Contos interdisciplinares
Por Giseli Martins Barbosa
(aluna do 3º ano de Edificações)
Por Giseli Martins Barbosa
(aluna do 3º ano de Edificações)
O espaço "Contos interdisciplinares" nasceu de um Laboratório de História (Idade Média - Vivendo os espaços privados medievais: uso de plantas baixas de casas medievais), que possibilitou o desenvolvimento de um projeto interdisciplinar lindo, cujo objetivo foi estimular o aprimoramento dos contos escritos no laboratório e criação de ilustrações e histórias (Scratch), referentes às relações sociais, políticas, econômicas e culturais vividas durante a Idade Média. O projeto contou com a participação das disciplinas História, Informática, Filosofia, Artes, Química, Biologia, Geografia e Língua Portuguesa. Os alunos e alunas produziram 12 contos muito criativos e com possibilidade de publicação de livro coletivo.
A aluna Giseli Martins é um exemplo lindo dessa experiência. Ela se descobriu escritora e o Projeto LabHist abriu esse espaço para suas produções, conduzidas e orientadas pela profa. coordenadora do LabHist e por professores do Campus Estância que sentirem o chamado interdisciplinar de cada conto.
Nesse espaço vocês encontrarão contos interdisciplinares ambientados em várias épocas e contextos históricos. Uma forma diferente e lúdica de se aventurar na história!
Sejam bem-vind@s e curtam a história!
Giseli Martins
Sinopse
Curiosidade, essa era a palavra-chave dos amigos Edgar e Amália. Eles são amigos de infância e Amália, na sua adolescência, fugia dos seus aposentos para ir ao laboratório de Edgar. Era o esconderijo deles, o lugar que despertava a imaginação e a astúcia dos dois. Mas em um momento perturbador, uma grande experiência aconteceu e isso mudou o século XVIII.
França
Paris, maio de 1783.
05/05/1783
E lá estava Amália, correndo pelo campo e fugindo mais uma vez do chá da tarde que sua mãe a obrigava a ir, mas ela odiava ir para essas aulas de etiqueta e odiava ser de classe alta. O seu destino agora era o laboratório do seu melhor amigo, Edgar.
Diderot, filho de Denis Diderot, é o filósofo que está escrevendo a Encyclopédie com o pai de Amália e a esse horário eles estão no escritório discutindo sobre esse livro tão cobiçado. Toda vez que Amália chega, o Ed sempre está a ler em sua escrivaninha junto com uma pilha de livros no chão à sua direita, enquanto a sua lente de aumento está à sua frente para ajudar na leitura. Ele está fissurado com esses livros desde a semana passada, quando decidiu que queria voar e como os seus pensamentos são férteis para isso está quase a enlouquecer de tanto ler. Já Amália confessa que ama ler também, porém com menos frequência.
- Ed? tá tudo bem?- E como sempre ele não respondeu, como pode alguém amar ler desse jeito? Fui na bancada e peguei um de seus rascunhos e me surpreendi com o que vi, era uma bola flutuante com decorações inimagináveis.
- Ed? O que é isso? - Dessa vez ele respondeu com um grande sorriso e levantando ao meu encontro.
- Essa é a minha próxima invenção, te falei que queria voar e eu Edgar Diderot vou conseguir! Escuta bem, Amália, nós vamos conseguir fazer isso virar realidade
- Tá, agora vi que é sério mesmo, ele está tão empolgado em construir isso que é capaz de qualquer coisa.
- Mas como você vai conseguir fazer essa geringonça? Como isso vai se chamar? Precisa de muitas coisas pelo que eu estou vendo aqui – peguei várias folhas com anotações.
- Ainda não sei, Amália, mas eu preciso da sua ajuda. Meu pai não tem tecidos, eu preciso de muitos metros de tecido e sabe quem tem? - Ed me olhou estranho e eu já conhecia aquele olhar.
- NÃO, NÃO, ED! Nem pensar, isso mais uma vez não - Saí de perto dele e fui beber água no poço, estava com sede, oras.
- Você pode conseguir com a senhora Ana, ela trabalha para sua mãe como costureira - Ed falou correndo atrás de mim enquanto eu ia para fora.
- Não, Ed, da outra vez isso não deu certo, você quis fazer uma espécie de pássaro para humanos com tecidos, como pode isso? - E mais uma vez ele me olhou profundamente com seus olhos marejados nos meus olhos.
