Construção do Convento

A Promessa do Rei

Após mais uma tentativa falhada de conseguir sucessão legítima ao trono, o rei D. João V promete “levantar um convento na vila de Mafra” a um padre franciscano, que diz saber a intenção de Deus, e em troca o Senhor conceder-lhe-ia sucessão ao trono, facto que se tornou realidade em 1711 e, então, D. João V deu início ao planeamento da estrutura.


"(...)Prometo, pela minha palavra real, que farei construir um convento de franciscanos na vila de Mafra se a rainha me der um filho no prazo de um ano a contar deste dia em que estamos,(...)"  (Memorial do Convento.pdf, página 5)

Megalomania do Rei

 Um dos divertimentos favoritos do rei era armar e desarmar a Basílica de S. Pedro em madeira, e por consequência D. João V manda chamar o arquiteto alemão Johann Friedrich Ludwig, a quem manifesta o desejo de ver construída uma basílica como a de S. Pedro de Roma. Perante a insanidade de tal pedido, o arquiteto sabe que "a um rei nunca se diz não" e tenta convencer o rei de que "A obra é longa e a vida é curta". Esse fica convencido da impossibilidade de realizar o seu desejo, mas investe num novo capricho - aumentar a capacidade do convento de Mafra.


“A vontade de vossa majestade é digna do grande rei que mandou edificar Mafra, porém, as vidas são breves, majestade, e S. Pedro, (...), consumiu cento e vinte anos de trabalhos e riqueza, vossa majestade, que eu saiba, nunca lá esteve, (...), estaria vossa majestade morta, mortos estariam vossos filhos... (...) a obra é longa, a vida é curta.”

"Então, quantos, Digamos trezentos, e mesmo assim já vai ser pequena para eles a basílica que desenhei e está a ser construída"

(Memorial do Convento.pdf, página 190-191) 

A Construção

(Memorial do Convento.pdf, página 69 e 191)

País Rico

Para um projeto tão ambicioso, seria necessária uma enorme quantidade de ouro para pagar aos trabalhadores, arquitetos e engenheiros, pelo material, obras de arte, importação dos carrilhões... E de onde é que viria tal quantidade de ouro?

Devemos relembrar que, no século XIIIV, Portugal estava no processo de exploração da costa brasileira, e exportava de lá diversos materiais, entre eles, o ouro, comum entre os vários minérios encontrados nas escavações dentro dessa colónia. E com isso foi possível a construção ambiciosa deste Palácio.

O Povo

Na obraMemorial do Convento”, fica claro que a personagem principal ou herói não é o rei , nem mesmo é uma só pessoa, mas o povo português pelo seu imenso esforço e dedicação e até mesmo devoção para com o seu país e o seu monarca. 

Ao retratar desta forma o povo português, o autor critica a exploração da classe trabalhadora por parte das classes mais altas e a indiferença em relação às suas vidas como se não fossem indivíduos, mas animais. Esta crítica é especialmente acentuada na chamada Epopeia da Pedra”.

Um Fenómeno Nacional

  Em 1910, o Palácio-Convento é classificado como Monumento Nacional, num emblemático reconhecimento da sua importância histórica e, a 7 de julho de 2019, o Real Edifício de Mafra (Palácio, Basílica, Convento, Jardim do Cerco e Tapada) entra na lista do Património Mundial da UNESCO. Este monumento é constituído pela basílica, o convento, o palácio e a biblioteca. 

Após a necessidade de criar um espaço de recreio para a família real e uma fonte de água e alimento para o Palácio-Convento, em 18 de julho de 1744, foram decretados os terrenos que iriam fazer parte da real tapada. Ao todo, têm uma área de 819 hectares integralmente protegidos por um muro histórico de 21 km, maioritariamente preenchido por vegetação e onde vivem livremente diversas populações de animais selvagens. 

A água chegava ao Palácio através de um sistema de minas, nascentes, poços, e aquedutos, indo ter a um grande lago de pedra no Jardim do Cerco.

Possivelmente este também seria um lugar onde o rei faria as suas caçadas, porém, estas nunca foram documentadas neste lugar. As primeiras atividades do tipo a terem documentação foram apenas em 1750, depois do ano da morte de D. João V, e foram feitas pelo seu filho e herdeiro, D. José I.