Reflexões dos alunos (27 de abril a 3 de maio de 2020)

Nesta semana os alunos foram desafiados a refletir sobre o seu dia a dia:

  • Sobre como os mesmos estão a viver esta crise do coronavírus e de como a mesma os afetou;

  • Que mudanças sentiram-se na sua vida?

  • Quais os aspetos positivos e os aspetos negativos "desta nova forma de vida"?

Gonçalo, 11º ano

Nestas últimas semanas, tenho tentado manter as rotinas ao máximo. Todos os dias acordo cedo para tomar o pequeno-almoço e de seguida ter aulas durante toda a manhã. Depois de almoço, aproveito a liberdade que nos é dada para poder estudar disciplinas à minha escolha. Por volta das seis da tarde lancho. Às sete horas da tarde, todos os dias, reservo uma hora para desporto. Seja dar uma corrida ou fazer qualquer outro tipo de exercício físico ajuda-me a abstrair deste problema que todos enfrentamos.

Na minha opinião, esta situação é muito mais sobre o “nós” do que do “eu”. Era fácil para qualquer jovem da minha idade marcar uma saída com os amigos e ignorar todas as recomendações que nos são feitas. Afinal, nem estamos na zona de risco. O problema é que, apesar de podermos não ser afetados pelo vírus, os nossos próximos podem. E mesmo indiretamente, podemos estar a transmiti-lo para pessoas que estejam dentro da zona de risco. Já não estou com os meus avós há um mês e dezanove dias. Ensinei-os a fazer videochamada mas, apesar disso, não temos qualquer outro tipo de contacto.

Para além de tudo, parece que esta situação já está a melhorar. Se tudo correr bem, voltamos à escola em duas semanas. Até lá, fico em casa.

Aluna do 10º ano, M., 15 anos


Henrique, 16 anos

Olá, chamo-me Henrique Cardoso, tenho 16 anos e estudo no colégio das caldinhas, em Portugal, e venho descrever um bocado como tenho passado esta quarentena e como isso afetou a minha rotina diária.

Para vos enquadrar um bocado nesta reflexão vou vos explicar brevemente como era a minha rotina antes do isolamento e depois do isolamento. Ora antes da pandemia, a minha rotina envolvia ir para a escola, ter treinos todos os dias, e ter o meu tempo ocupado com bastantes atividades fora de casa.

Neste momento de quarentena, para ocupar estes dias na pandemia decidi criar uma rotina de forma a ocupar o tempo com o objetivo de não ficar a pensar no que fazer a cada dia que passo aqui em casa. Na minha rotina tentei enquadrar tempo para estudar uma vez que aqui em Portugal iremos ter exames, tempo de lazer para simplesmente descansar e tempo para fazer exercício pois uma vez que pratico desporto, o exercício para mim tem uma enorme importância. Assim podemos dizer que um dia útil nesta quarentena é: acordar, ter aulas por videoconferência, almoçar, descansar um bocadinho, estudar para os exames e fazer os trabalhos de casa e por fim fazer exercício físico.

Concluo dizendo que, nestas alturas é importante ocuparmos o nosso tempo de uma forma rentável de forma a preencher cada dia dentro de nossas casas, e mostrando que têm uma enorme importância.

Afonso/ 11ºA/INA/Portugal

Como existe sempre algo de bom em tudo, podemos retirar boas bênçãos da situação atual em que vivemos. Temos de manter um pensamento positivo pois, este período em que estamos de quarentena pode ser fundamental para o resto das nossas vidas.

Particularmente, tenho aproveitado este período para me focar nos estudos, dado que tenho todas as condições para o fazer. Apesar de ser mais complicado aprender com aulas on-line, temos a possibilidade de estudar mais já que disponibilizamos de mais tempo.

Para além disso tenho procurado me desenvolver pessoalmente, lendo livros sobre vários temas sendo alguns deles em inglês. O último que acabei chama-se “What every body is saying”. Este livro é sobre linguagem corporal, sendo um dos que ando a ler.

Tenho aproveitado também para pensar mais sobre o meu futuro e sobre o que gostaria de seguir na universidade. O facto de começar a perceber o que gostaria de seguir, dá me motivação extra para me focar mais nos estudos.

