárias. E se juntarmos a isto o mistério contemporâneo dos AGROGLIFOS, encontramo-nos perante a eminência de uma reviravolta nunca vista no campo das ideias.
Uma ideia plausível é que os problemas relacionados com a vivência no Espaço não são descoberta recente dos humanos tecnicistas e orgulhosos. Provavelmente, são tão velhos como o Universo e deles falam as Mitologias.
Se for verdade o que atrás sugerimos, poderemos começar a abordar a temática proposta e tentar explicar o paradoxo entre a sexualidade e a espiritualidade.
O grande paradoxo é que o acto sexual, sendo necessário na Terra para garantir a procriação, é desnecessário no Espaço (os Céus da mitologia) onde não há, por hipótese, procriação o que remete o discurso para a área da sublimação sexual tão cara aos adeptos da Castidade Espiritual de todos os tempos. Interroga-se: que se faz então com o prazer que o acto proporciona? Não será legítimo ficar-se com ele? Nisto se consubstancia o simbolismo das doutrinas tântricas do Oriente, por desgraça incompreendido e pervertido no Ocidente, tendo sido confundido com as relações sexuais supostas sagradas, praticadas nos templos e em muitos rituais considerados iniciáticos, quer antigos quer modernos. Os humanos materialistas sempre encontram forma de escapar às genuínas regras da Espiritualidade enchendo a mente de fantasias próprias do seu mundo virtual.
A Igreja Católica Apostólica Romana impôs ao clero a prática da sublimação sexual, incluindo a proibição de casar, baseada nas doutrinas de São Paulo e estruturadas no âmbito do dogma da castidade. Mas as razões profundas e os contextos do interdito sexual não terão sido devidamente esclarecidos. A prová-lo estão sectores da Igreja ao reclamar o matrimónio para os Padres.
Em termos iniciáticos e espirituais, a transposição do prazer orgástico, fisiológico e natural, para a sublimação mental e sobrenatural é a última prova que o iniciado terá de vencer no que se chama a Câmara Nupcial que antecede a glorificação na qual ascende ao Paraíso Celeste, equivalente ao Nirvana na doutrina do Buda.
Jesus o Cristo é o paradigma maior da sublimação sexual.
O prazer mental é aquele que o Pai Espiritual (Deus-Pessoa) experimenta quando, pelo acto criativo, gera espiritualmente filhos para o seu Reino dos Céus.
O Monadismo, doutrina veiculada pelas sociedades ocultistas, sustenta que a Mónada ou faísca do divino passa sucessivamente pelos sete planos do cosmo, descendo e subindo em seguida (involução / evolução). Porquê esta descida da Mónada, esta "queda" no mais inferior da matéria, seguida de uma penosa "subida"? É o grande mistério, o segredo do Pai... e não podemos responder a esta pergunta... O supremo sacrifício da divindade! A queda dos anjos! Assim se exprime o Monadismo.
Abandonemos temporariamente o estilo enigmático das filosofias orientais e agarremos o positivismo marginal das emergentes filosofias modernas.
Se no Espaço não há reprodução, por hipótese, é necessário que uma comunidade divina ali instalada tenha de envidar esforços sobre um planeta possuidor de biosfera (Eden), prepará-lo para criar nele um sistema ecológico capaz de produzir seres divinos. É aqui que as mitologias entram em força no que chamam a Criação. Elas nos dizem que os deuses se reproduziram na Terra e ao fazê-lo redescobriram os prazeres do acto sexual. Caíram na armadilha do sexo e do seu paradoxo. O ventre da Deusa-Mater, ao descer dos Céus para a Terra, se tornou a Matriz, simbolicamente representada na Maçonaria pelo Esquadro com o vértice para baixo (matéria - de Mater, Mãe, Matriz).
As mitologias sumérias descrevem como os deuses se reproduziram primeiro e só depois criaram o homem.
Um poema mítico consagrado à criação do homem começa por considerações relativas às dificuldades dos deuses na procura de alimentos, especialmente depois de terem surgido as divindades femininas. Os deuses lamentam-se mas o deus da água EN.KI – que teria podido vir em seu auxílio, visto que é o deus da sabedoria – está deitado e dorme tão profundamente que nãos os ouve. A sua mãe, o mar primordial, "mãe de todos os deuses", leva as lágrimas deles à presença de EN.KI e diz-lhe:
«Ó meu filho, levanta-te da tua cama, do teu ... faz o que é sábio.
Modela servos dos deuses, possam eles produzir os seus duplos».
