Segunda Vinda de Cristo - I

"Nesse tempo, se levantará Miguel, o grande príncipe, o defensor dos filhos do teu povo, e haverá tempo de angústia, qual nunca houve, desde que houve nação até àquele tempo; mas, naquele tempo, será salvo o teu povo, todo aquele que for achado inscrito no livro." (Daniel 12:1 NVI).

Na hora mais tenebrosa da Terra, Deus manifestará Seu poder e libertará o Seu povo. As Escrituras descrevem que na ocasião, uma forte voz é ouvida do santuário celestial, dizendo: "Está feito!" Em seguida, relâmpagos riscam o céu continuamente, enquanto um terremoto de intensidade jamais ocorrido estremece a Terra. Montanhas e ilhas são dissolvidas, rochas lançadas em todas as direções, cidades desmoronam, e o céu recolhe-se como um pergaminho (Apocalipse 6:14; Apocalipse 16:17-20). E em meio ao caos que assola o mundo, o povo de Deus é visto tranquilo e alegre, pois sabe que é o "Filho do homem" que Se aproxima (Mateus 24:30).

Em Sua vinda, grande desespero atinge aqueles que recusaram a Jesus como Salvador e Senhor; optaram por rejeitar Sua graça e Sua lei para satisfazer seus hábitos pecaminosos (Jeremias 6:16). Insistentemente resistiram à paciente voz que lhes exortavam (Isaías 30:21; João 14:26; Hebreus 10:15-17). Agora, lhes resta apenas rogar às montanhas e às rochas: "Caiam sobre nós e escondam-nos da face dAquele que está assentado no trono e da ira do Cordeiro! Pois chegou o grande dia da ira dEles; e quem poderá suportar? (Apocalipse 6:15-17 NVI). 

A certeza do retorno de Cristo

A certeza do Segundo Advento esta firmada na confiabilidade das Escrituras. Pouco antes de Sua morte, Jesus explicou aos discípulos que retornaria ao Céu a fim de preparar-lhes lugar(a). Mas Ele também prometeu: "Virei outra vez" (João 14:1-3).

Assim como a primeira vinda de Cristo à Terra foi profetizada,1 a Sua segunda vinda também é anunciada pelas Escrituras. E Enoque já comunicava esse evento declarando: "Eis que veio o Senhor entre Suas santas miríades, para exercer juízo contra todos e para fazer convictos todos os ímpios, acerca, de todas as obras ímpias que impiamente praticaram, e acerca de todas as palavras insolentes que ímpios pecadores proferiram contra Ele" (Judas 1:14-15). Mil anos antes de Cristo, Davi falou sobre a vinda do Senhor, dizendo: "Vem o nosso Deus, e não guarda silêncio; perante Ele arde um fogo devorador, ao Seu redor esbraveja grande tormenta. Intima os Céus lá em cima e a Terra, para julgar o Seu povo. Congregai os Meus santos, os que comigo fizeram aliança, por meio de sacrifícios" (Salmos 50:3-5).

A segunda vinda acha-se intimamente vinculada à primeira vinda de Cristo. Se Ele não houvesse vindo pela primeira vez e obtido a vitória decisiva sobre o pecado e Satanás (Colossenses 2:15), não haveria razão para crer em Seu retorno para findar o domínio do mal sobre este mundo, restaurando-o à perfeição original (ref). Contudo, Ele apareceu "para aniquilar, pelo sacrifício de Si mesmo, o pecado", temos também razões para crer que Ele "aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que O aguardam para a salvação" (Hebreus 9:26-28).

As profecias relacionadas ao ministério de Cristo no santuário celestial(b) reforçam à certeza de que Ele em breve retornará a fim conduzir o Seu povo ao novo lar. A confiança em que Cristo está operando ativamente no sentido de consumar a redenção já alcançada na cruz, tem trazido grande encorajamento aos cristãos que contemplam o horizonte à espera de Seu retorno (ref.).

