Resumo das entrevistas sobre o Pacto Ecológico Europeu

Resumo das entrevistas sobre o Pacto Ecológico Europeu


O ciclo de entrevistas realizadas pelo Clube, no âmbito do projeto desenvolvido "O Pacto Europeu - O Transporte Ferroviário Promove a Mobilidade Sustentável", chegou ao término.

Assim, concluiu-se o seguinte das entrevistas realizadas:

- Eurodeputada Marisa Matias, que - Seguindo a iniciativa de Pascal Canfin (Presidente da Comissão Europeia para o Ambiente), o Parlamento Europeu declarou em dezembro de 2019 um Estado de Emergência Climática. Segundo as suas palavras “O Parlamento tem sido muito claro nesta legislatura ao pedir a ampliação dos objetivos para 2030. Atualmente o objetivo situa-se nos 40%, o que a maioria agora pretende é alcançar uma redução de 55%, nas emissões de CO2 em 2030, e alcançar a neutralidade climática em 2050”. A UE prestará ajuda a nível financeiro e assistência técnica, a quem é mais afetado pela transição para a economia verde, através do Mecanismo para uma Transição Justa. Este mecanismo ajudará a mobilizar, pelo menos, 100 mil milhões de EUROS no período de 2021-2027, nas regiões mais afetadas. Até porque no ano de 2050, a grande aposta da UE é precisamente o Transporte Ferroviário, promovendo assim a mobilidade sustentável.

Neste sentido, ano 2021, foi escolhido pela União Europeia, para promover o ano Europeu da Ferrovia, como uma mobilidade sustentável.

Assim, o Parlamento Europeu pretende que mais da energia utilizada em toda a UE, seja proveniente de fontes renováveis – 32% até 2030. Como é o caso da energia eólica; solar; elétrica. É do consenso geral, que o transporte Ferroviário desempenhará um papel crucial no futuro sistema de mobilidade da Europa: não só respeitador do ambiente e eficiente do ponto de vista energético (constitui até o único modo de transporte que reduziu quase continuamente as suas emissões de CO2 desde 1990), aumentou ainda e em simultâneo os volumes de transporte.

Nas palavras da eurodeputada Marisa Matias, “Portugal tem que estar preparado para este problema, pois é um dos países mais afetados pelas alterações climáticas. Temos uma maior incidência a cada ano que passa, por exemplo, cheias, tempestades, ciclones, incêndios, onde estes fenómenos tenderão a reforçar-se, como o caso de Pedrogão. Devemos pensar no futuro que temos pela frente. Por isso, temos que estar preparados. A EU tem vindo a desempenhar um papel importante a nível global, com uma legislação avançada, na proteção ambiental e no combate às alterações climáticas e percebemos que o Acordo de Paris, já não é suficiente. Por isso, a EU já preveniu e legislou acima deste mesmo Acordo. Contudo, ainda não é suficiente e o Parlamento Europeu tem de rever estas metas, para atingirmos a neutralidade carbónica até 2050. Não é uma Utopia, pois estamos a falar de um futuro bem real. Devemos arregaçar as mangas e evitar este desastre ecológico. Cabe, portanto, à geração futura, lutar por estes ideais, para que estejam bem patentes no nosso quotidiano".

Entre 1986 e 2011, Portugal recebeu cerca de 80,9 mil milhões de euros em fundos estruturais e de coesão, o que corresponde a nove milhões de euros por dia injetados por Bruxelas no país. Parte destes fundos foram investidos em autoestradas que atualmente podemos considerar desertas. “Temos que recuperar a História, temos que recuperar o caminho de ferro, temos que recuperar essa rede. É fundamental para combatermos a desertificação do país”. Portugal deu prioridade à construção de autoestradas, não pensou a longo prazo, nem foi respeitador do meio ambiente. Esses investimentos poderiam ser mais úteis, optando-se pela ferrovia – mais seguro e amigo dos seres vivos”.

