A escola é um espaço privilegiado para a convivência, aprimora as relações e estabelece vínculos que contribuem para o seu desenvolvimento emocional, cognitivo e social. Aprender a conviver é sem dúvida uma aprendizagem que representa um dos maiores desafios da educação atualmente. Ensinar a não-violência na escola e promover um clima organizacional seguro é uma questão crucial, pois se trata de um espaço onde as crianças e adolescentes experienciarão emoções e afetos e interagir com pares que diferem fundamentalmente do contexto familiar.
O estabelecimento do Guia de Orientações de Segurança e Bem-estar das Unidades de Ensino da Rede Municipal de Joinville visa garantir que os profissionais saibam identificar e lidar com questões relacionadas à segurança e ao bem-estar. Por meio do documento, as equipes escolares baseiam suas ações em equipamentos, órgãos e setores à disposição da comunidade escolar.
Assim, para apoiar e orientar as unidades de ensino a agir em situações inesperadas que permeiam o contexto escolar, a Secretaria de Educação apresenta cinco protocolos que compõem o Guia de Orientações de Segurança e Bem-estar:
● Protocolo de Saúde Mental da Rede Municipal de Ensino de Joinville;
● Protocolo de Prevenção à Violência Escolar da Rede Municipal de Ensino de Joinville;
● Protocolo de Primeiros Socorros da Rede Municipal de Ensino de Joinville;
● Defesa Civil na Rede de Ensino;
● Protocolo de Emergência Escolar Diante de Atacante Ativo.
A consolidação dos manuais e protocolos em um único documento foi impulsionada por um diagnóstico realizado pela Secretaria de Educação de Joinville que identificou a falta de padronização nos processos operacionais das escolas e Centros de Educação Infantil (CEIs). Embora o acompanhamento das situações de violência ou de bem-estar e segurança já fosse realizado pelas equipes das unidades escolares, o levantamento apontou muitas ações desenvolvidas sem consenso sobre as ações prioritárias.
Sabe-se que a violência escolar, incluindo o bullying, tem um impacto significativo no bem-estar e no desempenho acadêmico dos estudantes, como evidenciado pelos dados do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA) de 2018. Meninas e meninos são afetados, com diferenças na forma como a violência se manifesta. Com base nesse pressuposto, a escola, como instituição de ensino formal, tem a responsabilidade de promover ambientes seguros e inclusivos, de acordo com a Lei Federal nº 13.663, de 14 de maio de 2018. Para garantir uma educação de excelência e combater a evasão escolar, a implementação de medidas de prevenção e combate à violência e o planejamento estratégico com base na identificação de vulnerabilidades na estrutura foram decisivas para a elaboração dos protocolos enquanto política pública.
Evento de lançamento dos Protocolos de Segurança e Bem-estar Escolar em 2023 (Foto: Secretaria de Educação de Joinville)
O objetivo abrangente dos documentos norteadores é garantir a segurança e o bem-estar das crianças e dos adolescentes nos estabelecimentos de ensino, promovendo medidas de conscientização, prevenção e combate a todos os tipos de violência ou acidentes, além de fomentar a segurança escolar. Esse objetivo atende à Lei nº 13.663, de 14 de maio de 2018, que altera o art. 12 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, para incluir a promoção de medidas de conscientização, de prevenção e de combate a todos os tipos de violência e a promoção da cultura de paz entre as incumbências dos estabelecimentos de ensino.
Além disso, o objetivo também está alinhado com a Lei 14.811, de 12 de janeiro de 2024, que institui medidas de proteção à criança e ao adolescente contra a violência nos estabelecimentos educacionais, prevê a Política Nacional de Prevenção e Combate ao Abuso e Exploração Sexual da Criança e do Adolescente, e faz alterações em leis relacionadas ao Código Penal, Crimes Hediondos e Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Dessa forma, o objetivo de todos os documentos incluídos no Guia de Orientações de Segurança e Bem-estar visam atender aos requisitos legais vigentes, garantindo um ambiente seguro e protegido para as crianças e os adolescentes.
O Guia de Orientações de Segurança e Bem-estar das Unidades de Ensino da Rede Municipal de Joinville foi baseado na legalidade e em evidências científicas, além de ser validado em reuniões com a rede intersetorial do município de Joinville - formada pelo Ministério Público de Santa Catarina, Conselho Tutelar, Secretaria da Saúde, Secretaria de Proteção Civil e Segurança Pública, Secretaria de Assistência e Serviço Social e Conselho Municipal do Direito da Criança e do Adolescente. Em maio de 2024, o documento foi apresentado a todos os gestores das unidades escolares da rede municipal de ensino de Joinville por meio de reunião online síncrona.
