NOME POPULAR
grumixama, grumixaba, grumixameira, cumbixaba, ibaporoiti e gurumixameira.
ETIMOLOGIA DO NOME POPULAR
A palavra "grumixama" tem origem no tupi e significa "a que pega na língua" ou "fruta que pega ou aperta na boca ao comer", devido à sua casca e textura adstringente ou "presa" na língua quando consumida.
NOME CIENTÍFICO
Eugenia brasiliensis Lam.
FAMÍLIA
Myrtaceae
DESCRIÇÃO
Características morfológicas - Árvore com altura de 10-15 m, com tronco curto e cilindrico, de 25-40 cm de diâmetro. Copa de forma piramidal quando cresce isoladamente, folhas simples, coriáceas, glabras, de 6-9 cm de comprimento por 3-5 cm de largura (LORENZI, 1992).
Utilidade - Possui madeira moderadamente pesada (densidade 0,71 g/cm³), dura, tecido compacto, com fibras entrecruzadas, pouco elástica, muito quebradiça e fácil de trabalhar, de média resistência ao apodrecimento quando em condições adversas. A madeira é própria para obras de torno, marcenaria comum, carpintaria, para forro e caixotaria. A árvore possui ótimas características para o paisagismo, principalmente pelo seu pequeno porte e forma estreita de copa. É particularmente recomendada para a arborização de ruas estreitas e sob redes elétricas. É bastante cultivada para a produção de frutos, que são saborosos e consumidos principalmente ao natural. Existem variedades de frutos amarelos e preto-arroxeados. Os frutos são também avidamente procurados por pássaros, o que a torna componente indispensável nos reflorestamentos heterogêneos destinados à recomposição de áreas degradadas de preservação permanente (LORENZI, 1992).
A principal utilidade é o consumo humano dos frutos in natura, que são saborosos e ricos em antocianinas (antioxidantes). A árvore é amplamente utilizada no paisagismo urbano e na arborização de praças por seu porte médio e beleza ornamental. A madeira, embora de pequenas dimensões, pode ser empregada para confecção de utensílios domésticos. A espécie também é considerada melífera, fornecendo néctar e pólen para abelhas (LORENZI et al., 2006).
Uma linha de pesquisa desenvolvida na Faculdade de Odontologia de Piracicaba (FOP) da Unicamp, em parceria com a Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Esalq), da Universidade de São Paulo (USP), busca identificar o potencial bioativo de frutas nativas brasileiras. Para tanto, o estudo analisou tanto a atividade antioxidante quanto a composição fenólica de cinco espécies frutíferas nativas. São elas: G. brasiliensis, E. leitonii, E. involucrata, E. brasiliensis e E. myrcianthes, popularmente conhecidas, respectivamente, como bacupari- mirim, araçá-piranga, cereja do Rio Grande, grumixama e ubajaí (MAIA, 2015).
Os resultados já demonstraram grande potencial antioxidante das frutas nativas, o que evidencia um possível efeito positivo em sistemas biológicos. Nos ensaios realizados na FOP é possível afirmar, por exemplo, que os frutos grumixama, ubajaí e bacupari-mirim possuem também importante atividade anti-inflamatória (ZIEGLER, 2017). Acesse a matéria completa pelos links:
https://www.unicamp.br/unicamp/ju/644/estudos-atestam-potencial-bioativo-de-frutas-nativas
Informações ecológicas - Planta perenifólia, heliófita e seletiva higrófita, característica da mata pluvial atlântica, onde é bastante rara. Ocorre em associações primárias de planícies aluviais e encostas suaves. A regeneração natural é bastante limitada.
OCORRÊNCIA
É nativa do Brasil, endemica na Mata Atlântica, ocorrendo principalmente na Floresta Ombrófila Densa, ocorre do sul da Bahia até Santa Catarina, na mata pluvial atlântica. É uma planta rústica, capaz de se desenvolver bem em solos pobres, mas prefere locais úmidos e com boa disponibilidade de luz (LORENZI, 2016).
SUCESSÃO ECOLÓGICA
É classificada como uma espécie secundária inicial a secundária tardia, indicando que se estabelece após a perturbação inicial do ambiente, mas pode persistir e fazer parte do dossel da floresta em estágios mais avançados de regeneração (DURIGAN; MELO, 2010).