Este tempo que temos para nós é fundamental e saber utiliza-lo bem pode ser de uma importância fulcral para o resto de nossas vidas.


Ariana Couto, 15 anos, INA, Portugal

Com a crise do corona vírus estou em casa a cumprir o isolamento social que, não só mudou a minha rotina diária como também me mudou a mim.

Começando pelas aulas online, considero que fico impressionada com aquelas pessoas que trabalham todo o dia em escritório e ficam dia após dia a olhar para um ecrã. Agora, é o que acontece com todos os alunos, e eu não gosto nem um pouco: curvada, parada e sem me exercitar durante o dia para conseguir acabar trabalhos que os meus professores me mandam online dentro do prazo. E tudo isso resulta numa falta de descanso e relaxamento quer mental quer físico, necessário a qualquer pessoa.

No entanto, um aspeto positivo é o desenvolvimento da minha organização escolar. Nestes tempos, tenho revelado mais autonomia e responsabilidade na realização de tarefas. Com isso, consigo esquecer-me de toda esta situação e acreditar que é só uma fase e tudo ficará bem.

Concluindo, se pensarmos apenas no pior é exatamente isso que vai acontecer! Por isso, o meu objetivo de agora é alcançar algumas metas que defini, pouco a pouco, e abstrair-me da voz da minha cabeça que grita “PROCRASTINAÇÃO!”.



Daniela, 11º A


No inicio de 2020 criei algumas expectativas e defini determinados objetivos que gostaria de cumprir este ano, mas grande parte deles foram travados por este vírus que parou não só Portugal mas o mundo , o Covid-19 . Todo o mundo teve que implementar novas regras de combate a esta pandemia , uma delas sendo o isolamento social.

Inicialmente para mim não foi fácil, mas acredito que o processo de mudança nunca é bem aceite por ninguém imediatamente . Sentia-me desorientada e desmotivada , sem saber o que fazer e como aproveitar bem o meu tempo , já que iria ter muito, mas para

me encontrar teria de definir prioridades e uma nova rotina , e assim o fiz .

Como prioridade principal dei lugar à escola. O 11º ano é sempre um ano muito importante nas nossas vidas pois temos que realizar exames nacionais que nos permitirão o acesso ao ensino superior , não me podia esquecer disso nunca.

Recebemos o horário relativamente às aulas síncronas que teríamos e foi por ai que me guiei . Ter aulas online foi uma nova experiência que nunca pensei ter que viver, mas acho que com isto me tornei uma pessoa mais autónoma por não ter nenhum

professor ao meu lado a guiar o meu trabalho . Por outro lado, estar tanto tempo em frente a um computador deixa-me mais cansada e necessito mesmo de fazer mais intervalos entre o estudo, e também não estar com o professor fisicamente faz com

que seja mais difícil concentrar-me.

Outra prioridade que defini foi dedicar mais tempo ao desporto e à família , coisas que muitas vezes deixávamos de lado por não ter tempo , ou não saber geri-lo. Criei um plano de treinos que faço todos os dias para me manter ativa . Relativamente à família aproveitei os meus intervalos do estudo para ver um filme com eles , jogar um jogo, etc … coisas simples mas com muito valor.

Por último decidi aprender algo novo , sair da minha zona de conforto e descobrir novos talentos . Para isso experimentei diversas coisas desde pintar , dançar , escrever,

entre outras . Mas não senti que realmente tinha talento para nenhuma , então decidi aplicar-me e aprender a tocar um instrumento novo , guitarra . Ainda não sei tocar muito bem mas espero um dia conseguir faze-lo .

Admito que não reagi da melhor forma a estas mudanças imprevisíveis que tivemos que enfrentar , mas acho que parando e pensando como podia implementar isso na minha vida me orientou muito e neste momento posso dizer que sou uma pessoa produtiva e autónoma. Surpreendente como algo tão mau conseguiu trazer-me coisas boas .