À maneira do retorno de Cristo

Assim como Cristo falou a respeito dos sinais que indicariam a proximidade de Sua vinda, Ele mencionou também sobre os falsos sinais. Advertiu que antes do Segundo Advento surgiriam "falsos cristos e falsos profetas operando grandes sinais e prodígios para enganar, se possível, os próprios eleitos". Ele admoestou: "Se alguém vos disser: Eis aqui o Cristo! ou Ei-lo ali!, não acrediteis" (Mateus 24:24-23). Tendo em vista habilitar os cristãos para distinguirem entre o genuíno evento e os falsos, várias passagens bíblicas revelam detalhes quanto à maneira do retorno de Cristo.

Quando Jesus ascendeu numa nuvem, dois anjos dirigiram-se aos discípulos, que ainda contemplavam pasmados o Salvador que acabara de desaparecer no céu, dizendo-lhes: "Varões galileus, por que estais olhando para as alturas? Esse Jesus que dentre vós foi assunto ao Céu virá do modo como O vistes subir" (Atos 1:11). Em outras palavras, disseram que o mesmo Jesus que naquele momento os havia deixado - um ser pessoal, corpóreo, e não uma entidade meramente espiritual (Lucas 24:36-43) - haveria de retornar à Terra. Assim, o Seu segundo advento será tão literal e pessoal quanto o foi Sua partida.

A vinda de Cristo não será uma experiência interior, invisível, mas um real encontro com uma Pessoa visível. Não deixando qualquer terreno para dúvidas quanto à visibilidade de Seu retorno, Jesus advertiu Seus discípulos contra o risco de imaginarem um retorno secreto, ao comparar Sua volta com a luminosidade e visibilidade do relâmpago: "Porque assim como o relâmpago sai do Oriente e se mostra no Ocidente, assim será a vinda do Filho do homem" (Mateus 24:27). João reforça isso, afirmando que tanto os justos quanto os ímpios testemunharão simultaneamente esse acontecimento: "Eis que vem com as nuvens, e todo olho O verá, até quantos O traspassaram" (Apocalipse 1:7). Descrevendo também essa ocasião, Cristo mencionou o testemunho mundial e a reação dos ímpios: "Todos os povos da Terra se lamentarão e verão o Filho do homem vindo sobre as nuvens do céu com poder e muita glória" (Mateus 24:30).

Acrescentando informações ao quadro de um reconhecimento universal do retorno de Cristo, a Bíblia afirma que Sua vinda também se caracterizará por sons muito audíveis: "Porquanto o Senhor mesmo, dada a Sua palavra de ordem, ouvida a voz do Arcanjo, e ressoada a trombeta de Deus, descerá dos Céus" (I Tessalonicenses 4:6). Porventura, existe algo de secreto em fortes sons de trombeta? (cf. Isaías 58:1). O apóstolo João retrata a glória do retorno de Cristo de modo mais dramático. Ele traça o quadro de Cristo cavalgando um cavalo branco e conduzindo inumeráveis exércitos celestiais (Apocalipse 19:11-16).

Os crentes em Cristo, tendo almejado e aguardado por tanto tempo o retorno de seu Senhor, saberão quando Ele Se aproximar (I Tessalonicenses 5:4-6). Mas em relação aos demais habitantes da Terra, Paulo escreveu: "O dia do Senhor vem como ladrão de noite. Quando andarem dizendo: Paz e segurança, eis que lhes sobrevirá repentina destruição, como vêm as dores do parto à que está para dar à luz; e de nenhum modo escaparão" (I Tessalonicenses 5:2-3 cf. Mateus 24:43).

Alguns têm entendido que a comparação feita por Paulo, da vinda de Cristo com a chegada de um ladrão, deva significar que Ele retornará de alguma forma secreta e invisível. Entretanto, tal modo de ver as coisas contradiz o quadro bíblico de Cristo retornando em glória e esplendor, à vista de todos (Mateus 24:30; Apocalipse 1:7). O ponto destacado por Paulo não é uma hipotética vinda secreta de Cristo, e sim o fato de que, para os que possuem mente mundana, será a Sua volta tão inesperada quanto o aparecimento de um ladrão.

