Cd-i sobre Lisboa: interactores formas de participação

O sistema interactivo que enformou o disco de Lisboa contém ainda duas experiências ao nível musical que extrapolaram as regras do figurino definido para o catálogo City Portraits. Foram experimentações decorrentes de um processo de investigação que levou à conclusão de que seria interessante criar um módulo musical no disco de Lisboa que possibilitasse ao utilizador uma maneira diferente de abordar a canção típica da cidade. Daí que no módulo "Fado" uma das três opções consista na apresentação de um fado musicalmente decupado e segmentado de forma a permitir formas diferentes de interactividade: o utilizador acede à sequência e tem a audição "normal" do trecho; se optar por anular, por exemplo, o som da viola, clica sobre a imagem que representa o músico. Este desenho modifica-se dado que a viola desaparece das mãos da figura que representa o viola e, instantaneamente, ouve-se apenas a voz do fadista e o som da guitarra portuguesa. Se o utilizador anular esta última, a sequência visual é semelhante à anterior: o instrumento musical desaparece das mãos da figura que representa o guitarrista e o utilizador tem a possibilidade de escutar o fadista cantar "à capela". Finalmente, se o utilizador decidir anular a voz do cantor, aponta o cursor sobre a figura que o representa, esta cruza os braços e escuta-se... o canal do silêncio. Todas as interacções descritas acontecem em simultâneo no som e na imagem. O utilizador poderá ainda estabelecer outros modelos combinatórios dentro das possibilidades oferecidas de três elementos sonoros que se podem combinar, ou isolar.

Para lá da possibilidade oferecida de avaliar da importância da sonoridade da guitarra portuguesa, da viola e da voz para valorizar o conteúdos da canção nacional, este modelo de interacção serviu para ilustrar a componente lúdica do disco. Dos testes posteriormente efectuados registámos a atitude de prazer da maioria dos utentes ao aperceberem-se de que tinham controlo total sobre as sonoridades debitadas pela máquina e que era seu privilégio mandar calar a voz, o som da guitarra e da viola, ou combinar as três sonoridades em sequências musicais inesperadas. A segunda excepção ao figurino interactivo definido para o catálogo City Portraits sucedeu também na área musical com uma experiência realizada sobre modalidades interactivas de participação do utilizador em trechos musicais específicos.

O controlo e domínio das possibilidades interactivas de uma aplicação tem uma curva de aprendizagem específica, que é função do grupo etário a que o utilizador pertence. Porém, a partir do momento em que se domina o modelo e se navega com à vontade na massa de informação, a curiosidade evolui rapidamente para o prazer e para o desejo de participação activa no processo. No modelo interactivo do disco de Lisboa essa vontade foi contemplada mediante um convite implícito à participação.

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