Beatriz, 10º A

Terça Feira, dia 28 Abril de 2020:

Olá, sou a Beatriz do 10º ano do Instituto Nun’Alvres de Portugal e aceitei participar neste projeto do Educate Magis para dar a conhecer um pouco da minha quarentena, uma vez que, "a alegria que se tem em pensar, faz-nos pensar e aprender ainda mais". Como hoje é a primeira vez que escrevo, vou escrever um pouco sobre o que já passou nesta minha quarentena que já dura à 48 dias. No início, dia 13 de março, quando soubemos que não teríamos mais aulas até ao final do período, confesso que fiquei contente. Afinal, não iriamos ter testes que estavam marcados e não estaríamos mais na escola, cada vez mais sujeitos ao “maldito” vírus! Sabíamos que teríamos de ficar em casa durante os 15 dias, que inicialmente estavam previstos durar a quarentena e para mim não seria difícil pois eu até gosto de estar em casa. Mas os 15 dias perlongaram-se e a situação continuava a evoluir cada vez mais e mais… até hoje. Agora, a situação no nosso país felizmente começa a atenuar o que me faz ficar bastante feliz… Portugal nunca esteve muito mal comparado com situações como Espanha, Itália, Estados Unidos que me entristecem bastante principalmente porque em alguns casos, todo o caos que estes países vivem se deve a uma despreocupação inicial! Acima de tudo, temos de ser confiantes e respeitar todas as indicações que nos são dadas pela DGS. Só desta forma, tudo ficará bem!

Um beijinho virtual, Beatriz


Quinta feira, 30 de Abril de 2020:

O meu dia a dia: Apesar de estarmos de quarentena, a vida continua, de uma maneira um pouco diferente claro. Todos os dias tenho aulas das nove da manhã ao meio dia, sempre por videoconferência. Confesso que apesar de ser muito diferente, até gosto! Eu, que sou um pouco distraída nas aulas, consigo aproveitar muito mais, uma vez que, não consigo conversar com ninguém. Tenho conseguido tirar apontamentos muito mais completos da matéria e estudar logo, o que me permite saber logo, todas as dúvidas e questões para perguntar aos professores durante a tarde! Sim, porque de tarde também tenho de trabalhar, mas de forma autónoma. Os professores colocam trabalhos na plataforma online Classroom e temos de resolver e enviar até à data definida. Eu até gosto bastante deste método de ensino! Antes de almoço, ainda consigo ter tempo para descansar um pouco a ver as séries que mais gosto, coisa que quando estava na escola, era raro ter tempo. Mas para além de mim, também os meus pais estão em casa em teletrabalho. Para eles até é fácil, porque têm uma empresa de informática, mas acredito, que para muitas famílias esteja a ser bastante difícil! Está a ser tudo bastante diferente, mas na minha opinião, também muito produtivo. Para além disso, ajuda-nos a passar melhor o tempo, que é muito!

Acreditem que tudo vai ficar bem!

Beatriz

Fernando Monteiro, 15 anos, Colégio das Caldinhas, Portugal

Olá, com esta reflexão irei partilhar como estou a viver este período completamente diferente da minha vida e no que tenho pensado durante a quarentena.

Hoje é sábado, mais precisamente 2 de maio de 2020.Cá em Portugal as escolas fecharam dia 16 de março e desde então tem sido uma verdadeira aventura passar o tempo enquanto estamos fechados em casa para tentarmos contribuir para o fim deste vírus. Desde há mais ou menos 3 semanas tenho tido aulas online e por isso, passo a manhã em frente a um computador enquanto escuto o que os professores e os meus colegas têm para me ensinar.

De seguida, costumo fazer uma pausa antes de almoço durante a qual entretenho-me com o meu irmão. Após o almoço, regresso ao meu estudo de maneira a realizar todas as tarefas que os professores propuseram para consolidar a matéria lecionada durante a manhã. Depois deste período de estudo vou apanhar um bocado de ar puro enquanto mato as saudades de praticar o meu desporto acompanhado mais uma vez pelo meu irmão. Depois disto, ocupo o meu tempo em família antes, durante e depois do jantar de diversas formas, guardando sempre um bocadinho de tempo para fazer uma pequena oração.

