NOME POPULAR
jaracatiá, mamão-de-veado-branco, mamão-brabo, mamão-do-mato, mamão-jacatiá, mamãozinho, mamoeiro-bravo, mamoeiro-do-mato
NOME CIENTÍFICO
Jacaratia spinosa (Aubl.) A. DC.
FAMÍLIA
Caricaceae
DESCRIÇÃO
Características morfológicas - arbusto, arvoreta a árvore perenifólia a decídua. As árvores maiores atingem dimensões próximas de 30 m de altura e 1 m de DAP (diâmetro à altura do peito, medido a 1,30 m do solo), na idade adulta.
Tronco: é reto, grosso, despontado, aculeado e acentuadamente cônico. Ao ser golpeado, produz um som oco.
Ramificação: é cimosa. A copa é caracteristicamente arredondada (em forma de guarda-chuva), relativamente pequena, com esgalhamento fino e abundante, em cujos ápices adensam-se as folhas verdes-luzentes, que lhe imprimem um aspecto característico. Galhos espinhosos quase horizontais – que nascem de um único tronco – fracos e pendentes.
Casca: com espessura de até 3 mm. A casca externa é grisácea, quase lisa, com descamação fina e lenticelas horizontais. Apresenta numerosos espinhos aplanados até 5 mm de comprimento, às vezes ausentes. Debaixo da casca, encontra-se uma polpa branca e mole que, ao ser cortada, exsuda látex também branco.
Folhas: são alternas, digitadas, pecioladas, com 5 a 12 folíolos subsésseis, ovais, estreitamente lanceolados, lustrosas, pouco abundantes, medindo de 4,5 a 18 cm de comprimento por 1,5 a 6 cm de largura, quase sem pecíolo, bicolores, sendo a página superior verde-escura e a inferior, esbranquiçada, com uma ponta larga em ambos os extremos. Aspectos morfológicos e anatômicos da folha dessa espécie foram estudados, em detalhes, por Paoli; Pagano (1989).
Inflorescências: as masculinas são axilares, multifloras e racemosas, com flores pedunculadas de cores esverdeadas e apresentam antese noturna (PIRATELLI, 1993). As inflorescências femininas são axilares e unifloras, creme-esverdeadas e pouco vistosas.
Flores: são unissexuais, branco-amareladas, muito aromáticas. As flores masculinas são numerosas em cimas com 7 a 9 cm de comprimento, medem de 10 a 14 mm de comprimento e a corola apresenta cinco lóbulos. As flores femininas apresentam coloração amarela, são solitárias, em talos largos, com cinco pétalas carnosas, medindo de 2 a 3 cm de comprimento.
Fruto: é uma baga angulosa ou sulcada, com formato elipsóide, de 3 a 8 cm de comprimento por 1 a 5 cm de largura. É lustrosa, de coloração amarelo-ouro quando madura, com látex um tanto cáustico quando não bem amadurecida, e murcha. Sua polpa mede aproximadamente 1 cm de espessura, com sabor doce e cor variando de avermelhada a alaranjada, sucosa, comestível, com numerosas sementes (VIANA, 1977). Segundo Tomé et al. (1977), o melhor parâmetro para estimar o número de sementes por fruto é seu peso, que apresentou maior coeficiente de correlação.
Sementes: são ovóides e amarelas, medindo de 1 a 3 mm de diâmetro, envoltas por mucilagem, apresentando sarcotesta carnosa e esclerotesta marrom-escura, com saliências delgadas, similares às encontradas no mamoeiro – Carica papaya (VIEIRA et al., 1996; COSSA et al., 1997), (CARVALHO, 2006).
