Conheça Cientistas Negres e Indígenas que deixaram sua marca na história
(Física)
Walker II foi um físico que estudou ativamente o Sol por meio de raios-x e sensores ultravioletas. Ele é mais conhecido por ter desenvolvido telescópios ultravioletas para fotografar a coroa solar, por sinal. Suas metodologias ainda são usadas na astrofísica atual, em telescópios solares como o SOHO/EIT e o TRACE, e também na fabricação de microchips via fotolitografia ultravioleta. Há um prêmio anual dado em seu nome pela Sociedade Astronômica do Pacífico, inclusive.
SAIBA MAIS:
https://en.wikipedia.org/wiki/Arthur_B._C._Walker_Jr.
https://www.blackpast.org/african-american-history/walker-arthur-bertram-cuthbert-jr-1936-2001/
(Astrônomia)
Astrônomo afro-americano, relojoeiro e inventor, Banneker usou seu conhecimento de astronomia para criar almanaques que continham informações sobre os movimentos do Sol, da Lua e dos planetas.
Aprendeu astronomia e matemática avançada através de livros emprestados por seu vizinho, o topógrafo George Ellicott.Banneker começou a fazer cálculos para prever eclipses solares e lunares, um trabalho que inclusive corrigiu erros cometidos por especialistas da época. Depois, compilou sua obra no Benjamin Banneker Almanac, com uma tabela das posições dos objetos celestes e onde elas apareciam no céu em determinados momentos durante cada ano. O almanaque também listou tabelas de marés em vários pontos ao redor da região da Baía de Chesapeake.
O Secretário de Estado Thomas Jefferson ficou impressionado com o trabalho de Banneker, e enviou uma cópia do almanaque à Academia Real de Ciências de Paris como prova do talento dos negros.
O almanaque de Banneker ajudou a convencer a muitos, na época, que os negros não eram intelectualmente inferiores aos brancos.
SAIBA MAIS:
https://www.greelane.com/pt/humanidades/hist%c3%b3ria--cultura/benjamin-banneker-profile-1991360/
https://brasilescola.uol.com.br/biografia/benjamin-banneker.htm
(Ciências Sociais)
Célia Xakriabá cursa doutorado no Departamento de Antropologia da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (Fafich) da UFMG, onde desenvolve a tese Fortalecendo as epistemologias nativas por meio das vozes indígenas na universidade. Por meio das falas dos estudantes indígenas, ela investiga se os conhecimentos desses alunos também entram nas instituições de ensino superior ou se apenas seus corpos estão sendo acolhidos.
A cientista social busca ampliar o conceito de território e afirma que "território também é corpo e o conhecimento é um corpo territorializado. Então pensar o corpo indígena na universidade é pensar um corpo de conhecimento". Ao apontar as benzedeiras e parteiras como as primeiras mulheres cientistas na ciência do território, a pesquisadora revela: "só consigo produzir ciência com a cabeça se eu tiver com os pés e o meu corpo firmes no chão do território".
Sobre ser a primeira indígena a ingressar em um curso de doutorado na UFMG, a pesquisadora afirma que "ocupar esse lugar é trazer outra ciência para o tronco do debate epistemológico junto com o compromisso redobrado de não ser a última doutoranda indígena, além de questionar por que, em pleno século XXI, somente agora estão chegando as primeiras mulheres indígenas nas universidades".
Texto retirado do site: https://ufmg.br/comunicacao/assessoria-de-imprensa/release/ultimo-episodio-da-serie-mulheres-cientistas-conta-historia-da-primeira-indigena-a-ingressar-em-doutorado-na-ufmgSAIBA MAIS:
https://www.instagram.com/celia.xakriaba/
https://yam.com.vc/sabedoria/791662/celia-xakriaba-curando-a-terra-curamos-a-nos-mesmos
https://www.itaucultural.org.br/celia-xakriaba-mekukradja
https://www.youtube.com/watch?v=v9W3zRblEMw
(Educação e Linguística)
Daniel Munduruku (Belém, 28 de fevereiro de 1964) é um escritor e professor paraense, pertencente ao povo indígena Munduruku. Autor de 56 livros publicados por diversas editoras no Brasil e no exterior, a maioria classificados como literatura infanto-juvenil e paradidáticos. É Graduado em Filosofia e tem licenciatura em História e Psicologia. Tem Mestrado e Doutorado em Educação pela USP - Universidade de São Paulo e Pós-Doutorado em Linguística pela Universidade Federal de São Carlos - UFSCar.