Bruno 11º A

Olá, chamo-me Bruno e sou estudante do Instituto Nun’Alvres, tenho 16 anos e tal como tu estou em isolamento social já que lá fora pelos vistos não é de todo o melhor sitio para andar sem preocupações, bom eu já me encontro em isolamento social há um mês, porém como deves de imaginar não esta a ser o ponto mais alto de 2020, muitos planos que tinha para o verão foram por água abaixo, com isto de cancelarem festivais e festas populares, os dias na praia também não me parece que tão cedo voltem a ser os mesmos, as saídas à noite para bares parecem-me tão distantes da realidade mas acima de tudo o abraço parece-me cada vez mais distante, o simples tocar nunca pensei que me fosse fazer tanta falta e talvez não tivesse essa ideia de necessidade por nunca ter passado por isto, o toque era algo vulgar sem muita importância, não era algo que sentíssemos necessidade, mas sabes porque?! Porque o fazíamos sem darmos conta, ja saía por instinto, abraçarmos um amigo, dar-lhe um empurrão na brincadeira, tantas coisas que nós nunca sentimos a importância de o fazer e que agora parecem tão importantes, agora só nos resta reavivarmos memórias, muitas delas já quase esquecidas porque pensávamos que este ano viriam ainda melhores e só pensávamos nas que ainda estavam para vir, só nos resta ligarmos a câmera do telemóvel e vermos quem mais queremos neste momento.

Apesar disto tudo eu dou graças a Deus por estar do meu lado, fico imensamente feliz por não estar infetado porque sim, desta vez eu não vou dar valor as coisas quando já for tarde, agora eu comecei a dar valor as coisas quando as tenho e não quando já não as tenho, agora agradeço pelas memórias que tenho, agradeço pela família que tenho, agradeço por ter a possibilidade de poder ver amigos apesar de não lhes poder tocar, agradeço por tudo o que me está a ser proporcionado, porque eu não sei quando é que posso ficar infetado com este vírus como ninguém o sabe por isso prefiro aproveitar o que tenho agora porque nunca se sabe quando é que posso deixar de ter, eu daqui a uma semana faço anos e estava em baixo porque não ia ter a festa que eu queria ter com os meus amigos mas depois caí em mim e pensei, “eu estou a ser tão egoísta” e a verdade é que estava mesmo, há pessoas a sofrer por causa de estarem infetadas ou por terem perdido membros da família e eu aqui triste por ter uma festa de anos sem amigos, a verdade é que agora apesar de diferente estou muito mais feliz por fazer 17 anos com saúde. Isto foi só um desabafo do que tenho pensado muito nos últimos tempos e penso que sentes o mesmo.

André João, 11º A

Receio, frustração e amor são os três pilares do meu confinamento. Misteriosamente contraditórios e instáveis, estes três sentimentos estão a transmitir sabedoria, paciência e conhecimento durante uma fase das nossas vidas que ninguém previu e podia prever mas a realidade é que estamos dentro dos acontecimentos e não podemos olhar pro passado arrependidos e constantemente nos repetir na cabeça « e se eu… se isto… se aquilo », não! Numa constância intemporal e solitária mantenho-me focado em novos objetivos que, temos todos que estabelecer porque as vidas nunca serão as mesmas, quer o queiramos ou não, ritmam o meu dia-adia em previsão de um futuro favorável a felicidade, compaixão, solidariedade.

Esta minha escrita faz-me ir ao mais profundo de mim mas, ao contrário do que era antes, agora já é um caminho efetuado todos os dias através da reflexão e meditação. Antes deste novo capítulo entrar no livro histórico da sociedade eu estava regularmente distanciado do « eu » interior mas atualmente estou, felizmente numa conexão espiritual total e sucessiva. « Constância » é a palavra recorrida repetitivamente ao longo das frases porque é uma pura realidade. Estou, estamos numa constância.

Essa é condicionada por cada um, no meu caso é uma constante reflexão. Olhar o levantar e por do sol, as nuvens, o céu o meu reflexo no espelho, são estas os diferentes contextos que ocorram ao longo de todo(s) o(s) dia(s) e que agradeço a Deus de poder me ter proporcionado esta sorte de me reencontrar.

Amor é um dos pilares como foi referido no inicio desta reflexão. Amor relacionado com os meus familiares, amigos mas também é um amor relacionado com a natureza e a vida! Em toda tela escura existe sempre uma luz, só é preciso ter a capacidade de se retirar, abstrair-se, e encontrar-la!

