Justificação pela Fé

"'O tempo é chegado', dizia Ele [Jesus]. 'O reino de Deus está próximo. Arrependam-se e creiam nas boas novas!'" (Marcos 1:15 NVI). O arrependimento associa-se à fé, que por sua vez é solicitada para se obter a salvação(a). O arrependimento é descrito como uma tristeza pelo pecado, e que prepara o coração para aceitar a Cristo como único salvador; única esperança de perdão (II Coríntios 7:10).

"Ao levar Satanás o homem a pecar, tinha esperanças de que a repugnância de Deus ao pecado O separaria para sempre do homem e quebraria o elo de ligação entre o Céu e a Terra. O abrir dos céus[b] com a voz de Deus dirigida a Seu Filho foi como um toque mortal para Satanás. Temeu que Deus estava agora mais disposto a unir o homem a Si mesmo e conferir-lhe poder para vencer suas artimanhas. Com este propósito Cristo veio das cortes reais para a Terra."1

O primeiro passo na reconciliação com Deus é a convicção de pecado. E "pecado é o quebrantamento da lei", "pela lei vem o conhecimento do pecado" (I João 3:4; Romanos 3:20; Romanos 7:7). Unicamente o evangelho de Cristo pode livrar o homem da condenação ou contaminação do pecado. Assim sendo, o pecador deve exercer o arrependimento em relação a Deus, cuja lei transgrediu, e fé no sacrifício expiatório de Cristo para que obtenha a remissão dos pecados e se torne participante da natureza divina.2

Embora Deus possa ser justo, à medida que torna justo o pecador pelos méritos de Jesus, ninguém pode usufruir da justiça de Cristo enquanto comete pecados conhecidos ou negligencia conhecidos deveres. Deus requer a completa entrega do coração antes que possa ocorrer a justificação. E para que o homem mantenha válida a justificação obtida, ele deve estar em contínua obediência, mediante ativa e viva fé que opera por amor. A fé deve chegar ao ponto em que controle(c) as afeições e impulsos do coração.

A fé é a condição sob a qual Deus promete perdão aos pecadores; não que exista na fé qualquer virtude pela qual se mereça a salvação, mas porque a fé pode prevalecer-se dos méritos de Cristo. A pessoa arrependida reconhece que sua justificação vem porque Cristo morreu por ele; porque Cristo é a sua expiação e justiça.

"O engano de Satanás é que a morte de Cristo introduziu a graça para tomar o lugar da lei. A morte de Jesus de maneira alguma modificou, anulou ou diminuiu a lei dos Dez Mandamentos (Mateus 5:17-19; Lucas 16:17; Tiago 2:10-12). Essa preciosa graça oferecida aos homens por meio do sangue do Salvador estabelece a lei de Deus (Romanos 3:31; Romanos 6:14-15 cf. I João 3:4). Desde a queda do homem, o governo moral de Deus e Sua graça são inseparáveis. Andam de mãos dadas através de todas as dispensações. 'A misericórdia e a verdade se encontraram; a justiça e a paz se beijaram.' (Salmos 85:10 ASV cf. Salmos 119:142).

Jesus, nosso Substituto, consentiu em sofrer pelo homem a penalidade da lei transgredida. Ele revestiu Sua divindade com a humanidade, tornando-Se assim o Filho do homem, o Salvador e Redentor. O próprio fato da morte do amado Filho de Deus para remir o homem revela a imutabilidade da lei divina. Quão facilmente, do ponto de vista do transgressor, Deus poderia ter abolido Sua lei provendo assim um meio pelo qual o homem pudesse ser salvo e Cristo permanecesse no Céu! A doutrina que ensina a liberdade, pela graça, para transgredir a lei é uma ilusão fatal. Todo transgressor da lei de Deus é um pecador, e ninguém pode ser santificado enquanto vive em pecado conhecido."3

Justiça é obediência à lei (Romanos 2:13). A lei requer justiça, e o pecador além de ser devedor de justiça à lei, é incapaz de apresentá-la por si mesmo. A única maneira em que se pode alcançar a justiça é pela fé. Pela fé, o pecador pode apresentar a Deus os méritos de Cristo, então o Senhor lança sobre ele os créditos de obediência de Seu Filho. A justiça de Cristo é aceita em lugar do fracasso do homem, e Deus recebe, perdoa, justifica a pessoa arrependida, trata-a como se fosse justa, e ama-a tal qual ama Seu Filho (Tito 3:4-7). Assim é que a fé é imputada como justiça.