Desde que Portugal entrou na União Europeia, encolher foi a palavra de ordem no caminho de ferro. Nos últimos 45 anos, fecharam mais de mil quilómetros de linhas ferroviárias, três capitais de distrito ficaram sem acesso ao comboio e o Interior ficou mais longe dos carris.

Com o país na presidência do conselho da UE, arranca, o ano europeu dedicado ao transporte ferroviário. É um comboio que Portugal não pode perder. "Este pode ser o momento de viragem relativamente a uma aposta que foi, muitas vezes, enunciada, mas não concretizada. Atualmente, não só temos o enquadramento interno como o enquadramento externo", destaca o líder europeu da União Internacional dos Caminhos de Ferro. Francisco Cardoso dos Reis está há praticamente cinco décadas na ferrovia.

Segundo as palavras da Eurodeputada “Se continuarmos numa lógica de transformação e de investimento, no setor ferroviário como até agora, não atingiremos as metas necessárias até 2050. Se houver realmente um investimento e uma vontade política para se olhar para o mapa ferroviário como um mapa integral, podemos atingir. Neste momento acho que estamos longe de conseguir”. Salientando que todos os portugueses têm consciência que o comboio é “um dos transportes mais eficientes e respeitador do ambiente, assim como na qualidade, rápido e confortável”, para que isto seja um dado adquirido, “Portugal tem que investir, investir, investir, para alcançarmos a tão desejada neutralidade em 2050”.

“Se olharmos para Portugal vemos o quanto ele é desigual. Constatamos que a ferrovia nos distritos de Guarda, Bragança e Beja e até mesmo a linha do Algarve, é rudimentar e desajustada. Existe uma grande concentração no Eixo-Litoral/Norte e Lisboa/Porto. É necessário e fundamental recuperarmos todas as linhas ferroviárias, só assim, podemos sensibilizar os portugueses a optarem por este meio de transporte mais ecológico, seguro e cómodo. A grande prioridade é dotar o país, através das linhas ferroviárias, com maior incidência no interior, que se encontra desarticulado e "árido" em relação ao litoral. Sem esquecer que a grande aposta será tornar Portugal mais verde, mais ecológico e com um futuro risonho.”

Em relação à questão de Portugal mudar os seus carris optando pela bitola europeia deixando de estar isolado na bitola ibérica, a eurodeputada afirmou que “Hoje em dia, século XXI, ano 21, existem soluções técnicas para facilitar as ligações entre o resto da Europa”. Relembrando que “não tem havido investimento, empenho e vontade política, para resolver este grande problema. Não temos uma ferrovia justa e equilibrada. A nossa ferrovia não se pode fechar na fronteira, mas tem que se expandir. Estamos isolados do resto da Europa, onde as viagens são muito demoradas (com muitas pausas), tornando-se desconfortáveis e cansativas”.

Se olharmos para a densidade da rede ferroviária portuguesa tem uma baixa percentagem em relação os países da EU. Para darmos um exemplo, até 2019, a França apresentava uma densidade da rede ferroviária de 45,4% em 1000 Km2, no caso português, registamos uma densidade da rede ferroviária de 27,6% em 1000 Km2. “É necessário repensar esta desigualdade. Os portugueses têm o dever de ser alertados e consciencializados para este problema “é urgente um investimento massivo, que rapidamente será recompensado e pago. Não tem havido investimento nem vontade para resolver o problema”.

“Portugal tem condições excecionais do ponto de vista da produção das renováveis. Desse modo, nunca foi difícil atingir as metas de produção destas energias. Neste seguimento, não há dificuldade em atingir a meta de 32% até 2030. Mas por outro lado, temos a obrigação de reduzirmos a nossa dependência das energias fósseis. Há um grande problema de endividamento externo, onde grande parte da nossa fatura (deveras significativa), é para pagar a importação dessa energia. Portanto, se apostarmos na ferrovia, e nas energias renováveis, estaremos a contribuir para a redução da nossa fatura externa, e consequentemente reduzirmos a dívida pública portuguesa e ao mesmo tempo, apostarmos num futuro possível e viável. Uma das soluções passa por aqui”.