- Por favor, Amália, meu pai não vai comprar isso e eu não tenho dinheiro suficiente, isso é tão frustrante, meus sonhos, minhas invenções não poderão ser concluídas por falta de dinheiro – Ok, ok, meu coração se derreteu, chega.
- Tá ok! - Ele pulou em cima de mim para abraçar com seu sorriso marcante no rosto.
- Mas vamos fazer uma troca - Óbvio que não sairia tão fácil assim.
- Lá vem, fala logo – Ele cruzou os braços e se sentou em uma pedra ao lado do poço.
- Você sabe que eu estou com minha leitura ruim e eu preciso muito da sua lente de aumento emprestada por dois meses - Agora peguei ele.
- Tá ok - fiquei abismada com sua resposta, como assim eu vou ter que pegar aquela quantidade todinha de tecidos para aquela geringonça?
- Fechado! - Apertarmos as mãos e fingi costume.
Eles passaram a tarde inteira lendo e fazendo mais rascunhos , lógico que Amália estava curiosa e não poderia perder essa chance de ser cúmplice do Ed, afinal, ele é peculiar, mas tem seu charme. O pai de Ed logo chegou e mandou ela ir para casa, coisa boa não vinha e ele estava irritado, provavelmente por causa daquele livro lá. Ela foi embora e entrou em sua casa pelos fundos pensando que não seria vista, mas seu pai a pegou em cheio, lhe encheu de perguntas e a liberou dizendo que não contaria à sua mamãe, e ele estava cansado para discussões. Amália tomou seu banho e ficou na sacada a admirar as estrelas, uma coisa que Ed não sabe é que ela não usaria aquela lente para ler, mas sim para admirar ainda mais de perto as estrelas à noite e ela não esperava chegar a sexta para isso.
No domingo pela manhã não teve opção, sua mãe a levou para mais uma de suas aulas e dessa vez era aula de música, mais especificamente aula de piano com sua professora favorita e ela admitira que amava as aulas aos domingos. Amália passou a manhã e à tarde naquele quarto tocando piano, não aguentava mais o som daquelas teclas soando em seu ouvido, estava com saudades de seu amigo e ainda faltava cinco dias para vê-lo. E para acabar com seu dia, o seu pai não parava de falar da enciclopédia. Ele falava e falava com muita empolgação, mas Amália estava distraída com seu chá e suas bolachas, sua mente estava a mil e precisava gastá-la. E lá estava ela, em sua sacada sentada com seu diário no colo e admirando a lua e as estrelas, era mágico o jeito como Amália olhava para o céu e as admirava, mas ela se assustou com o barulho que vinha de baixo, quase derrubando seu diário, e quando olhou viu Ed tentando subir pela raiz que cresceu para cima em direção à sua janela. Ela estava paralisada, não o esperava ali e não estava adequadamente vestida a respeito de estar em frente a um homem solteiro. Então, Amália acabou despertando assim que viu a mão dele na sacada, entrou dentro do quarto, pegou seu sobretudo e vestiu enquanto voltava para a sacada.
- O que estás a fazer aqui, Ed? Isso são horas? E por que não entrou pela porta da frente? Meus pais estão dormindo - Amália falou baixo e com medo de seus pais escutarem do quarto ao lado.
- Oras Amália, se eu não entrei pela porta era porque não queria que eles me vissem e eu quero te levar para a catedral. Tenho uma surpresa e sei que você vai amar - Edgar falou segurando uma de suas mãos.
- Você sabe muito bem que não posso, e meus pais? - Amália não queria ir, mas confiava em seu amigo e sabia que ele não a decepcionaria.
- Por favor, Amália, eu prometo que trago você de volta em segurança - Ele a olhou nos olhos com seu olhar profundo que ela amava até um certo ponto.
- Tá, tá, mas vamos logo senão isso não acaba bem e você sabe o que irá acontecer se eles me pegarem fazendo isso. - Edgar a ajudou a descer e eles foram. Caminharam um pouquinho até chegar na catedral de Notre Dame, só que havia algo diferente.
- Ed, não acredito no que estou vendo - Amália estava encantada com aquele vendedor de panfletos, que é feito para divulgar novas ideias e tinham pessoas ao redor do rapaz e algumas outras vendendo pinturas.