Já recebeu vários prêmios nacionais e internacionais por sua obra literária : Prêmio Jabuti CBL - Câmara Brasileira Do Livro (2004 e 2017); Prêmio da Academia Brasileira de Letras (2010) - ABL; Prêmio Érico Vanucci Mendes - CNPq; Prêmio para a Promoção da Tolerância e da Não Violência - UNESCO, Prêmio da Fundação Bunge pelo conjunto de sua obra e atuação cultural, em 2018 Em 2021 foi condecorado pela OAB/SP como personalidade literária, entre outros. Muitos de seus livros receberam selo Altamente Recomendável da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil - FNLIJ. Ativista engajado no Movimento Indígena Brasileiro, reside em Lorena, interior de São Paulo, desde 1987. Cidade onde é Diretor-Presidente do Instituto Uka e do selo Uka Editorial. Também é membro-fundador da Academia de Letras de Lorena. Foi cofundador da primeira livraria online especializada em livros de autores indígenas e promove há 18 anos, o Encontro de Escritores e Artistas Indígenas no Rio de Janeiro em parceria com a FNLIJ. Em 2021 concorreu à Cadeira 12 da Academia Brasileira de Letras.
SAIBA MAIS:
https://www.instagram.com/danielmundurukuoficial/
https://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa641354/daniel-munduruku
https://www.youtube.com/watch?v=8D4RF2CqR68
(Cultura Indígena e Sabedorias Ancestrais)
Davi nasceu por volta de 1956 no Marakana, uma comunidade Yanomami localizada no alto rio Toototopi no estado do Amazonas, no norte da floresta amazônica, perto da fronteira com a Venezuela.
No final da década de 1950 e durante a década de 1960, os primeiros contatos com os brancos (o Serviço de Proteção ao Índio do governo (SPI), a Comissão Brasileira Demarcadora de Limites (CBDL) e os missionários norte americanos da Missão Evangélica Novas Tribos) trouxeram doenças fatais para os Yanomami isolados nesta região remota. A comunidade de Davi foi dizimada e muitas pessoas de sua família, incluindo sua mãe, morreram durante essas epidemias que devastaram a região de 1959 a 1967.
Ele trabalhou durante muitos anos como intérprete da Fundação Nacional do Índio, FUNAI, traduzindo para equipes médicas que trabalhavam nas comunidades Yanomami e ajudando a FUNAI a expulsar os invasores de suas terras. Esta experiência permitiu que Davi viajasse por muitas comunidades e interagisse com autoridades do governo e outras pessoas de fora.
Em 1983, Davi começou a lutar para o reconhecimento do território Yanomami localizado nos estados de Roraima e Amazonas. Garimpeiros ilegais estavam começando a invadir a região, espalhando doenças como malária e gripe, para as quais os Yanomami não tinham resistência imunológica. Em consequência disso, 20% da população Yanomami foi dizimida entre 1986 e 1993, vítimas de doenças e de ataques violentos.
A luta de Davi o levou a muitos países. A primeira vez que ele deixou o Brasil foi a convite da Survival International, que o convidou a receber o prêmio Right Livelihood ou ‘prêmio Nobel alternativo’ em seu nome, em uma cerimônia no Parlamento sueco em 1989, com o intuito de lançar uma campanha internacional pela demarcação do território Yanomami. O prêmio foi dado em reconhecimento aos esforços da Survival por lutar junto dos Yanomami e pelo sucesso em ‘conscientizar o público sobre a importância da sabedoria dos povos tradicionais para o futuro da humanidade’. Durante esta viagem, Davi falou sobre os impactos terríveis da invasão dos garimpeiros para a saúde dos Yanomami e para o meio ambiente, e alertou que os Yanomami apenas sobreviveriam se seus direitos à terra fossem reconhecidos.
