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Autora Enfermeira Carla Araújo

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Voluntariado J

 

            Ao longo dos anos, foram sendo criadas inúmeras Instituições Humanitárias e de Solidariedade Social, para colmatar faltas ou para complementar lacunas existentes no Sistema, que sem o apoio de Voluntários seria inviável para o Estado, sob o ponto de vista financeiro. Vou apenas falar da Cruz Vermelha Portuguesa (Coluna de Socorro Henry Dunant), por ser membro (Enfermeira Voluntária) desta Instituição e também por ser o Ano Internacional do Voluntariado.

Foi neste ano, que se conseguiu activar a Coordenação de Enfermagem, uma vez que como Grupo e com Serviço regular se manteve durante quase 16 anos inactiva, embora com um apoio de 2 Enfermeiros que humanamente fizeram o que o seu tempo livre o permitia.

            A Cruz Vermelha Internacional é hoje um movimento Mundial que engloba milhões de membros de todas as raças, religiões e condições sociais, sendo movidas pelos mesmos ideais.

            Neste sentido, a Cruz Vermelha acolhe e encoraja o oferecimento de pessoas que desejam, voluntariamente colaborar com a Instituição uma vez que o voluntariado é uma das formas de participar positiva e activamente na sociedade, oferecendo de forma desinteressada o tempo e a disponibilidade para ajudar os outros, ou simplesmente para reforçar a defesa de causas nobres.

            Deste modo, o Voluntariado assume, neste contexto, uma posição de máxima importância, transversal a toda a actuação da Cruz Vermelha, apoiando projectos e acções que se desenvolvem a diferentes níveis (Unidades de Socorro, Acções de distribuição de Ajudas Técnicas, Distribuição de géneros, Angariação de donativos e subsídios, além de muitíssimas outras actividades).

 

            Breve Historial / Expansão da Cruz Vermelha

 

            A partir de 1850, Henry Dunant (1828-1910) geria uma colónia Suíça na Argélia. Pretendia criar uma fábrica de moagem de trigo, mas não conseguia obter licença. Em busca deste documento, Dunant decidiu dirigir-se directamente ao homem que comandava, Napoleão III.

            Nesta época, Napoleão III, lutava em batalha no Norte de Itália, Dunant foi então ao seu encontro. Pelo caminho assistiu à batalha de Solferino em Lombardy, uma experiência que mudou a sua vida. Passou diversos dias a trabalhar no rescaldo da batalha e a tentar salvar algumas vidas. Mais tarde, escreve um livro “ A Memory of Solferino”, de onde consta a seguinte frase:

- “ Será que não seria possível um tempo de paz e tranquilidade, criar sociedades de apoio que tivessem o objectivo de ajudar em tempo de guerra, recorrendo a voluntários cuidadosos, delicados e altamente qualificados?”

            A resposta à sua pergunta foi afirmativa, pois hoje o seu trabalho continua a ser desenvolvido pelo Comité Internacional da Cruz Vermelha.

            Quero no entanto que se saiba, que todo este trabalho desenvolvido por Henry Dunant, não foi logo aceite. Teve de superar grandes desafios e vencer a opinião de muitos opositores das suas ideias, de tal forma que quase morreu na miséria, ele que era oriundo de família abastada. O reconhecimento, pelo trabalho desenvolvido durante quase toda uma vida só foi feito, no final da sua existência e graças a uma jovem jornalista, que acidentalmente, o reconheceu numa pacata vila da Suíça, para onde se retirou farto de ser injustiçado.

            A Cruz Vermelha Portuguesa aderiu a ideia de abrir uma Delegação na Madeira na altura da 2ª Grande Guerra tendo desenvolvido trabalho meritório em prole dos feridos e espoliados de guerra. È também com um grande desastre desta vez Natural, (1º Terramoto nos Açores) que durante a “Operação Pirâmide” no Teatro Baltazar Dias, nos anos 70, que “Rui Ameal”, assim conhecido pelos Amigos, tem a ideia de formar um Grupo de Socorro, com “gente nova” a que carinhosamente tratava por “os meus pequenos”, com Formação em Socorrismo. Assim com 17 indivíduos, nasce a Coluna de Socorro Henry Dunant algum tempo depois. Criaram-se as estruturas (recrutamento, formação, meios e materiais de socorro do mais sofisticado na altura) dividiu-se o Grupo por Especialidades (Sapadores, Condutores, Administração, Transmissões e Enfermagem), e com o apoio do Governo Regional iniciou-se o trabalho a 24 horas e cobrindo toda a Ilha, uma vez que só existiam 2 Corporações de Bombeiros para toda a R.A.M.