Edgar sabia muito bem dos gostos de Amália e acabou lhe comprando dois panfletos e ela não parava de agradecer. Ele a levou de volta para casa e, sem tirar seus sorrisos, eles se despediram. Já era a décima vez que ela lera aqueles panfletos em sua sacada, e um deles falava “Se Deus não existisse, seria necessário inventá-lo” de Voltaire, aquilo ficou na mente dela por horas, refletindo e imaginando como seria se Deus não existisse, todas as coisas existentes, mas para tudo havia um jeito ou uma forma de criação além dessa. Estava cansada pelo seu dia e então foi deitar, mas a única coisa que não veio naquela noite para Amália foi o sono.
Era terça no fim da tarde, Amália estava a ler as últimas páginas do livro de Voltaire “Candide, ou l'Optimisme”, que fala sobre a vida dura de Cândido e em que são enaltecidos os valores do espírito e da razão natural em cada um de nós. Mais um livro ela terminara de ler e ficou entediada por não ter mais o que fazer. Com seus pensamentos à flor da pele, ela resolveu comentar com seu pai sobre o livro, bateu na porta de seu escritório, mas não havia ninguém lá e viu que a porta estava aberta. Entrou com cautela, olhando para os lados, e verificando que nenhum serviçal a visse entrando ali, é óbvio que seu pai não iria gostar se a encontrasse ali no seu lugar particular.
De primeira, Amália só iria ficar sentada na chaise longue perto de uma grande janela, mas seus olhos foram de encontro a um livro com folhas soltas em cima da mesa de escrever. Ela se segurou para não bisbilhotar as coisas de seu pai, mas era impossível quando a sua mente pedia constantemente para saber do que se tratava, e lá estava ela tocando o material rígido e abrindo logo em seguida. Viu vários desenhos de tipos diferentes de plantas, anotações brilhantes, pensamentos que ela nunca tinha visto que serviria para mudar a maneira de pensamentos das pessoas e que esse texto poderia disseminar todas as informações para as gerações atuais e futuras, seria o conhecimento para o futuro, Amália pensava que aquilo marcaria para sempre aquela época...e assim será, pensou ela. Depois de toda essa quantidade de informações, ela decidiu sair dali e ir para o seu quarto, precisava botar tudo aquilo para fora e certamente o seu diário a esperava.
Dias se passaram…
O dia amanheceu lindo, esse era o dia que Amália iria para o laboratório de Edgar entregar seus tecidos e não foi fácil driblar a senhora Ana para pegá-los.
Corri com toda a minha velocidade pelo campo até chegar lá, foi incrível ver aquela geringonça ganhar forma aos poucos.
- Trabalhei de dia à noite com isso, mas ainda estou tentando descobrir o que irá fazê-la voar, Oh céus por que isso é tão difícil? - Ed falou se aproximando dela para ajudar com todo aquele tecido.
- Você é o criador, então descubra. Aaah, te peguei engraçadinho! - Ele gargalhou e levou os tecidos para a máquina de costura.
- Você não existe, Amália, eu sei que irá me ajudar a descobrir isso. Tem muitos livros para ler e eu ainda não te emprestei minha lupa. - Ed estava muito sobrecarregado e precisava daquela mãozinha dela.
- Eu vou ler esses livros e ajudar nas suas anotações só porque amo você e não fique se achando por causa disso. - Eles se olharam e sorriram, aquele dia ia ser bastante longo…
No fim da tarde, Amália foi embora e, mais uma vez, eles ficaram tristes. Logo iriam se encontrar na outra semana, mas Edgar não parou, ele estudou e estudou. Estava completamente fissurado por aquela geringonça. Já era tarde da madrugada quando Ed estava checando um dos rascunhos que Amália fez e tudo começou a fazer sentido.
- Não acredito que achamos uma solução! - Ed estava eufórico pela descoberta de sua amiga e agora tudo iria começar a dar certo.
Mais uma semana se passou e Edgar estava quase concluindo a invenção e dessa vez iria dar certo. Mas alguém poderia perguntar se ele dormiu o suficiente essa semana e a resposta é bem clara: ele dormiu, mas na verdade foram pequenos cochilos em sua escrivaninha e sempre acordava com dor na coluna pelo mal jeito. Ele não achou necessário dormir, afinal, ele queria terminar em menos de três meses, queria versões diversificadas até lá e assim será.
Amália estava ansiosa por novidades. Acordou sorrindo naquele dia 19 de um sábado. Esperançosa, se levantou e se aprontou para mais uma aula de etiqueta e que novamente iria fugir e assim foi. Porém, foi surpreendida ao atravessar o campo grande do verão e ver uma estrutura nos fundos da casa de seu amigo. Ele fez de um rascunho uma obra e mal sabem eles que aquilo iria mudar o século XVIII.