EN.KI reflecte, toma a chefia da legião dos "bons e magníficos modeladores" e diz a sua mãe Nammu, o mar primordial:
«Ó minha mãe, a criatura cujo nome tu pronunciaste existe,
Ata-lhe a imagem dos deuses;
Mistura o coração da argila que há sobre o abismo,
Os bons e magníficos modeladores hão-de amassar a argila,
Tu trarás os membros à existência;
Ninmah (a deusa-mãe da Terra) trabalhará sobre ti,
As deusas (de nascimento) ... permanecerão junto de ti
enquanto modelares;
Ó minha mãe, decreta o seu (do recém-nascido) destino,
Ninmah atar-lhe-á a imagem dos deuses,
É o homem...»
O poema passa então da criação do homem em geral à criação de diversas espécies de homens imperfeitos e tenta explicar a existência desses seres anormais.
Portanto, havia na Terra uma linhagem de origem divina e depois uma descendência de origem humana criada pelos deuses.
O deboche de uma parte dos anjos chegou ao ponto de se acasalarem com seres humanos, dando origem aos seres semi-divinos.
«E aconteceu que, como os homens se começaram a multiplicar sobre a face da terra, e lhes nasceram filhas; viram os filhos de ELOHIM que as filhas dos homens eram formosas; e tomaram para si mulheres de todas as que escolheram». (Génesis 6: 1, 2).
«Havia naqueles dias gigantes na terra; e também depois, quando os filhos de ELOHIM entraram às filhas dos homens, e delas geraram filhos: Estes eram os valentes que houve na antiguidade, os varões de fama». (Génesis 6: 4).
O Livro de Enoch desenvolve este caso em maior extensão e com mais pormenores. Numa visão futurista que Enoch recebeu do Altíssimo por intermédio dos anjos, é-lhe dito:
«Quando os filhos dos homens se multiplicarem nesses dias, sucederá que as suas filhas sejam elegantes e belas».
Esses dias chegaram...
«E assim que os anjos, os filhos dos céus, as viram, tornaram-se enamorados delas e se disseram uns aos outros: "Escolhamos mulheres da raça dos homens e tenhamos filhos com elas".
Deram satisfação aos seus desejos sexuais e as mulheres conceberam e pariram gigantes. A miscigenação desordenada, provocada pela fornicação sem lei entre machos de linhagem divina e as fêmeas humanas, trouxeram sobre a Terra calamidades em que a moral se tornou letra morta. A violência era a ordem do dia, os insolentes mestiços semi-divinos criaram uma onda de destruição, colocando em perigo todo o esforço do acto criativo de ELOHIM.
O Altíssimo, indignado com este estado de coisas, chama Enoch directamente à sua presença. Enoch é elevado aos céus, numa viagem espacial, e o Altíssimo, Senhor dos Céus e da Terra, o Deus Supremo, encarrega Enoch de transmitir aos anjos prevaricadores o seguinte recado:
«... vai e dize aos vigilantes do Céu que te enviaram para me suplicar por eles: Devíeis suplicar pelos homens e não os homens por vós. Porque abandonastes as santas alturas do céu, vossa morada eterna, para tornar-vos impuros com as mulheres? Porque vos apaixonastes pelas filhas dos homens? Porque as esposastes? Porque praticastes com elas as obras dos filhos da terra e destes nascimento a uma raça ímpia?
»Vós que sois espíritos celestes, possuidores da santidade, da vida eterna, vós vos tornastes impuros com as mulheres; obrastes as obras da carne, engendrastes no sangue, agistes como aqueles que são apenas de sangue e de carne.
»Aqueles que foram criados para morrer. Eis porque lhes dei mulheres, a fim de que possam coabitar com elas, engendrar crianças que perpetuem sua raça sobre a terra.
»Mas vós, fostes criados de puros espíritos desde o princípio, possuís uma vida eterna, não sois sujeitos à morte. Também não vos dei mulheres porque, espíritos puros, devíeis habitar no Céu».
Deste texto mitológico extraímos a afirmação da nossa tese de que o acto sexual, sendo consentido na Terra aos humanos para procriação, é proibido aos divinos que tenham obtido o direito de habitar nos Céus, porque ali terão vida eterna e a procriação não existe.