Cada protocolo foi desenvolvido com o objetivo de oferecer uma sistematização explícita dos procedimentos que devem ser considerados diante das situações que envolvem bem-estar e segurança no ambiente escolar. Diante das especificidades de cada contexto escolar, algumas ações e fluxos de atendimento podem ser diferenciados, considerando, sobretudo, a disponibilidade de equipamentos públicos na região em que a unidade educacional está inserida, bem como a organização dos serviços/órgãos/instituições que compõem a rede de apoio e proteção à comunidade escolar.
O Protocolo de Primeiros Socorros da Rede Municipal de Ensino de Joinville foi elaborado pela equipe da Secretaria de Educação em conjunto com representantes da área da saúde com base na Lei nº 13.722/2018, na Cartilha de Segurança e Saúde nas Escolas (Brasil, 2021) e no Guia Prático de Primeiros Socorros para pais, professores e cuidadores do Instituto Infância Segura (Torres, 2021). Foram consolidadas as informações sobre as diferentes situações emergenciais: clínicas e traumáticas, intoxicação/envenenamento e procedimentos básicos de manejo de animais silvestres, que podem ocorrer no âmbito educacional.
O Protocolo de Defesa Civil da Rede de Ensino, elaborado pela Secretaria de Proteção Civil e Segurança Pública (Seprot), tem por finalidade estabelecer e integrar os procedimentos a serem adotados pelas instituições envolvidas, direta ou indiretamente, nas ações de alerta, socorro, assistência e restabelecimento, de forma a reduzir os danos e prejuízos decorrentes de desastres. O mesmo documento foi formulado considerando o conhecimento sobre a prática de comportamentos seguros e ações de resposta a serem realizadas diante de ameaças climáticas, como os riscos de alagamento e inundação, deslizamento de terra, tempestades, entre outros.
O Protocolo de Emergência Escolar Diante de Atacante Ativo foi elaborado pela Guarda Municipal de Joinville, vinculada à Secretaria de Proteção Civil e Segurança Pública (Seprot), com base em estudos, experiências e acontecimentos anteriores. Os objetivos foram orientar e dar suporte às unidades de ensino, por meio de ações de prevenção, sinais de aviso e ações de resposta, diante de uma possível crise com atacante ativo.
Os Protocolos de Prevenção à Violência Escolar da Rede Municipal de Ensino de Joinville e os Protocolos de Saúde Mental da Rede Municipal de Ensino de Joinville foram desenvolvidos para além das ações de encaminhamentos externos e eventos inesperados. Eles discorrem acerca de práticas pedagógicas responsivas (como mediação e círculos de paz) que visam promover a resolução pacífica de conflitos e prevenção de saúde mental e, principalmente, prevenção de situações e eventos que afetam o cotidiano escolar. Com o fortalecimento da equipe multiprofissional a partir da introdução de profissionais de psicologia e serviço social na Rede Municipal de Ensino, ficou ainda mais evidente a necessidade de elaboração de protocolos de fluxos de encaminhamento com ações estratégicas e responsivas.
Cada ator envolvido desempenhou um importante papel ao longo da elaboração destes últimos dois documentos, sendo definido da seguinte forma: o Instituto Vozes da Educação ficou responsável por estruturar o projeto, elaborar produtos/entregas, participar de reuniões de alinhamento e o registro documental. O Instituto Gesto teve a incumbência de articular com os demais atores e monitorar o projeto e as entregas. E, por fim, a Secretaria de Educação foi quem definiu as demandas e necessidades, participou de reuniões de alinhamentos de dados e informações sobre a rede e seus equipamentos, articulando com outros órgãos e realizando a validação do material produzido pelos parceiros. Com essa abordagem abrangente e respeitando as disposições legais, os protocolos buscam criar um ambiente seguro e acolhedor nas escolas, promovendo o bem-estar e o desenvolvimento saudável dos alunos.
