Tom oralizante e pontuação

“Memorial do Convento” é uma obra que usa um tom oralizante no discurso de uma produção verbal, oral ou escrita, e que fazem parte desta importantíssima narrativa. 

Pontuação

Exemplo:  "Perguntou el-rei, É verdade o que acaba de dizer-me sua eminência, que se eu prometer levantar um convento em Mafra terei filhos, e o frade respondeu, Verdade é, senhor, porém só se o convento for franciscano, e tornou el-rei, Como sabeis, e frei António disse, Sei, não sei como vim a saber, eu sou apenas a boca de que a verdade se serve para falar, a fé não tem mais que responder, construa vossa majestade o convento e terá brevemente sucessão, não o construa e Deus decidirá."(Memorial do Convento.pdf. capítulo I, página 5).

Discurso Direto

Na obra “Memorial do Convento”, o discurso direto, como reprodução do discurso de um locutor, aquele que fala, aquele a quem se fala, o lugar em que se fala, o momento em que se falou. Este discurso verifica-se através das interjeições, das frases de tipo exclamativo, do vocativo, entre outros. 

Também são eliminados os dois pontos, o parágrafo, travessão e as aspas, nos diálogos, assim como os verbos introdutores, no discurso indireto, dando muito lugar ao discurso indireto livre. 

Exemplo: "Não tenho pecados a confessar: Para o dever da missa não faltariam igrejas perto, a dos agostinhos descalços"(Memorial do Convento.pdf. página 78)


Discurso Indireto

No que diz respeito ao discurso indireto, este não é reproduzido na sua versão original e na interpretação que pode ser feita.  

Exemplo: "O padre Bartolomeu Lourenço não estava em casa, talvez tivesse ido ao paço, disse a viúva do porteiro da maça, ou à academia" (Memorial do Convento.pdf. capítulo XV, página 179)

Discurso Indireto Livre

Em relação ao discurso indireto livre, percebemos que tem características próprias de discurso direto e só é possível interpretar em contexto textual. 

Serve, por exemplo, para quebrar o ritmo, caracterizar as personagens, transmitir pensamentos ou sentimentos das personagens.

Exemplo: "Já lavara o espigão de ferro, foi como se lavasse a perdida mão de Baltasar ausente, perdido ele, onde..." (Memorial do Convento.pdf. capítulo XXIV, página 348)


No reinado de D. João V , é bem evidente o estilo barroco presente em edifícios de aspeto grandioso e de muita riqueza. Este estilo é muito particular, uma vez que é composto pela talha dourada, pinturas, esculturas, artes decorativas e azulejos.

Por todo o país, são evidentes várias construções no estilo barroco, nomeadamente a Sé de Braga e a Fachada do Palácio do Freixo, no Porto. Também na nossa cidade, Vila Nova de Famalicão, podemos destacar a Ermida de Santo António,  bem característica da época e deste estilo. 

Fachada do Palácio do Freixo
Ermida de Santo António

Contudo, é precisamente o Convento de Mafra, constituído por um palácio real, uma basílica e um convento e fruto de uma promessa feita pelo rei em relação a sua sucessão, que se destaca a nível nacional e nível internacional a magnificência e o esplendor do estilo barroco. 

Basílica
Convento de Mafra

A presença do barroco em “Memorial Do Convento” tornou-se uma crítica ao luxo e aos exageros da Igreja e da nobreza, na medida em que o Convento de Mafra, que deveria ser um local de fé e responsabilidade, acaba por tornar-se um lugar de ostentação e de falta de religiosidade, espelhando a corrupção e a violência da Igreja realizada nos autos de fé. 

Provérbios  

Os provérbios/ditados são modificados em função da intencionalidade do seu contexto na obra. 

Tendo em consideração o meio envolvente das personagens, facilmente conseguimos perceber o uso frequente de provérbios/ditados populares tão caracterizados de uma cultura tradicional. É sem dúvida um discurso narrativo oralizante que transmite sabedoria popular através dos provérbios que usa, por vezes, com adaptações e inovações.

"ainda agora a procissão vai na praça. "(Memorial do Convento.pdf. capítulo I, página 11)

Significado : O narrador  recorre a este provérbio na primeira página do romance e no momento em que é feita a caricatura do rei. A intencionalidade deste provérbio é reforçar a ideia de que não se sabe quando é que o rei vai conseguir sucessão e qual será o seu desenlace final.

” o hábito não faz o monge" (Memorial do Convento.pdf. capítulo XVIII, página 231)

Significado: Não se deve julgar uma pessoa pela sua aparência, na medida em que a fé é o verdadeiro sentido do povo e a crença no sonho e na concretização do mesmo depende da fé de cada um.

"mas as mulheres não se medem aos palmos” (Memorial do Convento.pdf. capítulo XXIII, página 325)

Significado:  A capacidade da mulher ou do homem não está na sua grandeza mas sim nos seus atos.

"que de louco todos temos um pouco. "(Memorial do Convento.pdf. capítulo XVI, página 188)

Significado:  Significa que mesmo os sonhos aparentemente impossíveis e sem sentido poderão concretizar-se e que todos temos um pouco de loucura para acreditar nisso. Baltasar era infeliz por ser maneta, mas, através do seu sonho, conseguiu ser feliz e ver as suas capacidades.

"fazer o bem olhando a quem ."(Memorial do Convento.pdf. capítulo XVII, página 216)

Significado:  Significa que devemos praticar o bem independentemente de quem precisa, sendo rico ou pobre ou de uma etnia diferente. O importante é ajudar quem precisa.