Olá, estudante do Ensino Médio. Seja bem-vindo(a) a mais uma lição do curso Técnico em Agronegócio. Já vimos muita coisa por aqui, não é mesmo? Aprendemos como devem ser registradas as contas gastos, despesas e investimentos do produtor rural e como auxiliá-lo na escolha dos regimes de tributação. Vimos, ainda, que os mercados futuros podem ser ótimas opções para que o produtor rural consiga se proteger contra seus principais desafios, que são os riscos de oscilações de suas projeções, sejam eles de preços, sejam de quantidades demandadas e ofertadas.
Agora, nesta lição, o objetivo será reunir os principais assuntos abordados em nossas lições e apresentar as principais estratégias com mercados futuros agropecuários e a existência de simuladores de atuação nesses mercados. Deixo bem claro que a abordagem desses assuntos será mais com sentido de síntese do que de aprofundamento, pois já vimos a maioria deles em nossas lições e, se algum, porventura, ter te interessado mais, fica a orientação para eventuais pesquisas futuras. Vamos lá, pela última vez?!
No mercado agropecuário, muitos fatores são envolvidos no processo de elaboração de um projeto de análise de viabilidade econômica, não é mesmo?! Sendo assim, e se tivéssemos mecanismos que pudessem reduzir ou, até mesmo, eliminar as oscilações ou a falta de previsão de nossos riscos envolvidos?
Você deve estar pensando que já conhece de nossas lições anteriores alguns desses mecanismos, e foi exatamente por isso que realizei esses questionamentos com você! O intuito foi testar se, após nossos estudos, ficou claro que podemos sim, em nossas atividades de auxílio ao produtor rural, utilizar dos mais diferentes mecanismos, incluindo o uso de mercados futuros agropecuários, para estabelecer projeções e previsões de preço mais concretas e possíveis de acontecer. Dessa forma, sabendo que podemos reduzir ou eliminar os riscos envolvidos durante uma análise, vamos lá reforçar este entendimento?
No estudo de caso de hoje, apresento a você um estudo real, apresentado por Marques e Martines-Filho (2006). Trata-se de uma empresa localizada na cidade de Rondonópolis-MT que trabalhava com soja e, em meados do mês de outubro de determinado ano, ela forneceu 51.800 kg de semente de soja no valor de US$ 24.494,40, para serem entregues em março do próximo ano.
Para isso, a Bolsa de Valores onde foi feita a negociação teria de receber, na data de vencimento, 3.360 sacas de 60 kg de soja em grão, pois o preço dessa operação estava a US$ 12,88. Neste caso, no momento em que se negociava essa operação, os valores eram os seguintes:
3.360 sacas.
US$ 7,29 por saca.
Operação de hedge a: US$ 12,88.
Total da operação: US$ 24.494,40.
Assim, como uma possível estratégia utilizando o mercado futuro agropecuário para garantir uma quantia mínima de receitas, lá em março, o produtor pode procurar uma operação de hedge que permita essa operação. Neste caso, imagine que, em março do próximo ano, o preço estava em US$ 6,41/saca. Nesta situação, a empresa receberá a soja a esse preço, recebendo da Bolsa a diferença em relação ao negociado (US$ 7,29), ou seja, US$ 0,88/saca. Sendo assim, no final das contas, o produtor recebeu US$ 24.494,40. Este valor representa exatamente o que era esperado pelo produtor, percebeu?!
É claro que, como já vimos em nossas lições, as taxas de câmbio poderiam afetar essas relações, o que também poderia exigir contratos de câmbio futuro para honrar e prever esses movimentos de preços dos mercados. Sendo assim, escolhi este exemplo real para esta lição e, por meio dele, deixo a você um exemplo do que acontece no mercado futuro agropecuário.
Como abordado em lições anteriores, as compras e vendas ocorrem numa instituição chamada mercado, o qual, segundo Mankiw (2009), é caracterizado pelo espaço onde comprador e vendedor interagem por meio da troca de informações disponíveis a cada um e determinando seus preços a serem praticados.