Vale destacar que os protocolos citados podem não contemplar todas as situações de segurança e bem-estar possíveis de ocorrerem no ambiente escolar. Todavia, ao abarcar aquilo que é mais recorrente e/ou relevante, se tornam como documentos indispensáveis, com importantes referenciais e orientações baseadas em leis e normas regulamentadas pela Secretaria de Educação (SED) e Secretaria de Proteção Civil e Segurança Pública (Seprot), dentre outras secretarias e órgãos, estando sujeitos à revisões e atualizações.
Formação para os orientadores escolares sobre os protocolos (Foto: Prefeitura de Joinville)
Partindo da premissa de garantir uma educação de excelência, em que todos os estudantes aprendam na idade certa, a definição de protocolos de combate e prevenção é essencial para que a escola saiba o que fazer para garantir um ambiente de bem-estar aos alunos. O documento “Guia de Orientações de Segurança e Bem-estar das Unidades de Ensino da Rede Municipal de Joinville” seguiu a seguinte ordem: a) introdução e acesso aos protocolos consolidados; b) caracterização da unidade de ensino (preenchimento realizado pelas equipes diretivas escolares); c) rede de apoio e proteção à unidade de ensino (preenchimento pelas equipes diretivas escolares de acordo com seus equipamentos disponíveis).
Com o objetivo de apoiar e orientar as unidades de ensino, no que tange às diferentes e inesperadas situações, que permeiam o contexto escolar, cada protocolo possui a sua especificidade de organização e funcionamento.
PROTOCOLOS DE PREVENÇÃO E COMBATE À VIOLÊNCIA ESCOLAR
Neste protocolo, há informações sobre a definição de comportamentos inadequados no ambiente escolar e devidos encaminhamentos. O conteúdo está organizado da seguinte forma: a) o que é violência escolar; b) o que a escola pode fazer em caso de violência escolar; c) procedimentos internos de enfrentamento à violência; d) identificando e respondendo ao racismo nas escolas; e) estratégias responsivas; f) fluxos de encaminhamento: atos infracionais (depredação de patrimônio, agressão física, agressão verbal, porte e uso de arma, porte de drogas, ameaças pessoais, ameaças à escola, furto e roubo) e violências contra crianças e adolescentes (bullying, violência sexual, violência física); g) referências e anexos.
Este documento abarca tanto violências internas quanto externas, com o objetivo de apoiar as unidades e orientá-las sobre como lidar com os casos de violência relacionada à escola. Nas escolas, o profissional de referência sobre a prevenção e combate às violências é o orientador educacional, enquanto nos CEIs, o papel cabe ao auxiliar de direção. Os protocolos foram elaborados apresentando propostas responsivas e fluxos de encaminhamento para casos específicos, trazendo reflexões importantes para a atuação dos educadores no enfrentamento dessas questões e amparo legal a todos que atuam em cada unidade escolar. Entretanto, é importante ressaltar que é o diretor da unidade escolar que responde quando ocorre uma situação que exige algum depoimento judicial, por exemplo.
PROTOCOLOS DE SAÚDE MENTAL
De acordo com os Protocolos de Saúde Mental da Rede Municipal de Ensino de Joinville, a política está constituída conceitualmente por meio do estabelecimento de três grandes frentes de atuação para lidar com situações emergenciais e não emergenciais de saúde mental, envolvendo os atores da comunidade escolar e da rede de apoio e proteção à criança e ao adolescente. São elas: a) planejamento dos recursos e intervenções externas disponíveis; b) definição dos procedimentos em situações emergenciais e não emergenciais; c) acompanhamento dos estudantes encaminhados. O protocolo estabelece que, em casos emergenciais, qualquer profissional da unidade escolar deve imediatamente procurar a equipe diretiva na identificação precoce de problemas relacionados à saúde mental. Para isso, os educadores precisam realizar as quatro principais ações: observar, refletir, identificar e articular.
Caso o atendimento dispensado pela equipe multidisciplinar não seja suficiente, os estudantes podem ser encaminhados para os serviços da rede de apoio à criança e ao adolescente disponíveis em Joinville e que constam na documentação. É importante ressaltar que todos os procedimentos estabelecidos pela escola para lidar com situações envolvendo a saúde mental dos estudantes devem estar de acordo com o protocolo, com o Regimento Único das Unidades Escolares da Rede Municipal de Ensino de Joinville e com as legislações vigentes.
