A misteriosa origem dos humanos actuais.
Uma questão que não está resolvida pela Ciência nem esclarecida pela Teologia.
Seremos descendentes dos Deuses?
ANTROPOGÉNESE
Por: José Curado.
Até meados do século XIX quase nenhuma alternativa intelectual se propunha para as doutrinas criacionistas propaladas pela Religião em geral. Toda a gente acreditava que as plantas, os animais e os seres humanos nunca se modificavam no contexto das respectivas espécies, tendo aparecido na Terra exactamente com as mesmas formas anatómicas que hoje apresentam. Tudo havia sido criado por Deus e assim se manteria indefinidamente graças à Divina Providência a qual sujeitava cada coisa e cada ser no seu devido lugar.
Em 1859 estas crenças, profusamente generalizadas, sofreram um violento abalo ao ser publicado um livro da autoria de Charles Darwin intitulado Sobre a Origem das Espécies por meio da Selecção Natural o qual produziu uma estrondosa sensação, tendo-se esgotado a primeira edição num só dia. Os crentes hostilizaram ferozmente esta obra e desde logo começaram a perseguir o nascente "darwinismo".
Pela primeira vez era exposta a teoria de que todas as criaturas evoluíram de espécies primitivas diferentes. Darwin baseava o seu postulado em três observações fundamentais:
1. Todos os membros de uma espécie variam. Uns são mais altos que os seus semelhantes, outros mais rápidos, ainda outros têm a vista mais apurada, pescoço mais comprido ou garras mais fortes.
2. A maior parte dos indivíduos produz um elevado número de descendentes; mais do que aqueles que sobreviverão. Os mais fracos morrem jovens.
3. Os que sobrevivem e se reproduzem são, estatisticamente, aqueles cujas variações lhes proporcionam uma vantagem. Representam a «sobrevivência dos mais aptos», porque são os que se adaptam mais perfeitamente ao ambiente em que estão inseridos.
Ao longo de milhares e milhares de gerações, os descendentes herdam e, por seu turno, transmitem as características genéticas que recebem. Assim, alterações lentas intermináveis acabam por dar origem a novas espécies.
A evidência da Evolução era de tal maneira esmagadora que um bom número de prelados do alto clero, os mais perspicazes, bem depressa perceberam que a batalha do criacionismo religioso iria ser perdida algures no futuro.
A descoberta e o estudo dos fósseis proporcionou registos de milhões de anos de modificações em várias espécies. Um estudo de embriões revelou estruturas primitivas nos próprios animais altamente evoluídos. Os nossos próprios corpos contêm órgãos residuais que representam indícios claros de uma aprendizagem juvenil nas águas e nas árvores.
Os biólogos compararam estruturas similares de grupos de animais relacionados e deduziram quais os que partilhavam um ramo comum da árvore familiar da vida.
Por fim, nos anos 60 do século XX, a nova ciência da biologia molecular, com a sua descoberta fundamental do modo como o DNA transporta os códigos genéticos dos cromossomas, demonstrou como o mecanismo da herança genética funciona. Foi aqui que o criacionismo, dogma primeiro da Religião, perdeu a primeira batalha de muitas que se seguiriam. Só os crentes irracionais continuaram a luta sem por um momento poderem imaginar quanto ela está realmente perdida em definitivo a favor do evolucionismo.
No entanto, nem o darwinismo nem todas as provas com ele relacionadas conseguiram ainda explicar uma lacuna desesperante, misteriosa e comparativamente recente ao longo de todo o registo da Evolução e da proliferação da vida.
Trata-se do aparecimento e evolução do Homem. Sobretudo do cérebro humano! Este órgão temível, que tanto pode desencadear os poderes mais selvagens do Universo como revelar tudo o que sabemos da compaixão e do amor.
Seremos descendentes biológicos dos deuses?
Wallace — o Primeiro Opositor de Darwin
Como obteve o homem o seu cérebro?
O insigne contemporâneo de Darwin, Alfred Russel Wallace, co-descobridor com ele do princípio da selecção natural, formulou esta simples interrogação em 1869 a qual, desde então, tem preocupado os evolucionistas que não se entregam a paixões.
