A Imagem do Mal

Após o seu banimento do Céu, Satanás iniciou sua jornada em busca de novos adeptos e, infelizmente, encontrou na Terra receptividade para os seus enganos. Seu intuito a partir de então foi, além de usurpar o domínio deste mundo, anular a influência de Deus no homem e estabelecer a sua personalidade orgulhosa e ambiciosa.

Através da própria humanidade, Satanás tem disseminado o desprezo a Deus (II Tessalonicenses 2:3-4), deturpado continuamente os ensinos das Sagradas Escrituras (II Pedro 3:14-16) e, perseguido os que não se envolvem em suas artimanhas (Apocalipse 12:17). Estas coisas conduzem a terceira mensagem angélica a advertir severamente todo aquele que se submete as orientações desse anjo maligno:

"Se alguém adora a besta e a sua imagem e recebe a sua marca na fronte ou sobre a mão, também esse beberá do vinho da cólera de Deus, preparado, sem mistura, do cálice da Sua ira, e será atormentado com fogo e enxofre, diante dos santos anjos e na presença do Cordeiro. A fumaça do seu tormento sobe pelos séculos dos séculos(a) (...)" (Apocalipse 14:9-12 RA).

A mensagem do primeiro anjo proclama o evangelho eterno e convida à restauração da verdadeira adoração a Deus como Criador; o segundo anjo adverte contra todas as formas de adoração originadas em filosofias e tradições humana e, finalmente, o terceiro anjo proclama o mais solene aviso contra a adoração da "besta e de sua imagem"; que em última análise, envolve todo aquele que rejeita o evangelho da justificação pela fé(b).

Reflexo do mal

A "besta" citada em Apocalipse 14:9 (cf. Apocalipse 13:1-8) representa a igreja de Roma que se uniu ao Estado e dominou o mundo cristão durante vários séculos(c). Paulo menciona este poder religioso repressor como o "homem da iniquidade" (II Tessalonicenses 2:3-10) e Daniel cita-o por meio de um "chifre pequeno"(d) (Daniel 7:8; Daniel 7:24-25). Por sua vez, a "imagem da besta" simboliza a organização religiosa apóstata que será formada pelas igrejas protestantes, e que terá forte participação do Estado. Esta união ocorrerá quando as referidas igrejas tiverem abandonado o verdadeiro princípio da Reforma para satisfazer seus próprios interesses. Elas exigirão através da influência e força do Estado que os seus falsos ensinos, herdados da igreja de Roma, sejam seguidos. Esta união será a perfeita "imagem da besta", e a sua atuação será semelhante àquela praticada no passado pela igreja de Roma (ICAR). Assim, a "besta" (igreja romana) e a sua "imagem" (igrejas protestantes apostatadas) atuarão juntas e amparadas pelo poder civil (Estado) para impor incondicionalmente os seus ensinos e perseguir qualquer posicionamento contrário aos seus propósitos.

A mensagem do terceiro anjo proclama a mais solene e assustadora advertência da Bíblia. Ela revela que aqueles que se submeterem à autoridade humana durante a crise final da Terra, estarão adorando a "besta e a sua imagem" em vez de estar adorando a Deus. Durante esse conflito final duas classes distintas se desenvolverão. Uma dessas classes defenderá o evangelho das maquinações humanas e adorará a "besta e a sua imagem", trazendo sobre si mesma as mais terríveis consequências. A outra classe, em acentuado contraste, viverá de acordo com o verdadeiro evangelho e guardará "os mandamentos de Deus e a fé em Jesus" (Apocalipse 14:12).

"Aqui está a perseverança dos santos"

Satanás fará o possível para obrigar os remanescentes a unirem-se ao movimento apostatado, e para isso "ele fará uso de todas as formas de engano" (II Tessalonicenses 2:10 NVI cf. Mateus 24:23-24); não prevalecendo seus artifícios, ameaçará com isolamento e morte (Apocalipse 13:15). Entretanto, manterão a integridade até o fim aqueles que alicerçaram a vida em Jesus. Nessa hora tenebrosa os filhos de Deus se sustentarão fortemente na Bíblia e não renderão homenagem a ninguém, exceto a Cristo (Apocalipse 15:2-3).

