Desligou o magneto "sem querer"

Data: 22 JUN 91

Aeronave: Aerotec A-122B - UIRAPURU

Tripulação: Ocupantes: 2 / Fatalidades: 2

Passageiros: Ocupantes: 0 / Fatalidades: 0

Tipo de acidente: Falha do Motor em Vôo

Fase de Operação: em vôo

Natureza do Vôo: vôo de recreação

HISTÓRICO

A aeronave decolou para realizar um vôo local de recreação. Logo após a decolagem, a cerca de 300 pés de altura, houve uma parada súbita do motor.

A aeronave entrou em curva pela direita, perdendo altura e colidindo com o solo. Com o impacto, a aeronave sofreu perda total e os dois pilotos faleceram.

ANÁLISE

O piloto, que apresentava dificuldades de aprendizagem, não voava solo. Teve dificuldades em outros Aeroclubes. Sua determinação e insistência em prosseguir na atividade aérea eram para seu deleite, não sendo canalizadas para o seu aperfeiçoamento técnico. Era, na realidade, um piloto inseguro, desatento e distraído.

O outro piloto estava na aeronave por determinação do Aeroclube, não sendo passageiro ou instrutor, servindo de co-piloto para “assessorar” ou intervir se necessário fosse. Não estava suficientemente preparado para assumir sua posição na nacele.

Na análise dos destroços, foi constatado que a aeronave chocou-se com o solo com os dois interruptores dos magnetos na posição desligado.

Normas do aeroclube, para o incremento da segurança no circuito de tráfego, preconizavam o acendimento dos faróis nas fases de decolagem e pouso. O acionamento dos mesmos é feito através de interruptores que se encontravam alinhados com os interruptores dos magnetos, com movimentos iguais de acionamento (45º cima/baixo). Diante destes fatos, a hipótese mais provável é que um dos ocupantes, ao tentar desligar os faróis, tenha desligado involuntariamente os magnetos, o que ocasionou a falha do motor e o posterior insucesso na tentativa de pouso.

A posição magnetos desligados (45º para baixo) é prevista numa preparação para o pouso forçado, entretanto, de todos os procedimentos previstos em nacele para o pouso forçado, somente a posição dos magnetos correspondia aos procedimentos, o que corrobora a hipótese de desligamento involuntário, já que não houve tempo hábil para a realização de cheques para pouso forçado.

CONCLUSÃO

Fator Humano – Aspecto Psicológico - Contribuiu

O piloto apresentava pouca habilidade para a atividade, a ponto de não ser aceito como piloto capacitado para realizar o vôo solo. Apresentava falta de concentração e excessiva autoconfiança, ou seja, tendia sempre a realizar os procedimentos a seu modo, sem assimilar o que era passado pelos instrutores. Era, na realidade, um piloto inseguro, desatento e distraído.

O piloto de segurança (co-piloto) não estava atento para evitar que uma falha do piloto em comando culminasse em um acidente.

Fator Operacional

(1). Deficiente Aplicação dos Comandos – Contribuiu

Um dos ocupantes, provavelmente o co-piloto, pôs a aeronave em atitude que provocou a perda de controle (estol).

(2). Deficiente Julgamento - Contribuiu

A possibilidade de sucesso no pouso forçado foi comprometida pela tentativa de pouso em um local não atingível. A tentativa em alcançar uma área para o pouso fora do alcance do planeio contribuiu para a colisão com os obstáculos.

(3). Pouca Experiência de Vôo na Aeronave - Contribuiu

A reduzida experiência de ambos os tripulantes contribuiu para as falhas que levaram ao ocorrido

(4). Deficiente Supervisão - Contribuiu

A diretoria do aeroclube deveria prover uma reciclagem mais aprimorada ao co-piloto (instrutor), que só tinha, até então, 05:00h de vôo no tipo. A autorização do vôo para o tipo de associado não foi precedida de cuidados (planejamentos, briefing, apronto).