"Perante o crente é apresentada a maravilhosa possibilidade de ser semelhante a Cristo, obediente a todos os princípios da lei (João 14:21; João 15:10). Mas por si mesmo é o homem absolutamente incapaz de alcançar esta condição. A santidade que a Palavra de Deus declara que ele deve possuir antes que possa ser salvo, é o resultado da operação da divina graça, ao submeter-se à disciplina e restritoras influências do Espírito de verdade (Romanos 8:5-10). [...] A parte do cristão é perseverar em vencer cada falta. Constantemente deve orar para que o Salvador sare os distúrbios de sua alma enferma pelo pecado. Ele não tem sabedoria ou a força para vencer; isso pertence ao Senhor, e Ele as concede a todos os que em humildade e contrição dEle buscam auxílio."4

Muitos estão a perder o caminho certo, por pensarem que podem alcançar o Céu ao fazer algo para merecer o favor de Deus. Procuram tornar-se melhores por seus próprios esforços. Isso jamais conseguirão realizar. Cristo abriu caminho morrendo como nosso sacrifício, vivendo como nosso exemplo, tornando-Se nosso grande sumo sacerdote. Diz Ele: "Eu sou o caminho, e a verdade e a vida." (João 14:6). Se por qualquer esforço próprio pudéssemos subir um único degrau, as palavras de Cristo não seriam verdadeiras.

Quando o pecador penitente, contrito diante de Deus, discerne a expiação de Cristo em seu favor e aceita essa expiação como sua única esperança nesta vida e na vida futura, seus pecados são perdoados. Isso é justificação pela fé. Toda pessoa deve submeter sua vontade inteiramente à vontade de Deus e manter-se num estado de arrependimento e contrição, exercendo fé nos méritos expiadores do Redentor e avançando de força em força, de glória em glória.

Perdão e justificação são uma só e a mesma coisa. Pela fé, o pecador passa da posição de rebelde, de filho do pecado e de Satanás, para a posição de súdito leal de Cristo Jesus, não por causa de alguma bondade inerente, mas porque Cristo o recebe como Seu filho, por adoção (Romanos 8:15). O pecador pode errar, mas ele não é rejeitado sem misericórdia(d). Sua única esperança, porém, é o arrependimento para com Deus e fé no Senhor Jesus Cristo. A prerrogativa do Pai é perdoar nossas transgressões, porque Cristo tomou sobre Si a nossa culpa e nos absolveu, imputando-nos Sua própria justiça (Apocalipse 22:14). Seu sacrifício satisfaz plenamente as reivindicações da justiça (Isaías capítulo 53).

Justificação é o contrário de condenação. A infinita misericórdia de Deus é manifestada para os que são completamente indignos. Ele perdoa as transgressões, os pecados por amor de Jesus, o qual Se tornou a propiciação pelos nossos pecados. Pela fé em Cristo, o transgressor culpado é conduzido ao favor de Deus e à forte esperança da vida eterna.

by IASD On-line TMA

Texto extraído e adaptado de: WHITE, E. G. Fé e Obras, 4.ª ed., São Paulo, SP: CPB, cap. 14-15, p. 99-104.

Vídeos relacionados: Cremos na Graça; A Lei e a Graça

a. Acesse: Perdão e Salvação

b. Em referência a Mateus 3:17.

c. Esse controle não provém da natureza pecaminosa do homem, mas procede de Cristo. Trata-se de ajuda sobrenatural que direciona a mente nos ensinos e qualidades de Deus; e, por consequência, elimina o antigo caráter pecaminoso (Colossenses 3:1-10). É através da graça que o pecador consegue discernir o pecado e, pela fé, luta diariamente para bani-lo de sua vida. A fé é aperfeiçoada sob essas circunstâncias (Tiago capitulo 2).

d. Acesse: Misericórdia Infinita, Paciência Limitada

1. WHITE, E. G. No Deserto da Tentação, 2.ª ed., São Paulo, SP: CPB, cap. 8, p. 36.

2. WHITE, E. G. Grande Conflito, O; 41.ª ed., São Paulo, SP: CPB, sec. III, cap. 27, p. 467-468.

3. WHITE, E. G. Fé e Obras, 4.ª ed., São Paulo, SP: CPB, cap. II, p. 30.

4. WHITE, E. G. Atos dos Apóstolos, 9.ª ed., São Paulo, SP: CPB, sec. V, cap. 52, p. 532.

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