A fé em Jesus e a obediência aos mandamentos de Deus são dois aspectos importantes na vida cristã.1 Estes mandamentos são reflexos do caráter de Deus, pois expõem a norma de Sua justiça (Isaías 51:4; Romanos 7:12), e Ele deseja que cada pessoa retenha os preceitos de Sua lei (Hebreus 10:15-17; Eclesiastes 12:13). No entanto, esse objetivo é dificultado pela condição pecaminosa que domina cada indivíduo, pois "a mentalidade da carne é inimiga de Deus porque não se submete à lei de Deus, nem pode fazê-lo." (Romanos 8:7 NVI). Apesar de seus melhores esforços o homem continuamente está destituído da glória de Deus (Romanos 3:23). Contudo, Jesus veio para capacitar e restaurá-lo à Sua imagem. Veio para mostrar como é o Pai, ampliando neste sentido o significado de Sua lei.2 Cada pessoa pode guardar os preceitos de Deus unicamente por meio do poder de Cristo, e assim refletir a imagem divina (Romanos 8:3-4). A igreja remanescente honra os mandamentos da lei e os observa, não por legalismo, mas por revelação da personalidade e vontade de Deus; pelo direcionamento de vida que eles indicam.3

A questão final envolverá a falsa e verdadeira adoração, o verdadeiro e o falso evangelho. A terceira mensagem angélica dirige a atenção para as consequências de se recusar o eterno evangelho de Cristo, o que consequentemente é a recusa do convite para participar da verdadeira adoração anunciada pela primeira mensagem angélica. Ela descreve vividamente os resultados finais das decisões relacionada a adoração. A decisão por certo não é fácil, pois qualquer que seja ela, envolverá sofrimento. Aqueles que optam por adorar a Deus sofrerão a ira do dragão (Apocalipse 12:17) e, num determinado momento chegarão a ser ameaçados de morte (Apocalipse 13:15), ao passo que aqueles que escolhem adorar a "besta e sua imagem" lhes recairão as sete últimas pragas e, adiante, enfrentarão o "lago de fogo" (Apocalipse capítulos 15 e 16; Apocalipse 20:14-15).

Contudo, ainda que ambas as decisões impliquem sofrimento, os resultados finais são diferentes. Os adoradores do Criador escaparão da ira mortal do dragão e estarão em pé com o Cordeiro no monte Sião (Apocalipse 7:2-4; Apocalipse 14:1 cf. Joel 2:32). Diferentemente, os adoradores da "besta e de sua imagem" receberão a plenitude da ira de Deus e morrerão na presença dos santos anjos e do Cordeiro (Apocalipse 14:9-10; Apocalipse 20:11-15).

Todos terão que decidir em que lado estarão. Se alguém escolher a justificação pela fé, isto será demonstrado em sua participação no culto que Deus aprova; se alguém escolher a justificação pelas obras, isto será demonstrado por sua participação numa forma de culto que Deus proibiu, mas que a "besta e sua imagem" ordenam - uma adoração produzida à imagem do homem (cf. II Tessalonicenses 2:3-4, Gênesis 4:3-7). Deus não pode aceitar esta última forma de adoração porque ela oferece prioridade aos mandamentos dos homens e não aos mandamentos de Deus(e) (Marcos 7:7-9; Colossenses 2:8). Ela procura a justificação através das obras dos homens e não pela fé que decorre da completa submissão ao Deus Criador, Redentor e Recriador.4

A fé que conduz a Deus e que resistirá a qualquer dificuldade nos eventos finais deste mundo esta exemplificada na história de Sadraque, Mesaque e Abede-Nego (Daniel capítulo 3). Assim, a terceira mensagem angélica é, em sua essência, uma mensagem de justificação pela fé.

"Os terríveis juízos pronunciados contra o culto à besta e sua imagem (Apocalipse 14:9-11) deveriam levar todos a diligente estudo das profecias para aprenderem o que é o sinal da besta, e como devem evitar recebê-lo. As massas populares porém, cerram os ouvidos à verdade, volvendo-se às fábulas. Olhando para os últimos dias, declarou o apóstolo Paulo que: 'não suportarão a sã doutrina; ao contrário, sentindo coceira nos ouvidos, juntarão mestres para si mesmos, segundo os seus próprios desejos.' (II Timóteo 4:3 NVI). Chegamos, já, a esse tempo. As multidões rejeitam a verdade das Escrituras, por ser ela contrária aos desejos do coração pecaminoso e amante do mundo; e Satanás lhes proporciona os enganos que amam."5

Deus tem Seus filhos em todas as igrejas, mas é através da igreja remanescente que Ele proclama a mensagem que deverá restaurar a verdadeira adoração; mediante o chamamento de Seu povo para fora dos círculos da apostasia, os prepara para o retorno de Cristo. Reconhecendo que muitos dentre o povo de Deus ainda deverão unir-se ao povo remanescente, este tem clara percepção de suas imperfeições e fraquezas quando tenta executar sua solene missão. Percebe que é unicamente através da graça de Deus que lhe será possível cumprir sua monumental tarefa (João 15:5).