“Nos próximos 3 anos, vai haver um grande investimento no quadro do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), resulta do fundo Europeu para o combate à pandemia, no total de fundos estruturais e orçamentos comunitários, mais o PRR, prevendo que Portugal abarque um total de 61 mil milhões de euros (muito acima do que estamos habituados). Esse investimento terá que ser cumprido com base em duas condições:

- 30% orientado para a transição energética e transição climática;

- 20% para a transição digital.

Estes dados estão ligados ao Pacto Ecológico Europeu – Transição Justa”.

Concluímos, que através de um compromisso responsável, racional e vontade política, Portugal poderá atingir com sucesso a meta estabelecida pela Comunidade e alcançar a tão desejada neutralidade climática em 2050,

Assim, Portugal tem a obrigação de passar para o século XXI e não ficar "preso" nos tempos áureos do Fontismo.


- Dr. Francisco Leal, Vice-Presidente da Câmara Municipal de Paredes e simultaneamente, Vereador do Ambiente. que - Na região, os problemas de maior declive, de maior preocupação e de maior complexidade nos últimos tempos são problemas relacionados com o Rio Ferreira.

No entanto, o vice-presidente e vereador do ambiente, Dr. Francisco Leal, reconhece que existem ainda outras áreas onde de facto o município tem vindo a trabalhar e acompanhar e que são simultaneamente de grande preocupação e relevância para o contexto da sustentabilidade, como é o caso dos transportes, e da ferrovia.

Considera relevante, para o próprio planeamento urbanístico de um concelho, a promoção e incremento do uso de transportes mais limpos e sustentáveis? Efeitos como a maior diversidade de transportes existentes em paralelo com uma redução de consequências associados aos mesmos, são importantes de ter em consideração quando se organiza a gestão e organização urbanística? Pode dizer-se que uma cidade com mais diversidade de transportes e menor efeito das consequências urbanos dos mesmos, é uma cidade mais eficiente e capaz de satisfazer à qualidade de vida dos seus habitantes?

Questionado, o vice-presidente confirma que «uma das questões mais importantes que nós temos é quando estamos a planear, e como vos disse nós neste momento estamos a fazer a revisão do PDM, ou seja, estamos a planear como é que a nossa cidade deve crescer, como é que o nosso concelho deve crescer. E este projeto está logo condicionado pelas metas ambientais. Como sabem, nós em função daquilo que vamos evoluindo nós vamos ter de ser obrigados a atingir metas que depois vamos obter benefícios ou ser penalizados se não as atingirmos. Uma delas tem a ver com os transportes. Em termos de PDM, nós juntos às estações de Comboio, vamos aumentar o número de parques de estacionamento».

Está neste momento em construção um parque de estacionamento junto à antiga ETAR de Paredes, com lotação de cerca de 140-150 lugares para que as pessoas possam usufruir de um parque gratuito para depois apanhar o comboio para seguir para o Porto. E isso vai permitir que todas as pessoas que usavam o transporte individual tenham um meio de transporte disponível, uma zona onde deixar o carro, e deslocar-se para o seu local de trabalho. Isso vai fazer, segundo o vereador do ambiente, com que existam muito menos carros a entrar nas cidades, portanto menos transportes, menos viaturas, menos poluição. Além disso, nas restantes estações, tais como a de Parada e a de Cete, já estão também previstas a construção de novos parques de estacionamento de apoio às estações.

O vice-presidente salienta a importância desse gênero de ações, já que o município de Paredes se encontra de momento a promover a apostar na intermodalidade, nomeadamente, pelo PASSE ÚNICO, e como tal, tem de assegurar condições capazes de satisfazer as necessidades que tais iniciativas existem.

