NOME POPULAR
caiué, dendê-do-pará, corozo
ORIGEM DO NOME
A palavra "dendê" é uma adaptação do quimbundo "ndénde", uma língua da família Bantu falada em Angola.
NOME CIENTÍFICO
Elaeis oleifera (Kunth) Cortés
FAMÍLIA
Arecaceae
DESCRIÇÃO
Características morfológicas - Caule solitário, rastejante na base e tornando-se ereto no ápice, desprovido de palmito no topo, de 1-6 m de altura e 30-40 cm de diâmetro, com aspecto grosseiro e marcado pelas cicatrizes das folhas já caídas. Folhas numerosas (20-40 contemporâneas), pinadas, arqueadas, planas, de 2,5-3,5 m de comprimento; pinas lineares, em número de 33-90 de cada lado da raque, de cor verde-brilhante, distribuídas regularmente e dispostas num mesmo plano; a forma de distribuição das pinas sobre a raque separa esta espécie do dendezeiro africado que as tem agrupadas e em diferentes planos; pecíolo longo e coberto por espinhos fortes e recurvados nas margens. Inflorescên-cias ramificadas e dispostas de maneira comprimida entre as folhas, cobertas por brácteas em forma de fibras na floração, unissexuadas, porém geralmente de um único sexo de cada vez. Frutos oblongos ou comprimidos pelo excesso na infrutescência, alaranjados, de polpa oleosa e com uma única semente (LORENZI, 2020).
Utilidade - Mesocarpo (Polpa do Fruto) é fonte de Caroteno (pró-Vitamina A) e Rico em Calorias: Isso torna o óleo extraído da polpa (óleo de palma) um alimento altamente energético e nutritivo. A coloração alaranjada do óleo virgem é um indicativo visual da alta concentração de carotenoides.
O óleo de palma extraído do mesocarpo é amplamente utilizado na culinária regional. É importante diferenciar este óleo do óleo de palmiste, que é extraído da amêndoa (semente).
Após a extração do óleo da polpa, o resíduo sólido (farelo ou torta) é rico em nutrientes remanescentes e fibras, sendo um ingrediente valioso para a composição de rações para animais.
O óleo é utilizado em preparações cosméticas para hidratar e condicionar os cabelos, graças à sua composição de ácidos graxos e vitaminas.
Informações ecológicas - Cresce em áreas de floresta tropical úmida, frequentemente em: Solos Sazonalmente Inundados (várzeas e igapós); Terra Firme, mas sempre em locais com boa disponibilidade de água; Clareiras Naturais e bordas de floresta. A Elaeis oleifera é classificada como uma espécie pioneira a secundária inicial. Ela se estabelece em áreas abertas com alta incidência de luz, como clareiras formadas pela queda de árvores, margens de rios e áreas antrópicas abandonadas. Cresce rapidamente sob sol pleno, mas suas plântulas são intolerantes ao sombreamento intenso. Portanto, não consegue se regenerar no interior da floresta madura e fechada. À medida que a sucessão florestal avança e o dossel se fecha, a espécie é gradualmente substituída por espécies mais tolerantes à sombra (espécies climáx). É bem adaptada a solos com drenagem deficiente e a períodos de inundação sazonal, comuns em seu habitat natural. Possui um sistema radicular robusto que a auxilia na fixação em solos instáveis e na absorção de nutrientes. Apresenta um caule (estipe) que cresce de forma rasteira ou subterrânea (haustório) em seus primeiros anos, uma adaptação que pode protegê-la de herbívoros e intempéries.
OCORRÊNCIA
A espécie é nativa das Américas, com ocorrência natural em uma vasta região que se estende desde a América Central (Nicarágua, Costa Rica, Panamá) até a Amazônia ocidental e norte da América do Sul. No Brasil, é encontrada principalmente nos estados da Amazônia (Amazonas, Acre, Rondônia, Pará e Amapá), no Amazonas, nas margens do Rio Madeira, onde forma grandes colônias.
SUCESSÃO ECOLÓGICA
Pioneira a secundária-inicial.
FRUTO COMESTÍVEL?
Sim
ÉPOCA DE FRUTIFICAÇÃO
Assim como a floração, a frutificação também é contínua, porém com um atraso em relação à floração. Após a polinização, leva-se aproximadamente 5 a 6 meses para que os frutos amadureçam completamente. Este é um ciclo mais longo do que o da Elaeis guineensis (dendê africano).
ÉPOCA DE FLORAÇÃO
A floração ocorre de forma contínua ou sazonalmente ao longo de todo o ano. Isso significa que em uma população ou até mesmo em um único indivíduo, é possível encontrar inflorescências em diferentes estágios de desenvolvimento em várias épocas. Em muitos locais de sua distribuição natural, observa-se um aumento na produção de inflorescências durante e após a estação chuvosa. A disponibilidade de água é um fator crucial para o desenvolvimento floral.
DISPERSÃO DE FRUTOS E SEMENTES
A dispersão é realizada principalmente por zoocoria (dispersão por animais). Seus frutos oleosos são consumidos por uma variedade de animais, incluindo: Mamíferos: Queixadas (Tayassu pecari), antas (Tapirus terrestris), macacos e morcegos frugívoros; Aves: Tucanos e outras aves de médio e grande porte. Estes animais ingerem os frutos e dispersam as sementes intactas pelas fezes, muitas vezes em clareiras favoráveis à germinação.
VETOR DE POLINIZAÇÃO
A polinização é predominantemente entomófila (feita por insetos), com besouros (Curculionidae e Nitidulidae) sendo os principais polinizadores. O odor forte exalado pelas inflorescências atrai esses insetos.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
LORENZI, Harri et al. PALMEIRAS NO BRASIL: nativas e exóticas. Nova Odessa, Sp: Editora Plantarum, 1996. 303 p.
Lorenzi, H. Elaeis in Flora e Funga do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro.Disponível em: https://floradobrasil.jbrj.gov.br/FB34035>. Acesso em: 18 mai. 2022
Mapa de ocorrência natural da espécie (Fonte: Programa REFLORA/CNPq)
Disponível em: <https://floradobrasil.jbrj.gov.br/FB34035>. Acesso em: 06 out. 2025
Mapa de localização da espécie no campus da Unicamp / Campinas-SP (CAVALHERI, 2025)
Fonte: Dendê, a base de tudo! - Nosso Brasil episódio 3, disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=hx_VAfTINH8