À luz do breve retorno de Cristo e da necessidade de preparo para encontrá-Lo, o compassivo e urgente chamado de Deus é encaminhado: "Retirai-vos dela, povo Meu, para não serdes cúmplices em seus pecados e para não participardes dos seus flagelos; porque os seus pecados se acumularam até ao Céu, e Deus Se lembrou dos atos iníquos que ela praticou." (Apocalipse 18:4-5 RA).

Texto baseado em: Nisto Cremos. (2003). 7.ª ed., São Paulo: CPB, cap. 12.

a. Acesse: Fogo Extinguível - II (em: "Castigo Eterno").

b. Todo o processo de justificação é coordenado por Deus (Efésios 2:8-9); porém, ele é iniciado somente quando o pecador arrepende-se de seus erros e recorre ao sacrifício de Cristo como meio de obter o perdão (II Coríntios 7:10; Hebreus 4:14-16; Hebreus 9:27-28). Uma vez perdoado ou justificado, o pecador deve manter-se em constante obediência a Deus, o que evitará que a sua anterior condição pecaminosa e culpa retornem ("vai e não peques mais", João 8:11 cf. I João 3:4; Romanos 7:7). A fé exigida para que haja esse processo de justificação (cf. Hebreus 11:6), é terrível e constantemente substituída por ilusórias práticas ou obras humanas que envolvem: penitências, confessionários, uso de amuletos, e etc. Atualmente, o protestantismo à semelhança da igreja de Roma, vem adotando obras carnais como meio de obter - forçadamente - perdão e outros favores divinos. A superstição e os costumes que predominaram a igreja romana na idade média, envolvem fortemente várias igrejas protestantes da atualidade (sobretudo os seguimentos pentecostal e neo-pentecostal); o comércio de indulgências e de outros elementos religiosos estão se materializado novamente no mercado de objetos que supostamente resolvem os anseios daqueles que os adquirem (após pagamento de certa quantia determinada pelo líder religioso); igualmente, as ofertas e os dízimos estão sendo deturpados com os mesmos propósitos. Estranhas cerimônias e aquisições de objetos, jamais ensinadas pelas Escrituras, são consideradas como essenciais nos chamados "cultos" de libertação, de milagres, de descarrego, de finanças e etc. Estas, e outras práticas humanas inúteis e repugnantes, excluem a justificação pela fé que Deus deseja realizar em cada pecador.

c. Acesse: Babilônia Denunciada; Babilônia Denunciada - II; Princípio do Dia Profético (em: "Um Tempo, Dois Tempos e Metade de Um Tempo").

d. O "chifre pequeno" citado em Daniel 8:9-12 refere-se ao império de Roma que teve duas épocas distintas: pagã e papal. Isso inclui naturalmente a atuação da igreja de Roma nos eventos descritos em Daniel capítulo 8. Para maiores esclarecimentos acesse: Roma versus Antíoco Epifânio.

e. Acesse: A Lei de Deus - Adulterada

1. Hebreus 11:6; Tiago capítulo 2; Êxodo 20:3-17 cf. Mateus 19:16-19, Tiago 2:8-13, Lucas 16:17.

2. Isaías 42:20-21 cf. Mateus 5:17-19; João 14:21 cf. João 10:30.

3. Ezequiel 11:19-20; Hebreus 8:10-12; Hebreus 10:16-17 cf. Jeremias 31:31-34, Ezequiel 22:26, Provérbios 7:2.

4. Jó 4:17; Jó 36:3; Salmos 124:8; Isaías 44:6; Isaías 48:17; Isaías 65:17; Isaías 66:22-23; Apocalipse 21:5.

5. WHITE, E. G. Grande Conflito, O; São Paulo: CPB, sec. IV, cap. 37, p. 594.

Outros estudos: