Vida e obra do autor 


José de Sousa Saramago, de seu nome completo, nasceu a 16 de novembro de 1922, na Azinhaga do Ribatejo, na Colegã, no distrito de Santarém. Foi um escritor, poeta, dramaturgo e jornalista português, entre outras profissões, as quais fizeram dele o homem galardoado pelo qual ficou conhecido. 

Saramago foi criado no seio de uma família modesta, do campo, tendo vivido a sua infância na presença de seus avós maternos. A sua admiração por eles era tanta, que no seu discurso em dezembro de 1998, na Academia Sueca, admitiu que "o homem mais sábio", que alguma vez conheceu em toda a sua vida, "não sabia ler nem escrever", referindo-se ao seu avô materno, Jerónimo. 

Na escola, era notável a sua competência literária, já que passou os seus primeiros anos escolares de uma forma extraordinariamente ilustre, demonstrando sempre a sua paixão académica. Mas, infelizmente, os seus estudos não foram completados da forma como ele queria, visto que os pais não tiveram possibilidades económicas para o manter no liceu. Levando a ter de terminar os seus estudos num curso profissional de serralheiro mecânico, profissão que exerceu durante dois anos.   

O escritor casa pela primeira vez com Ilda Reis, casamento este que dura desde 1944 até 1970, durante o qual nasce sua única filha, Violante dos Reis Saramago, em 1947. Este seria também o ano em que foi publicado o seu primeiro livro, "Terra do Pecado".   

Nos anos seguintes, trabalhou numa editora, "Estúdios Cor", a qual lhe permitiu criar relações de amizade com alguns dos mais importantes escritores portugueses da época. Nos seus tempos livres, dedicava-se a trabalhos de tradução, chegando ainda a trabalhar como crítico literário. Passados alguns anos, em 1966, publicou "Os poemas possíveis", que marcaram o seu regresso como escritor.   

Na década de 70, trabalhou como subdiretor do jornal Diário de Notícias, pelo qual foi acusado como sendo o principal autor do despedimento de vários jornalistas, que não alinhavam com a política editorial da época, chamando ao de cima os seus ideais comunistas. Em 1975, aos 53 anos, vendo-se desempregado, decide viver da literatura e publica, em 1977, o romance "Manual de Pintura e Caligrafia", tendo este um teor político e ficcional.   


A década de 80 foi de longe a mais prolífica de toda a sua vida como escritor, já que foram publicadas as suas obras mais populares e mais reconhecidas até hoje. Temos, como exemplo, os romances: "Levantado do Chão" (1980), "Memorial do Convento" (1982), "O Ano da Morte de Ricardo Reis" (1984) e "A Jangada de Pedra" (1986). Ainda nesta gloriosa década, conhece e casa com a sua segunda mulher, Pilar del Río, com a qual ficou até o fim da vida.   

A década seguinte foi igualmente ilustre com a publicação do romance "O Evangelho segundo Jesus Cristo" (1991). Muitos cidadãos consideravam que esta obra desrespeitava a religião católica, por não ser fiel aos textos bíblicos. Saramago escrevia para desassossegar o leitor e fazê-lo refletir, por esse motivo, muitos não o compreendiam, ao contrário de sua mulher. Por isto, o romancista foi alvo de censura na lista dos candidatos ao Prémio Nobel pelo governo português, o que o levou a passar a viver na Ilha de Lanzarote até ao final dos seus dias.  




Em 1995, publicou o "Ensaio sobre a Cegueira". No mesmo ano, foi-lhe atribuído o Prémio Camões, pelo conjunto da sua obra. Finalmente, em 1998, ganhou o Prémio Nobel da Literatura, atribuído pela academia sueca.

Para além de romances com o teor mais direcionado para alguém mais jovem, mais adulto, Saramago, por vezes, escrevia para os mais novos. Destes contos, fazem parte: “Objecto Quase” (1978) “O Conto da Ilha Desconhecida” (1997) e “A Maior Flor do Mundo” (2001). 

Todos sabemos que a versatilidade não é o que falta ao escritor, por isso, não é de surpreender que ele tenha também redigido algumas peças de teatro, muitas destas de renome e levadas à cena, atualmente. De entre estas, temos: “A Noite” (1979), “Que farei com este Livro?” (1980), “A Segunda Vida de Francisco de Assis” (1987), “In Nomine Dei”, (1993) e “Don Giovanni ou O dissoluto absolvido” (2005). 

 

A 18 de junho de 2010, Saramago morre, deixando uma obra incompleta "Alabardas, alabardas, Espingardas, espingardas", que, em 2014, foi publicada com a continuação de Roberto Saviano, um escritor e jornalista italiano.