Quando recebeu a cópia do artigo em que Wallace levantava a questão, Darwin escreveu «NÃO!» na margem, sublinhado três vezes e sulcado de pontos de exclamação!
Enquanto Darwin via no desenvolvimento súbito do cérebro único do homem apenas a intervenção directa de uma "selecção natural" como a que criara o resto do abundante mundo de organismos, Wallace considerava que o intelecto humano só podia ser explicado pela intervenção directa de uma força cósmica.
Darwin acabou por admitir que o seu princípio de perfeição limitada (ou seja, a ideia de que uma vida só podia evoluir o suficiente para sobreviver em competição com outra vida ou adaptar-se a alterações de ambiente) fora profundamente perturbado no caso do homem. Ele afirmara que um órgão, como o olho ou um sistema digestivo, podia alcançar a perfeição apenas para uma afinidade determinada num ambiente dado.
Para explicar como a humanidade conseguiu, pela selecção natural, adquirir um cérebro que excedia muitíssimo todos os outros, Darwin tinha de admitir uma longa luta de homem com homem e de tribo com tribo. Mas os arqueólogos encontraram poucos indícios de lutas de primata contra primata e não encontraram nenhum fóssil humano que revelasse fases graduais de evolução. Durante um período de dois milhões de anos, a história dos primatas é referida apenas por alguns punhados de ossos e dentes quebrados. Para dificultar ainda mais as coisas, esses fósseis foram encontrados em lugares separados por milhares de quilómetros.
Por conseguinte, abria-se um vasto abismo entre o homem e o macaco. Os darwinistas tentaram reduzir esse abismo lançando tribos nativas modernas para a tal lacuna desesperante e misteriosa como «elos que faltavam» vivos na cadeia da evolução humana. Previa-se que em breve seriam extintos porque os seus cérebros eram sub-humanos, segundo sustentavam os teóricos do darwinismo. Na realidade, algumas raças humanas eram erradamente consideradas apenas ligeiramente acima dos macacos, porventura limitando-se a grunhir ou guinchar como os símios.
Foi nesse ponto que Wallace ergueu o seu solitário protesto. Passara anos entre os nativos de ilhas tropicais e sabia que o seu modo de vida simples nunca exigira esforços cerebrais consideráveis; apesar disso, a inteligência desses indivíduos era surpreendentemente elevada. E escreveu:
«As exigências dos selvagens inferiores, como os australianos ou os ilhéus andamanos, situa-se muito pouco acima das dos animais... Como se explica, então, que um órgão se desenvolvesse tanto para além das necessidades do seu possuidor?
»A selecção natural apenas poderia ter dotado o selvagem de um cérebro ligeiramente superior ao de um macaco, enquanto na realidade possui um ligeiramente inferior ao dos membros médios das nossas sociedades cultas... Foi desenvolvido um instrumento avançado em relação às necessidades do seu possuidor.»
Aventurando-se ainda mais, Wallace pôs em causa o ponto de vista darwiniano relativamente ao homem, salientando que as capacidades artísticas, matemáticas e musicais não se podiam atribuir à luta pela sobrevivência ou à adaptação ao ambiente. Insistiu em que outra coisa, um elemento espiritual desconhecido, tivera de intervir na elaboração do cérebro humano.
Darwin retorquiu:
— Discordo profundamente das suas opiniões, o que lamento.
Mas não apresentou qualquer réplica válida às objecções de Wallace, limitando-se a emitir algumas observações sobre os efeitos herdados (pretensão actualmente desacreditada pela ciência) o que lhe pareceu suficiente.
O estabelecimento científico do evolucionismo darwiniano, ao longo de mais de um século, foi esquecendo gradualmente o desafio de Wallace e instalou-se no mundo dos dados adquiridos e demonstrados numa posição de extrema complacência.
Mas a pergunta embaraçosa que Wallace formulara reapareceu para nos assediar.
Os Povos Chamados Primitivos
Sabemos que o homem primitivo nunca se desenvolveu nas regiões remotas da Austrália e América do Sul. Apenas as atingiu através da migração. Como foi que lá chegou? É pergunta que não tem qualquer resposta convincente por parte dos darwinistas. As descobertas arqueológicas mais recentes apontam, sem grande margem de dúvida, que os mais primitivos representantes da espécie hominídea apareceram no sul da África.
