NOME POPULAR
jenipapeiro, jenipapo, jenipa, jenipapinho, janipaba, janapabeiro, janipapo, janipapeiro
NOME CIENTÍFICO
Genipa americana Linnaeus
FAMÍLIA
Rubiaceae
DESCRIÇÃO
Características morfológicas - Forma biológica: árvore perenifólia; no Acre, é caducifólia. Comumente apresenta 5 a 15 m de altura e 20 a 60 cm de DAP, podendo atingir 30 m de altura e 90 cm de DAP, na idade adulta.
Tronco: reto e cilíndrico. Fuste normalmente curto, quando isolado, com 3 a 8 m de comprimento, mas na floresta, atinge até 15 m.
Ramificação: dicotômica. Copa estreita, arredondada, com folhagem característica.
Casca: com aproximadamente 6 mm de espessura. A casca externa é pardo-clara a cinza-esverdeada, lisa até áspera pela presença de lenticelas, com placas brancas. A casca interna é branco-amarelada e macia.
Folhas: simples, opostas, oblongo-obovadas, coriáceas, curto-pecioladas, com duas estípulas interpeciolares, de inserção oposta, persistentes, com até 5 cm de comprimento; de cor verde-escura e lustrosa, com 15 a 35 cm de comprimento e 3 a 10 cm de largura, agrupadas no extremo dos ramos.
Flores: hermafroditas, campanuladas de corola branca a amarela, de 1,8 a 4 cm de comprimento, suavemente aromática, dispostas num dicásio axilar, paucifloro ou solitário, de 5 a 10 cm de comprimento.
Fruto: anfissarcídio de forma ovóide, às vezes assimétrico, indeiscente, de cor amarelo-alaranjada, medindo 9 a 15 cm de comprimento e 6,5 a 8,5 cm de diâmetro, pesando entre 200 a 400 g, com epicarpo pardo, aroma penetrante ligeiramente fermentado quando maduro, carnoso, de consistência mole, suculento, com polpa comestível.
Sementes: de forma ovóide, achatadas, com tegumento duro e coriáceo, de coloração castanho-escura, com 10 a 12 mm de comprimento, envoltas por uma polpa comestível pouco abundante.
Existe uma variedade de jenipapeiro que não apresenta sementes, sendo, inclusive, muito procurada (CARVALHO, 2003).
Utilidade - Matéria tintorial: a casca e principalmente o pericarpo do fruto. Do pericarpo do fruto, quando ainda verde, extrai-se um líquido amarelado, que altera sua tonalidade para azul-escuro. Tanto a casca quanto o pericarpo do fruto contêm substância corante que em combinação com a proteína epidérmica, desenvolve aos poucos, uma coloração negra notavelmente fixa. Os índios usam essa substância corante para tatuagem e para pintar seus corpos de um negro brilhante, nos rituais e como proteção contra picadas de insetos. Parece que o jenipapeiro é cultivado pelo índio mais pela tintura do que pelos frutos comestíveis. Atualmente, é empregado na marcação de peças de roupas, pintura de tecidos de palha e em outros utensílios domésticos.
Óleo: o tronco produz suco tintorial amarelo, conhecido por jenipapina.
Resina: do tronco, por incisão, emana uma resina branca, ou amarelada, adocicada.
Substâncias tanantes: a casca contém cerca de 0,70% de tanino, próprio para curtume. Contudo, Sakita & Vallilo (1990) encontraram pouca presença de tanino só no lenho.
Alimentação humana: o fruto do jenipapeiro é consumido in natura, lembrando maças secas, sendo comercializado em muitas cidades brasileiras, entre as quais Belo Horizonte, MG (Macedo, 1992). Entretanto, é mais apreciado na forma de compotas, vinhos, licores, doce em massa, geléia e doce cristalizado. É também servido frito em manteiga e adoçado com açúcar e canela-da-índia. É usado na suplementação alimentar de suínos e do gado, em geral. Adicionando-se vinho ou limão aos frutos, obtém-se xarope e uma bebida refrescante chamada jenipapada (Macedo, 1992). Quando submetidos à fermentação, obtém-se bebida vinosa, da qual se faz vinho e licor, muito apreciados (Cavalcante, 1979; Macedo, 1992). Os frutos são difíceis de se transportar e de armazenar por muito tempo.
Apícola: o jenipapeiro produz flores melíferas, com produção de néctar.
Medicinal: várias partes do jenipapeiro são usadas na medicina popular (Correa, 1969). A casca é adstringente; o fruto verde é considerado anti-sifilítico e bom para curar calosidade dos pés e cicatrizar o umbigo das crianças. Os frutos maduros são usados como refresco, desobistruente e tônico (Campelo, 1988) contra anemia, asma, diarréia, icterícia, como diurético e, em infusão, é empregado contra a enterite crônica. A raiz é purgativa; as folhas são anti-sifilíticas, sendo usadas nas Américas desde o período pré-colombiano (Ducke, 1946). A emulsão das sementes piladas constitui um vomitório eficaz e de efeito rápido (Prance & Silva, 1975). Os índios tratam as ulcerações tingindo-as com jenipapo. Na medicina popular, é conhecido como o único remédio com capacidade de exterminar Vandellia sp., família Trichomycteridae, um parasito infame dos rios Paraguai e Amazonas, que entra pelos orifícios humanos (Lopez et al., 1987). Em Cuba, consideram-no afrodisíaco. Posologia: frutos maduros em infusão ou decoto a 5%, dose máxima diária: 200 ml; extrato fluído, dose máxima diária: 50 ml (Campelo, 1988). Os nativos da Guiana Francesa preparam um purgativo da raiz raspada em decocção. A casca do tronco é também usada contra a diarréia e como emplastros para curar as úlceras da pele.
Paisagístico: o jenipapeiro é também usado em paisagismo, sendo recomendado para arborização urbana (Lorenzi, 1992).
Reflorestamento para recuperação ambiental: o jenipapeiro abriga e dá alimento aos pássaros. Seu fruto serve de alimento a várias espécies de peixes, principalmente ao pacu (Colossoma mitrei) (Conceição & Paula, 1986). Apresenta grande potencial de uso em recuperação de áreas alteradas, com inundação temporária ou mesmo em locais mais secos. Pode ser plantado em áreas brejosas ou em faixas próximas à margem de rios e em locais com inundações periódicas de média a longa duração (Durigan & Nogueira, 1990; Torres et al., 1992). Experimentada no Estado de São Paulo, essa espécie tolerou 174 dias de inundação (Salvador, 1986). É fundamental na recomposição de matas ciliares, em margens de represas com piscicultura (Bicudo, 1973) e de açudes (Salvador & Oliveira, 1989), pois seus frutos são fonte de alimento para a fauna (CARVALHO, 2003).
Informações ecológicas - o jenipapeiro apresenta intensa regeneração em capoeirões, áreas de atividade antrópica ou colonizando áreas abertas. É comum na floresta secundária e rara na floresta primária. Espécie freqüente nas matas ciliares e também nas partes secas. Apresenta posição média ou superior no dossel das florestas (CARVALHO, 2003).
OCORRÊNCIA
Região amazônica, na floresta situada em terrenos argilosos ou arenosos e ocasional na várzea.
SUCESSÃO ECOLÓGICA
A posição do jenipapeiro nos grupos ecológicos é discutida por vários autores: espécie pioneira (Motta et al., 1997), secundária inicial (Durigan et al., 1997) a secundária tardia (Siqueira & Figliolia, 1998)
FRUTO COMESTÍVEL?
Sim
ÉPOCA DE FRUTIFICAÇÃO
Os frutos amadurecem de junho a julho, no Pará; em agosto, no Estado do Rio de Janeiro; de outubro a dezembro, em Minas Gerais; em dezembro, no Distrito Federal; de janeiro a março, no Estado de São Paulo; de fevereiro a março, no Acre; de fevereiro a abril, em Pernambuco, e em abril, no Espírito Santo e em Mato Grosso do Sul.
ÉPOCA DE FLORAÇÃO
De novembro a dezembro, em Minas Gerais; de novembro a março, no Estado de São Paulo; de dezembro a fevereiro, na Bahia e em Pernambuco; em janeiro, no Estado do Rio de Janeiro e, em fevereiro, em Mato Grosso do Sul.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
Carvalho, Paulo Ernani Ramalho. Espécies Arbóreas Brasileiras / por Paulo Ernani Ramalho Carvalho. Brasília, DF : Embrapa Informação Tecnológica ; Colombo, PR : Embrapa Florestas, 2003. 1v. (1.039p.) ; (Coleção Espécies Arbóreas Brasileiras)
PINDORAMA FILMES (Brasil). Um pé de quê: jenipapo. Jenipapo. 2016. Estevão Ciavatta, regina Casé. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=2xMAC7gc64I. Acesso em: 13 jul. 2022.
Mapa de ocorrência natural da espécie (CARVALHO, 2003)
Mapa de localização da espécie no campus da Unicamp / Campinas-SP (CAVALHERI, 2025)
Fonte: UM PÉ DE QUÊ? Jenipapo. YouTube, 19 mai. 2016. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=2xMAC7gc64I