            Este ano, comemorou-se a semana da Cruz Vermelha Portuguesa, que decorreu 6 e 10 de Novembro integrando-se no âmbito das Comemorações do Ano Internacional do Voluntariado.

            No dia 10 de Novembro, a Cruz Vermelha Portuguesa Delegação do Funchal, apresentou publicamente um projecto, que continua a ser pioneiro em todo o Território Português, um Grupo de Enfermeiros a prestarem Serviço diariamente em regime de Voluntariado nas Ambulâncias de Socorro. Para além do reforço de 20 Voluntários de Ambulância de Transporte, a referida Instituição conta com um Grupo de Enfermagem constituído por 16 Enfermeiros oriundos de diversos Serviços do Centro Hospitalar do Funchal, com um leque vasto a nível de experiência profissional, bem como a nível de anos de exercício de profissão. O que tornou um Grupo homogéneo e forte com perspectivas de presente e futuro.

            O responsável por este projecto é um Enfermeiro (actual Coordenador de Enfermagem) que já pertencia à Instituição, tendo-se afastado durante alguns anos, regressou propondo e investindo neste projecto, com a prestimosa ajuda e colaboração do Dr. Carlos Alberto, Coordenador da Formação de Emergência Pré-Hospitalar na Região Autónoma e Coordenador da Equipa Medica de Intervenção Rápida.

            Com este reforço, o Quadro de Voluntários da Cruz Vermelha na Madeira passa a ser 100 Voluntários com Formação em diferentes áreas. Posso salientar que os Socorristas, tiveram um período de cerca de 6 meses de Instrução e de Formação em Primeiros Socorros e o Grupo de Enfermagem foi-lhes ministrada Formação em “Técnicas de Emergência”, da qual constou de uma parte teórica e prática com 84 horas de Formação em regime pós - laboral.

Dado que o campo de acção da Equipa de Socorro é muito vasto, daí a necessidade de Formação e Instrução a diversos níveis. È fundamental uma Equipa coesa, organizada e capaz de estabelecer um Plano de Acção para, perante uma situação de Emergência, tudo corra “bem”, tendo sempre em linha de conta o vértice do Sistema que é o DOENTE.

Este projecto integra um Enfermeiro na Equipa de Socorro, a ele cabe a avaliação e todas as atitudes de socorro, com determinadas limitações (diagnóstico e terapêutica sempre a cargo do médico ou, no Sistema Pré-Hospitalar da Região da E.M.I.R.).

Assim a Equipa de Socorro é constituída por: um Enfermeiro, um Socorristas, um Condutor e um Chefe de Equipa (os dois últimos também são socorristas).

A nossa realidade, favorece um intercâmbio importante, na medida em que haverá uma partilha de conhecimentos, técnicas e experiências pessoais, que ao serem partilhadas por cada elemento da Equipa, favorecerá uma melhoria na qualidade da prestação do Socorro.

            Este Grupo de Enfermagem, do qual faço parte, pretende progredir nesta caminhada, à qual todo o Grupo se propôs inicialmente, bem como no evoluir em mais uma etapa colocando os seus conhecimentos e experiências em prática.

            Termino mencionando que, todos estes voluntários têm a sua profissão, mas, a falta de tempo não lhes serve de desculpa para não estenderem a mão a quem mais necessita. Em comum têm a vontade de ajudar e de serem úteis, sentindo também eles a alegria estampada no rosto daqueles a quem todos os dias das nossas vidas, nos agradecem pelo nosso sorriso amigo e pela nossa disponibilidade.

 

Tem como lema:  “, UM POR TODOS,TODOS POR UM PARA MELHOR SERVIR”.J