O facto de seres divinos terem vindo, outrora, à Terra para procriarem uma linhagem divina destinada a regressar aos Céus, é-nos confirmado por outro grande iniciado: Platão. Mas essa primeva linhagem divina foi decaindo... O melhor é deixarmos falar Platão:
«Durante muitas gerações, enquanto a natureza do deus se manifestou suficientemente neles, obedeceram às leis e ficaram ligados ao princípio divino com o qual estavam aparentados. Só tinham pensamentos verdadeiros e grandes em tudo, e comportavam-se com doçura e sabedoria perante todos os acasos da vida e nas suas relações mútuas. Assim, só prestando atenção à virtude, faziam pouco caso dos seus bens e suportavam facilmente o fardo constituído pelo seu ouro e por outras posses. Não se inebriavam com os prazeres da riqueza e, sempre senhores de si mesmos, não se afastavam do seu dever. Temperantes como eram, viam claramente que todos estes bens também cresciam pela afeição mútua unida à virtude; e que, quando os homens se agarram a eles e os honram, eles perecem e a virtude perece com eles. Enquanto pensaram assim e conservavam a sua natureza divina, viram crescer todos os bens de que falei. Mas, quando a porção divina que estava neles se alterou pela sua frequente mistura com um elemento mortal considerável, e o carácter humano predominou, incapazes desde então de suportarem a prosperidade, comportaram-se indecentemente; e aos que sabiam ver pareceram feios porque perdiam os mais belos dos seus bens mais preciosos, enquanto os que não sabem discernir o que é a vida feliz os achavam perfeitamente belos e felizes, embora eles estivessem contaminados por injustas cobiças e pelo orgulho de dominar. Então, o deus dos deuses, Zeus, que reina segundo as leis e que pode discernir estas espécies de coisas, apercebendo-se da desgraçada condição duma raça que fora virtuosa, resolveu castigá-los para torná-los mais moderados e mais sábios. Para esse efeito, reuniu todos os deuses na sua morada, a mais preciosa, a que, situada no centro de todo o Universo, vê tudo o que participa na geração e, tendo-os reunido, disse-lhes:
(O manuscrito de Platão (CRÍTIAS) acaba com estas palavras).
A conjuntura mitológica referente àquela época deixa entrever uma crise de domínio. Os filhos espirituais dos deuses queriam dominar a Terra, mas Zeus achou-os indignos de tal domínio. O Génesis informa-nos que o domínio da Terra foi dado ao homem. Os anjos decaídos passaram a acasalar-se com os humanos. Ocorreu um choque entre códigos genéticos alterados e a descendência surgiu biologicamente desequilibrada.
O Livro de Enoch prossegue:
«E agora os gigantes, que são o preço do comércio do espírito e da carne, serão chamados, na terra, de maus espíritos e a sua morada será na terra. Gerarão, por sua vez, maus espíritos, porque têm ao Céu por um lado do seu ser, pois é dos santos vigilantes que receberam origem. Serão então maus espíritos na terra, e serão chamados espíritos do mal. A morada dos espíritos celestes é no Céu, mas é a terra que deve ser a morada dos espíritos terrestres que nasceram na terra».
O Génesis prossegue:
«E disse o Senhor: "Destruirei, de sobre a face da terra, o homem que criei, desde o homem até ao animal, até ao réptil, e até à ave dos céus; porque me arrependo de os haver feito"».
Os Senhores do Espaço (Devas - seres divinos celestiais, no Hinduísmo), utilizando todo o arsenal potentíssimo da sua tecnologia, provocaram um Dilúvio Global para pôr fim ao destrambelhamento genético-ecológico que eles próprios originaram e não mais puderam controlar.
Tudo isto foi consequência duma sexualidade em que a espiritualidade estava ausente por parte de seres a quem o acto fora interditado. A mistura genética foi nefasta. As leis biológicas da Natureza e do Universo são implacáveis. Que isto seja para nós assunto de profunda reflexão para começarmos a perceber os terríveis mistérios que estão implicados na história deste planeta Terra.
Os cientistas biólogos, evidentemente, terão outra visão destas coisas. Não acreditam na veracidade dos mitos e retrucam que eles são invenções dos povos primitivos. O modelo de pensamento exposto, apesar de ser pura especulação, poderá valer ao seu autor a designação de louco. É tudo mentira, dirão, e a Ciência está no bom caminho. Com este à-vontade prosseguem as suas experiências genéticas na Terra e também no Espaço. Da já corriqueira fecundação de seres humanos por inseminação artificial estão a passar para intervenções directas no código genético (engenharia genética) e admitem mesmo que no futuro se passe a outro processo de reprodução chamado «clonagem». Ignoram absolutamente qual será o resultado destas experiências e pouco se importam com o sofrimento dos seres que delas nascerem.
Mas nada disto é novo...
Oxalá não haja necessidade de outro Dilúvio!
J. Curado
Bibliografia:
KRAMER, Samuel Noah – A História Começa na Suméria – Publicações Europa-América.
PLATÃO – Diálogos (Crítias) – Publicações Europa-América
SAGAN, Carl – Cosmos – Gradiva
Bíblia Sagrada – Tradução de João Ferreira de Almeida
O Livro de Enoch – Hemus