O Dr. Francisco Leal referiu ainda o facto de estar neste momento em estudo a possibilidade de surgir uma nova linha: a Linha do Vale do Sousa. Assinala ainda que tal linha iria desenvolver a região, mas que assume também um custo muito elevado.

O vice-presidente reconhece ainda as qualidades que o meio ferroviário tem, tais como o conforto, a facilidade e intuição do seu uso, a sua comodidade e a sua velocidade e consequente rapidez de itinerários.

Reconhece ainda que há freguesias menos «ligadas» à via férrea, tais como Lordelo, Rebordosa, Vilela, Duas Igrejas, dado que são freguesias mais afastadas. Notando-se, portanto, um défice de ligação entre as freguesias do norte do concelho e a Estação de Comboios de Paredes.

Atenta ainda o facto de também caber aos jovens a nova responsabilidade de optar por meios de transporte mais sustentáveis, e de tomar opções com maior consciência e responsabilidade sempre que seja possível.

Questionado sobre a importância da linha de comboios de Paredes para o desenvolvimento do concelho e para a própria qualidade de vida dos seus habitantes:

«Bem, como sabem a linha de comboios foi muito importante para o desenvolvimento de Paredes.». Assume que o facto da nossa estação estar no centro da cidade, ao contrário do que regularmente acontece, é ainda uma vantagem. Tendo-se assumido por muito tempo, um fator de desenvolvimento, já que promovia o emprego e de desenvolvimento já que ligava a cidade de Paredes a outras regiões, e em particular, ao Porto, com muito maior facilidade.

«E aqui em Paredes, a linha de comboios assumiu um fator primordial no seu desenvolvimento.»

Refere ainda que no futuro, o comboio será um meio de transporte ainda mais importante e usado, já que se tem assumido uma prioridade retirar o tráfego rodoviário das cidades. Sendo que até já há zonas interditas nos grandes centros urbanos á circulação dos mesmos.

Por fim, assume ainda que a política e os órgãos locais como as autarquias têm um papel acrescido nas questões ambientais e que devem ser responsáveis por promover boas práticas e melhores opções aos seus cidadãos, bem como de promover iniciativas e ações no âmbito de prevenir e solucionar problemáticas relacionadas com a sustentabilidade. Porém, que este é um trabalho de todos e que a educação é um fator crucial para a construção de uma sociedade do futuro mais consciencializada.


- Engenheiro Mário Rui Soares em representação do Presidente da Área Metropolitana do Porto, o Doutor Eduardo Vítor, e ao mesmo tempo é o primeiro secretário da Comissão Executiva, órgão que gere a Área Metropolitana do Porto. É responsável pela mobilidade, pela parte administrativa e financeira da AMP. É através desta instituição que a Área Metropolitana do Porto, conjuga os 17 municípios, tentando garantir a redução de CO2, a segurança, a comodidade e a satisfação de todos os que utilizam o comboio e o metro. A AMP é acionista do metro do Porto com 40% do capital e neste momento estão a arrancar duas linhas metropolitanas que são, o prolongamento da linha de Gaia e uma nova linha, na cidade do Porto que liga a estação de S. Bento à Casa da Música. O município de Paredes em que se insere o nosso agrupamento foi o último a integrar a Área Metropolitana do Porto, uma vez que pertencia à CIM do Baixo Tâmega.

Em 2019, o metro do Porto sofreu uma ligeira alteração na política tarifária, (PRT) o que significou uma redução significativa nas tarifas para que as pessoas pudessem utilizar com mais frequência os transportes públicos, o que a pandemia veio interromper.

No que concerne aos caminhos de ferro começou-se a promover uma requalificação geral de toda a rede ferroviária nacional. Neste momento estão previstos investimentos de cerca de 12.6 mil milhões de euros para requalificar a rede ferroviária nacional. Esta modernização passará por eletrificar a maioria da rede, criando uma maior sustentabilidade e eficiência. A requalificação da linha da Região demarcada do Douro (Património Mundial da Unesco) é um exemplo deste projeto.

