NOME POPULAR
copaíba, óleo-de-copaíba, copaíba-vermelha, bálsamo, oleiro, copaíba-da-várzea (AM), copaibeira-de-minas, copaúba, cupiúva, óleo-vermelho, pau-de-óleo (MG), podoi (PI, CE)
ORIGEM DO NOME
O nome copaíba tem origem do tupi guarani “kupa'iwa” e significa “árvore de depósito”, em menção ao óleo-resina que é extraído do tronco através de perfuração até o cerne. Langsdorffii é uma homenagem ao botânico russo Langsdorffii.
NOME CIENTÍFICO
Copaifera langsdorffii Desf.
FAMÍLIA
Fabaceae
DESCRIÇÃO
Características morfológicas - Árvore com altura de 10-15 m, com tronco de 50-80 cm de diâmetro.
Tronco: cilíndrico, tortuoso e curto; fuste até 12 m de altura.
Ramificação: racemosa. Copa larga, com folhagem pouco densa, com folhagem muito decorativa, pela tonalidade avermelhada que toma no início da primavera, inconfundível.
Casca: com espessura de até 17 mm. A casca externa é vermelho-escura nas árvores jovens e marrom a cinza-escura nas árvores velhas, áspera, desprendendo-se facilmente em lâminas nas árvores jovens e em quadrículos ou placas retangulares nas árvores adultas. A casca interna é rosa-clara, exalando resina fragante e com sabor muito amargo.
Folhas: compostas, alternas, paripinadas, com até seis pares de folíolos, com 2 a 4,5 cm de comprimento e 1 a 2 cm de largura, com pecíolo de 1 a 1,5 cm de comprimento e glanduloso. As folhas novas, de cor rosa-clara, constituem elemento valioso para a identificação.
Flores: zigomorfas, apétalas, com quatro sépalas livres, com corola branco-amarelada a creme-rosada, de 4 a 6 mm de comprimento ou 8 mm de diâmetro, quando perfeitamente abertas. São perfumadas, efêmeras, e dispostas em panículas terminais, que recobrem quase toda a copa, com até 10 cm de comprimento, contendo 5 a 35 flores.
Fruto: legume unispermo, deiscente, estipitado, obliquamente elipsóide, de cor avermelhada quando jovem, passando a marrom quando maduro, rico em óleo, de 4 a 5 cm de comprimento por 2 a 3 cm de largura (Crestana & Beltrati, 1988). Ao se abrir, expõe a semente única que permanece ligada a ele pelo funículo.
Semente: elipsóide, exalbuminosa, testa lisa, negra e brilhante; parcialmente envolta por um arilo de origem funicular, consistente, amarelo-alaranjado que recobre o hilo linear curto e a micrópila; a chalaza é pouco distinta (Crestana & Beltrati, 1988). A semente mede de 10 a 19 mm de comprimento por 7 a 10 mm de diâmetro. (CARVALHO, 2003)
Utilidade - A madeira é indicada para a construção civil, como vigas, caibros, ripas, batente de portas e janelas, para confecção de móveis e peças torneadas, como coronhas de armas, cabos de ferramentas e de vassouras, para carrocerias, miolo de portas e painéis, lambris, tábuas para assoalhos, etc. Fornece o bálsamo ou óleo de copáiba, um líquido transparente e terapêutico, que é a seiva extraida mediante a aplicação de furos no tronco até atingir o cerne. A árvore fornece ótima sombra e pode ser empregada na arborização rural e urbana. É também útil para plantios em áreas de preservação permanente (LORENZI, 1992)
Propriedades medicinais - O óleo (bálsamo), depois de filtrado, tem consistência oleosa, cor amarelo-pálida a pardo-esverdeada, às vezes com ligeira fluorescência, sabor amargo e odor aromático característico. tem uma parte volátil formada por compostos sesquiterpênicos, principalmente beta-cariofileno (50-52%), acompanhado de menores quantidades de outros oito sesquiterpênicos. na fração fixa que é a resina, predominam alguns ácidos diterpênicos, especialmente o copálico. No ensaio de atividade antimicrobiana mostrou-se ativo contra Staphylococcus aureus, Bacillus subtilis e Escherichia coli. na medicina tradicional dos povos indpigenas brasileiros desde o período pré-colombiano, o óleo tem sido usado externamente, no tratamento de doenças da pele e como proteção contra picadas de insetos. Depois de sua introdução nas farmacopéias como medicamento antiblenorrágico, seu uso generalizou-se na medicina popular como cicatrizante e antiinflamatório local, e internamente, como diurético, expectorante e antimicrobiano das afecções urinárias e da garganta, neste caso, misturado a mel-de-abelhas e limão. Por sua propriedade antimicrobiana, antiinflamatória e cicatrizante, entra na composição de produtos cosméticos e sabões faciais, possívelmente úteis na prevenção de acne. Vários de seus componentes têm atividade farmacológica científicamente comprovada, denter eles está o beta-cariofileno que tem ação antiinflamatória e protetora da mucosa gástrica. tem se observado que a eficiencia do óleo integral é maior do que as de quaisquer de seus constituintes considerados isoladamente (LORENZI, et al, 2002).
