"Eu sou aquela professora apaixonada pela educação infantil. Que acredita no potencial de cada criança e tem a certeza de que somente através de uma educação com excelência essas crianças poderão transformar a sua realidade e a realidade do mundo
Sou Ana Paula pedagoga recém formada educadora infantil apaixonada pelo que faz. Estou na oficialmente na educação desde 2013 mas acredito que sou profeasora desde que minha primeira filha, na epoca com pouco mais de 1 ano e meio de idade começou a frequentar uma escolinha particular e eu passei a vivenciar e a me dedicar as tarefas dela, as festinhas da escola , as gincanas de festa junina, a rainha da pipoca e com a segunda filha a dedicação não foi diferente, mas essa frequentou uma turminha de 3 anos de uma E.M.E.I. (Escola Municipal de Educação Infantil) e foi ai que eu me apaixonei pela educação de crianças pequenas. Mas quando ouvi da minha filha que uma das tias da escola havia ensinado que na Africa(atual) as pessoas caçavam e andavam nuas vi que precisa ter uma atuação mais significativa em relação a historia de meus ancestrais e comecei a buscar fontes seguras de conhecimento para educar minhas filhas. Foi ai que em 2004 encontrei o projeto A Cor da Cultura e conheci pessoas que me ensinaram muito do que sei hoje e despertaram em mim a vontade de atuar em sala ensinando as criancas, assim como as minhas filhas, a contarem a verdadeira historia de África - o berço do mundo.
De lá pra cá não parei mais.
Estudei, busquei muitas fontes, participei de muitos momentos de construção, ouvi e recontei muitas historias sobre o povo preto!! Me apropriei da minha propria historia.
Hoje me orgulho do meu trabalho e continuo buscando aprender todos os dias para que as crianças que por mim passarem carreguem a lembrança e a certeza de um povo preto nobre, com uma inteligente incrivel, dotado de multiplos talentos que originou todos os outros povos."
Professora Ana Paula Silva
Para que todos saibam que foi em um canto isolado do leste da África negra, que a mais incrível as espécies da terra evoluiu e se espalhou por todo o resto do planeta. Por isso, não faz diferença qual é a cor da sua pele, dos seus olhos, em qual país você vive, que língua você fala, não importa em qual deus você acredita. Lá no começo da sua árvore genealógica estão os primeiros humanos, que pisaram este chão.
Para que todos saibam da origem africana e negra dos antigos egípcios, nossos ancestrais que vieram de África, um continente de conquistas e feitos, onde se produziu e se produz arte, ciência, tecnologia, filosofia, onde os negros sempre foram os protagonistas. Por isso essa ancestralidade deve ser fonte de orgulho.
Celebremos, pois a beleza de pertencermos todos à mesma raça... Humana. E de sermos assim tão diversos.
"Um povo que perde a sua memória histórica, se torna um povo frágil." (Cheikh Anta Diop)
Professora Ana Paula Silva
O Projeto foi executado em duas intituições de Educação Infantil, na Cidade de Belo Horizonte:
•2019 - Turma da Sabedoria 2/3 anos - Creche Dom Bosco C.D.B.
•2018 - Turma do Abraço 5/6 anos - Creche Comunitaria Eunice Lanza C.C.E.L
Meu nome é Solimar Rodrigues, sou natural de Belo Horizonte, nascida em 12 de abril de 1980. Formada em Magistério pelo Instituto de Educação de Minas Gerais, graduada em Arte Educação com lincenciatura em Educação Artística e Artes Plásticas pela Guignard ( UEMG), pós graduada em Psicopedagogia pelo CEPEMG. Professora da Rede Municipal de Belo Horizonte desde 2005 e da Rede de Ensino Particular desde 1999. Integrante do Núcleo de Estudos das Relações Étnico Raciais da Regional Noroeste com orgulho e alegria!
Introdução
O preconceito é um dos problemas mais presentes tanto dentro como fora da escola. A inserção no Núcleo de Estudos das Relações Étnico-Raciais sensibilizou o olhar sobre a maneira pejorativa que algumas crianças se relacionam na educação infantil, o que alterou minha postura diante de situações de discriminação vivenciadas em sala de aula. O preconceito racial e a intolerância não devem ser admitidos e, por isso, a escola deve ter a preocupação com essa questão.