Com a Troika houve um hiato nos programas de modernização da linha ferroviária, o processo de requalificação sofreu uma enorme lentidão. Contudo, recentemente está a concluir-se uma parte com a eletrificação do troço de Caíde de Rei ao Marco de Canaveses que se traduziu num crescimento de 10% de passageiros. Está a decorrer um estudo de impacto ambiental entre o Marco de Canaveses e a Régua que estará concluído em 2024. Foram já adjudicados o troço entre o Pinhão e o Tua e até 2030 prevê-se que a eletrificação atinja o Pocinho que é hoje o términus da linha do Douro.

Há um plano global para requalificar toda a rede nacional há fundos comunitários o Quadro Comunitário 20/30 e o PRR vão ser aproveitados para lançar projetos, estudos de impacto ambiental para que se maximize os fundos destinados à vertente ferroviária até 2030.

Está previsto uma nova linha Porto/Lisboa que permite fazer o trajeto entre as duas grandes cidades em 1h15m e uma nova linha Porto/Vigo que custa cerca de 900 milhões de euros.

Na Área metropolitana do Porto, o Estado Português tem previsto a quadruplicação do troço ferroviário entre Ermesinde e Contumil e passar a linha de Leixões destinada a mercadorias para uma linha de passageiros e prevê-se a partir da linha de Leixões fazer uma ligação ao Aeroporto Francisco Sá Carneiro, para que o comboio Alfa também tenha acesso ao Aeroporto. Também se prevê no Algarve o comboio Alfa chegue ao Aeroporto de Faro.

Na zona norte começará a funcionar em tração elétrica a linha Porto/Valença e vamos ter uma ligação muito mais rápida e menos ruidosa e com menos emissões de C02 a partir de Valença com ligação a Espanha.

O Senhor Engenheiro referiu que o Estado Português irá fazer um esforço enorme de requalificação, porque estamos muito atrasados relativamente à Europa. Há vontade política, verbas e técnicos especializados nas infraestruturas ferroviárias. Com a fusão da REFER nas infraestruturas de Portugal perdeu-se muito conhecimento e por esse motivo estão a ser criados novos técnicos para realizar projetos ligados à ferrovia cada vez mais modernos, seguros e eficientes.

Será construída uma nova linha Porto/Lisboa, a linha atual está a ser intervencionada no troço Espinho- Gaia e mais tarde no troço Ovar-Espinho. Também estão a ser tomadas diligências junto do governo para construir a linha do Sousa que parte de Campo, Paços de Ferreira e Felgueiras. Será uma derivação da linha do Douro a partir de Campo.

Futuramente a rede de caminhos de ferro nada terá a ver com a atual, pois serão investidos um volume de 12.6 mil milhões de euros para executar e modernizar a rede ferrovia em Portugal.

Promovendo, assim, o transporte Ferroviário (pesado e suave), onde este desempenhará um papel crucial no futuro sistema da mobilidade Europeia, não só respeitador do ambiente e eficiente do ponto de vista energético — constitui também o único modo de transporte que reduziu quase continuamente as suas emissões de CO2 desde 1990. Ao mesmo tempo, é mais seguro e mais cómodo.

Cabe à geração futura informar e incentivar os portugueses para a importância do "Transporte Ferroviário que promove a mobilidade sustentável”. Temos a consciência de fazermos parte duma grandiosa Nação a que chamamos Pátria Portuguesa, vangloriámo-nos de ter as fronteiras mais antigas da Europa e somos pioneiros nas descobertas além-mar. Abrimos “novos caminhos e novas portas ao mundo”. Orgulhámo-nos dos nossos antepassados que se aventuraram por mares “nunca antes navegados”. Descobrimos novas gentes, novas culturas e novos mundos. É através deste ADN histórico, que faz dos portugueses, pessoas simples, conscientes, curiosas e com desejo de saber mais e melhor. É com este sentimento que o nosso Clube, pretende colocar Portugal na vanguarda da Europa e construir o Homem do Amanhã – Homem consciente e sensato, ultrapassando assim, um dos maiores desafios da Humanidade – As Alterações Climáticas.