Utilidade - na alimentação humana o jaracatiá produz grande quantidade de frutos comestíveis, importantes nas cadeias tróficas. O fruto é doce, com sabor semelhante ao mamão (Carica papaya), mas leitoso e cáustico. Por isso, só deve ser usado quando bem maduro ou assado no borralho. Quando consumidos crus, os frutos irritam os lábios, o que não ocorre quando tostados, adquirindo, então, sabor agradável. Com a parte macia do caule ou da raiz, faz-se uma massa que, misturada ao coco-da-bahia, serve para preparar um saboroso doce (HERINGER, 1947). A polpa é comestível com açúcar ou cortada e tostada (RAGONESE; MARTINEZ-CROVETTO, 1947; MOSIMAN; REIS, 1975/1976). Os frutos verdes são utilizados para fazer doces ou são comidos como verduras (VIANA, 1977). No Paraná, a medula é utilizada na fabricação de doces e usada como sucedâneo do coco, na receita de cocada (HATSCHBACH, 1982).
Para fins medicinais, o leite dos frutos verdes, na dose de uma colher das de sopa em jejum, para adultos, é aconselhado no combate à opilação. O uso diário dos frutos maduros é anti-helmíntico (HERINGER, 1947), sendo indicado, também, contra a anquilostomíasis (LOPEZ et al., 1987). Na Bolívia, é usados para combater infecções hepáticas e dores no corpo (KILLEEN et al., 1993).
Indicado em plantios em restauração e recuperação ambiental, o jaracatiá produz muitos frutos, comestíveis, importantes nas cadeias tróficas (TOMÉ et al., 1977). No Paraguai, os primatas mono-carvoeiros (Brachyteles arachnoides) e os macacos-prego (Cebus apella) se alimentam dos frutos (LOPEZ et al., 1987).
Informações ecológicas - Quando ocorre em fragmentos florestais, a distribuição do jaracatiá é do tipo agrupada. No entanto, em florestas primárias, ou em locais sem distúrbios, ocorre dispersa e de forma rara em terrenos úmidos das planícies aluviais e depressões das encostas. Ocorre tanto em clareiras pequenas, com menos de 60 m2, como em clareiras grandes, com mais de 100 m2 (COSTA; MANTOVANI, 1992), (CARVALHO, 2006).
Planta decídua, heliófita, pioneira, característica de solos férteis de fundo de vales e de planícies aluviais da floresta pluvial. Ocorre tanto no interior da mata primária densa como em clareiras, beira de matas e em formações secundárias em estágios adiantados da sucessaão vegetal. Apresenta dispersão ampla e regular, porém sempre em baixa densidade. É particularmente frequente na floresta semidecídua da bacia do Paraná. Produz anualmente regular quantidade de sementes viáveis. (LORENZI, 1992).
OCORRÊNCIA
Sul da Bahia até o Rio Grande do Sul e, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul, em vária formações florestais.
SUCESSÃO ECOLÓGICA
É espécie pioneira (FONSECA; RODRIGUES, 2000) a secundária tardia (FERRETTI et al., 1995), (CARVALHO, 2006).
FRUTO COMESTÍVEL?
Sim, após preparação para a retirada do latéx
ÉPOCA DE FRUTIFICAÇÃO
Os frutos amadurecem de novembro a março, em Minas Gerais; de dezembro a março, no Estado de São Paulo; de dezembro a abril, no Rio Grande do Sul (BACKES; NARDINO, 1998) e de janeiro a junho, no Paraná (SANTOS, 1970; HATSCHBACH, 1982), (CARVALHO, 2006).
ÉPOCA DE FLORAÇÃO
A floração ocorre de setembro a janeiro, no Paraná (HATSCHBACH, 1982); de outubro a novembro, no Espírito Santo e em Minas Gerais (BRINA, 1998); de outubro a dezembro, no Rio Grande do Sul (BACKES; NARDINO, 1998); em Santa Catarina (SANTOS, 1970) e de dezembro a março, no Estado de São Paulo (ENGEL; POGGIANI, 1985), (CARVALHO, 2006).
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
Carvalho, Paulo Ernani Ramalho. Espécies Arbóreas Brasileiras / por Paulo Ernani Ramalho Carvalho. Brasília, DF : Embrapa Informação Tecnológica ; Colombo, PR : Embrapa Florestas, 2006. 2v. (562p.) ; (Coleção Espécies Arbóreas Brasileiras)
Mapa de ocorrência natural da espécie ((CARVALHO, 2006))