NOME POPULAR
Nomes vulgares por Unidades da Federação: no Acre, mutamba e mutamba-preta; em Alagoas: guaxima-macho e mutamba; no Amazonas: cabeça-de-negro, guaxima-macho e mutamba; na Bahia: mutamba e periquiteira; no Ceará: mutamba; em Mato Grosso: chico-magro, envireira e pau-de-bicho; em Mato Grosso do Sul: chico-magro e mutambo; em Minas Gerais: camacã, mutamba e pau-de-motamba; no Pará: embireira, mutamba-preta, mutamba-verdadeira e periquiteira; na Paraíba, mutamba e pau-de-motamba; no Paraná: amoreira; no No Estado do Rio de Janeiro: algodão; no Estado de São Paulo: araticum-bravo, cabeça-de-negro, coração-de-negro, embireira, guaxima-macho, guaxima-torcida, maria preta, marolinho, motambo e mutambo e em Sergipe: umbigo-de-caçador e umbigo-de-vaqueiro (EMBRAPA, 2020).
Nomes vulgares no exterior: na Argentina, cambá acá; na Bolívia, coco e coquito; em Costa Rica; guácimo blanco; em Cuba, guácima e guácima de caballo; no Equador, guácimo; em Honduras, caulote; nas Ilhas Virgens, jacocalalu; na Jamaica, bastard cedar; no México, majagua de toro; na República Dominica, guácima cimarrona; no Panamá, guácimo de ternero; no Paraguai, kamba aka guasu; no Peru, papayillo; e em Trinidad, west indian elm (EMBRAPA, 2020).
ETIMOLOGIA
O nome genérico (gênero) Guazuma é mexicano; o epíteto específico ulmifolia vem da folha de Ulmus, olmo-europeu (EMBRAPA, 2020).
NOME CIENTÍFICO
Guazuma ulmifolia Lam.
FAMÍLIA
Malvaceae
CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS
Forma biológica: arvoreta a árvore perenifólia (as folhas caem depois de uma seca prolongada). As árvores maiores atingem dimensões próximas de 30 m de altura e 60 cm de DAP (diâmetro à altura do peito, medido a 1,30 m do solo), na idade adulta.
Tronco: reto a levemente tortuoso, curto, freqüentemente ramificado a baixa altura. Fuste com até 12 m de comprimento.
Ramificação: é dicotômica. A copa é densa e larga, tipicamente umbeliforme; com galhos horizontais e ligeiramente pendentes, com as folhas agrupadas em duas fileiras ao longo dos ramos.
Casca: com espessura de até 12 mm. A superfície da casca externa é grisácea a café-escuro, acanalada, áspera, agrietada longitudinalmente, se desprende facilmente em placas retangulares ou em tiras. A casca interna é fibrosa, rosada, com estrias brancas.
Folhas: são de filotaxia alterna, simples, ovalada ou lanceolada, com 5 cm a 18 cm de comprimento e 2 cm a 6 cm de largura, membranácea, mais ou menos aguda no ápice, com a margem levemente denteada ou crenada, a face dorsal pilosa, tomentosa com pêlos estrelados em ambas as faces, especialmente sobre nervura principal e com três ou às vezes cinco nervuras que saem desde a base, glabra e luzidia quando velha.
Inflorescência: é uma panícula ramificada em pedúnculos axilares com 2,5 cm a 5 cm de comprimento, na base das folhas, geralmente até com 40 flores.
Flores: são pequenas, alvo-amareladas, medindo de 5 mm a 10 mm de comprimento, ligeiramente perfumadas, com cinco pétalas.
Fruto: é uma cápsula subglobosa, seca, verrucosa, verde a negra, dura, de 1,5 cm a 3,5 cm de comprimento, abrindo-se em cinco segmentos que se fendem no ápice ou irregularmente por poros. O fruto contém, em média 46,6 sementes (PAIVA & GARCIA, 1999) imersas numa polpa doce e mucilaginosa.
Sementes: ovóides, de cor castanho a negra, duras, de 3 mm a 5 mm de diâmetro (EMBRAPA, 2020).
