NOME POPULAR
No Ceará, bucaré, mulungu, mulungu-da-florvermelha e mulungu-da-flor-amarela; em Minas Gerais, muchôco e mulungá; na Paraíba, em Pernambuco, no Rio Grande do Norte, no Estado de São Paulo e em Sergipe, mulungu.
ETIMOLOGIA
O nome genérico Erythrina vem do grego erythros, que significa “vermelho”, em alusão à cor das flores; o epíteto específico velutina vem do latim, devido ao fato da folha apresentar indumento de delicados e macios pêlos (RIZZINI, 1955).
NOME CIENTÍFICO
Erythrina velutina Willd.
FAMÍLIA
Fabaceae
Características morfológicas - Forma biológica: árvore aculeada ou espinhenta e decídua. As árvores maiores atingem dimensões próximas a 15 m de altura e 80 cm de DAP (diâmetro à altura do peito, medido a 1,30 m do solo) na idade adulta.
Tronco: é reto a levemente tortuoso. O tronco e os ramos são pouco aculeados. O fuste é geralmente curto, medindo até 5 m de comprimento.
Ramificação: é dicotômica, com a copa ampla, aberta e arredondada.
Casca: mede até 25 mm de espessura (LIMA, 1982). A casca externa ou ritidoma é lisa a levemente áspera.
Folhas: são compostas trifoliadas, sustentadas por pecíolo de 6 cm a 14 cm de comprimento; os folíolos são orbiculares, oval-rômbeos ou triangulares, de consistência cartácea, com a face ventral apenas pulverulenta e dorsal, de cor verde mais clara revestida por densa pilosidade feltrosa, medindo de 6 cm a 12 cm de comprimento por 5 cm a 14 cm de largura.
Inflorescências: ocorrem em fascículos axilares, medindo de 12 cm a 20 cm de comprimento e com três flores.
Flores: o vexilo é alaranjado ou vermelho-rutilante, com lâmina quase orbicular e cálice espatáceo.
Fruto: legume um tanto curvo, de ápices e bases agudas, internamente não-septado, com 1 a 3 sementes.
Sementes: são bicolores, denominadas miméticas (BARROSO et al., 1999), de coloração vermelhoescura e vermelho-alaranjada. São também subquadrangulares ou oblongas, com um hilo curto de posição mediana.
Usos - Aproveitamento alimentar: cruas ou cozidas, as flores dessa espécie são comestíveis (TIGRE, 1970).
Artesanato: por seu belo colorido, as sementes dessa espécie são ornamentais. Com elas, pode-se confeccionar colares, pulseiras e brincos (TIGRE, 1970). Contudo, as sementes têm ação venenosa
quando em quantidade suficiente, causando a morte.
Celulose e papel: a madeira de E. velutina é inadequada para esse uso.
Constituintes fitoquímicos: o alcalóide eritrina, contido na casca e na semente do mulungu, tem poderosa ação nos nervos, causando sua paralisia; quando macerada, a casca tem ação hipnótica e narcótica, tal qual o tingui (Magonia pubescens) age na pesca (TIGRE, 1970). A análise fitoquímica mostrou também a presença de diversos alcalóides do tipo comumente encontrado nas espécies de Erythrina (FERRO et al., 1988).
Corante: quando maceradas, as flores do mulungu produzem uma tinta amareloavermelhada, que pode ser usada para tingir panos (TIGRE, 1970).
Energia: produz lenha de baixo poder calorífico.
Madeira serrada e roliça: por ser leve e porosa, a madeira dessa espécie quase não tem aplicação. Contudo, os sertanejos se servem dela para fazer cavaletes, com os quais atravessam os rios no Nordeste, quando há cheias (BRAGA, 1960). Também é usada como bóia, pau-de-jangada, balsa, cocho para pôr alimento para animais, faca de cortar papel, forma de modelação, molduras, caixotaria, brinquedos e tamancos (TIGRE, 1970).
