Entrevista com a engenheira Ana Paula Gonçalves

Metro do Porto serve 5 milhões de pessoas por mês.


O metro do Porto, inaugurado a 7 de dezembro de 2002 com o índice global de satisfação dos clientes na ordem dos 76%. Entre os números positivos está também a sua taxa de sinistralidade, que continua a ser menos de metade da média europeia: 0,09 acidentes por cada 10 mil quilómetros.

Com cinco linhas que ligam seis concelhos do Grande Porto (Póvoa de Varzim, Vila do Conde, Maia, Matosinhos, Vila Nova de Gaia e Porto), o metro serve cinco milhões de pessoas por mês, num fluxo de nove mil pessoas/hora.

Ao todo, o Metro, que é a obra mais emblemática construída no Porto durante este século, conta com cerca de 275 milhões de clientes transportados entre 1 de janeiro de 2003 (data do início da exploração comercial) até 2019. Este volume de pessoas equivale a 197 vezes a população da Área Metropolitana do Porto. Com 32,5 milhões de quilómetros percorridos, a distância equivale a 2500 voltas ao diâmetro da Terra.


Entrevista com a Engenheira Ana Paula Figueiredo Andrade Gonçalves, Diretora do Gabinete de Ambiente, Segurança e Qualidade do Metro do Porto


No âmbito do projeto atribuído pela Rede Nacional dos Clubes Europeus “Pacto Ecológico Europeu - O Transporte Ferroviário promove a mobilidade sustentável”, para o ano letivo 2020-2021, os Membros deste clube entrevistaram a Srª Engenheira Ana Paula Gonçalves, responsável do Gabinete de Ambiente, Segurança e Qualidade do Metro do Porto.


A entrevista, decorreu no zoom, de forma alegre e ligeira, existindo imediata empatia entre a Srª Engenheira e os Membros do Clube Europeu. Foram 40 minutos de autêntico conhecimento, sobre o metro do Porto. No final, ficamos com a satisfação que a nossa "Missão" foi cumprida. O Metro do Porto encontra-se no bom caminho, com "asas" para atingirmos quiçá a Vanguarda Europeia.



Eis as perguntas que foram colocadas:


1. O ano 2021, foi escolhido pela União Europeia, para promover o ano Europeu da Ferrovia, como uma mobilidade sustentável. Neste sentido, gostaríamos de saber quais as campanhas de sensibilização que o Metro do Porto está a implementar, promovendo, assim, este meio de transporte como o mais seguro, confortável e ecológico.

2. A idade média dos clientes que frequentam o Metro é de 33 anos. Onde 30% são estudantes e 22% tem habilitação superior. O que pode ser feito, para atingir um público-alvo mais abrangente?? O que está a faltar??

3. A nível ambiental, o que está a ser feito, na Área Metropolitana do Porto.

4. O Metro do Porto é ainda uma rede recente, repartida em 6 linhas de metropolitano, espalhadas por sete concelhos da área metropolitana: Porto, Maia, Matosinhos, Póvoa de Varzim, Vila do Conde, Vila Nova de Gaia e Gondomar. No entanto, como é do conhecimento geral, ainda são poucas. Há previsão de um alargamento mais extenso das linhas, por exemplo até a Valongo ou quiçá até ao Concelho de Paredes?

5. Muitas das pessoas que andam ou andaram de metro queixam-se que as linhas mais importantes, sobretudo na hora de ponto estarem congestionadas, sendo o seu acesso extremamente difícil. E por isso, optam por outro meio de transporte que não é ecológico, por exemplo o transporte privado. O que pode o Metro do Porto, fazer??

6. No ano de 2050, a grande aposta da UE é o Transporte Ferroviário, promovendo assim a mobilidade sustentável. Se Portugal pretende continuar na Comunidade vai ter que fomentar a criação de novas linhas, apostar na segurança das mesmas, modernizar os seus comboios e promovendo a mobilidade sustentável. Qual a opinião da Drª Ana Paula, sobre o futuro do Metro do Porto em 2050, estamos a ir por um bom caminho, atingindo a vanguarda ou continuaremos na cauda da Europa?