O território Yanomami foi oficialmente reconhecido pelo governo do Brasil pouco antes do Rio de Janeiro sediar a primeira Cúpula da Terra das Nações Unidas, a Eco 1992. Cobrindo mais de 9,6 milhões de hectares (96.650 km2), aproximadamente o tamanho da Hungria ou do estado de Indiana nos Estados Unidos, a terra Yanomami abriga quase 38.000 indígenas e é um dos mais lugares mais biodiversos do planeta.
Desde a década de 1980, Davi tem trabalhado em estreita colaboração com a CCPY (Comissão Pró-Yanomami), uma ONG brasileira que também desempenhou um papel fundamental no sucesso da campanha pela demarcação da terra Yanomami. O apoio de Davi foi decisivo para os projetos da CCPY, como o projeto de educação bilíngue, que teve como objetivo ajudar os Yanomami a defender seus direitos, criando escolas com aulas de alfabetização e matemática, além da formação de professores Yanomami.
O Instituto Socioambiental (ISA), uma das principais organizações no Brasil que trabalha com questões socioambientais, assumiu os projetos da CCPY em 2010 e trabalha em estreita colaboração em vários projetos da Hutukara.
Durante a década de 1990 e início de 2000, Davi fez várias viagens ao exterior, muitas organizadas pela Survival International, para se reunir com governos e ONGs com o intuito de arrecadar fundos para projetos vitais de saúde e educação para os Yanomami, bem como para expor as contínuas ameaças de garimpeiros e dos fazendeiros contra seu povo.
Em dezembro de 1992, Davi representou os povos indígenas da Amazônia na ONU em Nova York para a abertura oficial do Ano dos Povos Indígenas do Mundo. No ano seguinte, ele falou nas Nações Unidas em Genebra, onde expressou sua preocupação com os possíveis efeitos negativos das políticas desenvolvimentistas do governo em relação à terra Yanomami.
Durante suas viagens, Davi se reuniu com quatro presidentes do Brasil, o rei da Noruega, o ex vice-presidente dos Estados Unidos, Al Gore, e o príncipe Charles do Reino Unido. Ele ganhou o prêmio Global 500 das Nações Unidas em reconhecimento a sua luta pela preservação da floresta Yanomami e por garantir um futuro para seu povo. Em abril de 1999, Davi foi premiado com a Ordem do Rio Branco pelo presidente Fernando Henrique Cardoso em reconhecimento pelo seu trabalho em nome do povo Yanomami.
Hoje, o escritor e xamã Davi Kopenawa Yanomami, é uma das mais importantes e ativas lideranças indígenas brasileiras e foi recentemente eleito para integrar a Academia Brasileira de Ciências – em gesto de reconhecimento por sua contribuição na expansão do conhecimento científico, das possibilidades da ciência no país e pela valorização da cultura indígena e de sabedorias ancestrais. A eleição de Kopenawa é, portanto, um marco – de reconhecimento de sua atuação pública como um “relevante serviço à instituição ou ao desenvolvimento científico nacional”.
Texto adaptado dos sites: https://www.survivalbrasil.org/davibiografia e https://www.hypeness.com.br/2020/12/davi-kopenawa-e-eleito-membro-da-academia-brasileira-de-ciencias/SAIBA MAIS:
https://www.socioambiental.org/pt-br/tags/davi-kopenawa-1
(Matemática)
Dorothy Vaughan era matemática, formada pela Universidade de Wilberforce aos 19 anos. Durante a
Segunda Guerra Mundial, Vaughan chegou até o Langley Memorial Aeronautical Laboratory (o mais antigo centro de pesquisa de campo da NASA) e acabou se tornando supervisora informal da ala “computadores de cor”.
Ao perceber que a “West Area Computers” seria a primeira ala a ser cortada com a introdução de máquinas da IBM, Vaughan decidiu aprender a programar, e acabou sendo a pessoa que implementou o sistema de linguagem Fortran na NASA. Ela também contribuiu para o projeto do foguete Scout (Solid Controlled Orbital Utility Test), que lançaria pequenos satélites à órbita. A programadora se aposentou da NASA em 1971 e também teve sua história lembrada no filme Estrelas Além do Tempo.
