O Primeiro 1º de Maio em Portugal

O Primeiro 1º de Maio em Portugal


A História do 1º de Maio


No século XIX, a pujança da “Revolução Industrial” conduziu à sujeição dos trabalhadores a condições desumanas de trabalho. A necessidade de se produzir o máximo ao mais baixo custo não respeitava idades nem sexos. A sociedade vivia exclusivamente para dormir e trabalhar, sendo que o horário laboral podia mesmo estender-se até às 18 horas por dia. As organizações sindicais eram incipientes e perseguidas pelas autoridades policiais.

Em 1864 é criada a Primeira Associação Internacional dos Trabalhadores, em Londres. A iniciativa surge num contexto de união entre líderes sindicais e ativistas socialistas com vista a dar voz às lutas dos trabalhadores. Esta associação, chamou-se mais tarde a Primeira Internacional Socialista que duraria sete anos. As divisões ideológicas entre as várias fações (sindicalistas, anarquistas, socialistas, republicanos e democratas radicais, entre outras) puseram fim à agremiação, mas deixaram mais explícitas as reivindicações e propostas pelas quais os trabalhadores se deveriam debater. A redução do horário de trabalho para as 10 horas diárias era uma delas.

Os objetivos saídos desta Internacional tiveram eco no IV Congresso da American Federation of Labor, em Novembro de 1884. As negociações, sucessivamente falhadas com as entidades patronais, fizeram das cidades operárias um barril de pólvora pronto a explodir. Até que, em 1886, no dia 1 de maio, teve início uma greve geral com a adesão de mais de 1 milhão de trabalhadores em todo o território norte-americano. A reação a esta paralisação foi violenta.

Na cidade de Chicago a repressão policial foi especialmente dura. Ao quarto dia de manifestações (dia 4 de maio) explodiu uma bomba entre a multidão matando dezenas de trabalhadores e alguns polícias. Deste incidente resultou a prisão de oito líderes do movimento. Quatro foram condenados à morte por enforcamento e os restantes a prisão perpétua. Em 1890, o Congresso americano vota a lei que estabelece a jornada de oito horas de trabalho e três anos mais tarde, depois da reabertura do processo que levou à condenação dos oito operários, conclui-se que a bomba que explodiu em Chicago tinha sido colocada pela própria polícia.

Três anos depois da condenação dos que ficaram conhecidos como os “Mártires de Chicago” as repercussões sentiram-se na Europa. Assim, em 1889, a Segunda Internacional Socialista decidiu, em Paris, proclamar o 1º de Maio como o Dia do Trabalhador em memória dos que morreram em Chicago.

Em Portugal

A decisão da Comuna de Paris, de decretar o 1º de Maio como o Dia Internacional do Trabalhador teve repercussões no nosso país. Entre 1852 e 1910 realizaram-se 559 greves no nosso país. A subida dos salários, a diminuição da jornada de trabalho e a melhoria das condições de laboração eram as principais exigências dos operários.

Durante a I República não se deixou de festejar o Dia do Trabalhador. Em 1933 é decretada a "unicidade sindical" e o "controlo governamental dos sindicatos" esmorecendo um movimento operário que só ganharia novo ânimo na década de 40. Durante o Estado Novo as manifestações no Dia do Trabalho (e não do Trabalhador) eram organizadas e controladas pelo Estado. O primeiro 1º de Maio celebrado em Portugal depois do 25 de Abril foi a maior manifestação alguma vez organizada no país. Só na cidade de Lisboa juntaram-se mais de meio milhão de pessoas. Para muitos, foi a forma dos portugueses demonstrarem a sua adesão ao 25 de Abril, que uma semana antes restituía ao país a democracia. A celebração do 1º de maio de 1974, apenas uma semana decorrida após a revolução do 25 de abril, permanece ainda hoje como a maior manifestação popular da história portuguesa. Do norte ao sul do país, centenas de milhares de pessoas saíram à rua nesse dia demonstrando de forma espontânea a sua alegria pela liberdade recentemente conquistada. O feriado do 1º de maio foi a primeira conquista sindical após o 25 de Abril e a primeira de 14 reivindicações que a Intersindical apresentou à Junta de Salvação Nacional (JSN) no dia seguinte à revolução. A instituição do salário mínimo nacional, a redução do horário semanal para 40 horas, o direito à greve, a liberdade sindical, a liberdade de imprensa, o fim da carestia de vida e a libertação dos presos políticos eram outras das reivindicações. Os dias seguintes foram de intensa atividade sindical e a lista de reivindicações aumentou passando a incluir a proibição do despedimento sem justa causa, a proteção da saúde e a prevenção da doença e um seguro de desemprego.

O Dia do Trabalhador continua a ser da maior importância para todos os trabalhadores e para aqueles que defendem uma sociedade mais justa e igualitária. Em Portugal é o dia em que se afirmam os valores do sindicalismo e a necessidade do progresso económico e social". Os trabalhadores aproveitam este dia para alertar o Governo e outras entidades para algumas das suas necessidades, tais como: direitos dos trabalhadores, aumento de salários e melhores condições de trabalho. Os trabalhadores portugueses vivem melhor, mas continuam muito afastados da média comunitária, da qual nos estamos a aproximar a um ritmo demasiado lento. Temos maiores salários, mas continuam os mais baixos e desiguais da União Europeia; o mesmo acontece com as pensões.

Fica na memória, todos os que lutaram por nós, para que este dia fosse uma realidade. É por eles, que o 1º de maio deve ser homenageado. Assim, comemora, com o mesmo sentimento de partilha, de amor, de liberdade, de fraternidade, de solidariedade, dos nossos antepassados e juntos contruiremos um mundo melhor.

Aqui fica o nosso contributo. Por isso, não deixes que este dia que se “apague” e comemora da melhor forma possível.

E parafraseando Jean-Jacques Rousseau, “A natureza fez o homem feliz e bom, mas a sociedade deprava-o e torna-o miserável” e “O homem nasceu livre e por toda a parte vive acorrentado”.


Primeiro 1º de maio em Portugal, após a Democracia de Abril.

A celebração do 1º de maio de 1974, apenas uma semana decorrida após a revolução do 25 de abril, permanece ainda hoje como a maior manifestação popular da história portuguesa. Do norte ao sul do país, centenas de milhares de pessoas saíram à rua nesse dia demonstrando de forma espontânea a sua alegria pela liberdade recentemente conquistada.

A RTP acompanhou de perto os sentimentos do povo português nesse dia histórico.

As manifestações do 1º de maio de 1974 nas ruas do Porto: Avenida dos Aliados, Praça D. João I, Rua de Santa Catarina; em Lisboa e em todo o país.

Revê este dia. Clica no link…

https://www.rtp.pt/.../1-de-maio-de-1974-o-primeiro-em...


1º de Maio de 1886. Manifestação operária em Chicago termina com mortes e detenções. Três anos depois nascia o Dia do Trabalhador.


O primeiro 1º de Maio de 1974 (Avenida dos Aliados – Porto).


O primeiro 1º de Maio de 1974 (Avenida dos Aliados – Porto).




O primeiro 1º de Maio de 1974 (Avenida dos Aliados – Porto).