Medicinal: a casca e os frutos dessa espécie são empregados na medicina popular em algumas regiões do Nordeste, embora a eficácia e a segurança do seu uso ainda não tenham sido comprovadas cientificamente (LORENZI; MATOS, 2002). Assim, seu uso vem sendo feito com base na tradição popular. São atribuídas às preparações de sua casca propriedades sudorífica, calmante, emoliente e peitoral, e ao seu fruto seco, ação anestésica local, quando usado na forma de cigarro, como odontálgico. A infusão da casca é empregada como sedativo e calmante de tosses e de bronquites, bem como no combate a verminoses e no tratamento de hemorróidas; o cozimento (decocto) é indicado para agilizar a maturação dos abcessos nas gengivas (BRAGA, 1960; TIGRE, 1970; BARROS, 1982). É curativa nas picadas de lacraia (Scolopendra morsitans) ou de escorpião (Tytius bahiensis).
Paisagístico: como árvore ornamental, é usada para sebes, cercas-vivas, grupos vegetais arquitetônicos e arborização de ruas e de avenidas.
Plantios com finalidade ambiental: é recomendada para plantios mistos destinados à restauração de áreas degradadas de preservação permanente.
Substâncias tanantes: a casca dessa espécie produz uma tintura amarela e tem propriedade tanínica (TIGRE, 1970).
OCORRÊNCIA
Bahia, ceará, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe
SUCESSÃO ECOLÓGICA
Grupo ecológico ou sucessional: essa espécie é pioneira (SIQUEIRA; RIBEIRO, 2001).
Importância sociológica: Erythrina velutina ocorre preferencialmente nas formações secundárias, apresentando dispersão bastante irregular e descontínua.
VETOR DE POLINIZAÇÃO
Essa espécie é visitada pela abelha-européia ou africanizada – Apis mellifera (CARVALHO; MARCHINI, 1999) – e pelas abelhas mamangavas (Xylocopa spp.) como fonte de néctar (FREITAS; OLIVEIRA FILHO, 2001).
DISPERSÃO DE SEMENTES
Anemocórica (pelo vento) e zoocórica, principalmente por aves.
FRUTO COMESTÍVEL?
Não
ÉPOCA DE FRUTIFICAÇÃO
Frutos maduros ocorrem de setembro a novembro, no Estado de São Paulo (ENGEL; POGGIANI, 1985), em outubro, no Estado do Rio de Janeiro (SANTOS, 1979), de dezembro a fevereiro, em Minas Gerais (BRANDÃO et al., 2002) e de janeiro a março, em Pernambuco (CARVALHO, 1976).
ÉPOCA DE FLORAÇÃO
De julho a agosto, em Minas Gerais (BRANDÃO et al., 2002), de julho a dezembro, na Bahia (ALVIM; ALVIM, 1978), de agosto a setembro, no Estado de São Paulo (ENGEL; POGGIANI, 1985), de setembro a novembro, no Estado do Rio de Janeiro (SANTOS, 1979), de outubro a dezembro, em Pernambuco (ANDRADELIMA, 1954; CARVALHO, 1976), de novembro a dezembro, em Sergipe e de janeiro a fevereiro no Ceará.
REFERÊNCIAS DIGITAIS
CARVALHO, Paulo Ernani Ramalho. Espécies Arbóreas Brasileiras / por Paulo Ernani Ramalho Carvalho. Brasília, DF : Embrapa Informação Tecnológica ; Colombo, PR : Embrapa Florestas, 2008. 3v. (1.039p.) ; (Coleção Espécies Arbóreas Brasileiras).
Pindorama Filmes, disponível em: http://www.umpedeque.com.br/home.php
Mapa de ocorrência natural da espécie (CARVALHO, 2008)
Fonte: PINDORAMA FILMES. UM PÉ DE QUÊ? Mulungu. Vimeo, 12 set. 2016. Disponível em: https://vimeo.com/16319916