Referencial teórico
Segundo as Proposições Curriculares para a Educação Infantil – Volume 1 (2014, pag. 56) “... é fundamental que os professores e educadores estejam atentos para intervir imediatamente mediante situações de discriminação e racismo nas vivencias cotidianas e nas relações entre as crianças”. A inserção no Núcleo de Estudos das Relações Étnicos-Raciais aflorou ainda mais a minha percepção da necessidade de desenvolver as mais variadas práticas e vivências relacionadas ao preconceito em sala de aula.
Dentro da pespectiva de Tatit, (2003, pag. XVII):
"…o modo de aprendizagem dos alunos é um fio condutor importante nas propostas de ensino. Entre as ações de aprendizagem em arte, o pensar sobre arte e o fazer arte formam um binômio destacado na sala de aula. È desejavel que fazer arte na escola promova o desenvolvimento do percurso de criação pessoal do aluno."
Tenho formação em Arte Educação e os suportes e materiais diferentes para o trabalho com a Educação Infantil sempre despertaram o meu interesse na prática de sala de aula.
Trabalhar a socialização e a diversidade dentro da sala de aula valoriza as características individuais e semelhanças existentes entre as crianças da turma.
"...valorizar a diversidade não pressupõe tratar todos como iguais, pois não o são, pressupõe o reconhecimento da diferença e se acolhimento da perspectiva de respeito e valorização e cada sujeito, cada comunidade, cada cultura pelas suas próprias características e modo de ser, sem juízo de valor ou hierarquização. (Proposições Curriculares para a Educação Infantil– Volume I, 2014, pag.52)"
Realizamos algumas práticas lúdicas e interativas para promover a socialização, o desenvolvimento da identidade e respeito à diversidade de tons de pele e cabelos. Conforme a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) (2017, pag.35)
"A interação durante o brincar caracteriza o cotidiano da infancia, trazendo consigo muitas aprendizagens e potenciais para o desenvolvimento integral das crianças. Ao observar as interações e a brincadeira entre as crianças e delas com os adultos, é possivel identificar, por exemplo a expressão dos afetos, a mediação das frustrações, a resolução de conflitos e regulação das emoções."
Outro recurso importante na sala de aula é a pratica de narração de histórias, segundo BNCC (2017, pag.40) “as experiências com literatura infantil, propostas pelo educador, mediador entre os textos e as crianças, contribuem para o desenvolvimento do gosto pela leitura, do estímulo à imaginação e da ampliação do conhecimento de mundo.”
Objetivos da experiência
Apresentar novas práticas em sala de aula, com vivências para o desenvolvimento de uma cultura de valorização e respeito a diversidade.
Dar a oportunidade a todas as crianças de formação de identidade positiva na valorização da autoestima.
Metodologia
O trabalho artístico foi desenvolvido na Escola Escola Municipal Oswaldo Pieruccetti, localizada no Conjunto Filadélfia, com a turma flex composta por crianças de 4 e 5 anos.
● Narração de histórias: apresentação do Livro Betina de forma lúdica.
● Roda de conversa: promovendo as trocas sociais, a escuta de diferentes pontos de vista das crianças sobre os assuntos tratados..
● Brincadeiras folclóricas: seleção de brincadeiras que permitam as trocas sociais no contato físico entre as crianças.
● Trabalhos artísticos: exploração de diferentes recursos plásticos nas produções de arte, entre eles giz de cera tons de pele, guache, aquarela.
Desenvolvimento
Durante um do dos encontros do Núcleo das Relações Étnica-raciais, conheci o Giz de cera tons de pele e nasceu o desejo de utilizar o recurso artístico com a turma.
Apresentei a novidade para a Equipe da Educação Infantil da Instituição onde leciono e iniciei a sensibilização da turma de alunos para os quais dou aula, para fazer o uso não apenas buscando a exploração do material a ser usado nas aulas de arte, mas reconhecendo os mais diversos tons de pele.