Os outros continentes existiam sob o mesmo Sol, eram rodeados pelas mesmas águas e dispunham de climas igualmente favoráveis. Se o homem surgiu tão naturalmente, na óptica dos darwinistas, era tão fácil de produzir pela Natureza, porque razão dois grandes laboratórios continentais não o produziram?
Portanto, começamos a ter a impressão de que a emergência humana talvez não seja inevitável. É possível que, como Wallace pensava, tenha havido a intervenção de uma «força mais elevada».
As descobertas arqueológicas conduziram os investigadores até aos primórdios da juventude da Humanidade sem nos indicar o elo entre o homem e os outros primatas.
Sabemos agora que o homem é muito mais antigo do que supúnhamos.
O Zinj
Após três décadas gatinhando para esquadrinhar os leitos de lagos pré-históricos da África Oriental, ricos em fósseis, os arqueólogos britânicos Louis Leakey e sua esposa Mary descobriram o crânio fossilizado de um ser indiscutivelmente humano. Ao longo das eras, a pressão da rocha estalara-o em mais de quatrocentos fragmentos minúsculos e frágeis. Os Leakey consagraram um ano à sua reconstituição, tarefa muito semelhante à de obter a forma primitiva de um ovo pisado por um camião, como comentou outro arqueólogo.
Baptizaram a sua descoberta de Zinjantropus, «homem da África Oriental», designação abreviada para Zinj entre os cientistas e que se notabilizou por dois motivos:
1. Foi encontrado entre ferramentas de pedra claramente definidas. Assim, o Zinj não era apenas um utente das coisas ocasionais que lhe iam parar às mãos, mas um pensador que confeccionava.
2. Em 1961, o novo processo de datação de potácio-árgon da Universidade da Califórnia indicava qie o Zinj se achava no seu "túmulo" de rochas há cerca de dois milhões de anos! Portanto, a história do homem primitivo que utilizava a pedra terá recuado até mais de um milhão de anos antes do Período Glaciar.
A cabeça do Zinj era tão diferente da do homem moderno que, se hoje vivesse, mesmo lavado, barbeado e vestido, fugiríamos dele alarmados. O rosto não tinha um focinho pronunciado como o do macaco, sendo algo plano com a configuração de uma pá e dispondo de maxilas maciças próprias para triturar ossos. A fronte inclinava-se para trás tão abruptamente que parecia esmagada, pelo que a caixa craniana possuía menos de metade do tamanho da do homem actual. Possivelmente, os seus pensamentos resumiam-se quase todos a palpites ou acidentes felizes. No entanto, raciocinava e diferia de outro modo das restantes formas de vida. Enquanto estas se haviam adaptado ao ambiente, ele se achava generalizado. Certamente, não possuía presas ou garras, escamas, asas, esporões, espinhos ou ferrões. Em vez de correr sobre os quatro membros, o que o ajudaria a evitar os inimigos naturais, erguia-se quase na vertical. Mostrava-se lento no solo e desajeitado nas árvores se porventura trepava. Custa a crer que sobrevivesse. A sua localização pré-histórica não apresentou indícios de queimaduras, pelo que não há indicação de que o Zinj utilizasse o fogo. Pode afirmar-se quase sem a mínima reserva que não falava.
O Homem de Pequim
Depois do Zinj (primeiro vislumbre de algo sub-humano nos registos dos estratos geológicos), não se descobriu outro fragmento de osso de tipo humano visível num intervalo de pelo menos um milhão de anos. Neste lapso de tempo, há vestígios de ferramentas de pedra rudimentares que sugerem alguma forma de Genus Homo presente em três continentes na primeira metade do Período Glaciar. Mas, para o antropólogo, isto é a mesma coisa que espreitar através do nevoeiro. Aqui e ali, entre áreas em branco de centenas de milhares de anos, julga vislumbrar um vulto trôpego ou um rosto primitivo semi-selvagem olhando por alguma abertura momentânea. Todavia, não descortina o menor sinal de que o Genus Homo progredia.