PROTOCOLO DE PRIMEIROS SOCORROS
Diante de situações emergenciais e com o objetivo de auxiliar os profissionais que atuam na área da educação, o Protocolo de Primeiros Socorros nas Unidades de Ensino da Rede Municipal de Joinville traz informações importantes sobre os acidentes mais comuns no ambiente escolar, envolvendo, sobretudo, os alunos. No decorrer dos cinco capítulos que compõem o documento são apresentadas informações acerca das Condições Gerais do Ambiente Escolar, das Emergências Clínicas, das Emergências Traumáticas, dos Envenenamentos e Intoxicações e dos Procedimentos Básicos de Manejo de Animais Silvestres. Este protocolo caracteriza-se como um documento de consulta, uma vez que apresenta orientações sobre os riscos associados ao espaço físico e aos materiais e animais, com sugestões de prevenção e orientações sobre as medidas de primeiros socorros a serem tomadas.
PROTOCOLO DE DEFESA CIVIL
A Defesa Civil de Joinville propõe às unidades escolares a aplicação do protocolo para auxiliar no desenvolvimento da percepção de riscos, autoproteção e resiliência de toda a comunidade escolar frente a acidentes e desastres do cotidiano. Até o capítulo seis, o documento é bem conceitual. O capítulo sete é específico sobre a Gestão Escolar de Riscos de Desastres e descreve os seguintes passos para redução de riscos e de resiliência: 1º- Conhecer os riscos; 2º - Reduzir os riscos; 3º - Preparar-se para reagir; 4º - Planejar a continuidade do atendimento educacional; 5º Monitorar, compartilhar e multiplicar; 6º - Implementar o seu próprio plano na escola ou CEI. Por último, o protocolo também prevê alguns tipos de eventos específicos dadas as características climáticas do município de Joinville, como alagamentos e inundações, deslizamentos de terra, tempestades, vendavais, raios e granizo.
PROTOCOLO DE EMERGÊNCIA ESCOLAR DIANTE DE ATACANTE ATIVO
Considera-se neste documento o planejamento e as ações de prevenção e de resposta a possíveis ameaças de atacante ativo nos ambientes educacionais. Esta ameaça diz respeito ao indivíduo engajado em ferir ou eliminar pessoas em uma área populosa e confinada e que, em muitos casos, não usa um padrão ou método de seleção de vítimas. Primeiramente, o protocolo prevê o planejamento das ações de prevenção próprias de cada unidade escolar por meio de identificação de vulnerabilidades de estrutura física interna e de seu entorno, listadas como: o grupamento escolar da Guarda Municipal, vigilância patrimonial, câmeras de segurança, botão de pânico, controle de acesso natural, percepção de sinais de aviso e o Plano de Contingência do Município (Plancon). Em seguida, o documento dá direcionamento ao combate, ou seja, como agir diante de atitudes suspeitas, consequentemente as ações de resposta, medidas de mitigação (reduzir os impactos em situação de crise), e o planejamento de resposta para sobrevivência (1º Correr; 2º Esconder-se; 3º Lutar).
Formação sobre os protocolos para a Rede Municipal de Ensino (Foto: Secretaria de Educação de Joinville)
Com o lançamento dos protocolos e formações em rede, vários convites começaram a surgir para a participação de representantes da Secretaria de Educação de Joinville em congressos e eventos com outras secretarias e municípios a fim de compartilhar boas práticas de implantação. A edição 25 da Revista Educatrix, publicada em 2023, deu destaque para a iniciativa de Joinville pelos protocolos de enfrentamento da violência nas escolas e a promoção da saúde mental com a manchete “Prevenção como política pública”.
Os resultados da série histórica da Educação Básica de Joinville explicitam conquistas importantes obtidas após a implementação de ações estratégicas de garantia de acesso e permanência dos estudantes, tais como a iniciativa do estabelecimento do Protocolo de Saúde Mental da Rede Municipal de Ensino de Joinville e Protocolo de Prevenção e Combate às Violências nas escolas.
A cada ano que passa, o número de relatórios circunstanciados têm aumentado, o que demonstra que quanto maior e melhor for o entendimento compartilhado em rede a respeito dos fluxos de encaminhamentos, melhor são gerenciadas as estratégias responsivas de enfrentamento e combate às violências.
Por exemplo, em 2022 foram recebidos 521 relatórios circunstanciados. No ano seguinte, o número subiu para 532 e quase duplicou em 2024, atingindo um total de 805 relatórios. Em relação ao último ano, 33% foram classificados primariamente como denúncia de negligência ou abandono e 18% por denúncia de violência sexual ocorrida fora da escolas.
