Primeiramente antes de começarmos seria legal explicarmos a relação entre o mercado secundário (venda de cartas avulsa) e a Konami. É interessante notar que não existe apenas um tipo de mercado secundário, mas sim, dois: temos os vendedores que trabalham com cartas avulsas e os jogadores. Pra Konami é indiferente se o vendedor prefere vender cartas avulsas ou booster lacrados, já que pra ter as cartas o vendedor necessariamente vai ter que abrir o booster (e por sua vez o preço da carta reflete a oferta e demanda da mesma). Por outro lado, o jogador, boa parte das vezes, vai vender um produto usado, e quem comprar dele vai deixar de comprar um produto do lojista. Por sua vez o lucro do jogador pode ser gasto com yugi ou com outra coisa. Mas com certeza se esse jogador guardasse a carta ao invés de vendê-la todos sairiam ganhando: o lojista venderia mais, a Konami venderia mais, os jogadores teriam mais suporte, e os boosters custariam mais barato.
Agora reparem como funciona yugi:
Antigamente ao comprar uma carta, dificilmente a mesma perdia valor. O maior fator de desvalorização era a banlist (coisa que só ocorria a cada 6 meses e um jogador precavido sabia lidar). Alem disso a carta podia desvalorizar por causa de mudanças no metagame (o que era bem raro antigamente, obviamente isso não é um ponto positivo).
O tempo passou e nós chegamos ao período atual. Bons tempos quando nossa preocupação de desvalorização eram só as mencionadas acima. Atualmente ninguém mais tem certeza se as banlists vão sair de 6 em 6 meses ou se vai ocorrer alguma “intervenção de emergência”. Além de termos que agüentar as técnicas de venda mais bizarras: são cartas caríssimas vindo de brinde em edições especiais, cartas absurdamente raras vindo facilmente nas Gold Editions, e promos antigas dificílimas de conseguir vindo como comuns em starter decks. E tudo isso desvalorizando as cartas.
Obviamente, muitos dos leitores já devem estar me chamando de louco, pois afinal desvalorizar as cartas é bom, elas ficam com um preço mais acessível e mais jogadores podem comprá-las... Mas antes de crucificar vosso caro escritor, vamos analisar a situação como um todo:
Começando pela estratégia de marketing da Konami que é bem simples: eles põem nos boosters novos cartas muito boas e muito raras. *lembrando que agora, depois de muita reclamação, eles estão abusando um pouco menos nesse quesito, quem não lembra do Dark Armed Dragon, Crush Card Virus, Gladiator Beast Heraklinos (esse vinha um a cada 25 caixas!!!)*
Quando já existirem cartas ainda melhores em coleções mais novas a disposição dos jogadores que gastam mais, eles lançam, de uma forma ou de outra, algum produto para lucrar um pouco mais em cima dessas cartas que antes eram muito boas e raras, agora em cima dos jogadores que gastam menos. E assim ciclicamente.
Logo temos cartas de centenas de reais ficando mais baratas que um booster. E como ninguém gosta de perder dinheiro, poucos jogadores guardam cartas caras que eles não estão usando, por causa dessa quase certeza de uma enorme desvalorização. E assim voltamos a situação descrita no começo do artigo que é ruim pra todo mundo.
Não seria muito mais simples, não ter cartas com valores absurdos? Claro algumas cartas têm que ser caras, faz parte do jogo... Mas não tão caras! E sim reprints tem que existir para cartas antigas não ficarem raras de mais, mas as raridades têm que ser mantidas, afinal colecionar também faz parte do jogo e os jogadores deveriam ter algum incentivo a guardar suas cartas e não uma certeza constante de que guardar algo é sinônimo de perder muito dinheiro.
Mas claro, a busca do lucro imediado é sempre mais tentadora do que um trabalho árduo e constante que agrade a todos...