Numa gruta perto de Pequim foi encontrado outro fóssil susceptível de ser humano e cuja datação o situa numa época de há cerca de um milhão de anos. Os indícios sugerem que aí um caçador da Idade da Pedra tinha discernimento suficiente para reduzir uma pedra a um formato útil e levá-la consigo quando ia à caça. Este hominídeo já conhecia o fogo o que implica um ser suficientemente previdente para manter provisões de lenha ao seu alcance e habilidoso para acender o lume.
No entanto, se o milhão de anos entre o Zinj e o homem de Pequim apenas proporcionara esse progresso, decerto que mais um milhão de anos não bastaria para colocar o homem na posição evolutiva que hoje ocupa.
Na sua monumental História da Civilização o notável historiador Will Durant reconhece:
«Escreveram-se volumes imensos para expor os nossos conhecimentos e encobrir a nossa ignorância sobre o homem primitivo... As culturas primitivas não foram necessariamente as antepassadas da nossa. Pelo que sabemos, ou não sabemos, pode tratar-se dos remanescentes degenerados de culturas mais elevadas que se deterioraram quando a dominação humana se deslocou na esteira dos gelos em retrocesso.
»... Se aceitarmos as teorias precárias da ciência contemporânea, a criatura que se tornou homem aprendendo a falar foi uma das espécies adaptáveis que sobreviveram daqueles enregelados séculos. Nos Períodos Interglaciais, enquanto o gelo retrocedia (e, porventura, muito antes), esse estranho organismo descobriu o fogo, desenvolveu a arte de confeccionar armas e ferramentas e pavimentou assim o caminho para a civilização.»
As Ideias da Paleovisitologia
A partir dos meados do século XX começou a aparecer uma abundante literatura que agitou intensamente os meios científicos ao desenvolver a ideia de o planeta Terra teria sido visitado, desde a mais remota antiguidade, por seres vindos do Espaço Exterior.
Entre os adeptos da Paleovisitologia, encontramos um investigador muito dinâmico, Alan Landsburg, que escreveu os textos para a série televisiva No Rasto de... Este investigador desenvolveu a ideia das visitas e/ou «sementeira» a intervalos prolongados por uma raça avançada de fora do nosso sistema solar e que poderiam constituir a causa dos grandes e repentinos saltos em frente do homem, seguidos de longos períodos de estagnação ou regressão:
«O Zinj e o Homem de Pequim eram hominídeos de cérebro reduzido. Nos prolongadíssimos intervalos entre eles, verificaram-se poucas alterações das dimensões do crânio ou na estrutura do corpo das espécies.
»No entanto, como o Dr. Durant salientou, durante os períodos interglaciais alguém efectuou uma descoberta tecnológica revolucionária: a utilização do fogo. Talvez esta proeza intelectual ocorresse no curso natural da Evolução, embora nenhuma outra criatura viva jamais fizesse semelhante descoberta.
»Mas, por outro lado, é possível que alguém descesse dos céus e ensinasse a utilização do fogo aos sub-homens. E, mais uma hipótese, talvez uma colónia de seres avançados vivesse na Terra ao longo de milhares de anos no decurso de um desses períodos interglaciais, acabando por ter de partir quando surgiu o novo Período Glaciar para eliminar todos os vestígios da colónia. A única herança — duradoura, pelo menos — que puderam deixar pode ter sido a capacidade para produzir o fogo, mantê-lo aceso e levá-lo para onde se revelasse útil.»
O Homem de Neanderthal
O tipo seguinte de Homo conhecido e surpreendentemente diferente do Zinj e do Homem de Pequim foi encontrado, pela primeira vez, no vale de Neanderthal do Reno Alemão. Aqui foram desenterrados um crânio e ossos desse tipo pelo que lhe foi dado aquele nome.
Desde então, foram encontrados os restos mortais de 155 hominídeos muito similares em 68 locais dispersos pela Europa, Próximo Oriente e outros pontos do Globo. Por conseguinte, dispomos de uma imagem pormenorizada e concreta do homem de Neanderthal.
Eram baixos e atarracados, com a estatura média de um metro e meio. Estamos razoavelmente certos de que não se empoleiravam nas árvores como os seus supostos antepassados macacos. As mãos e os pés deste tipo de homem, segundo os anatomistas, são muito diferentes para poderem resultar de antepassados arbóreos de algumas centenas de milhares de anos.
