Mensagem

Verificamos também uma clara referência à obra Mensagem, de Fernando Pessoa, o que é evidenciado a partir da seguinte passagem textual, cuja semelhança com o poema do canto V da obra de Pessoa é notória: “Em seu trono entre o brilho das estrelas, com seu manto de noite e solidão, tem aos seus pés o mar novo e as mortas eras, o único imperador que tem, deveras, o globo mundo em sua mão, este tal foi o infante D. Henrique, consoante o louvará um poeta por ora ainda não nascido (pág.151). 

Esta intertextualidade configura também um anacronismo, na medida em que Mensagem é uma obra do século XX quando a diegese de Memorial do Convento é uma narrativa que se situa no século XVIII. 


CANTO QUINTO

O TIMBRE

A CABEÇA DO GRIFO

O INFANTE D. HENRIQUE


Em seu trono entre o brilho das esferas,

Com seu manto de noite e solidão,

Tem aos pés o mar novo e as mortas eras

O único imperador que tem, deveras,

O globo mundo em sua mão. 

O Infante Dom Henrique de Avis também conhecido por O Navegador  foi o principal impulsionador da Expansão e dos Descobrimentos portugueses, no século XV, servindo os feitos desta marcante figura na nossa história, em comparação com os do rei D. João V “, mas, se é de globo mundo que se trata e de império e rendimentos que impérios dão, faz o infante D. Henrique fraca figura comparado com este D. João, quinto já se sabe de seu nome na tabela dos reis, sentado numa cadeira de braços de pau-santo, para mais comodamente estar” (pág.151), verificando-se aqui também uma crítica ironizada aos feitos do rei.