SAIBA MAIS:
https://querobolsa.com.br/enem/biografias/dorothy-vaughan
https://lirte.pesquisa.ufabc.edu.br/coletivo_mina/personalidades-femininas/dorothy-vaughan/
https://www3.unicentro.br/petfisica/2017/03/30/dorothy-vaughan-1910-2008/
https://galoa.com.br/blog/quem-foram-3-cientistas-negras-da-nasa-em-estrelas-alem-do-tempo
(Direito)
Lucia Fernanda Inácio Belfort foi assessora da Fundação Nacional do Índio (FUNAI) em 2003 e é membro fundador e atual diretora executiva do Instituto Indígena Brasileiro para Propriedade Intelectual (INBRAPI), atuando, principalmente, na divulgação de direitos humanos para Povos Indígenas junto aos Povos e Organizações Indígenas das cinco regiões do Brasil.
Ela é a primeira advogada indígena no sul do Brasil, tendo cursado Direito na Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul e mestrado em Direito na Universidade de Brasília (UnB), conquistando o título de primeira indígena com mestrado em Direito no Brasil. Fernanda participa, desde 2004 das reuniões da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), no âmbito da Organização das Nações Unidas (ONU). A dissertação de Mestrado trata da questão indígena no âmbito da Proteção dos Conhecimentos Tradicionais dos Povos Indígenas, em face da Convenção sobre Diversidade Biológica. Ela integrou a Comissão Nacional para a Rio+20, como uma das quatro organizações indígenas do país a fazer parte da comissão.
SAIBA MAIS:
https://www.itaucultural.org.br/fernanda-kaingang-mekukradja
https://www.youtube.com/watch?v=a66oSL8bsTU
(Botânica)
George Whashington Carver foi cientista e inventor. Ficou mais conhecido por descobrir 100 usos para o amendoim. Mas isso é apenas a ponta do iceberg de seu trabalho e sua grande contribuição para a ciência.
Sua mãe de criação o ensinou a ler e escrever porque as escolas locais, na época, não permitiam estudantes negros, e isso despertou seu interesse na aprendizagem ao longo da vida. Carver foi autodidata, conduziu experimentos biológicos de seu próprio projeto, e acabou conseguindo um mestrado no programa de botânica da Iowa State Agricultural College com uma reputação de cientista brilhante.
No Instituto Normal e Industrial Tuskegee para Negros, Carver desenvolveu métodos de rotação de culturas, que revolucionou a agricultura do sul nos EUA. Ele educou os agricultores sobre métodos para alternar as culturas de algodão, que destroem o solo, com culturas que enriquecem o solo, como amendoim, ervilha, soja, batata-doce e nozes. Além disso, foi pioneiro em uma série de invenções práticas que tornariam a agricultura mais lucrativa e menos dependente do algodão, incluindo mais de 100 maneiras de monetizar batata-doce, soja e amendoim.
Carver tornou-se consultor em questões agrícolas do presidente Theodore Roosevelt e, em 1916, era um dos poucos membros americanos da Sociedade Real Britânica de Artes. Não patenteou nem lucrou com a maioria de suas criações, mas doou livremente suas descobertas para a humanidade.
SAIBA MAIS:
(Antropologia)
Doutoranda em Antropologia Social - Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC.
Mestra em Antropologia Social - Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC
(2016), Coordenadora pedagógica da Licenciatura Intercultural Indígena - Universidade
Federal de Santa Catarina - UFSC (2016-2020). Especialista em Educação de Jovens e
Adultos Profissionalizantes - Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS.