O homem de Neanderethal revelava previdência acentuada. Esfolava animais, raspava a carne supérflua e em seguida esticava e colocava a pele a secar na relva. Depois, utilizava-a para se proteger do frio. Confeccionava ferramentas vulgares e também especializadas para confeccionar outras ferramentas no futuro: lâminas como as das serras para cortar madeira ou ossos, escopros e raspadeiras, lâminas com entalhes para ajustar entre dois cabos. Provavelmente também empregava uma variedade de instrumentos de madeira.
As suas pequenas caveiras tinham uma capacidade craniana média de 1.600 centímetros cúbicos, mais de uma vez e meia da do tipo Zinj e de Pequim, e duzentos centímetros cúbicos superior à do homem actual! Este facto leva a suspeitar de que tenha havido uma infusão de muitas sementes diferentes. Seriam os Neanderthal descendentes degenerados de uma pequena colónia de astronautas?
Por volta de 35.000 AEC, com a invasão de uma nova Era Glaciar, desapareceram completamente. Até ao fim, foram possuidores de fronte baixa. Não voltaram a ser encontrados outros esqueletos recentes do tipo Neanderthal.
O Homem de Cro-Magnon
Algures entre 40.000 e 30.000 AEC, quando todo o planeta estava a ser invadido rapidamente por uma nova Glaciação, surgiu um outro tipo de hominídeo, tão diferente do Neanderthal como este do seu predecessor conhecido. As primeiras relíquias desta nova espécie foram descobertas numa gruta com o nome de Cro-Magnon no sul da França.
Não existe nenhum vestígio de mistura entre os Cro-Magnon e os Neanderthal.
As descobertas arqueológicas efectuadas entre os anos 50 e 70 do século XX revelaram que a versão simplificada de Darwin sobre uma evolução humana de linha única tem escassas possibilidades de corresponder à realidade. A maior parte dos antropólogos pensa actualmente que os Neanderthal representam um ramo "sem saída" da árvore genealógica da humanidade. Ao que parece, o acentuado arrefecimento do clima determinou a sua extinção, posto que não estava preparado para resistir ao frio. O homem de Cro-Magon, pelo contrário, aparece no mundo biologicamente preparado para resistir à última Era Glaciar o que constitui mais um denso mistério.
Esta raça foi a progenitora do homem moderno e estabeleceu as bases de todas civilizações que herdamos. Foram desenterrados resíduos abundantes do mesmo tipo e época por toda a França, Suíça, Alemanha e País de Gales, indicando um povo de vigor e corpulência admiráveis, com estatura entre 1,65 e 2,00 metros, rosto estreito e anguloso, fronte alta e cérebro surpreendentemente grande, de 1.590 a 1.715 centímetros cúbicos, enquanto o do homem actual atinge a média de 1.400!
A origem evolutiva do homem de Cro-Magnon é desconhecida para a ciência. Somente dispomos de hipóteses ou, quanto muito, algumas teorias, mas nada disto confirmado por provas arqueológicas. Vieram dos Espaço?
A ciência pensa desde longa data, em particular o ramo da biologia evolucionária, que a Natureza não efectua grandes saltos e as suas criaturas deslizam com lentidão de uma forma para outra. Segundo esta teoria, os Cro-Magnon decerto levaram, pelo menos, centenas de séculos a adquirir as capacidades cerebrais e manuais que possuíam quando se tornaram nossos conhecidos. Mas não existem indicações, tanto de crânios como nos artefactos, desse longo e teórico período de transição. Os Cro-Magnon parece terem surgido inesperadamente. E não mudaram muito depois de aparecerem. Os homens de hoje, o manipulador atómico ou o astronauta que voa mais rapidamente que o som, não possuem cérebros ou corpos melhores que os seus antepassados de há 25.000 anos. A evolução humana parece ter-se imobilizado na época dos Cro-Magon.
Isto sugere fortemente a ideia de que eles constituíram mais uma infusão de sementes ou de seres que surgiram na Terra para colonizar e reproduzir-se. Consideremos a evidência notável das suas realizações sem a existência de quaisquer elementos indicativos de que caminharam gradualmente para elas.
