Entrevista com Marisa Matias


Entrevista com a Eurodeputada Marisa Matias

No dia 31 de março, o Clube Europeu entrevistou a Eurodeputada Marisa Matias, no domínio do projeto o “Pacto Ecológico Europeu - O Transporte Ferroviário promove a mobilidade sustentável”.

A entrevista decorreu no zoom, num ambiente descontraído e extremamente familiar. Foram 55 minutos de autêntico prazer. Revelando-se bastante positiva e esclarecedora sobre a opinião da deputada Marisa Matias, em relação ao “Pacto Ecológico Europeu". Ao longo de toda a entrevista, foi como abrir a Caixa de Pandora, tornando-nos assim, mais conhecedores sobre as valências mais importantes que Portugal deve apostar para construirmos um futuro mais verde. Para isso, é necessário e fundamental recuperarmos todas as linhas ferroviárias, só assim, podemos sensibilizar os portugueses a optarem por este meio de transporte mais ecológico, seguro e cómodo. A grande prioridade é dotar o país, através das linhas ferroviárias, com maior incidência no interior, que se encontra desarticulado e "árido" em relação ao litoral.

Portugal tem a obrigação de passar para o século XXI e não ficar "preso" nos tempos áureos do Fontismo.

Concluímos, que através de um compromisso responsável e racional, Portugal poderá atingir com sucesso a meta estabelecida pela Comunidade e alcançar a tão desejada neutralidade climática em 2050, embora "ainda não seja suficiente e neste ponto o Parlamento Europeu, tem que se esforçar mais". Todo este processo não pode ser uma Utopia, mas " temos a obrigação de o tornar uma realidade", e cabe à "geração futura, lutar por estes ideais, para que estejam bem patentes no nosso quotidiano".

1. O ano 2021, foi escolhido pela União Europeia, para promover o ano Europeu da Ferrovia, como uma mobilidade sustentável. Gostaríamos que a Srª deputada nos esclarecesse o seguinte: sabemos que a UE prestará ajuda a nível financeiro e assistência técnica, a quem é mais afetado pela transição para a economia verde, através do Mecanismo para uma Transição Justa. Este mecanismo ajudará a mobilizar, pelo menos, 100 mil milhões de EUROS no período de 2021-2027, nas regiões mais afetadas. Até porque no ano de 2050, a grande aposta da UE é precisamente o Transporte Ferroviário, promovendo assim a mobilidade sustentável.

Se Portugal pretende continuar na Comunidade vai ter que fomentar a criação de novas linhas, apostar na segurança das mesmas e modernizar os seus comboios? Para quando está prevista chegar esta ajuda financeira, ao nosso país?? Qual será o montante destinado para Transição Justa para Portugal e já existe alguma previsão ou expectativa de que investimentos e apoios Portugal pode vir a ter neste âmbito?

2. Sabemos que o Parlamento Europeu pretende que mais da energia utilizada em toda a UE, seja proveniente de fontes renováveis – 32% até 2030. Como é o caso da energia eólica; solar; elétrica.

Em Portugal, como deve saber, existem boas condições para a produção de energia eólica (por exemplo, que é uma das energias renováveis com maior ênfase no nosso país) numa vasta área do nosso território nacional, ocupando até o segundo lugar entre os países maiores produtores de eletricidade a partir deste tipo de energia. .

Já que a união europeia se encontra a promover e incentivar os países a valorizarem o recurso a energias renováveis, e que Portugal tem potencial e locais estratégicos para acolher estas mesmas fontes, considera que esta pode ser uma oportunidade para Portugal? E que Portugal pode vir até a assumir-se mais relevante a nível europeu, se as suas capacidades forem eficientemente aproveitadas e valorizadas?

Na sua opinião qual seriam os setores que Portugal apostaria durante os próximos anos, para conseguir atingir os 32% até 2030?

3. O transporte Ferroviário desempenhará um papel crucial no futuro sistema de mobilidade da Europa: não só respeitador do ambiente e eficiente do ponto de vista energético (constitui até o único modo de transporte que reduziu quase continuamente as suas emissões de CO2 desde 1990), aumentou ainda e em simultâneo os volumes de transporte.

Qual a opinião da Srª Deputada, sobre o futuro do transporte Ferroviário em Portugal em 2050? estamos a ir por um bom caminho, atingindo a vanguarda ou continuaremos na cauda da Europa? Acha que de certo modo, estes mecanismos europeus podem vir a ser ainda uma mais-valia a Portugal?

4. Seguindo a iniciativa de Pascal Canfin, o Parlamento Europeu declarou em dezembro de 2019 um Estado de Emergência Climática. Segundo as suas palavras “O Parlamento tem sido muito claro nesta legislatura ao pedir a ampliação dos objetivos para 2030. Atualmente o objetivo situa-se nos 40%, o que a maioria agora pretende é alcançar uma redução de 55%, nas emissões de CO2 em 2030, e alcançar a neutralidade climática em 2050”.

Portugal estará preparado, para atingir esta neutralidade climática em 2050? Ou isto é ainda uma utopia? Considera os portugueses mais sensibilizados para esta questão, e com atitudes e opções mais responsáveis, ou que ainda há um grande trabalho a desenvolver junto da população em geral?

Que papel a União Europeia deve desempenhar junto de todos os povos europeus no âmbito desta problemática tão universal?

5. O Clube Europeu, comparou o Transporte Ferroviário português com os países membros da UE. Constatamos o seguinte: Portugal tem uma baixa percentagem em relação a todos eles. Para darmos um exemplo, até 2019, a França apresentava uma densidade da rede ferroviária de 45,4% em 1000 Km2, no caso português, registamos uma densidade da rede ferroviária de 27,6% em 1000 Km2.

Concluímos assim, que Portugal tem ainda um longo caminho para percorrer.

Qual a sua opinião, acerca desta percentagem? E o que se pode fazer para melhorar o transporte ferroviário em Portugal?

6. Até que ponto é possível Portugal mudar os seus carris optando pela bitola europeia deixando de estar isolado na bitola ibérica? Isso seria importante a nível de comércio e transporte de mercadorias?

7. Entre 1986 e 2011, Portugal recebeu cerca de 80,9 mil milhões de euros em fundos estruturais e de coesão, o que corresponde a nove milhões de euros por dia injetados por Bruxelas no País. Sabendo que nos anos 90 Portugal usufruiu de algum do dinheiro investido da UE. Parte destes fundos foram, no nosso país, investidos em autoestradas que atualmente podemos considerar desertas.

Na sua opinião não deviam ter apostado mais na qualidade e quantidade das linhas ferroviárias do país?

De que forma podemos sensibilizar a população portuguesa a optar por transportes ferroviários como por exemplo nos países a norte da UE?

Considera que uma possível resposta seria, por exemplo, um maior investimento quer em oferta quer em qualidade e eficiência nestas, para que hajam mais pessoas a frequentá-los, e a incluí-los como transportes quotidianos e não esporádicos?

8. Segundo Francisco Furtado, engenheiro civil especialista em questões de Ferrovia, o transporte de passageiros, por via ferroviária, aumentou, registando 2018 os números mais elevados do século XXI (147 milhões face a 126 milhões 5 anos antes). Há, todavia, uma enorme concentração de passageiros nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto, com 90% do total de passageiros de comboios no país.

E o resto do país? Que pressão podem os eurodeputados fazer? A nível da utilização dos fundos europeus para a circulação ferroviária nas outras regiões do país.



Poderá assistir na integra à entrevista através do vídeo abaixo disponibilizado.