- Engenheira Ana Paula Gonçalves, responsável pelo Gabinete de Ambiente, Segurança e Qualidade do Metro do Porto, que - O metro do Porto, inaugurado a 7 de dezembro de 2002 com o índice global de satisfação dos clientes na ordem dos 76%. Entre os números positivos está também a sua taxa de sinistralidade, que continua a ser menos de metade da média europeia: 0,09 acidentes por cada 10 mil quilómetros.

Com seis linhas que ligam sete concelhos do Grande Porto (Póvoa de Varzim, Vila do Conde, Maia, Matosinhos, Vila Nova de Gaia, Gondomar e Porto), o metro serve cinco milhões de pessoas por mês, num fluxo de nove mil pessoas/hora.

Ao todo, o Metro, que é a obra mais emblemática construída no Porto durante este século, conta com cerca de 275 milhões de clientes transportados entre 1 de janeiro de 2003 (data do início da exploração comercial) até 2019. Este volume de pessoas equivale a 197 vezes a população da Área Metropolitana do Porto. Com 32,5 milhões de quilómetros percorridos, a distância equivale a 2500 voltas ao diâmetro da Terra.

A idade média dos seus clientes é de 33 anos. 30% são estudantes e 22% tem habilitação superior.

O Metro do Porto, não é um sistema ferroviário pesado, como a CP, é um sistema de transporte suave, movido a eletricidade e deslocando-se em canal próprio, no caso específico do Metro do Porto, inserido na malha urbana da área metropolitana do Porto. Sobre a importância deste tipo de transporte a Sra. Engenheira salientou a importância e a revolução que o Metro veio trazer para esta área metropolitana, no impacto ambiental, na poupança de tempo e na sua fiabilidade para os utilizadores. Outras das suas vantagens foi a diminuição de engarrafamentos, com a redução de transporte em veículos ligeiros e em autocarros, redução da poluição sonora e da emissão de gases que provocam o efeito de estufa.

Benefícios ambientais, sociais e económicos deste transporte, que em 2019 teve 64 milhões de passageiros, ficaram claros.

Quanto à confiança e segurança neste tipo de transporte, foi referido que neste ano atípico, devido à pandemia provocada pela Covid19, foram reforçadas a limpeza, desinfeção e a vigilância, de modo que os passageiros se continuem a sentir seguros na utilização deste transporte público.

Questionada sobre a abrangência da rede de metro, 6 linhas para 7 concelhos, a Sra. Engenheira referiu que aos cerca de 60 km de linha, vão começar as obras para acrescentar mais 7 km; apesar de ainda não abranger Valongo ou mesmo Paredes. Antes de se definir um novo traçado para uma nova linha são feitos estudos prévios, complexos, onde se incluí, por exemplo número de passageiros que beneficiariam dessa linha, oferta e procura, e custo e benefício dessa nova linha.

O Metro do Porto tem todo o interesse em ter um sistema de rede, que ainda não tem, mas são obras com custos de milhões de euros e demoradas; nesta equação também entra a disponibilidade das pessoas para usarem mais os transportes públicos e menos os seus veículos individuais, consciencializando-se que o nosso futuro mais sustentável passa pela ferrovia e por outros sistemas de transporte coletivo, como o metro.

A aposta do Metro do Porto para um Futuro "bem próximo". Segundo a Srª engenheira, vão ser realizadas, uma nova ponte entre o rio Douro, que ligará o Porto a Gaia e a construção de duas novas linhas, a "Linha Rosa" e o prolongamento da "Linha amarela".

