Turbulência em Céu Claro - CAT

A CAT, ou Turbulência de Céu Claro, ainda é uma ameaça para aeronaves que voam a grandes altitudes, pois não pode ser detectada visualmente.

Em dezembro de 1992, um DC-8 carguei­ro, voando a oeste de Denver, encontrou uma CAT severa. A despeito de perder o motor externo direito e seis metros de asa, a tripulação conseguiu pousar a aeronave com segurança.

Em 2001 um passageiro precisou receber um cura­tivo durante o voo, pois sofreu um corte em sua cabeça ao bater no teto de um VU-93 da FAB, que encontrou uma turbulên­cia desse tipo.

O mais surpreenden­te (e preocu­pante) é que a CAT ocorre na ausência completa de nuvens ou qualquer outro indício visual, em contraste com outros tipos de turbulência, bem sinalizadas por formações como os CB (cumulonimbus).

A CAT continua sendo um problema para a aviação, apesar dos avanços da meteorologia nas técni­cas de observação e previsão. Felizmente, é raro o aparecimento de CAT severa, mas mes­mo em grau leve ou moderado (bem mais freqüentes), ela é preju­dicial, pelo desconforto que causa à tripulação e aos passageiros.

Nada menos que 45% dos casos de turbulência informados pelos pilotos em todo o mundo são do tipo CAT. Existem estudos para tornar obrigatório o uso permanente dos cintos de segurança pelos passageiros.

A CAT é causada, basicamente, pela cortante de vento, ou seja, uma variação brusca de direção ou intensidade do vento quando ele é forte. Cerca de 70% dos casos ocorrem próximos a correntes de jato; os outros 30% acontecem em correntes orográficas ou fatores secundários.

A corrente de jato é uma espécie de tubo achatado onde o ar corre a grande veloci­dade (70 a 250 Kt), normalmente entre os FL 270 e 370. Tanto lateral quanto vertical­mente, a velocidade do ar aumenta rapida­mente à medida que se aproxima do eixo da corrente. Ambas as variações geram a CAT, que pode provocar mudan­ças de velocidade da aeronave acima de 25 Kt e acelerações que alcançam 2g. A Turbulência de Céu Claro ocorre, portanto, nas laterais, acima e abaixo das correntes de jato, mas não em seu núcleo.

A pouca extensão da área de CAT permite, muitas vezes, desvios, seja mudan­do de rumo ou de altitude. Na prática, vale mais a pena mudar de rumo ou altitude quando se voa paralelo à corrente de jato, já que, na transversal, a área de CAT é estreita.

Sem instrumentos de detecção, o piloto pode se valer, em voo, das suas próprias observações de vento para determinar possíveis regiões de formação de CAT. Entretanto, o mais eficaz é, durante o brifim meteorológico, estar atento à existência de correntes de jato em sua rota de voo. Assim, você estará mais bem preparado para enfrentar o perigo invisível!

Colaboração do amigo Cel Av Beal

SERGIO KOCH - TCEL AV R1