USOS
Alimentação animal: a forragem da mutamba apresenta 17 % a 28 % de proteína bruta e os frutos 7 % (CENTRO, 1986), apresentando boa digestibilidade in vitro. Durante os períodos secos, os cavalos, os bovinos, os porcos e os veados comem as folhas tenras e os frutos. Os frutos maduros, apesar de comestíveis, são pouco procurados, dado o tamanho das sementes (BRAGA, 1960). Contudo, é muito apreciado pelos cervos e o gado (se o gado comer os frutos em excesso, eles podem causar obstrução intestinal). O gado come os rebentos e as folhas novas da planta.
Alimentação humana: os frutos contêm uma mucilagem de coloração verde-negra, são comestíveis e muito apreciados sejam frescos, secos, crus ou cozidos e apresentam sabor de figo seco. Os índios da América Central tomam, com freqüência, uma bebida que preparam com água e os frutos triturados. Em Barão de Melgaço, MT, quando secos, os frutos, são utilizados no preparo de chás, sendo considerado um ótimo substituto do chá-mate (GUARIM NETO, 1984). Na região canavieira do Ceará, o extrato mucilaginoso da mutamba obtido por cozimento de pedaços de seu caule é amplamente utilizado na fabricação artesanal de rapadura, como agente de clarificação do caldo da cana durante a fervura (LORENZI & MATOS, 2002). Na Bolívia, a semente é comestível, crua ou cozida (KILLEEN et al., 1993). Em épocas difíceis, os negros da Jamaica comiam os frutos crus ou fervidos ao modo de verdura (RAGONESE & MARTINEZ CROVETTO, 1947).
Apícola: as flores de mutamba são melíferas (RAMOS et al., 1991), produzindo boa quantidade de néctar, sendo fonte de mel saboroso, muito agradável e de alta qualidade.
Medicinal: as folhas e as raízes da mutamba são empregadas na medicina caseira em todas as regiões onde esta planta é encontrada, com base na tradição popular, mas sua eficácia e segurança não foram, ainda, comprovadas cientificamente (LORENZI & MATOS, 2002). Contudo, é amplo o emprego desta planta nas práticas caseiras da medicina popular e como fornecedora de mucilagem de modo artesanal. Em Belize, o chá de suas folhas é empregado contra disenteria e diarréia, para o tratamento de problemas relacionados com a próstata e como estimulante uterino para facilitar o parto. No México, esta planta tem uma longa história de uso indígena, sendo o chá da casca empregado para facilitar o parto, para aliviar as dores gastrintestinais, para tratar asma, febre, diarréia e disenteria (GUÁZUMA, 2001). Na medicina tradicional do Peru, o chá de sua casca e folhas é empregado no tratamento de doenças renais e hepáticas e para disenteria. Na Guatemala, é usada principalmente para o tratamento de problemas gastrintestinais, o que já foi clinicamente provado num estudo conduzido em 1990. A ação farmacológica compreende as propriedades adstringente, depurativa, cicatrizante, anti-séptica, diaforética, anti sifilítica, desobstruente do fígado e sudorífica. Como indicações fitoterápicas, destacam-se: cicatrizante de feridas e de úlceras; desobstruente do fígado; no tratamento de dermatoses, da sífilis, da bronquite, da asma, da tosse, da pneumonia e de outras afecções do aparelho respiratório (TESKE & TRENTINI, 1997). Como indicações fitocosméticas: na forma de loção para impedir a queda de cabelos; caspa e seborréia, e destruir as afecções parasitárias do couro cabeludo (TESKE & TRENTINI, 1997).
· Folhas - A infusão das folhas em uso interno, tem ação diaforética e anti-sifilítica (BERG, 1986); sudorífica e purgativa (GUARIM NETO, 1984 ). Doses elevadas e uso prolongado podem causar náuseas, vômitos e disenteria.
· Cascas - tem ação adstringente, antiblenorrágica e peitoral. O macerado da casca é aplicado para evitar queda de cabelo e para combater as afecções parasitárias do couro cabeludo (CAMPELO, 1988). O cozimento da casca é usado contra a sífilis e doenças da pele (FIGUEIREDO, 1979). As cascas da mutamba também são utilizadas na fabricação de xampu. O xarope, extraído da casca, é indicado contra bronquite.
