Brasil Colônia
Relatos sobre a nova terra
Relatos sobre a nova terra
Objetivos do laboratório
Extrair e analisar, a partir de obras e documentos oficiais escritos por religiosos, viajantes e funcionários reais, as primeiras impressões sobre o território que hoje é o Brasil, seus habitantes e cultura, além da natureza do lugar.
Fontes utilizadas
Auto Representado na Festa de São Lourenço, de José de Anchieta.
José de Anchieta, vindo de Portugal, chega em 13 de julho de 1553, no cais da Bahia de Todos os Santos, acompanhado de outros jesuítas enviados para converter os nativos sob o discurso educador. Além de poemas, José de Anchieta escreveu autos de cunho pedagógico, onde as personagens apresentam características estéticas que mostram a imagem que o autor deseja transmitir sobre os habitantes da terra.
A Carta de Pero Vaz de Caminha, de Pero Vaz de Caminha.
A carta foi escrita por Pero Vaz de Caminha, em Porto Seguro, entre 26 de abril e 2 de maio de 1500. Caminha era escrivão da feitoria de Calecut e foi enviado pelo então Rei D. Manuel na armada de Pedro Álvares Cabral. O documento trabalhado pelo laboratório é custodiado pelo Arquivo da Torre do Tombo (Portugal). Basicamente a carta reflete o primeiro encontro dos lusitanos com as terras que hoje fazem parte do continente americano.
Diário da Navegação de Pero Lopes de Sousa: 1530-1532 (Documentos e Mapas Vol. 2). (publicado pela primeira vez em Lisboa, em 1839)
De acordo com a Divisão de Bibliotecas e Documentação da PUCRIO, os diários de navegação eram documentos "onde eram registradas, dia a dia, as observações náuticas feitas pelos pilotos durante uma dada viagem. Eles apresentam, assim, uma ordem descritiva com um grande peso de informação pontual das realidades náutica, geográfica e antropológica."
No caso do Diário de Navegação registrado pelo escrivão Pero Lopes de Sousa, ele (o documento) é fruto "não apenas as lutas contra os traficantes franceses e a exploração do litoral da América do Sul desde a costa maranhense até o Rio da Prata, mas sobretudo a descrição da terra e de seus habitantes, assim como a fundação das vilas de São Vicente e de "outra 9 leguas dentro pelo sartam" , que assinalavam o início da colonização oficial da terra."
Por assim dizer, o documento constitui fonte principal e indispensável para o conhecimento da história da expedição de 1530-1532, comandada por Martim Afonso de Sousa.
Viagem à Terra do Brasil, de Jean de Léry.
Publicado em 1578 pelo francês Jean de Léry, Histoire d’un voyage faict en la terre du Brésil (História de uma viagem feita na terra do Brasil, ou simplesmente Viagem à terra do Brasil), é um relato de viagem belíssimo sobre o "Novo Mundo". Para além do relato, o viajante nos deixou como legado desenhos sobre os costumes dos indígenas que teve contato.
Segundo João Cardoso, especialista em pesquisa da Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin, "Léry esteve na França Antártica nesse período e conviveu cerca de dez meses com os tupinambás. Seu relato é uma rica fonte de informações sobre o modo de vida dos índios, que ele criticou mas que sobretudo aprendeu a admirar."
Tratados da Terra e Gente do Brasil, de Fernão Cardim.
Os Tratados eram estudos formais, complexos, fundamentados e sistemáticos sobre determinado assunto. No caso do tratado abordado pelo laboratório tratou-se de um registro descritivo do século XVI (Quinhentismo) e foram escritos entre 1583 e 1601 pelo padre jesuíta Fernão Cardim, nos anos seguintes à sua chegada ao Brasil.
O livro chegou a ser publicado em inglês, de forma parcial, tendo sido atribuído a outro autor. Apenas em 1847 foi publicado em língua portuguesa. Os tratados de Cardim nos dão notícia sobre o papel desempenhado pelos missionários jesuítas no nosso território, nos informa sobre como era o Brasil do século XVI: quem o habitava, como era a terra, o clima, a fauna e a flora, e até os hábitos da vida levada nos engenhos de cana de açúcar.
Cardim buscou, por meio dos seu registro, demonstrar a importância que esta terra poderia vir a ter no futuro, "um outro Portugal".
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Orientação para o desenvolvimento do laboratório
Fazer breve apresentação das obras e seus autores aos alunos, explanando sobre o contexto de produção de cada uma, explicando sobre o que cada obra aborda e como o faz, assim como o potencial de cada uma para a época e como fonte de pesquisa. Orientar a escolha de uma obra por grupo.
Orientar a atividade:
Os alunos deverão formar seus grupos livremente;
Escolher a obra a ser lida e analisada;
Podemos abrir os trabalhos iniciando a leitura com cada grupo, assim todos conhecem um pouco de cada fonte trabalhada;
Explicar aos alunos o que se quer com o laboratório: leitura, percepção e extração do texto, de trechos valiosos para o conhecimento do território que hoje é o Brasil e dos povos que nele habitavam. Ao extrair os trechos é importante salientar para que o discente insira a paginação da passagem extraída na obra;
Após essa etapa, o grupo analisará cada trecho selecionado, de forma a comentar e relacionar as passagens com o assunto discutido em sala de aula, perceber as visões, representações, preconceitos (levando em conta o contexto histórico da época) que esses homens ofereciam do nosso território para os leitores da época, perceber e elencar curiosidades culturais do período;
O docente pode trabalhar os relatos, registros, cartas e tratados voltando o olhar do aluno para a situação do nosso meio ambiente natural e situação de comunidades indígenas atualmente, estimulando um contraponto e debate no final do laboratório.
Lembrem-se! O Céu é o limite!
Bibliografia usada e sugerida
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