Graduada em Geografia - Universidade Comunitária da Região de Chapecó -
Unochapecó. Experiência na área de Antropologia Social, com ênfase em
interdisciplinar, nos temas: Mulheres indígenas, saúde e sexualidade indígena,
território e educação. Experiência: Coordenadora Pedagógica e professora de projeto de
pesquisa e ação (V, VI e VII) na Licenciatura Intercultural Indígena do Sul da Mata
Atlântica na UFSC - 2016 - 2020. Estágio docência na Licenciatura Intercultural Indígena
do Sul da Mata Atlântica na UFSC - 2014 Coordenação do Projeto Eg Rá - Nossas
Marcas no Instituto Indígena Brasileiro para Propriedade Intelectual e IPHAN 2011 - 2013.
Estudo do Componente Indígena LT 138 kV Planalto - Constantina/RS, 2011.
Levantamento e salvamento arqueológico na UHE Foz do Chapecó - 2008-2010.
SAIBA MAIS:
https://www.instagram.com/jozi.kaingang/
https://osbrasisesuasmemorias.com.br/autores/jozileia-daniza-jagso-inacio-schild/
https://br.linkedin.com/in/jozil%C3%A9ia-daniza-kaingang-2b5157128
(Matemática)
A cientista americana da NASA fez, à mão, cálculos responsáveis por levar o primeiro astronauta americano à órbita da Terra, que contribuíram para levar o Homem à Lua com o programa Apollo. Johnson concluiu o ensino médio aos 14 anos e, aos 18, recebeu um diploma universitário, mas só começou a trabalhar na NASA aos 35 anos.
Ela foi contratada para ser um "computador humano", nome que as pessoas como ela recebiam na época por fazer cálculos matemáticos à mão. O cargo era reservado inicialmente apenas a mulheres brancas, mas, a partir de 1940, passaram a contratar negras, que trabalhavam em uma ala segregada chamada “West Area Computers”, na sala “computadores de cor” (colored computer).
Em 1960, Katherine assinou seu primeiro relatório para a NASA e se tornou a primeira mulher da sua área a receber créditos por um relatório de pesquisa. Ela escreveu 26 relatórios espaciais e participou do desenvolvimento dos Ônibus Espaciaus, até se aposentar em 1986, aos 68 anos. Por seus mais de 30 anos de trabalho na agência espacial, Johnson recebeu, em 2015, a Medalha Presidencial da Liberdade, que é a maior condecoração civil dos Estados Unidos. Sua história é retratada no filme Estrelas Além do Tempo, de 2017. A cientista faleceu em fevereiro de 2020, aos 101 anos.
SAIBA MAIS:
http://mtciencias.com.br/mulheres/katherine-johnson%E2%80%8B/
https://galoa.com.br/blog/quem-foram-3-cientistas-negras-da-nasa-em-estrelas-alem-do-tempo
(Sociologia)
Luiza Helena de Bairros nasceu no dia 27 de março de 1953 em Porto Alegre (RS), filha do militar Carlos Silveira de Bairros e da dona de casa Celina Maria de Bairros.
Em 1975, formou-se em Administração pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Especializou-se em 1979 em Planejamento Regional pela Universidade Federal do Ceará, fez mestrado em Ciências Sociais pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e concluiu o doutorado em Sociologia pela Michigan State University no ano de 1997.
No início de 1979, participou da Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, em Fortaleza. Impactada pela presença de inúmeros integrantes do Movimento Negro de várias regiões brasileiras, manteve um contato mais próximo com Movimento Negro Unificado (MNU) da Bahia. Em agosto do mesmo ano, mudou-se para Salvador. A partir de então, iniciou sua militância no Grupo de Mulheres do MNU. Participou ativamente das principais iniciativas do movimento em todo Brasil, sendo eleita, em 1991, como primeira coordenadora nacional do MNU, onde permaneceu até 1994.
Até o início da década de 1990, Luiza esteve envolvida em pesquisas relevantes para o conhecimento e combate do racismo no Brasil e nas Américas, como por exemplo sua participação na coordenação da pesquisa do Projeto “Raça e Democracia nas Américas: Brasil e Estados Unidos. Uma cooperação entre CRH e a National Conference of Black Political Scientists/NCOBPS”. Além disso, trabalhou como professora na Universidade Católica de Salvador (PUC/ Salvador) e na Universidade Federal da Bahia (UFBA). Pesquisadora na área de políticas públicas para população afro descendente, sempre trabalhou em prol da redefinição de novos caminhos para as mulheres negras, apresentando e sugerindo propostas em políticas voltadas para a igualdade racial e de gênero.