Frustração é consequência do receio do que pode vir a acontecer… E de me sentir incapaz de agir. Frustrado por não poder ver o meu pai há muitos meses e nada poder fazer para o voltar a ver, frustrado de não poder dar o apoio e mimo aos meus próximos que usualmente dou e frustrado de não poder sentir e amar a pessoa que amo, frustrado de não poder apoiar e acompanhar a minha avó por estar num lar…

Inicialmente, a minha mente e os meus sentimentos estavam a presenciar um duelo perante o receio e o amor porém, felizmente, esse duelo foi terminado com uma superioridade do amor, do amor a VIDA. Caro leitor, caro amigo, espero que eu tenha conseguido lhe transmitir o valor fundamental dos nossos sentimentos durante esta quarentena, perante a estes acontecimentos todos. E não se esqueça, quando a tela vos parece completamente escura abstraia-se, encontre-se consigo mesmo com amor irá descobrir que existe sempre um pouco de luz.

Inês Santos 11º ano

Eu, tal como todos os meus colegas e não só estamos de quarentena devido à pandemia do Covid-19. Como estou a viver esta quarentena? Pessoalmente achei que seria mais complicado, uma vez que sou uma pessoa que passa muito pouco tempo em casa. Estou surpreendida da maneira que está a correr. Não existiram discussões com a minha mãe como numa semana normal de aulas existia, sinto me menos stressada, talvez seja essa a razão pela qual não existiram as ditas discussões.

Esta quarentena fez-me descobrir mais sobre mim própria e tomar várias decisões. Descobri o gosto por puzzles, por designer, e até comecei a fazer roupa para mim com uma máquina de costura. Em relação às decisões cheguei a conclusão de vários erros que cometi e que me fizeram perder coisas que eram importantes na minha vida, por outro lado está a servir para organizar melhor as coisas na minha cabeça e decidir o que quero para o meu futuro.

Não vou dizer que estou a respeitar totalmente as normas, porque todos os dias saiu de casa, não para me cruzar com pessoas, mas tentei manter o ritmo das corridas. Como tenho mais tempo, optei por concentrar-me mais em mim e começar a praticar desporto todos os dias.

Não sinto que a quarentena me esteja a afastar das pessoas que gosto, porque hoje em dia temos as redes sociais e isso vai dando para manter contato, mesmo que não seja a mesma coisa.

Sinto falta da minha rotina, mas existem apenas quatro coisas que me estão a fazer mesmo falta nesta quarentena que são os meus avos, de vê-los de enchê los de beijinhos, comer a comida deles, dos abraços; sinto falta de estar com os meus primos, o meu afilhado e os meus amigos, falta dos escuteiros e falta do meu pai. Já estava habituada a que ele não estivesse sempre presente porque também trabalha muito para fora. Mas agora ainda mais com esta situação não pode estar em contacto comigo como eu e ele gostaríamos.

Esta situação assusta-me porque vejo na minha família gente que já foi despedida e gente que não sabe o que o espera no dia de amanhã.

O país está a atravessar uma fase complicada, mas o pior ainda está para vir.

Acredito que após isto todos nós vamos estar mudados, vamos ver as coisas de maneira diferente e o que por exemplo era um simples abraço vai ser muito mais do que isso. Por outro lado sinto que estou a perder muita coisa, os meus avós neste momento deviam estar a aproveitar os últimos anos das suas vidas e com esta situação tem de estar em casa sem visitas, isto magoa-me porque queria estar presente, e tenho medo que partam mais cedo que o que eu espero e depois eu me sinta mal por muita coisa que não tive oportunidade de fazer e dizer. O resto, nós somos novos temos a vida toda pela frente para fazermos o que ainda não tivemos oportunidade.

Catarina Silveira 10º A

Hoje é dia 29 de abril, a minha escola fechou devido à pandemia do Covid-19 dia 13 de março, por isso já me passou muita coisa pela cabeça.

Tivemos dias de trabalho assíncrono até às férias da Páscoa que não foi como costume, apenas tivemos um almoço como no nosso dia a dia. Algo que me difere provavelmente de muitos nesta situação é os meus pais não estarem em casa a trabalhar, estão sujeitos a tudo isto que por um lado é algo que me assusta mas também é algo que alguém tem que o fazer, afinal o consumo ainda existe e a economia não pode parar.