- ED? - Amália entrou e viu Edgar em sua máquina de costura no cantinho daquele espaço.
- Amália, até que enfim você chegou, uma de suas anotações transformou tudo! Descobrirmos como fazer a coisa voar. Na verdade, ainda está em experimento, mas tenho certeza que irá dar certo! - Ele estava eufórico, totalmente ansioso e cansado, mas ele não conseguiria disfarçar por muito tempo seu cansaço.
- Você está acabado, que olheiras são essas? Você está dormindo, Ed? Pode me falar toda a verdade - E lá se foi a fachada dele.
- Eu só não dormi direito, mas escuta só isso, você anotou que Arquimedes notou que um corpo menos denso que a água, no qual está imerso, é empurrado para cima. E se a densidade fosse maior que a água, esse corpo afundaria e com a mesma densidade da água, flutuaria. E olha, Amália, Leonardo da Vinci aplicou isso em máquinas voadoras! Escutou? Ele pintou santos em sacos de papel para a coroação do Papa Leão X, que cheios de ar quente flutuavam pelo ambiente. Também achei nos livros de papai que o gás hidrogênio é 14 vezes mais leve que o ar, então eu juntei as duas e formei isso, vem ver aqui dentro, olha quando eu coloco o gás dentro dele, simplesmente voa por alguns segundo e desce, essa não deu certo, mas ainda está em experimento e vou chegar em uma conclusão.
Ed estava com ansiedade de terminar tudo isso logo, não seria fácil. Na verdade, estava difícil chegar em alguma conclusão, mas ele daria seu jeito, a força de vontade de fazer algo acontecer era grande.
- Tá... ok! Mas e se você usar os tecidos? Leonardo da Vinci fez isso, e se a gente substituir o papel pelo tecido? E o diabos é densidade, Ed?
- Eu já pensei nisso, estou terminando de costurar e eu preciso de você novamente, consegue fazer um cesto de palha? E densidade é uma grandeza física que mede a concentração de matéria de um corpo em um dado volume, tipo aquela minha primeira experiência de pôr asas gigantes em humanos que deu super errado. Na verdade eu não soube bem estudar porque só era fazer algo menos denso que ar que daria certo, é só observar os pássaros, Amália.
- Claro, vamos lá, vai dar certo, então está explicado o porquê da sua primeira experiência não ter dado certo. Agora que você falou tudo, esclareceu. É majestoso olhar os pássaros.
E assim começou. No final da tarde aquilo estava ganhando forma, eles juntaram o tecido que Ed costurou em formato de bola e amarraram com as cordas para segurar o cesto, e foi uma luta para deixar tudo simétrico. Primeiramente, eles pensaram que era a fumaça que fazia flutuar, gastaram muito tempo queimando palha e lã molhada para fazê-lo subir um pior cheiro. O fedor foi terrível. Os testes foram feitos ao lado da casa do Edgar, normalmente no início da tarde, que por ter um vasto campo e ser final da primavera, o vento contribui para o voo. Foram vários testes, vários dias para poder chegar a uma conclusão e eles conseguiram. Foram muitas versões e eles deram o nome de balão para a geringonça. Com isso, eles resolveram mostrar para as pessoas como o ar quente poderia levar um balão de 30 m de diâmetro, mil metros de altura no ar a 2 km de distância. Foi nesse dia que os pais de Amália conheceram o Edgar. Trataram-no super bem e autorizaram a ida de Ed para a casa deles no dia que quisesse. Havia injustiça? Sim, mas eles se veriam quando quisessem e foi a euforia dos dois no momento. A conquista deles foi reconhecida rapidamente e logo chegou uma carta da “Académie des Sciences” de Paris, em que a academia solicitou a eles a repetição do experimento para provar que o voo era possível e esclarecer todo o processo. Em poucas semanas, eles construíram um balão com 4 m de diâmetro cheio de hidrogênio, que subiu a uma altura muito maior e foi lançado no Campo de Marte. Todos admiravam o balão que aterrissou 25 km fora de Paris.
Nenhum ser humano havia voado em um balão ainda, esse era o sonho de Ed: voar. Eles estudaram as possibilidades disso acontecer sem ocorrer acidentes. Fizeram uma nova estrutura para esse balão de ar quente, que quando aquecido pelo fogo gera energia e as moléculas se movimentam mais rapidamente e o ar quente se expande, sua densidade diminui e o balão sobe. Toda a Paris se reuniu nos jardins de Versalhes para uma ocasião memorável! Pela primeira vez um balão subiu com uma tribulação, não com humanos por ser muito arriscado, mas com uma ovelha, um pato e um galo. O voo durou 8 minutos.