A aposta do Metro do Porto para um Futuro "bem próximo". Segundo a Srª engenheira, vão ser realizadas, uma nova ponte entre o rio Douro, que ligará o Porto a Gaia e a construção de duas novas linhas, a "Linha Rosa" e o prolongamento da "Linha amarela".

As novas duas linhas, arrancam já e demoraram 3 anos:

  • A nova Linha Rosa terá três quilómetros de extensão e será subterrânea. Terá três novas estações, desde S. Bento até à Casa da Música, ligando o Hospital de Santo António à rede. Vai custar 189 milhões de euros.

  • O prolongamento da Linha Amarela custará 98,9 milhões de euros. O traçado, de três quilómetros, vai prolongar-se de Santo Ovídio até Vila d'Este, em Gaia. Vai servir o Hospital Santos Silva e os mais de 10 mil moradores da Urbanização de Vila d'Este.

  • A nova travessia para ligar o Porto e Gaia através de metro deve ficar entre as pontes da Arrábida e Luís I e servirá uma nova linha de Vila Nova de Gaia, entre a Casa da Música e Santo Ovídeo. nesta obra está previsto serem gastos 50 milhões de euros, financiados pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). A ponte não terá pilares no rio, a sua cota será mais alta que a ponte da Arrábida, de forma a não perturbar a vista da mesma sobre o Douro, e será exclusiva para peões, bicicletas e metro.


Ambas as empreitadas são financiadas por fundos europeus, que permanecem válidos até ao final de 2023.

A expansão da Linha Amarela e a construção da Rosa vão evitar, no total, “a emissão anualmente de 4.000 toneladas de C02”, através da “retirada de circulação de mais de 21.000 veículos particulares e cerca de 1.000 pesados por dia”.

Sobre a Linha Amarela, que atualmente cruza o rio Douro através da ponte Luís I, partindo do Hospital de São João, no Porto, até Santo Ovídeo, em Vila Nova de Gaia, foi hoje descrito que a expansão para sul acontecerá através de um viaduto sobre a autoestrada.

Depois a linha entrará até num túnel até chegar à futura estação Manuel Leão, em Gaia, local onde, entre outros equipamentos, servirá a Escola EB 2-3 Soares dos Reis e o Centro de Produção da RTP no Monte da Virgem.

De seguida, a linha volta à superfície até à estação do Hospital Santos Silva, uma das unidades do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho, partindo para a urbanização de Vila D’Este que tem mais de 15 mil residentes.

A estimativa é de que os passageiros que iniciem a viagem a Sul, ou seja em Vila D’Este, demorem “menos de 10 minutos” a fazer o percurso até à Câmara de Gaia e “menos de 20” até ao Porto.

Quanto à Linha Rosa, que se traduz num novo trajeto no Porto entre a zona de S. Bento/Praça da Liberdade e a Casa da Música, constituindo-se numa via direta da Boavista à baixa do Porto, esta ligar-se-á às linhas Azul, Vermelha, Verde, Violeta e Laranja, na Casa da Música, bem como à Linha Amarela, na Estação de S. Bento.

Com quatro novas estações subterrâneas e um percurso em túnel de quase três quilómetros, esta linha tem o cunho de dois prémios Pritzker (prémios considerados o Nobel da Arquitetura) uma vez que Eduardo Souto de Moura é o responsável pelos projetos das novas estações, sendo que a de São Bento é assinada em parceria com Álvaro Siza Vieira.

A expetativa é de que “a construção da Linha Rosa retire das ruas cerca de 15.000 automóveis”, de acordo com informação da Metro do Porto.


Estimativas realizadas após a conclusão das duas linhas:


Veículos que deixam de circular

- 12 870 veículos de TI (transportes individuais) que deixam de circular na Linha Circular;

- 476 veículos de TC (transportes coletivos) deixam de circular na Linha Circular.

*Estimativa

Emissões evitadas

- Com a implementação da Linha Circular é possível evitar em média a emissão de cerca de 2055 CO2 por ano.

Emissões evitadas em 30 anos – 45 602 tonCO2

Emissões evitadas em 50 anos – 91 730 tonCO2

*Estimativa