· Córtex - O córtex e outras partes são empregados na cura da malária, das afecções cutâneas e sifilíticas, da elefantíase, das doenças pulmonares, da lepra e de outras moléstias (KUHLMANN & KUHN, 1947). Cascas e frutos são usados para emagrecer (EMBRAPA, 2020).
IMPORTÂNCIA SOCIOECOLÓGICA
Espécie característica das formações secundárias e capoeiras abertas. Cresce em lugares abertos, margens de arroios e rios, florestas explorados e ambientes alterados. Por isso, tem sido classificada como espécie invasora e indesejável. É rara na floresta primária. Sua dispersão é ampla, mas irregular e descontínua. Árvore comum nas orlas de cerradão e mesmo no Pantanal ou à margem de pequenos cursos d’água (EMBRAPA, 2020).
OCORRÊNCIA
Norte (Acre, Amazonas, Amapá, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins)
Nordeste (Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Sergipe)
Centro-Oeste (Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso)
Sudeste (Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo)
Sul (Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina)
SUCESSÃO ECOLÓGICA
Espécie pioneira (ROZZA, 1997), secundária inicial (FERRETTI et al., 1995) ou clímax exigente em luz (PINTO, 1997).
VETOR DE POLINIZAÇÃO
Essencialmente abelhas (DEUS et al., 1993; MORELLATO, 1991) e diversos insetos pequenos (KUHLMANN & KUHN, 1947).
DISPERSÃO DE SEMENTES
Essencialmente zoocórica (BRINA, 1998), principalmente aves e peixes; também são dispersas por mamíferos, incluindo-se o gado e, possivelmente cavalos e outros animais (LOPEZ et al., 1987)..
FRUTO COMESTÍVEL?
Sim.
ÉPOCA DE FRUTIFICAÇÃO
Os frutos amadurecem de junho a novembro, em Minas Gerais (BRINA, 1998), de julho agosto, no Ceará e no Paraná, e de agosto a outubro, no Estado de São Paulo, e de outubro a novembro, na Paraíba (BARROSO et al., 1993). Entretanto permanecem na árvore por mais algum tempo. É freqüente observar flores, frutos imaturos e frutos maduros na mesma árvore. O processo reprodutivo inicia ao redor de 5 anos de idade (EMBRAPA, 2020)..
ÉPOCA DE FLORAÇÃO
Acontece de fevereiro a outubro, em Mato Grosso do Sul; de setembro a dezembro, no Estado de São Paulo e em Minas Gerais (BRANDÃO & GAVILANES, 1990; BRINA, 1998); de novembro e abril em Pernambuco e de janeiro a agosto, no Amazonas (EMBRAPA, 2020)..
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
COLLI-SILVA, M. Guazuma in Flora e Funga do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: https://floradobrasil.jbrj.gov.br/FB9065. Acesso em: 10 out. 2025
EMBRAPA. Circular — Manejo e uso de espécies florestais: Guazuma ulmifolia. Circular 141. Brasília, DF: Embrapa, 2020. Disponível em: https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/312825/1/Circular141.pdf
FAO. Aproveitamento e manejo de espécies arbóreas nativas: Guazuma ulmifolia. Organização para Alimentação e Agricultura; 2015. Disponível em: http://www.fao.org . Acesso em: 10/10/2025.
FRUTOS ATRATIVOS DO CERRADO. Conheça a Mutamba (Guazuma ulmifolia). YouTube, 16 out. 2019. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=FW7IyLreVNA
IBGE. Manual técnico de espécies florestais do Brasil. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística; 2016.
SOSA, SC; PÉREZ, M. Etnobotânica e usos tradicionais de Guazuma ulmifolia na América Latina. Revista de Etnobiologia, v. 12, n. 2, pág. 45–58, 2018.
ZARAK, K.; ALMEIDA, RS Fitossociologia e potencial de restauração com Guazuma ulmifolia em áreas degradadas. Revista Brasileira de Ecologia, v. 1, pág. 30–44, 2019.
Mapa de ocorrência natural da espécie no território brasileiro (FLORA DO BRASIL, 2020)
Mapa de localização da espécie no campus da Unicamp / Campinas-SP (CAVALHERI, 2020)
Fonte: FRUTOS ATRATIVOS DO CERRADO. Conheça a Mutamba (Guazuma ulmifolia). YouTube, 16 out. 2019. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=FW7IyLreVNA