Com o sucesso, Ed e Amália quiseram construir um balão para humanos. Assim, várias pessoas se voluntariaram para ir como tripulante, mas dois jovens membros da Academia de Ciências chamado Marquis d’Arlande e Pilâtre de Rozier poderiam voar como passageiros. O voo não foi oficialmente anunciado, mas milhares de pessoas se reuniram na periferia de Paris em 21 de novembro e o ar quente de uma grande fogueira inflamou o enorme balão azul e dourado com 22m de altura, 50m de diâmetro e dois mil metros cúbicos de volume, os passageiros posicionaram-se em lados opostos do balão para equilibrá-lo, os ajudantes soltaram as amarras. À 1:40 PM, o balão subiu lento, mas majestoso para o céu, com o vento soprando a noroeste sobrevoou Versalhes para fora da cidade, em que percorreu 8km pousando entre dois moinhos de vento em Croulebarbe.
Logo, novas oportunidades surgiram fora da França e tudo começou a mudar. Eles mudaram. Edgar e Amália já tinham passado da juventude e, como tudo é natural, foi impossível não surgir um sentimento a mais do que só amizade. Sim, eles foram criando intimidade, dividiam todos os dias possíveis trabalhando e se apaixonaram. Simplesmente aconteceu o previsto, não tinha nada oficializado, o cortejo ainda iria acontecer para eles, mas decidiram adiar por conta da viagem de última hora que Edgar faria para Polônia. A viagem demorou muito mais do que esperado e Amália não pôde ir por causa do seu pai, que não a deixou ir por eles serem dois jovens ainda solteiros e não iria dar certo. Na verdade, o Jean le Rond d'Alembert tinha medo de deixar sua única filha ir a um lugar tão longe e “sozinha”. Trocaram muitas cartas ao longo dos três meses que Ed passou fora, foram cartas de declaração, de amor e saudade, Ed prometeu levar presentes para o cortejo e como sempre ela estava ansiosa por isso. Agora tudo iria mudar completamente para eles depois de tudo isso acabar.
Com o passar do tempo, eles casaram, mas o Sr. Le ainda continuava relutante sobre a sua filha ser nova para ir a um altar, mas ele entendeu o amor deles e seu interesse falou mais alto. Aliás, o Sr. Lee não perdia uma oportunidade de aumentar seu império e seu ego pelo seu genro.
- Amália, minha beldade.
Edgar estava no campo de Marte, segurando as mãos de Amália entre o seu rosto, ainda com suas roupas formais da cerimônia, seus olhos vidrados no de sua amada e com lágrimas beirando-os. As emoções saindo de sua boca pela ansiedade, seu estômago revirando como se tivessem milhares de borboletas ali, seu sangue fervia de amor e paixão, era algo predominador que ele não conseguiu segurar por tanto tempo. Edgar caiu em lágrimas em frente a sua amada, não de tristeza, mas de euforia.
- Sabia que quando olhamos para uma flor, enxergamos a perfeição da vida e, assim, despertamos como o infinito, como as milhares de estrelas que estão nesse céu. Minha beldade, os seus olhos são o meu infinito, é onde eu encontro o meu despertar, os seus olhos são a paisagem mais bela que eu encontrei em meio ao campo vasto do outono. Amália, tu és o meu júbilo em meio ao caos, eu prometo te amar até o fim, até que tudo se acabe. A nossa vida se cruzou, todos os caminhos nos levaram a estarmos aqui, exatamente agora, diante da imensidão do universo estamos aqui eu e você.
Eles correram de mãos dadas pelo campo, correram por alguns minutos até Edgar ter um pequeno infarto pela sua falta de costume de correr. Já ela, que sempre corria para vê-lo estava plena. Amália e Edgar viveram, não só de felicidade, mas de aventura e genialidade. Afinal, o amor é arte.
Escrito no inverno de 2021
08 de julho de 2021
Texto orientado por professores das disciplinas de História, Filosofia, Química e Física.
Colaboraram:
Profa. Dra. Lorena Campello (IFS-Estância)
Profa. Dra. Lidiane Brito Freitas (IFS-Estância)
Profa. Dra. Elaine Meneses Souza (IFS-Estância)
Prof. Dr. Tiago Cordeiro (IFS-Estância)