O sistema interactivo do disco sobre a cidade de Lisboa obedeceu a um figurino definido num triângulo espacialmente delimitado entre as cidade de Lisboa, Milão e Washington. Foi da cooperação estreita entre o C.I.T.I., o estúdio italiano da Philips Media, dirigido por Mario Fumagalli e Jim Hoekema, criativo norte americano, na altura director da Philips Media, que nasceu a intenção expressa de criar um catálogo onde iriam figurar outras cidades, para lá de Veneza e Lisboa. Este pressuposto impôs a concepção de um modelo suficientemente flexível para albergar mais projectos.
A base do desenho interactivo partiu de um modelo apriorístico definido pelo norte-americano e contém dois pressupostos: permitir a navegação por toda a massa de informação com um sistema referencial de cruzamentos e nunca sujeitar o utilizador a visionar sequências, se este decidir abandonar a aplicação. Para tal, equipou-se o sistema com uma barra de comandos que permite a pausa, voltar atrás, passar à frente, parar e abandonar o programa.
A estrutura de organização da massa de informação foi planeada de forma arborescente. A introdução do programa finaliza no menu principal e a partir deste ponto pode aceder-se a uma das quaisquer 81 sequências audiovisuais constantes das ramificações subsequentes, através de um sistema de menus e de sub-menus.
Os écrans de escolha estão organizados por grandes áreas temáticas. O menu principal agrupa temas de Lisboa do passado, do presente, do turismo e da informação geo-referenciada. Os menus secundários organizam a informação numa malha mais apertada de módulos temáticos com três ou quatro opções secundárias por écran de escolha. Exceptua-se o módulo da informação geo-referenciada em que o utilizador pode percorrer zonas da cidade através da pesquisa no mapa por um processo visual de aproximações sucessivas à malha urbana. Nas áreas de Lisboa em que a densidade de monumentos é significativa optou-se por duas soluções: ou colocar mais de quatro opções no écran, ou desmultiplicar as zonas de zoom até à aproximação ao desenho dos monumentos que se podem "visitar". Em ambos os casos reforçou-se a identificação com a aposição do nome do monumento no campo de nomenclaturas, situado na parte inferior direita da barra de comandos.
A fim de facilitar o conjunto de interacções básicas foi decidido concentrar o controlo de navegação na mesma área: a barra de comandos. Ela é automaticamente visível no écran apenas quando este afixa o menu principal. Quando decorre uma sequência audiovisual, permanece invisível a fim de não prejudicar a estética da imagem mas se, por qualquer motivo, o utilizador decidir realizar uma interacção, um clique no comando remoto traz de volta a barra flutuante, permanentemente situada na parte inferior do écran.
Os símbolos icónicos que equipam a barra foram objecto de investigação e reflexão aprofundada: dada a novidade do modelo, a relativa complexidade da estrutura de navegação interactiva, desejava-se proporcionar uma descodificação fácil dos ícones que simbolizam os comandos: voltar atrás, passar à frente, parar, interromper pontualmente, e abandonar o programa. Decidiu-se adaptar à barra o conjunto de pictogramas que equipam os comandos de qualquer unidade de leitura de discos, cassetes e vídeo. Esta sinalética tem reconhecimento assegurado, dada a divulgação de que tem sido objecto.
No campo de nomenclaturas o modelo interactivo do disco assume, de forma deliberada, o princípio do reforço redundante. Este campo figura no écran como elemento de linguagem escrita. O deambular do cursor accionado pelo telecomando sobre as zonas de escolha, faz variar o campo de nomenclaturas, que afixa a mensagem escrita das acções, ou dos temas por que o utilizador pode optar. Sempre que o cursor passa por uma área de escolha acontecem dois factos em simultâneo: a zona denuncia a presença activa de uma opção mediante uma alteração da sua configuração visual e na barra de comandos o campo de nomenclaturas afixa o nome do monumento, do tema, ou do local que o utilizador pode, se quiser, aprofundar. Caso ele opte por entrar nessa sequência, poderá deter o curso audiovisual num qualquer ponto. À suspensão do curso do programa corresponde o aparecimento automático de uma segunda barra de comandos, que para além dos pictogramas atrás descritos, apresenta dois novos: o primeiro convida o utilizador a chamar a janela do módulo de consulta textual e o segundo, que aparece casuisticamente, incita à descoberta de novos temas.
O módulo de textos está presente no modelo interactivo de Lisboa porque entendi ser necessário dar ao utilizador a possibilidade de aprofundar a temática que um dado segmento audiovisual mostra. A consulta textual é a modalidade de pesquisa situada para lá da eidografia. Poderá ser utilizada por todos os que estiverem interessados em aprofundar o tema que a breve visita audiovisual proporciona. A documentação do módulo de textos está indexada a cada um dos monumentos, locais, temas e foi, em parte, escrita por um grupo de olissipógrafos, membros da equipa editorial.
O último pictograma presente na segunda barra de comandos não aparece de forma sistemática, não é redundante, nem metafórico. À sua representação icónica em forma de dois círculos concêntricos corresponde a palavra "Mais" inscrita no campo de nomenclaturas. Esta excepção à regra corresponde a uma intenção deliberada: suscitar a curiosidade no utilizador a fim de o motivar à pesquisa no interior da massa de informação. De facto, se ele optar por clicar no botão "Mais", este disponibiliza uma ligação dinâmica a áreas temáticas afins daquela que estava a ser objecto de consulta. Se, por exemplo, estiver dentro do Mosteiro dos Jerónimos, interromper a sequência e clicar em "Mais", o programa remete-o automaticamente para Descobrimentos Portugueses, um módulo temático aprofundado, situado num ponto afastado do disco, mas consultável a partir da esfera semântica e temática afim. Assim também sucede na visita guiada ao Palácio de Belém: se o utilizador a decidir interromper tem acesso a um módulo de vídeo em que surge Mário Soares explicando por que gosta de Lisboa.
Após (ou durante) a consulta o utilizador tem permanente acesso à barra para interagir sobre o programa a fim de voltar ao ponto a partir do qual iniciou a pesquisa, passar à frente, voltar atrás, interrompê-la, etc. Este modelo de indexação temática com cruzamentos múltiplos não foi levada às últimas consequências ligando dinamicamente toda a massa de informação porque as potencialidades do motor de programação com o qual se construiu a aplicação estavam longe de admitir todas as hipóteses que a imaginação e o cruzamento de temas possibilitava. Hoje, é possível implementar um modelo de indexação semelhante ao que se encontra, por exemplo, numa enciclopédia electrónica, dado haver instrumentos de programação mais poderosos dos que existiam em 1992/93.