A Situação Actual do Evolucionismo Darwinista
A tese fundamental do darwinismo consiste em sustentar que todos os seres vivos que existem na Terra são o produto de um longuíssimo e extremamente complexo processo de evolução que se iniciou no planeta e não mais terminou, sem o recurso a nenhuma interferência exterior, nomeadamente de feição divina. O mecanismo supremo desta Evolução é a chamada Selecção Natural através da qual a Natureza garante a sobrevivência dos mais aptos e elimina sem qualquer piedade os indivíduos que não consigam adaptar-se ao ambiente.
Mas o darwinismo é hoje considerado um mito por certos sectores científicos, nomeadamente a moderna Biologia, que anunciou o seu fim. Rémy Chauvin, biologista mundialmente conhecido e professor emérito na Universidade de Sorbonne, acusa o darwinismo de não se tratar apenas de uma teoria mas de uma crença. Pelo que, uma vez mais, somos confrontados com uma ideologia de cariz científico. E acrescenta:
«Trata-se de uma fase da secular luta entre o materialismo e o espiritualismo, onde abundam os preconceitos e os problemas mal postos... Mostrei acima a sua inanidade, e gostaria apenas de evocar a terceira posição: confessar a própria ignorância e suspender o juízo quanto às causas da evolução...»
Tal opinião, proferida por um consagrado erudito que não deixa de ser um evolucionista, legitima a nossa suspeita de que o Evolucionismo teve como principal motivação o combate ao Criacionismo. Não o ingénuo e inócuo criacionismo religioso que a nenhuma sabedoria conduz relativamente à Antropogénese. Mas sim o Criacionismo Esotério e Gnóstico, perigoso, que se oculta sob os relatos misteriosos de muitos textos sagrados, alcunhados de Mitologia pela Ciência.
A Ciência actual constata, preocupada, que o darwinismo é uma teoria cheia de erros, demasiado perceptíveis, que o hão-de condenar ao descrédito. O evolucionismo vê-se, agora, na necessidade de se descartar das suas primitivas teorias e orientar as teses da Evolução noutro sentido. A tendência moderna é substituir a «Selecção Natural» dos mais aptos por um «Programa Interno» dos organismos. O novo conceito acha-se assim resumido na obra de Rémy Chauvin:
«De acordo com Augros e Stanciu, a diferenciação sistemática é um novo mecanismo evolutivo que importa examinar:
1. A causa das variações é interna e depende das potencialidades fixadas no organismo, o que é o mesmo que dizer que a vida é "autodirigida".
2. Opera "por saltos" e as novas espécies aparecem imediatamente.
3. A competição não está em jogo.
4. Trata-se de um processo natural e ordenado, que produz variações de acordo com um tema.
5. É económico e simples, procedendo com o mínimo de energia, o mínimo de material e o mínimo de desperdício possível.»
A nova linguagem do Evolucionismo é de uma opacidade angustiante para qualquer estudioso não especializado e não tem outro fito senão amarrar definitivamente as origens do homem a este planeta Terra e varrer de uma vez a consistência racional das divindades criadoras que porventura se encontrem nas mitologias.
É evidente que o Evolucionismo não é uma teoria vã. A Vida evolui de facto e todos os seres vivos são o produto dessa Evolução. Disto possuímos provas irrefutáveis. O que sustentamos é que:
A VIDA NÃO EVOLUI APENAS NO PLANETA TERRA MAS SIM EM TODO O UNIVERSO.
A EVOLUÇÃO É UNIVERSAL.
A própria Ciência admite que possam existir outros planetas habitados cuja vida terá evoluído para cérebros inteligentes.
Por conseguinte, é perfeitamente lógico pensar que a Terra tenha sido atingida por formas extremamente aperfeiçoadas de vida, seres pensantes superiores dotados de cérebros magníficos albergando uma sabedoria infinita.
O objectivo da Evolução Universal é este mesmo:
PRODUZIR CÉREBROS PERFEITOS QUE, NO SEU CONJUNTO, EXPRIMEM A CONSCIÊNCIA DO UNIVERSO.
As novas tendências na reestruturação do Evolucionismo antevêem aberrações ainda maiores do que aquelas que foram detectadas no darwinismo! Sobretudo se a Ciência não tiver a coragem suficiente para libertar a origem do homem das amarras terrestres.
O Problema do Tempo
Nas novas concepções evolucionistas, a biologia moderna integra o problema do tempo, assunto que pertence à Física. Mais uma vez detectamos que tudo está interligado.