Foram propostas brincadeiras de socialização, reconhecimento e valorização de características individuais, semelhanças existentes entre as crianças da turma. Uma delas foi a brincadeira folclórica Cabra Cega, que propunha o reconhecimento dos colegas de sala e por meio do tato e com os olhos vendados, cada criança descreveu as características dos cabelos que estavam sendo tocados.
Desta maneira, trabalhamos expressões verbais de maneira adequada e ao tocar os cabelos dos colegas. Cada criança descrevia-os como crespos, ondulados, cacheados… Anteriormente, algumas verbalizações surgiam na Educação infantil como “cabelo duro” ou “espetados”. Por meio de propostas lúdicas, essas expressões, gradativamente, vêm sendo substituídas.
Uma das histórias apreciadas com o grupo foi Betina , da autora Nilma Lino Gomes, onde apreciamos as ilustrações das tranças da personagem, suas descobertas e a convivência familiar. Desenvolvemos Rodas de Conversa sobre o assunto, ouvindo opiniões das crianças e relatos de alunas que possuem o hábito de ir de cabelos trançados para a escola.
Em outro momento, foi utilizado o recurso da Sacola surpresa na Roda Social para apresentar o material Giz de cera tons de pele. A sacola decorada foi explorada na Roda e demonstrei o uso dele em papéis, observando as diferentes tonalidades e fizemos a relação com as diferentes cores de pele e a beleza da diversidade.
Conversamos sobre a proposta do Autorretrato, os materiais que utilizaríamos, entre eles o tecido, tintas, pincéis, giz de cera. As crianças demonstraram interesse especial pelo novo recurso artístico. O trabalho de Arte foi desenvolvido em etapas e por grupos. Ao concluir o trabalho, as crianças ajudaram a pensar na forma de exposição.
As pinturas foram expostas no mural externo da sala no dia da Reunião de Pais, para o fechamento do semestre e entrega dos Relatórios individuais. Conversei sobre o Núcleo de Estudos, expliquei um pouco mais a respeito da proposta da atividade, incorporando no ambiente escolar os princípios da igualdade racial, o que motivou a nossa exposição.
Quando as fotos dos trabalhos foram divulgadas no grupo Do Núcleo, por intermédio da Eliana, colega integrante do Núcleo de Estudos, a artista plástica Daniela Moser entrou em contato conosco para a realização da exposição dos trabalhos em seu ateliê.
Com orgulho e alegria enviamos os convites às famílias para a apreciação dos trabalhos de seus filhos.
Foi perceptível o empenho das crianças ao desenvolver as atividades propostas e o orgulho ao ver seus trabalhos valorizados por uma artista plástica, o que elevou a autoestima das crianças e familiares.
Considerações finais
Considero que novas práticas em salas de aula, desperta nos alunos da Educação Infantil um olhar sobre a diversidade, visando a superação do preconceito e o combate à discriminação étnico-racial.
Por meio de novas práticas em sala de aula, com vivências dentro do desenvolvimento de uma cultura de valorização e respeito à diversidade, as crianças apresentaram, gradativamente, mudanças comportamentais, ao se expressarem verbalmente a respeito de suas características pessoais e também dos colegas.
Segundo relatos das famílias de alguns alunos, o trabalho desenvolvido vem trazendo mudanças positivas dentro da formação da identidade e autoestima. O mesmo vem sendo observado nas relações das crianças em sala de aula, assim como o aumento da confiança em suas potencialidades.
Referências
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Educação é a Base. Brasília, MEC/CONSED/UNDIME,2017. Disponível em: < 568http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_publicacao.pdf >. Acesso em: 25 setembro 2019.
GOMES, Nilma Lino Título: Betina. SBN-13: 9788571604735, ISBN-10: 8571604738. Local: Editora Mazza, 2009.
Proposições Curriculares para Educação Infantil: fundamentos / Ana Claudia Figueiredo Brasil Silva Melo (org) – Belo Horizonte: SMED, 2014. 136 p. (desafio da Formação, 1 )
TATIT, Ana e MACHADO, Maria Silvia M. 300 Propostas de Artes Visuais. 2ª.Edição. Edições Loyola: São Paulo, 2004.
O Projeto foi executado na Escola Municipal Oswaldo Pieruccetti, na Cidade de Belo Horizonte:
Com Crianças de 4 e 5 anos