Segundo Reinado no Brasil

Analisar retratos (cartes-de-visite) de negros, fotografados na segunda metade do século XIX, em busca de possíveis motivos para se fazer retratar, do que os retratos mostram, de suas finalidades, significados, usos e circulação.

Quais as motivações para um negro que viveu na segunda metade do século XIX se fazer retratar?

A ausência de álbuns de famílias negras em instituições de documentação é fruto da inexistência desses documentos ou de uma possível seleção institucional?

Quais os prováveis significados de um registro fotográfico para um negro escravo, livre e forro?

Segundo a historiadora Sandra Koutsoukos (2010), dentre alguns motivos para um negro que viveu durante a segunda metade do século XIX fazer-se fotografar eram: o possível desejo de lembrar e de ser lembrado o melhor possível; o uso da fotografia como passaporte para a “nova condição do sujeito” (livre ou forro); ser complemento do álbum de família dos senhores; a troca da imagem exótica como modelos para Souvenir.

O que esses retratos nos mostram?

Marcas da escravidão

Marcas étnicas

Marcas de resistência

Marcas do trabalho

• Fazer uma discussão muito completa sobre a escravidão e o ser negro no Brasil, especialmente a condição dos negros que aqui viviam na segunda metade do século XIX.

• Abordar a fotografia como documento de arquivo pessoal ou público (apresentar situações), bem como a fotografia como fonte histórica.

• Apresentar alguns conceitos e técnicas da fotografia produzida em fins do século XIX:

1. Conceito arquivístico de fotografia e retrato;

2. Suportes usados na época;

3. Técnicas usadas na época;

4. Como era o estúdio fotográfico e quem fazia uso;

5. Fotógrafos mais atuantes e reconhecidos do período...

• Apresentar fotografias e exemplificar a análise para os (as) alunos (as). (observar imagens abaixo)

Possíveis abordagens:

• Análise externa do documento: (extrair informações e metadados evidentes no suporte do documento, como marcas, carimbos, dedicatórias)

Tipo de fotografia

Técnica utilizada

Fotógrafo ou casa fotográfica (realizar pesquisa sobre o fotógrafo - em quais províncias atuou? era intinerante? atendia que perfil de público? fez sociedade com algum fotógrafo? onde tinha fixado seu estúdio?, dentre outras questões de interesse)

Ano de produção do documento (fotografia)

Local de produção do documento

Retratado - quem é o retratado? (pesquisar sobre o retratado - quem era? era um negro escravo, livre ou forro? o que na imagem reflete a resposta anterior? se era escravo, quem era seu "dono"? se era forro, quem teria o alforriado e por que razão?, dentre outras questões de interesse)

• Análise imagética do documento: (explorar a imagem retratada)

Observar a cena (fundo usado pelo fotógrafo), os objetos e adornos que compõem o cenário, roupas e adereços utilizados pelo retratado, postura e gestos usados pelo fotografado, etc.

E hoje? Como a população afro-descendente brasileira se faz retratar e se auto-retrata? O que motiva esses registros atuais? Quais os principais significados e funções da ação da fotografia? Onde essas imagens estão? Onde circulam? E por aí vai...

ARENDT, H. A condição humana. 2ª ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1983.

BRITO, D. S. Uma cidade sem senzalas: Moradias escravas e autonomia na cidade do Rio de Janeiro (1789-1850). Monografia - Departamento de História, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2003.

CAMPOS, D. de S. A. Um estudo sobre a escravidão em suas relações com a hierarquia social: heranças e particularidades da instituição escravocrata. Dissertação de Mestrado - Departamento de Sociologia e Política, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2007.

CASTRO, H. M. M. de. Das cores do silencio: os significados da liberdade no sudeste escravista - Brasil século XIX. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 1995.

___________, Escravidão e cidadania no Brasil monárquico. Rio de Janeiro: Zahar, 2000.

___________. Cidade febril: cortiços e epidemias na Corte imperial. São Paulo: Companhia das Letras, 1996. ___________. Visões da liberdade: uma história das últimas décadas da escravidão na corte. São Paulo: Companhia das Letras, 1990.

CIVILETTI, M. V. P. O cuidado às crianças pequenas no Brasil Escravista. In Cadernos de Pesquisa. São Paulo: Fundação Carlos Chagas nº 76, pp. 31-40, 1981. CONRAD, R. Os últimos anos da escravatura no Brasil: 1850-1888. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1975.

DAVIS, D. B. O problema da escravidão na cultura Ocidental. Rio de Janeiro: Civilização brasileira, 2001.

DUARTE, L. Pão e Liberdade. Uma história de padeiros escravos e livres na virada do século XIX. Rio de Janeiro: Cadernos do Arquivo I, Mauad:FAPERJ, 2002.

FAUSTO, Boris. História concisa do Brasil. São Paulo: Edusp/Imprensa Oficial do Estado, 2001.

FLORENTINO, M. Tráfico, cativeiro e liberdade: Rio de Janeiro, séculos XVII-XIX. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005.

___________. Dos escravos, forros e fujões no Rio de Janeiro imperial. In: Revista da USP - Dossiê Brasil Império, nº 58, pp.104-115, São Paulo, 2003.

FRAGA F. W. Mendigos, moleques e vadios na Bahia do século XIX. São Paulo/Salvador: Hucitec/Editora da UFBA, 1996.

FREYRE, G. Casa-grande e senzala. Lisboa: Editora Livros do Brasil. 1957.

__________. Sobrados e mocambos. Rio de Janeiro: Record, 1990.

FURTADO. C. Raízes do subdesenvolvimento. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.

GEBARA, A. O mercado de trabalho livre no Brasil (1871-1888). São Paulo: Brasiliense, 1986.

GOMES, H. T. As marcas da escravidão: o negro e o discurso oitocentista no Brasil e nos Estados Unidos. Tese de Doutorado - Departamento de Letras, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 1989.

HOLANDA, Sérgio Buarque . História geral da civilização brasileira. São Paulo: Difel, v. Tomo I, v. 2, 1995.

KOUTSOUKOS, Sandra Sofia. Negros no estúdio fotográfico: Brasil, segunda metade do século XIX. Campinas, SP: Editoda da Unicamp, 2010.

PINHEIRO. C. C. Quereis ser escravos? Escravidão, Saberes de Dominação e Trajetórias de Vida na sociedade do Rio de Janeiro, 1808 - 1865. Dissertação de Mestrado - Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1998.

SCHWARCZ, L. M. O espetáculo das raças. Cientistas, instituições e questão racial no Brasil 1870-1930. São Paulo: Companhia das Letras, 1993.

SOARES, L. C. Os escravos de ganho no Rio de Janeiro do século XIX. In: Escravidão - Revista Brasileira de História, vol. 16, pp. 107-142. São Paulo, 1988.

SOUSA, J. P. de. A mão-de-obra de menores escravos, libertos e livres nas instituições do Império. In: Escravidão: ofícios e liberdade. Rio de Janeiro: Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro - APERJ, 1998.