cartapublica1007
carta pública 10 julho 06
10 de Julho de 2006
Ex. Senhor Director,
Na sequência do artigo: “Novo aeroporto da Ota ainda será reversivel?”, publicado no “Público” de hoje pelo Comandante Sousa Monteiro, peço-lhe a publicação como “Carta ao Director” do texto que se segue.
Com os meus melhores cumprimentos.
António Brotas
Professor Jubilado do IST
Av. Manuel da Maia 56 5º E 1000-203 Lisboa . 939508020
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SOBRE A LOCALIZAÇÃO DO FUTURO AEROPORTO DE LISBOA
Em 26 de Junho de 1999 , o “Público” publicou uma carta aberta minha, dirigida ao então Primeiro Ministro, escrita na sequência de três encontros promovidos pela Sociedade de Geografia de Lisboa e pelo Instituto Superior Técnico sobre a localização do Novo Aeroporto de Lisboa (NAL), que começava com as seguintes palavras:
“Caro Guterres,
Acho que lhe devo dizer que a construção do futuro aeroporto na Ota é uma decisão em absoluto errada, altamente gravosa para o país, o que com o tempo se tornará cada vez mais evidente.”
Na sequência, pedi a várias entidades: Presidência da República, Governo, Assembleia da República, Ministério das Obras Públicas e Comunicações, partidos políticos, para organizarem um “livro branco” para o país poder ser cabalmente informado sobre esta matéria, de imensa inportância para o seu futuro.
Sem este livro, as informações chegam ao público fragmentadas e o debate anda em círculo, porque os articulistas esquecem, com frequência , argumentos já conhecidos, que outros lhes têm de lembrar, embora já o tenham feito várias vezes anos atrás.
Assim, por exemplo, o Comandante Sousa Monteiro que num artigo sobre aeroporto da Ota hoje publicado no “Público” escreve: “Assiste-se a uma frenética movimentação no sentido de tornar reversivel a decisão deste Governo relativamente à concretização na Ota do Novo Aeroporto de Lisboa”, não pode ignorar que:
1-No caso de ser construido, no que diz respeito à segurança das aeronaves, o aeroporto da Ota será menos seguro que o da Portela, classificado na categoria III B pela ICAO (numa escala com a segurança máxim IIIC) enquanto que o da Ota, no parecer da Parsons (empresa consultora da NAER) será da categoria I, ou II, sendo no segundo caso necessário fazer grandes trabalhos para nivelar um monte a Norte das pistas.
2- Um aeroporto na OTA, cuja construção exige gigantescos movimentos de terras e que depois de feito não tem qualquer possibilidade de expansão, será sempre muito caro. A sua exploração exige, em consequência, o encerramento da Portela, sem o que seria uma catástrofe financeira.
3- Como único aeroporto da região de Lisboa, o aeroporto da Ota estará saturado antes de 2050, atrofiando o país e deixando-o numa situação de solução extraordinariamente dificil.
4- Há vários locais, todos a Sul do Tejo, onde é possivel construir de um modo faseado e com custos muito menores, um aeroporto com amplas possibilidades de expansão, que poderá, se o quizermos e quando o quizermos, absorver todo o tráfego da Portela, e que, conjugado com a nossa situação geográfica e a nossa condição de país independente, nos poderá assegurar um lugar significativo no futuro mundo da aviação comercial.
António Brotas
Professor Jubilado do IST