Assumindo o Controle

QUANDO O INSTRUTOR DEVERÁ ASSUMIR OS CONTROLES DA AERONAVE?

A demora do instrutor em tomar os controles da aeronave do aluno tem causado muitos incidentes e acidentes. Essa problemática é indagada por muitos instrutores, quando eu devo tomar os controles do aluno? Psicólogos afirmam que o simples reconhecimento do problema é decisivo para sua solução.

Muitos instrutores têm a concepção de que quanto menor for a intervenção do instrutor na realização do vôo maior será a evolução do aluno na instrução, porém essa idéia não deve ser generalizada. A generalização deste conceito levará o instrutor a se acostumar com tal procedimento fazendo com que em uma situação crítica que exija a intervenção do instrutor sofra um retardamento da ação.

O instrutor deve ponderar suas intervenções, por que não é uma boa prática pilotar o tempo todo, junto com o aluno nas realizações das manobras. É unânime entre os alunos evitar esse tipo de instrutor, aquele que pega a todo o momento nos controles da aeronave. O aluno que passa por essa experiência ao seu habilitar como instrutor de vôo terá com conceito o procedimento o contrário deste tipo de instrutor o que é muito perigoso.

Os instrutores novos em termo de experiência são os mais influenciados por esta concepção de que quanto menor for a intervenção do instrutor na realização do vôo maior será a evolução do aluno na instrução, porém, ao alcançarem experiência dentro da instrução aérea eles desenvolvem um senso mais realista sobre a manutenção dos níveis de segurança na realização da instrução.

"Em uma pane simulada, por exemplo, se houver árvores entre o ponto de redução do motor e o local de pouso ou arremetida, o instrutor deverá ser capaz de prever, tão logo o aluno começar a descida, se ele vai passar ou não próximo das árvores. Esta é a hora de se tomar uma medida corretiva: arremeter ou mandar que o aluno o faça. Não se justifica permitir a continuação da manobra, se houver qualquer dúvida quanto à proximidade das árvores muito embora isto continue a ocorrer quase que diariamente. O aluno pode ter o seu orgulho próprio ferido quando o instrutor toma os comandos justamente naquela hora em que ele tinha “certeza que o pouso seria manteiga”, mas a responsabilidade do instrutor pela máquina caríssima é muito grande. Instrutor e aluno, da mesma forma, devem compreender isto e àquele deve ser dado o direito de duvidar sempre". (SIPAA)

A resposta ao instrutor sobre quando deve tomar os controles da aeronave do aluno é a de justamente quando estiver em dúvida quanto à segurança do vôo. É bem neste momento da dúvida que o procedimento correto será de assumir os controles da aeronave. A resposta parece ser óbvia para muitos instrutores, mas os fatos evidenciam que não são todos os instrutores que acreditam nesta afirmação.

O instrutor tem que seguir um parâmetro de ação e se antecipar às situações perigosas antes de sua ocorrência. O instrutor deve saber distinguir as situações que colocam a segurança do vôo em dúvida das que não aferem a segurança, para então dar certa liberdade ao aluno para aprender com a superação de seus próprios erros com uma boa dose de esforço.

Autor: Paulo Barreto

Artigo retirado do trabalho de conclusão de curso (Ciências Aeronáuticas) “DIDÁTICA APLICADA E FATORES HUMANOS NA INSTRUÇÃO AÉREA” Instituição Toledo de Ensino –Bauru, SP