A inspeção de equipamentos - Parte 1

19/01/2024

Por João Conte

A checagem preventiva de equipamentos e máquinas é indispensável para auxiliar na produtividade de uma empresa. Quando não há uma rotina de inspeções, é possível que falhas passem despercebidas e se tornem tão graves a ponto de causar acidentes, prejudicando a produção e a rotina de trabalho.


O final do século XIX e o início do século XX foram períodos de grande prosperidade que se alastrou pela França, Alemanha, Itália, Bélgica, Japão e, particularmente nos Estados Unidos que haviam sido unificados ao final da Guerra Civil (1865u). O grande crescimento econômico e os preparativos para a Primeira Grande Guerra Mundial, aumentaram muito a demanda por produtos químicos em geral, particularmente os derivados de petróleo. Foi necessário desenvolver processos produtivos mais eficientes e de maior capacidade que impuseram aos equipamentos, condições cada vez mais severas, tanto do ponto de vista físico (pressão e temperatura), quanto químico (corrosividade).


Como as tecnologias de projeto, fabricação e materiais não acompanharam este desenvolvimento, aumentaram muito nesta época, falhas e acidentes provocados por más condições físicas de equipamentos, particularmente de caldeiras.
Conforme a ASME - Associação Norte-americana de Engenheiros Mecânicos, fundada em 1880, temos nos Estados Unidos, entre 1870 a 1910, cerca de 10.000 explosões de caldeiras (média de 250/ano). Nos anos seguintes foram registradas de 1300 a 1400 explosões anualmente. Nesta mesma época, acidentes provocados por caldeiras causaram a morte de 50 mil pessoas.


Como é comum em situações de grande comoção social, ficaram evidentes, para toda a sociedade daquela época, duas grandes necessidades:
1. Regulamentar o projeto e a fabricação de equipamentos pressurizados, particularmente de caldeiras;
2. Capacitar técnicos para controlar a qualidade e a deterioração destes equipamentos.

Em 1908, tivemos um marco histórico da mencionada regulamentação, que foi a criação do primeiro código estadual norte-americano de projeto e fabricação de caldeiras. Esta iniciativa pioneira, foi tomada em decorrência de um acidente que ocorrera numa fábrica de calçados, localizada na cidade de Brockton, Estado de Massachussets, EUA, em março de 1905. A caldeira que explodiu, atravessou o teto de dois andares e foi pousar numa residência próxima, matando 58 pessoas e ferindo 117.


Em seguida, em Ohio, no ano de 1910, outros nove estados e 19 regiões metropolitanas publicaram seus próprios códigos, o que gerou enormes dificuldades. Em 1911, a ASME - Associação Norte-americana de Engenheiros Mecânicos, criou uma comissão com a incumbência de unificar todos estes documentos, missão que foi cumprida com sucesso. Em 1914, em memorável reunião, foi aprovada a Seção I do seu, largamente reconhecido “Boiler and Pressure Vessels Code” (Código de Caldeiras e Vasos de Pressão) que regulamenta (não por acaso), o projeto e construção de Caldeiras.