Isso funciona não apenas nos mercados físicos, mas também nos futuros. Dessa forma, assim como no físico, os mercados futuros também reagem às oscilações de preços da economia, às condições do mercado, da oferta de insumos, entre outros aspectos. Acontece que, além destes fatores, o mercado futuro está fortemente atrelado às expectativas dos agentes em relação às condições esperadas no futuro.
Segundo algumas teorias, somente existem transações nesses mercados de Bolsa de Valores e mercados futuros, pois os agentes possuem informações incompletas sobre o comportamento dos preços e das quantidades oferecidas ou demandadas. Sendo assim, com as informações que possuem, os agentes decidem os preços que estão dispostos a pagar e a receber por seus ativos, quer sejam mercadorias físicas, quer sejam títulos, quer sejam outros itens financeiros.
Para iniciar as estratégias a serem utilizadas no mercado futuro, digo a você que, para decidir com mais assertividade sobre um assunto, devemos recolher o máximo de informações que conseguirmos, para as decisões tomadas serem as mais corretas. Oriento a você que, caso trabalhe com esse assunto, aprofunde ainda mais seus conhecimentos, para saber como orientar, corretamente, o produtor rural que te contratou.
Como esta é a última lição da disciplina, todos os conhecimentos adquiridos até aqui servirão de base para que você possa decidir, com mais precisão, sobre os assuntos que se apresentarem a você, em seu dia a dia, daqui para a frente.
Em relação às estratégias com mercados futuros, poderíamos fazer um resumo das últimas lições, não é mesmo?! Em cada uma delas, vimos mecanismos capazes de nos auxiliar na redução do que exatamente mais tememos no setor agropecuário: a falta de previsibilidade existente entre o período do plantio e da colheita, passando pelos seus mais diversos níveis, tais como: preço das sementes, fertilizantes, adubos e atividades operacionais, como plantio, armazenagem, correções de solo, entre outros. Da mesma forma, também não conseguimos prever como se comportarão os preços no período da colheita da safra: custo da própria colheita, venda, mercado de câmbio, novas aquisições de insumos para a próxima safra da mesma ou de outra cultura.
Estratégias, nesse sentido, referem-se a todas as ações que forem tomadas para tentar minimizar os riscos inerentes no mercado agropecuário, independentemente de sua origem ou ferramenta utilizada (PIACENTINI; DEITOS; LEISMANN, 2022).
Sendo assim, deixaremos, aqui, apenas uma lista de sugestões das principais ações que um produtor rural pode utilizar, sobretudo os mecanismo de mercado futuros aprendidos em nossas lições:
Operações de hedge (instrumento utilizado com objetivo de proteção aos riscos oferecidos pelas oscilações do mercado financeiro), garantindo sobretudo o preço mínimo de venda ou máximo de compra.
Mercados de opções (nos quais existe a opção de execução de um contrato, mas não sua obrigação).
Mercados a termo (contrato de aquisições de mercadorias, sem possibilidade de desistência durante o processo).
Contratos futuros (nos quais existe a obrigação da execução na data de vencimento, porém podem ser renegociados durante o processo, recebendo reajustes diários em relação ao preço do mercado a termo).
Swap (realização de trocas de taxas ou índices entre contratos distintos).
É claro que, para cada assunto desses, poderíamos escrever um livro, mas nunca foi nossa intenção, aqui, abordar com tamanha profundidade esses assuntos, até mesmo porque, em muitas situações, essas operações devem ser feitas por profissionais habilitados, ou seja, você, em seu papel de auxiliar o produtor rural, também necessitará de ajuda em algumas operações mais específicas ou arriscadas, então, procurei, em nossas lições, dar as bases de entendimento mínimo sobre os mais diversos assuntos possíveis destes segmentos.
Para encerrar nossa disciplina, deixarei sugestões de locais onde você tem a possibilidade de aprimorar suas técnicas aprendidas em nossas lições ou, ainda, de indicar ao produtor rural a utilização delas, para realizar testes sobre as intenções de uso dos mecanismos apresentados, sobretudo na segunda metade de nossa disciplina.