Informações ecológicas - Planta decídua ou semidecídua, heliófita, seletiva xerófita, característica das formações de transição do cerrado para a floresta latifoliada semidecídua. Ocorre tanto na mata primária como nas formações secundárias. produz anualmente grande quantidade de sementes, amplamente disseminadas por pássaros que comem o arilo envolvente.
OCORRÊNCIA
Minas Gerais, Gioás, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Paraná, principalmente na floresta latifoliada da bacia do rio Paraná. Existem várias espécies de copaíba dependendo da região de ocorrência, todas muito parecidas, com as mesmas aplicações e os mesmos nomes; na região sul ocorre a espécie Copaífera trapezifolia Hayne.
SUCESSÃO ECOLÓGICA
Espécie secundária tardia (Durigan & Nogueira, 1990) a clímax (Motta et al., 1997) ou clímax tolerante à sombra (Pinto, 1997). Contudo, Davide & Faria (1997) a consideram como espécie clímax exigente de luz.
FRUTO COMESTÍVEL?
Não
ÉPOCA DE FRUTIFICAÇÃO
Os frutos amadurecem de junho a agosto, no Distrito Federal e no Espírito Santo; de julho a setembro, em Minas Gerais; de julho a setembro, no Paraná; de agosto a setembro, no Estado do Rio de Janeiro e de agosto a outubro, no Estado de São Paulo. Embora Durigan et al. (1997) relatem que o processo reprodutivo inicia entre 20 e 30 anos, a espécie apresentou, em plantios, no centro-oeste do Paraná, frutificação a partir dos 5 anos de idade.
ÉPOCA DE FLORAÇÃO
Ocorre entre os meses de outubro a abril, no Estado de São Paulo; de novembro a março, em Minas Gerais; de dezembro a janeiro, em Goiás e no Distrito Federal; de janeiro a março, no Paraná; de março a abril, no Estado do Rio de Janeiro e de junho a julho, no Ceará e em Pernambuco. No Estado de São Paulo, o florescimento não é anual (Crestana, 1989). Na região de Alfenas, MG, cada árvore de copaíba permanece florida, em média, por 2 meses (Polo & Felippe, 1995a).
DISPERSÃO DE FRUTOS E SEMENTES
Zoocórica. As aves são importantes dispersoras das sementes dessa espécie. Motta Junior & Lombardi, 1987 constataram dez espécies de aves, como o tucanuçu (Ramphastos toco), a gralha-do-campo (Cyanocorax cristatellus) e o sabiá-laranjeira (Turdus rufiventris) atuando como dispersores de sementes de copaíba, engolindo o arilo e regurgitando a semente. O macaco muriqui (Brachyteles arachnoides) também abre o fruto para retirar o arilo da semente, que muitas vezes é engolida e liberada nas fezes, representando um tipo de dispersão endozoocórica (Mendonça Filho, 1996). O mesmo acontece com o macaco-prego (Cebus apella nigritus) (Pedroni & Galetti, 1995). Pedroni (1995) apresenta uma lista de mamíferos e aves, como dispersores ou mesmo predadores de frutos e sementes da copaíba (Copaifera langsdorffii). É hidrocórica, devido a sua ocorrência freqüente junto aos cursos d’água.
VETOR DE POLINIZAÇÃO
Evidencia, em vários níveis, as características de melitofilia, indicando que provavelmente haja grande participação de abelha-européia ou abelha-africanizada (Apis mellifera); irapuá (Trigona spinipes) como vetores de polinização (Kuhlmann & Kuhn, 1947; Crestana, 1989; Morellato, 1991).
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil, vol. I, pag. 152, Harri Lorenzi. -- Nova Odessa, SP : Editora Plantarum, 1992.
Plantas medicinais no Brasil: Nativas e Exóticas, vol. I, pags. 279-280, Lorenzi et al. -- Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum de Estudos da Flora Ltda, 2002.
CARVALHO, P. E. R. Copaíba: Copaifera langsdorffii. In: CARVALHO, P. E. R. Espécies arbóreas brasileiras. Brasília: Embrapa Informação Tecnológica; Colombo: Embrapa Florestas, 2003. v.1, p. 395-404. (Coleção espécies arbóreas brasileiras, v. 1).
Mapa de ocorrência natural da espécie (CARVALHO, 2003)
Fonte: UM PÉ DE QUÊ? Copaíba. YouTube, 21 out. 2022. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=nZRhdiMehak