Como já tinha dito já me passaram muitas coisas pela cabeça entre elas gravar os meus dias para que mais tarde possa revê-los, no entanto foi algo que não durou muito tempo sentia-me muito presa a levar a câmera de uma divisão para a outra e a relatar tudo o que fazia pois era quase sempre o mesmo a única coisa o que mudava eram os meus pensamentos (algo que também relatava) por isso decidi ficar só com as memórias destes momentos e aderir a este projeto.

A nível de aprendizagem pessoal descobri que devia organizar muito melhor os meus dias, mas não tem sido fácil. A vontade de acordar e ver pessoas através de um ecrã é pouca, apesar de ser o único contacto possível que tenho com elas, percebi que consigo ser a pessoa mais preguiçosa do mundo e que o que me motiva é ter os meus amigos ao meu lado apenas a serem eles próprios e a mostrarem me mais do que eu posso ser, mesmo sem eles saberem. Concluindo, espero que daqui em diante venham dias melhores.

Rita Lopes 10º ano

Surpreendentemente, as minhas preocupações em relação a esta pandemia diminuíram desde que a escola fechou. Apesar de estarmos a viver durante uma época de crise mundial eu não sinto que houve grandes mudanças na minha vida e provavelmente isso deve-se ao facto de que estar em isolamento social é quase igual a como eu passo o primeiro mês de férias de verão num ano normal.

Acordo, como, faço algo para me entreter, como mais algumas vezes e depois estou de volta na cama. A única diferença entre como passos os dias agora e como passo nas férias de verão é que agora, a parte do “faço alguma coisa para me entreter” significa fazer trabalhos para a escola e ter aulas online, assim como ficar sem fazer nada durante longos períodos de tempo. De certa forma, ter escola online é bastante agradável pois o sentimento de estar de férias não desaparece mas ao mesmo tempo não me sinto tão aborrecida como nas férias.

Em geral acho que o meu dia-a-dia mudou um pouco mas não está muito diferente da realidade a que já estava a habituada. Todavia, apesar das minhas preocupações sobre este vírus terem diminuído, ainda tenho muitas incertezas sobre as quais prefiro não pensar, como por exemplo, quando é que posso voltar a ver os meus amigos ou quando é que vou poder voltar a jogar voleibol num pavilhão, com a minha equipa. Já estou fechada em casa há 7 semanas e apesar de isto parecer o meu primeiro mês de verão, começo a ficar farta de estar em casa. Afinal de contas, eu estou habituada a ficar um mês fechada em casa, não quase dois. Só de pensar que ainda falta bastante tempo até tudo voltar ao normal já fico desmotivada e só me apetece tentar hibernar.

Henrique Mendes 11º ano

No dia 18 de março de 2020 foi decretado o estado de emergência em Portugal. Desde aí, vi um pânico sem antecedentes na vida de grande parte dos meus familiares, amigos e colegas. O mesmo não aconteceu na minha vida, pelo contrário, alguns aspetos no meu quotidiano melhoraram. Notei um aumento exponencial no meu tempo útil. Antes, as viagens de ida e volta para a escola, mesmo que curta, ocupava tempo. Contando com o tempo que passava na escola, e outro tipo de atividades que agora nos foram interditas ganhei cerca de 30 horas semanais. Para mim, essa liberdade temporal é infinitamente mais importante que a liberdade de movimento e de saída.

Tirando as nossas aulas síncronas, que me ocupam cerca de 14 horas semanais, e as 56 horas em que durmo, tenho cerca de 98 horas semanais, ou seja, 14 diárias livres. Nessas horas livres, cumpro os trabalhos propostos pelas professoras de forma eficaz e rápida. Tenho mais tempo para mim. Cumpro um plano de atividade física, tenho mais tempo para cozinhar refeições mais saudáveis, estudo mais, passo mais tempo a ver documentários e investigar diversos assuntos, e, talvez o mais importante, passo mais tempo com os meus avos.

Esta quarentena permitiu me melhorar fisicamente e intelectualmente. A nível social, admito que também não me senti afetado. Visto que não sou uma pessoa de sair todos os dias, não me senti afetado de todo. No máximo saia duas ou três vezes por semana, para estar com a minha namorada e nesta quarentena, limitei-me a estar com ela de 14 em 14 dias para manter um nível de segurança.

Para concluir, a minha quarentena tem sido muito produtiva, permitiu me desenvolver me intelectualmente e fisicamente.