Trata-se do uso de simuladores. Bom, a cada momento, temos à nossa disposição alguns mecanismos que nos auxiliam a encontrar as melhores opções de utilização de nossos recursos. Os simuladores são, em sua essência, aplicativos ou sites que nos auxiliam muito a entender e a nos organizar na utilização das diversas opções de ferramentas que possuímos.
Um importante simulador que nos foi possível utilizar, foi exatamente o da Bolsa de Valores Brasileira, a B3, porém ele foi desativado e substituído por versões do mercado privado. Neste caso, não pretendo te dizer qual você deve usar em seu dia a dia, até porque não possuo as informações disponíveis e atuais sobre as características de cada um desses produtos oferecidos e, ainda que as buscasse nesse momento, não seria possível garantir que eles estivessem disponíveis a você quando necessitasse utilizá-los. Sendo assim, limito-me a dizer que, se não encontrar mecanismos disponíveis ou, ainda, não possuir recursos para contratar uma corretora ou empresa especializada que ofereça esse serviço, realize a construção de uma planilha do Excel mesmo, colocando algumas informações básicas, como as descritas, a seguir:
● Preço atual do produto oferecido (por exemplo, soja, milho, ou outro produto que o produtor trabalhe).
● Preço futuro desse produto no momento da colheita da safra atual (para efeito de comparação de rendimentos entre o mercado físico e o futuro).
● Custo da aquisição da operação (valor do prêmio das opções, por exemplo).
● Custo de corretagem (representa o pagamento que você fará à instituição responsável, por intermediar essa operação).
● Demais custos de oportunidades observados (relacionando com os possíveis meios alternativos disponíveis não utilizados).
Todas as opções e muitas outras são possíveis, por exemplo, a atuação no mercado de câmbio, a troca de riscos pelos mais diversos indicadores, também conhecida como swap, entre tantas outras oportunidades de estratégias de utilização de mercados futuros agropecuários e simulações desses mercados em nossas projeções.
Bom, enfim, chegamos ao final da nossa última lição. Sendo assim, deixo aqui mais o meu agradecimento pela companhia em todo esse tempo de estudo, e espero ter ajudado você enxergar o quão importante é a aquisição dos mais diversos tipos de conhecimentos em questões sobre economia, setor do agronegócio e de todos os tipos de agronegócios possíveis, sobre a utilização de mercados financeiros, futuros, entre tantos outros assuntos.
Acho que a palavra final é “gratidão” e expresso, também, um desejo enorme de sucesso, com a plena confiança de que se necessitasse dos serviços de um(a) Técnico(a) em Agronegócio, poderia contratar você com a tranquilidade de estar nas mãos de alguém que teve e ainda terá conhecimento técnico suficiente para auxiliar nas mais diversas decisões do dia a dia.
Como sugestão de aplicação final, deixo a você a construção de um mapa mental abordando todos os conteúdos que você conseguir lembrar e os que mais achou relevante, interessante, ou, até mesmo, difíceis, complexos, para que não pare aqui a sua jornada em busca de mais conhecimentos. Até a próxima oportunidade e parabéns por ter chegado até aqui. Sucesso!
Ainda como sugestão final, deixo a você uma indicação sobre o caminho a ser percorrido para a obtenção de dados referentes aos mercados futuros, principalmente em relação àqueles que são negociados na Bolsa de Valores, chamada B3, ou Bolsa Balcão Brasil. É muito fácil! Se você quiser saber quantos contratos em abertos existem para o dia de hoje, em relação ao mercado de futuros, opções, a termo ou swap, sugiro que faça isso agora mesmo, clicando no campo, a seguir:
MANKIW, N. G. Princípios de Macroeconomia. São Paulo: Cengage Learning, 2009.
MARQUES, P. V.; MARTINES-FILHO, J. G. Mercado futuro possibilita administrar riscos de preços. Visão agrícola, [s. l.], n. 5, p. 146-149, jan./jun. 2006.
PIACENTINI, R. V.; DEITOS, G.; LEISMANN, L. E. Simulação da negociação de soja no mercado futuro. Revista Competitividade e Sustentabilidade, [s. l.], v. 9, n. 1, p. 32-43, 2022.