As novas duas linhas, arrancam já e demoraram 3 anos:

A nova Linha Rosa terá três quilómetros de extensão e será subterrânea. Terá três novas estações, desde S. Bento até à Casa da Música, ligando o Hospital de Santo António à rede. Vai custar 189 milhões de euros.

O prolongamento da Linha Amarela custará 98,9 milhões de euros. O traçado, de três quilómetros, vai prolongar-se de Santo Ovídio até Vila d'Este, em Gaia. Vai servir o Hospital Santos Silva e os mais de 10 mil moradores da Urbanização de Vila d'Este.

A nova travessia para ligar o Porto e Gaia através de metro deve ficar entre as pontes da Arrábida e Luís I e servirá uma nova linha de Vila Nova de Gaia, entre a Casa da Música e Santo Ovídeo. nesta obra está previsto serem gastos 50 milhões de euros, financiados pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). A ponte não terá pilares no rio, a sua cota será mais alta que a ponte da Arrábida, de forma a não perturbar a vista da mesma sobre o Douro, e será exclusiva para peões, bicicletas e metro.

Ambas as empreitadas são financiadas por fundos europeus, que permanecem válidos até ao final de 2023.

A expansão da Linha Amarela e a construção da Rosa vão evitar, no total, “a emissão anualmente de 4.000 toneladas de C02”, através da “retirada de circulação de mais de 21.000 veículos particulares e cerca de 1.000 pesados por dia”.

Sobre a Linha Amarela, que atualmente cruza o rio Douro através da ponte Luís I, partindo do Hospital de São João, no Porto, até Santo Ovídeo, em Vila Nova de Gaia, foi hoje descrito que a expansão para sul acontecerá através de um viaduto sobre a autoestrada.

Depois a linha entrará através de um túnel até chegar à futura estação Manuel Leão, em Gaia, local onde, entre outros equipamentos, servirá a Escola EB 2-3 Soares dos Reis e o Centro de Produção da RTP no Monte da Virgem.

De seguida, a linha volta à superfície até à estação do Hospital Santos Silva, uma das unidades do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho, partindo para a urbanização de Vila D’Este que tem mais de 15 mil residentes.

A estimativa é de que os passageiros que iniciem a viagem a Sul, ou seja em Vila D’Este, demorem “menos de 10 minutos” a fazer o percurso até à Câmara de Gaia e “menos de 20” até ao Porto.

Quanto à Linha Rosa, que se traduz num novo trajeto no Porto entre a zona de S. Bento/Praça da Liberdade e a Casa da Música, constituindo-se numa via direta da Boavista à baixa do Porto, esta ligar-se-á às linhas Azul, Vermelha, Verde, Violeta e Laranja, na Casa da Música, bem como à Linha Amarela, na Estação de S. Bento.

Com quatro novas estações subterrâneas e um percurso em túnel de quase três quilómetros, esta linha tem o cunho de dois prémios Pritzker (prémios considerados o Nobel da Arquitetura) uma vez que Eduardo Souto de Moura é o responsável pelos projetos das novas estações, sendo que a de São Bento é assinada em parceria com Álvaro Siza Vieira.

A expetativa é de que “a construção da Linha Rosa retire das ruas cerca de 15.000 automóveis”, de acordo com informação do Metro do Porto.

Estimativas realizadas após a conclusão das duas linhas:

Veículos que deixam de circular

- 12 870 veículos de TI (transportes individuais) que deixam de circular na Linha Circular;

- 476 veículos de TC (transportes coletivos) deixam de circular na Linha Circular.

Emissões evitadas

- Com a implementação da Linha Circular é possível evitar em média a emissão de cerca de 2055 CO2 por ano.

Emissões evitadas em 30 anos – 45 602 tonCO2

Emissões evitadas em 50 anos – 91 730 tonCO2