O que é o Tempo?
O pensamento comum sente o tempo como algo que possui espessura ou profundidade. Sendo o presente o ponto de referência permanente, se consideramos os acontecimentos do passado entendemo-los como situados em distâncias sucessivas. Assim, um acontecimento ocorrido há um ano estará mais próximo de nós do que outro ocorrido há dois anos. Em relação ao futuro, a nossa mente comporta-se de forma semelhante, isto é, qualquer acontecimento que imaginamos ocorrer daqui a um ano estará mais próximo do que outro que ocorrer daqui a dois anos.
A Física moderna descobriu que, na realidade, a questão do tempo não pode ser entendida assim. Já Einstein, o príncipe dos físicos, declarou: «Para nós, os físicos, a separação entre passado, presente e futuro é uma pura e simples ilusão, mas que tarda em morrer».
Vale a pena citar longamente Archidiacono:
«À luz da física moderna de Einstein, esta ideia, tão simples e tão natural, de um tempo e de um espaço independentes revelou-se inexacta, e chegou-se à extraordinária conclusão de que o tempo está estreitamente ligado ao espaço, dado que se comporta como uma quarta dimensão do espaço; isso é o mesmo que dizer (mas nem toda a gente o tem em conta) que deixamos de ter um tempo como aquele que tínhamos imaginado, a saber, um tempo caracterizado por uma passagem contínua do passado para o futuro através do presente, do ser para o não ser. É falso dizer que só o presente "existe" e que o passado cai no nada, porque deixou de ser, enquanto o futuro ainda não é. Isso não passa de uma ilusão dos nossos sentidos, que são limitados. Na realidade, o espaço e o tempo constituem uma única entidade que, como sustentava o grande matemático Fantappié, "existe" na sua totalidade passado—presente—futuro como um todo único. Eis, pois, uma das teorias mais abstractas da matemática, a saber, a teoria dos "hiperespaços" (espaços com mais de três dimensões), que no momento da sua aparição fora rotulada de ficção científica pura, e se torna uma parte integrante da física, renovando-a e revolucionando-a nos seus fundamentos, e abrindo-lhe assim o caminho para o sucesso que obterá no século XX.»
Louis de Broglie:
«No espaço—tempo, tudo aquilo que para nós constitui o passado, o presente e o futuro é dado em bloco. Com o passar do tempo, cada observador descobre, por assim dizer, novas fatias de espaço—tempo que lhe aparecem como aspectos sucessivos do mundo material, de maneira que, na realidade, o conjunto dos acontecimentos que constituem o espaço—tempo existe anteriormente ao conhecimento que deles se tem.»
Diz Fondi: «Mas então, se os seres vivos colocados naquilo a que chamamos comummente passado, presente e futuro estão, na realidade, ligados entre si e pertencem a uma estrutura espacio—temporal estática e unitária, segue-se que a passagem da fauna da era paleozóica ao mesozóico, por exemplo, não pode ser vista como um fenómeno estritamente determinista (darwiniano)... Esta passagem tem também um carácter finalista. (...)».
Para Wyel, o mundo objectivo é, não vai sendo.
As modernas teorias do espaço—tempo são dolorosamente complicadas e não vamos explanar mais sobre elas.
Mas se eventualmente a Biologia Evolucionista vê na actual concepção de tempo, fornecida pela Física, uma grande aliada para sancionar a ideia de evolução na Terra em "vaso fechado", talvez não se dê conta da armadilha em que está prestes a cair. Porque são essas mesmas teorias do Espaço—Tempo que tornam viável a ideia de viagens espaciais, uma vez que são aplicáveis a todo o Universo. Logo, deixa de ser uma estupidez afirmar que o planeta Terra foi (e provavelmente ainda é) visitado por seres vindos do Espaço, ficando assim francamente aberto o debate acerca desta pergunta fabulosa:
SEREMOS DESCENDENTES DOS DEUSES?
Os Problemas da Mente Humana
De tudo o que atrás foi desenvolvido, o que é que isso interessa para a Espiritualidade ou, por outras palavras, qual é a sua utilidade no âmbito das nossas pesquisas e investigações?