Cristo salientou sobre isso ao comparar Sua vinda com a inesperada destruição do mundo antediluviano pelas águas. "Porquanto, assim como nos dias anteriores ao dilúvio comiam e bebiam, casavam e davam-se em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca, e não o perceberam, senão quando veio o dilúvio e os levou a todos, assim será também a vinda do Filho do homem" (Mateus 24:38-39). Embora Noé tenha pregado durante tantos anos a respeito do dilúvio vindouro, a maior parte das pessoas foi apanhada de surpresa pelo evento. Na época, havia duas classes de pessoas sobre a Terra, uma que acreditara nas palavras de Noé e entrou na arca, escapando assim da destruição; e a outra - a imensa maioria - zombou das advertências e decidiu ficar do lado de fora da arca, até que "veio o dilúvio e os levou a todos" (Mateus 24:39).

De modo semelhante ao dilúvio, o sonho de Nabucodonosor - a estátua de metal - retrata a maneira cataclísmica pela qual Cristo estabelecerá Seu reino de glória. Nabucodonosor viu uma grande imagem, cuja "cabeça era de fino ouro, o peito e os braços, de prata, o ventre e os quadris, de bronze; as pernas, de ferro, os pés, em parte, de ferro, em parte, de barro". Depois "uma pedra foi cortada sem auxílio de mãos, feriu a estátua nos pés de ferro e de barro e os esmiuçou. Então, foi juntamente esmiuçado o ferro, o barro, o bronze, a prata e o ouro, os quais se fizeram como a palha das eiras do estio, e o vento os levou, e deles não se viram mais vestígios. Mas a pedra que feriu a estátua se tornou em grande montanha que encheu toda a Terra" (Daniel 2:32-35).

Através desse sonho, Deus concedeu a Nabucodonosor um resumo da história mundial. Entre os dias do rei e o estabelecimento do sempiterno reino de Cristo (a pedra), quatro impérios principais, seguidos de um conglomerado de nações fortes e fracas, ocupariam sucessivamente o palco dos eventos mundiais.

Mesmo nos dias de Cristo, os intérpretes já haviam identificado os quatro grandes impérios como sendo Babilônia (605 - 539 a.C.), Medo-Pérsia (539 - 331 a.C.), Grécia (331 - 168 a.C.) e Roma (168 a.C. - 476 d.C.).2 Conforme profetizado, nenhum outro império sucederia Roma. Durante o quarto e quinto séculos de nossa era o Império Romano se fragmentaria em vários reinos menores, os quais mais tarde se tornariam as nações da Europa. Através dos séculos, poderosos governantes, tais como: Carlos Magno, Carlos V, Napoleão, Kaiser Guilherme e Hitler, tentaram estabelecer outro império mundial. Todos fracassaram, pois a profecia advertira: "Não se ligarão um ao outro, assim como o ferro não se mistura com o barro" (Daniel 2:43).

Finalmente, o sonho passou a focalizar o clímax dramático: o estabelecimento do eterno reino de Deus. A pedra cortada sem auxílio de mãos representa o reino da glória de Cristo (Daniel 7:14; Apocalipse 11:15), o qual será estabelecido sem qualquer esforço humano por ocasião do Segundo Advento. O reino de Cristo não deverá coexistir com qualquer império humano. Quando Ele esteve na Terra, ocasião em que o Império Romano dominava o mundo, o reino da "pedra" que esmaga todas as nações ainda não havia aparecido. Somente depois da fase do ferro e do barro, presentes nos pés da estátua – o período das nações europeias divididas - é que a pedra entraria em cena. O reino de Cristo será estabelecido em Seu Segundo Advento, quando Ele separar os justos dos ímpios (Mateus 25:31-34).

Considerações finais

a.

b. Acesse: O Tribunal Celestial; Jesus, o Advogado

1. 

2. Froom, Prophetic Faith of Our Fathers, vol. 1, págs. 456 e 894; vol. 2, págs. 528 e 784; vol. 3, págs. 252 e 744; vol. 4, págs. 396 e 846.