Entre 2001 e 2003, atuou no programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), na preparação e acompanhamento da histórica III Conferência Mundial Contra o Racismo. Em 2001, fez importante pronunciamento em conferência das Nações Unidas, relativa à Declaração e ao Programa de Ação de Durban, realizada em Nova York.
De 2003 a 2005, trabalhou na pré-implementação do Programa de Combate ao Racismo Institucional para os Estados de Pernambuco e da Bahia junto ao Ministério do Governo Britânico para o Desenvolvimento Internacional (DFID). De 2005 a 2007, voltou a ser consultora do PNUD, coordenando o programa de combate ao racismo institucional nas prefeituras do Recife e de Salvador. Em agosto de 2008, tomou posse como titular da Secretaria Estadual de Promoção da Igualdade Racial da Bahia - Sepromi.
Em 2011, foi convidada pela presidente eleita Dima Roussef para ser ministra da Secretaria de Políticas de Promoção de Igualdade Racial (Seppir). Durante sua passagem pelo governo federal, entre 2011 e 2014, foi responsável por criar o Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial (Sinapir), cujo objetivo era implementar políticas públicas voltadas a proporcionar à população negra igualdade de oportunidades e instâncias de combate à discriminação e à intolerância. Gestão democrática, desconcentração e descentralização foram os princípios básicos do estatuto.
Em sua gestão, ocorreu a efetivação de muitas políticas de ações afirmativas. Uma delas, estabelecida pela Lei n° 12.711/2012, garantiu o acesso ao ensino superior a mais de 150 mil estudantes negros em todo o país por meio das cotas. No campo do trabalho, foi implementada a reserva de vagas em concursos públicos federais e, no segmento cultural, foram lançados editais de apoio a projetos de artistas negras e negros.
Em março de 2016, recebeu o Diploma Bertha Lutz, que premia anualmente mulheres e homens que tenham oferecido contribuição relevante à defesa dos direitos da mulher e questões do gênero no Brasil, em qualquer área de atuação. O prêmio é entregue em sessão do Senado exclusivamente convocada para esse fim, durante as atividades do Dia Internacional da Mulher (8 de março). Em 2011, já havia ganhado a medalha Zumbi dos Palmares, emitido pela Câmara Municipal de Salvador, e, em 2013, o título de Cidadã Baiana, concedido pela Assembleia Legislativa da Bahia.
Organizou vários livros e escreveu diversos artigos sobre racismo, sexismo e o negro no mercado de trabalho. Muitos de seus textos foram publicados pelas revistas Afro-Ásia, Análise & Dados, Caderno CRH, Estudos Feministas, Humanidades, e Força de Trabalho e Emprego, além de livros e periódicos das Nações Unidas no Brasil. Um de seus mais famosos artigos é “Nossos feminismos revisitados”, de 1995.
Luiza Bairros faleceu em Porto Alegre no dia 12 de julho de 2016, em decorrência de um câncer no pulmão. Em outubro de 2016, foi criado o Coletivo Luiza Bairros, em Salvador, para a construção de uma permanente política de ações afirmativas na UFBA.
SAIBA MAIS:
https://www.geledes.org.br/perfis-femininos-luiza-bairros/
http://www.bvconsueloponde.ba.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=262
http://sambio.org.br/luiza-bairros/#.YZmqGtDMJPY
https://tvbrasil.ebc.com.br/espacopublico/episodio/espaco-publico-recebe-a-ministra-luiza-bairros
(Engenharia)
Mary Jackson conquistou o diploma duplo em matemática e ciências físicas em 1942. Ela foi a primeira engenheira negra da NASA, e trabalhou como “computador humano” sob supervisão de Dorothy Vaughan em 1951. Dois anos após sua contratação, passou a trabalhar com o engenheiro Kazimierz Czarnecki no projeto de Túnel de Pressão Supersônico.