Analisado de uma perspectiva meramente biológica, o cérebro humano parece mostrar que cerca de 90% da sua massa sofre de uma desocupação de algo que lá devia estar e não está. Com efeito, o nosso cérebro, bem como todo o nosso ser, revela um gritante desequilíbrio entre aquilo que são as nossas necessidades quotidianas e aquilo que são as nossas potencialidades mentais não realizadas. É esta a razão porque muitos humanos que adquirem a ânsia da espiritualidade sentem um vazio, uma nostalgia, e uma melancolia inexplicáveis.
A genética humana não foi fabricada exclusivamente na Terra. Veio de fora e aqui se adaptou, através de um processo histórico extremamente difícil e penoso, extraindo deste planeta os seus potenciais evolutivos naturais com toda a selvajaria que isso implica. Eis a razão porque temos esta forma biológica e possuímos tal cérebro.
O processo humano terrestre ainda não terminou. Longe disso! Só terminará quando aqueles 90% de massa cinzenta estiverem ocupados com os programas espirituais que distinguem um ser divino de um ser humano.
Este é o fulcro das grandes questões espirituais: saber e compreender porque razão os humanos são o que são, o que poderão vir a ser e quais são as causas sobrenaturais de todo este processo.
A Terra é apenas um ínfimo ponto de passagem da Evolução da Vida no Universo. Importa saber o que é que os seres sobrenaturais, nossos progenitores ancestrais, exigem que façamos nesta passagem por este planeta até que possamos ser admitidos no misterioso "Reino dos Céus". Daí toda a importância de conhecermos, com o máximo de clareza e rigor, as nossas origens, história e devir, a fim de podermos eliminar na nossa mente uma quantidade impressionante de crença estúpida, fantasia, ignorância, desequilíbrio, aberração, alienação, que são as manifestações mentais mais negativas da paranormalidade, todas elas sustentadas pela indolência mental de que padece a quase totalidade da espécie humana.
Considerações Finais
A ideia de que somos descendentes biológicos de seres superiores que vieram do Espaço Exterior, os antigos deuses (pejorativamente designados actualmente por Extraterrestres — vulgo ET's), é uma crença como outra qualquer. Uma crença baseada na Fé, mas também em alguma racionalidade.
A temática da Antropogénese desenvolve-se em quatro aspectos fundamentais, a saber:
1. Criacionismo — Doutrina maioritariamente religiosa que afirma ter sido o ser humano criado por Deus. O processo desta criação não nos é revelado, pelo contrário, sobre ele se estendeu o mais negro dos mistérios ocultistas. A consequência é que a humanidade espiritual foi privada de conhecer melhor o Deus (Pai/Mãe) de que descende.
2. Evolucionismo — Teoria principalmente científica que sustenta ter sido o homem o produto de uma longa evolução da vida na Terra. O processo de evolução, pelo menos teoricamente, é explicado pela Ciência recorrendo a muitíssimas provas materiais, constituídas por fósseis, restos de ossos e artefactos. O evolucionismo não precisa de Deus para nada, sendo o seu conceito substituído por expressões "Selecção Natural" e, mais recentemente, por "Programa Interno".
3. Intervencionismo — Tese avançada especialmente por paleovisitólogos e alguns ufólogos, admitindo que o ser humano é um produto da evolução da vida na Terra mas que, quando ainda se encontrava em estado muito primitivo, beneficiou da intervenção de seres superiores vindos do espaço os quais ensinaram a civilização aos gentios hominídeos e passaram a ser os deuses das várias religiões que apareceram no mundo.
4. Geracionismo — Ideia incipiente, devido aos estudos de alguns espiritualistas inconformados com o ocultismo e que sustentam ser o homem o descendente directo gerado pelos próprios deuses. No âmbito do Geracionismo, são admitidos muitos aspectos do Criacionismo, Evolucionismo e Intervencionismo. O Geracionismo apresenta-se, portanto, como algo de extremamente vasto e complexo que pretende interpretar o processo místico-religioso veiculado pelo criacionismo, assimilar as teorias e as descobertas do evolucionismo e considerar a historicidade da intervenção dos nossos ancestrais vindos do Espaço.
A evolução do Antropos
Só no planeta Terra?
O "Antropos"
Um produto do Universo?