Tamanho é o impacto das ações responsivas derivadas dos protocolos para a garantia de permanência dos estudantes que, a partir da apresentação dos Protocolos de Prevenção e Combate às Violências nas escolas aos munícipes, os pais, mães e outros representantes de órgãos responsáveis reuniram-se para discussões, planejamento e implementação de ações de prevenção de resposta a possíveis ameaças nos diversos contextos sociais. Foi assim que surgiu, em maio de 2024, o Guia de Orientações de Bem-estar e Segurança, que incorpora os cinco protocolos em um único documento .
Além disso, foi realizado um maior investimento em formação em serviço aos profissionais que atuam na orientação profissional, gerando um cumulativo anual que ultrapassa 60 horas de cursos. Os temas são variados: a) protocolos de prevenção e combate às violências escolares; b) desenvolvimento de competências socioemocionais; c) elaboração de registros documentais; d) acolhimento, postura profissional e clima organizacional; e) evidências de aprendizagem; f) Planejamento estratégico do Programa Saúde na Escola, entre outros.
Outra formação em serviço ofertada aos servidores foi o “Curso Básico de Primeiros Socorros e Treinamento Operacional de Primeiros Socorros” em acordo de cooperação técnica com o Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina. O curso visa atender o que dispõe a Lei nº13722, de 04 de outubro de 2018 e também a Lei Municipal Nº 6248, de 09 de Julho de 2008, que dispõe sobre a capacitação aos profissionais do componente curricular de Educação Física. A primeira etapa do curso consistiu em 20 horas de formação online assíncrona, e a segunda, 4 horas de oficina prática em formato presencial. Em menos de um mês de execução, 90 profissionais de Educação Física já participaram da primeira etapa da formação.
Formação para os orientadores escolares sobre os protocolos (Foto: Secretaria de Educação de Joinville)
A idealização e implantação do “Guia de Bem-estar e Segurança da Rede Municipal de Ensino de Joinville” e dos demais manuais e protocolos pela Secretaria Municipal de Educação de Joinville mostrou-se uma ação pioneira em todo território catarinense.
Entendendo que a escola é um “microcosmo da sociedade”, com um espaço privilegiado para a convivência, isso também se torna um dos desafios a serem mediados pela escola. Dessa forma, os devidos encaminhamentos e ações de corresponsabilidade contribuem para a melhora no clima organizacional, influenciando na percepção de toda a comunidade escolar a respeito da unidade escolar e prevendo a satisfação de todos os envolvidos com a segurança e bem-estar.
A sistematização do conceito de violência escolar e das medidas a serem tomadas para lidar com esses casos foi essencial para auxiliar as escolas na tomada de decisões e no combate às situações de violência. O Guia de Orientações de Segurança e Bem-estar proporcionou diretrizes claras e práticas para garantir a segurança e o bem-estar da comunidade escolar.
A articulação, pactuação e validação dos documentos com os representantes dos órgãos de proteção às crianças e adolescentes (Ministério Público de Santa Catarina, Promotoria de Justiça, Secretaria de Assistência Social, coordenadores de polos de Unidade de Saúde da Família, Secretaria de Proteção Civil e Segurança Pública, Defesa Civil e Guarda Municipal) contribuiu e foi essencial para sua efetivação. A estratégia foi baseada no mapeamento e panorama de equipamentos disponíveis para planejar e possibilitar o encaminhamento mais efetivo para cada situação.
Outra parceria que enriqueceu a elaboração dos manuais, pesquisas e realização de formação aos orientadores educacionais foi a realizada com o Instituto Vozes da Educação a respeito dos protocolos de prevenção interna (Protocolos de Prevenção e Combate às Violências e Protocolos de Saúde Mental da Rede Municipal de Ensino de Joinville). Juntamente com a coordenação do Núcleo de Desenvolvimento Integral da Secretaria de Educação de Joinville, o instituto construiu toda a parte documental, os materiais para formação técnica e equipe de treinamento. Ao todo, foram 32 horas de formação em serviço que impactaram 131 profissionais da Rede Municipal de Ensino.