Jackson é a terceira protagonista de Estrelas Além do Tempo. Em diálogo excluído do filme, Czarnecki pergunta se ela desejaria ser um engenheiro da NASA caso fosse um homem branco. A cientista responde que, se ela fosse um homem branco, ela não precisaria desejar, pois ela já seria um engenheiro da NASA. No entanto, apesar de seus diplomas e experiência, ela deveria ter uma pós-graduação pela Universidade de Virgínia se quisesse se candidatar à promoção, mas a instituição não aceitava alunos negros naquela época. Após vencer a segregação nos tribunais e ganhar o direito ao estudo, Mary Jackson se torna a primeira engenheira negra da NASA em 1958.
Ao perceber que o passar dos anos diminuiria suas promoções, ela abandonou o cargo como engenheira para se tornar Gerente Federal do Programa de Mulheres de Langley, onde ajudava as funcionárias das novas gerações a conseguirem mais oportunidades.
Mary Jackson se aposentou em 1985.
SAIBA MAIS:
https://galoa.com.br/blog/quem-foram-3-cientistas-negras-da-nasa-em-estrelas-alem-do-tempo
https://granapretta.com.br/mary-jackson-a-primeira-engenheira-negra-da-nasa/
(Geografia)
Nascido em 3 de maio de 1926, em Brocas de Macaíba (BA), Santos formou-se em Direito pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e fez doutorado em Geografia pela Universidade de Estrasburgo. Ele trabalhou como jornalista, redator e professor.
Por causa do golpe militar em 1964, ele passou a ser professor itirenante em diversos países e faculdades, como a Paris-Sorbonne, na França e o MIT (Massachusetts Institute of Technology). O geógrafo retornou ao Brasil em 1977 e publicou o livro "Por uma Geografia Nova" em 1978. Recebeu 20 títulos de Doutor Honoris Causa e fundou laboratórios de geografia em países da Europa, África e América. Santos foi o primeiro brasileiro a ganhar o Prêmio Vautrin Lud (considerado o Nobel da geografia).
Texto retirado do site: https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/noticia/2018/12/23-cientistas-negros-que-voce-precisa-conhecer.htmlSAIBA MAIS:
https://www.todamateria.com.br/milton-santos/
https://www.youtube.com/watch?v=xPfkiR34law
(Medicina - Cardiologia)
Nascida num munícipio chamado Xanxerê, interior do estado de Santa Catarina, ainda recém-nascida, foi levada à aldeia indígena onde cresceu com sua família, no Paraná, chamada de Terra Indígena Rio das Cobras. A comunidade hoje é a maior aldeia do Paraná, em tamanho e população, e pertence à etnia Guarani Mbyá.
Aprendeu a ler em português, desenhar e fazer trabalhos manuais antes de entrar na escola, pois foi ensinada pela avó, a grande responsável pela sua educação na infância. Os anciões são considerados os mais sábios da aldeia e as crianças, os membros mais importantes, constituindo-se no grupo prioritário.
Decidiu fazer medicina aos quatro anos de idade, quando quebrou o braço e precisou conhecer o “tal do médico”, que na sua mente na época “consertava pessoas”. Aos sete anos, precisou sair da aldeia para continuar estudando, mas sempre se manteve muito conectada a sua cultura e família.
Concluiu seus estudos em uma escola pública e entrou na faculdade de medicina logo após terminar o Ensino Médio, também em uma universidade pública, a Unioeste (Universidade Estadual do Oeste do Paraná), recebendo o diploma em 2013.
Após a formação, ainda não havia decidido qual especialidade seguir. Durante a faculdade, sempre teve predileção por áreas cirúrgicas, com um encantamento por habilidades manuais adquirido na infância. Entre as especialidades clínicas, desenvolveu mais interesse pela cardiologia. Ainda assim, preferiu voltar para a aldeia como médica, e hoje vê que foi a melhor escolha que poderia ter feito na época.
Trabalhou por três anos na saúde indígena, o que lhe trouxe uma experiência profissional incrível e habilidades que não teria hoje, se não fosse por esse período na atenção básica.