FRUTO COMESTÍVEL?
Os frutos são comestíveis, muito saborosos e apreciados tanto por humanos quanto pela fauna silvestre (LORENZI et al., 2006).
ÉPOCA DE FRUTIFICAÇÃO
Os frutos amadurecem em novembro-dezembro.
ÉPOCA DE FLORAÇÃO
Floresce a partir do final do mês de setembro, prolongando-se até novembro.
POLINIZAÇÃO
A polinização da grumixama é feita principalmente por insetos, caracterizando-a como uma espécie entomófila. Os principais vetores são:
Abelhas (Hymenoptera): Abelhas nativas (sem ferrão, como Apidae) e abelhas europeias (Apis mellifera) são visitantes frequentes das flores em busca de néctar e pólen, realizando a polinização cruzada de forma eficiente.
Moscas e outros pequenos insetos (Diptera e outros): Também contribuem para o processo de polinização ao visitar as flores.
As flores da grumixama, típicas da família Myrtaceae, possuem um conjunto de estames numerosos e vistosos (a "pomponzinha" característica), que são altamente atrativos para esses polinizadores (Gressler; Pizo; Morellato, 2006; Silva et al., 2021).
DISPERSÃO DE SEMENTES
A dispersão das sementes da grumixama é realizada principalmente por animais, um mecanismo conhecido como zoocoria. Mais especificamente, é um exemplo clássico de dispersão por aves (ornitocoria).
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
1 - GRESSLER, E.; PIZO, M. A.; MORELLATO, L. P. C. Polinização e dispersão de sementes em Myrtaceae do Brasil. Revista Brasileira de Botânica, v. 29, n. 4, p. 509-530, out.-dez. 2006. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbb/a/dhSyP7Q6jRXyZL6Ny6Q7bHc/?lang=pt. Acesso em: 25 out. 2023.
2 - LORENZI, Harri. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do brasil. Nova Odessa - Sp: Editora Plantarum, 1992. 352 p. (Volume I).
3 - MAIA, Cesar. Jornal da Unicamp: estudos atestam potencial bioativo de frutas nativas. Estudos atestam potencial bioativo de frutas nativas. 2015. Disponível em: https://www.unicamp.br/unicamp/ju/644/estudos-atestam-potencial-bioativo-de-frutas-nativas. Acesso em: 08 jun. 2022.
4 - MIKICH, S. B.; SILVA, S. M. da. Dispersão de sementes por aves em um fragmento de floresta estacional semidecidual no centro-oeste do Paraná, Brasil. In: FIGUEIREDO, G. M. (Org.). Dispersão de sementes na Mata Atlântica. São Paulo: EDUSP, 2001. p. 89-127.
5 - SILVA, B. M. da et al. Fenologia reprodutiva e síndromes de polinização e dispersão de sementes de espécies arbóreas de uma floresta ripária em Altinópolis, SP. Brazilian Journal of Development, v. 7, n. 5, p. 43910-43935, 2021. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rod/a/bq9JnRSRCcYnFRvdybKNTVL/?format=html&lang=pt. Acesso em: 25 out. 2023.
6 - ZIEGLER, Maria Fernanda. Jornal da Unicamp: frutas pouco conhecidas têm alto poder anti-inflamatório e antioxidante. Frutas pouco conhecidas têm alto poder anti-inflamatório e antioxidante. 2017. Disponível em: https://www.unicamp.br/unicamp/ju/noticias/2017/10/02/frutas-pouco-conhecidas-tem-alto-poder-anti-inflamatorio-e-antioxidante. Acesso em: 08 jun. 2022.
Mapa de ocorrência natural da espécie no território brasileiro (FLORA DO BRASIL, 2020)
Disponível em: <https://floradobrasil.jbrj.gov.br/FB10359>. consulta.publica.uc.citacao.acesso.em07 out. 2025
Mapa de localização da espécie no campus da Unicamp / Campinas-SP (CAVALHERI, 2025)
UMUNIZ, Helton Josue Teodoro. Grumixama anã (Eugenia itaguahiensis). YouTube, 17 dez. 2021. Duração: 05:49. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=DxT4PtuaLdI. Acesso em: 7 out. 2025.