As ações protocoladas em cada um dos documentos apresentados no Guia de Orientações de Segurança e Bem-estar prevê a continuidade do processo de ensino e aprendizagem aos estudantes que estejam passando por questões envolvendo sua saúde mental como garantia dos direitos à educação e atenção psicossocial disposta na mais recente lei (nº 14.819, de 16 de janeiro de 2024). Promover um ambiente de ensino e aprendizagem saudável para garantir o acesso e a permanência do estudante por meio da articulação e comunicação com instituições e órgãos especializados em saúde mental e famílias dos estudantes é imprescindível.
Por fim, o ato de documentar a situação observada e comunicação entre a rede intersetorial por meio do relatório circunstanciado, seja quais forem os encaminhamentos, permanecem decisivos em muitas situações para que se pudessem extrair informações importantes para o acompanhamento e devido plano de intervenções da rede.
Definir prioritariamente os cinco principais passos ajuda a estabelecer protocolos de atendimento às violências. São eles: 1) Elencar todos os serviços e equipamentos públicos do município; 2) Documentar atribuições de cada profissional, alunos e responsáveis legais; 3) Documentar no Regimento Escolar interno (cada escola): atos de indisciplina e suas consequências; 4) Definir equipe gestora responsável pelos procedimentos relacionados à violência escolar, e de saúde mental; 5) Mapear os recursos, parcerias e intervenções disponíveis.).
Classificar os tipos e as gravidades das violências (em protocolo, regimento) e os tipos de indisciplina (Leve, Moderada, Grave. + Atos Infracionais) contribui para o estabelecimento democrático de regras claras, coerentes, consistentes e monitoradas.
Apresentar os fluxos a toda a comunidade escolar por meio de reuniões e afixação de fluxogramas em locais estratégicos ajuda na divulgação e no entendimento compartilhado de todos para que os encaminhamentos sejam realizados adequadamente.
Documentar a situação observada, seja quais forem os encaminhamentos, por meio do relatório circunstanciado, possibilita a extração de informações importantes para o acompanhamento e devido plano de intervenções da rede.
Lei nº 14.811, de 12 de janeiro de 2024: institui medidas de proteção à criança e ao adolescente contra a violência nos estabelecimentos educacionais ou similares, prevê a Política Nacional de Prevenção e Combate ao Abuso e Exploração Sexual da Criança e do Adolescente e altera o Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), e as Leis nºs 8.072, de 25 de julho de 1990 (Lei dos Crimes Hediondos), e 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente). (acesse aqui)
Lei Federal nº 13.431, de 2017: estabelece o sistema de garantia de direito da criança e do adolescente vítima ou testemunha de violência e altera o Estatuto da Criança e do Adolescente. (acesse aqui)
Decreto Federal nº 9.603, de 2018: regulamenta a Lei nº 13.431/2017, que estabelece o sistema de garantia de direitos da criança e do adolescente vítima ou testemunha de violência. (acesse aqui)
Lei Federal nº 13.185, de 2015: institui o Programa de Combate à Intimidação Sistemática (Bullying). (acesse aqui)
Lei Federal nº 13.277, de 2016: institui o dia 7 de abril como o Dia Nacional de Combate ao Bullying e à Violência na Escola. (acesse aqui)
Lei Federal nº 14.164, de 2021: altera a Lei no 9.394/1996 (LDB), para incluir conteúdo sobre a prevenção da violência contra a mulher nos currículos da educação básica, e institui a Semana Escolar de Combate à Violência contra a Mulher. (acesse aqui)
Resolução CNE/CP nº 2, de 22 de dezembro de 2017: institui e orienta a implantação da Base Nacional Comum Curricular. (acesse aqui)
Regimento Único das Unidades Escolares da Rede Municipal de Ensino de Joinville: (acesse aqui)
Lei nº 5.152, de 24 de dezembro de 2004: dispõe sobre a Gestão Democrática do Ensino Público Municipal de Joinville alterada pela Lei nº 9.225, de 19 de julho de 2022. (acesse aqui)
Lei 9.257, de 15 de agosto de 2022: dispõe sobre a inserção de profissionais da área de serviço social e psicologia, na Rede Municipal de Ensino de Joinville. (acesse aqui)
Guia de Orientações de Segurança e Bem-estar das Unidades de Ensino de Joinville: documento apresenta orientações sobre como apoiar e orientar as unidades de ensino, no que tange às diferentes e inesperadas situações, que permeiam o contexto escolar, seguida de procedimentos, fluxos de atendimento e seus encaminhamentos. (acesse aqui)
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