Após três anos, com sua família, comunidade e cacique, decidiu que era o momento de continuar estudando e evoluindo: conciliou sua predileção pela cirurgia e o amor à cardiologia na escolha pela cirurgia cardíaca.
Atualmente, Myrian está concluindo o quarto ano da especialização no Instituto de Neurologia e Cardiologia (INC) de Curitiba.
Myrian leva a medicina voluntariamente para a aldeia sempre que volta. Segundo suas próprias palavras, “Aquilo que eles mais carecem é atenção básica e eu não deixei desaparecer a médica generalista que há em mim, continuo amando o atendimento à criança, ao idoso, à gestante e, o mais importante, a medicina preventiva. As comunidades indígenas são locais em que a atenção do médico e das equipes de saúde realmente fazem a diferença, e o que às vezes parece pouco tem um efeito importante“.
Texto adaptado do site: https://blog.bjcvs.org/single-post/2020/03/05/ode-as-mulheres-a-historia-de-uma-india-cirurgia/SAIBA MAIS:
https://www.instagram.com/myrianveloso/?hl=pt-br
https://globoplay.globo.com/v/9444007/
https://globoplay.globo.com/v/9443967/
(Médicina - Oftalmologia)
Bath melhorou a visão de milhares de pessoas graças à sua invenção para o tratamento da catarata. Nascida em 1942, se formou no colegial em apenas dois anos e depois se formou em medicina pela Howard University.
Sua pesquisa revelou que, quando comparados aos outros pacientes, os negros tinham oito vezes mais chances de desenvolver glaucoma e duas vezes mais chances de ficarem cegos com essa doença.
Ela buscou, então, desenvolver um processo para aumentar o atendimento oftalmológico para pessoas incapazes de pagar por isso. Hoje, essa iniciativa se chamada oftalmologia comunitária e opera em todo o mundo.
Bath se tornou a primeira afro-americana a concluir residência em oftalmologia em 1973, e a primeira mulher a ingressar no departamento de oftalmologia da UCLA em 1975. Em 1981, Bath trabalhou em sua invenção mais notável: uma sonda a laser que tratava com precisão as cataratas com menos dor ao paciente. Com a nova sonda, ela foi capaz de restaurar a visão de pacientes que estavam cegos por 30 anos. Em 1988, Bath se tornou a primeira médica negra a receber uma patente para fins médicos e, depois que se aposentou em 1993, Bath continuou defendendo os menos favorecidos clinicamente, concentrando-se no uso da tecnologia para oferecer serviços médicos em regiões remotas.
SAIBA MAIS:
https://www.youtube.com/watch?v=TU0E-CRHvoE
http://mulheresnaciencia-mc.blogspot.com/2014/09/patricia-bath.html
https://www.cognys.com/materia/perfil-medico-patricia-bath-a-medica-que-rompeu-paradigmas
https://blog.newlentes.com.br/2018/05/09/dra-patricia-era-bath-cientista-oftalmica-e-mae/
(Química)
Percy Julian foi um dos maiores químicos da história, e permitiu que muitos medicamentos
chegassem aos pacientes a custos mais baixos e em maior disponibilidade.
Ele nasceu em 1899 no Alabama e, aos 17 anos, se matriculou em cursos duplos como colegial e
calouro na DePauw University, em Indiana. Julian estudou química e se formou em 1920,
frequentou Harvard e obteve um mestrado. Enfrentou várias barreiras em sua trajetória — uma
vez lhe foi negada uma posição de pesquisa porque uma lei da cidade proibia que negros
passassem a noite ali.
Apesar das dificuldades, sua pesquisa sobre compostos de soja levou a várias patentes e
medicamentos pioneiros, como versões sintéticas do hormônio feminino progesterona e da
cortisona, usada no tratamento da artrite reumatóide. Em 1962, vendeu sua empresa privada,
Julian Laboratories, por mais de US$ 2 milhões, e continuou a trabalhar como pesquisador e
consultor até sua morte.
SAIBA MAIS:
https://share.america.gov/pt-br/percy-julian-inventor-revolucionario-e-neto-de-escravos/
https://www3.unicentro.br/petfisica/2021/05/07/percy-lavon-julian-1899-1975/