Estilo, Graça...

ESTILO, GRAÇA E INFORMAÇÃO NA ARTE PRIMITIVA

Gregory Bates

Trad. Everaldo Skrock

Introdução

Este artigo consiste em várias tentativas, ainda isoladas, de mapear as teorias associadas com a cultura e as artes não-verbais. Como nenhuma destas tentativas é inteiramente bem-sucedida e como elas até agora ainda não se encontraram no centro do território a ser mapeado, talvez seja útil expor, em linguagem não-técnica, o que estou procurando.

Aldous Huxley costumava dizer que o problema central da humanidade é a busca pela graça. Ele utiliza esta palavra no sentido que, acreditava, ela era utilizada no Novo Testamento. Ele a explicava, no entanto, à sua própria maneira. Argumentava ele - como Walt Whitman - que a comunicação e o comportamento dos animais possui uma ingenuidade, uma simplicidade, que o homem perdeu. O comportamento humano está corrompido pelo engano - ainda que auto-engano -, pela intenção e pela autoconsciência. O homem perdeu, segundo a visão de Huxley, a "graça" que os animais ainda possuem. Nos termos deste contraste, argumentou ele que Deus se parece mais com os animais do que com o homem: idealmente ele é incapaz de enganar e é incapaz de confusão interna. Na escala total dos seres o homem está, portanto, como que marginalmente deslocado e lhe falta aquela graça que os animais possuem e que Deus possui.

Meu argumento é de que há muitas espécies de graça dentro do gênero mais amplo; e também que há muitos tipos de graça que o artista tenta alcançar, e os suas respectivas espécies de fracassos.

Algumas culturas podem encorajar uma abordagem negativa para esta difícil integração, de forma a evitar a complexidade através de uma rude preferência seja pela total consciência, seja pela total insconsciência. É pouco provável que sua arte seja "grande".

Vou argumentar em favor da idéia de que o problema da graça é fundamentalmente um problema de integração e de que os elementos a serem integrados são as diversas partes da mente - especialmente aqueles múltiplos níveis dos quais um extremo é chamado "consciência" e o outro "inconsciência". Para se alcançar a graça, as razões do coração deve ser integradas com as razões da razão.

Edmund Leach fez-nos deparar, nesta conferência, com a questão: como é que a arte de uma cultura pode ter significado ou validade para críticas feitas em uma diferente cultura? Minha resposta seria que, se a arte é de alguma forma expressiva de alguma coisa como graça ou integração psíquica, então o sucesso desta expressão deveria ser bem identificável para além das barreiras culturais. A graça física dos gatos é profundamente diferente da graça dos cavalos. O homem, mesmo não possuindo a graça física de nenhum deles, pode avaliar a de ambos.

E mesmo quando o assunto da arte é o fracasso da integração, o reconhecimento inter-cultural dos produtos deste fracasso não é por demais surpreendente.

A questão central é: de que forma a informação sobre a integração psíquica é contida ou codificada na orbra de arte?

Estilo e Significado

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