Olá, estudante! Iniciamos mais uma lição do curso Técnico em Agronegócio, da disciplina de Administração e Economia Rural 2. Espero que esteja entendendo os conceitos abordados até aqui e gostaria de lembrar que você deve sempre explorar, ao máximo, seus materiais disponíveis. Sempre que tiver dúvidas, anote-as em um papel e leve ao seu professor na próxima aula, porque, com certeza, ele ficará muito feliz em ver seu engajamento com os assuntos pertinentes à disciplina.
Na lição de hoje, trataremos um pouco mais sobre como funciona a contabilização dos custos e das despesas de uma empresa, ou, como gosto de sempre lembrá-lo(a), propriedade rural, que é uma empresa na sua versão rural. Relembraremos alguns aspectos já abordados enquanto definição, porém mostraremos, de forma mais prática, como mensurar e registrar esses valores. Está pronto(a) para ver mais sobre esse assunto?!
Bom, imagine que você, enquanto produtor(a) rural, ou Técnico(a) em Agronegócio, está ajudando um produtor rural a contabilizar seus custos para, então, mensurar seus lucros após a venda de seus produtos. Você concorda comigo que, para fazer isso, é necessário um amplo conhecimento sobre custo, receita, despesa, gasto, entre outros assuntos? Imagine o transtorno causado se uma informação errada passa despercebida e a conta lá na frente, nas demonstrações financeiras, não fecha. Você traria enorme dor de cabeça ao contador ou ao produtor que o(a) contratou para auxiliar em suas atividades.
Mas e se você pudesse, além de evitar esse transtorno, ajudar a coletar as informações corretas e anotá-las da melhor maneira bem como evitar grandes preocupações futuras? Posso dizer, com certa tranquilidade, que você já está preparado(a) para isso e estará muito mais ao final desta lição e muito mais ainda ao final desse curso para auxiliar o produtor rural em tantas coisas, como nessa contabilização de custos e registros de despesas. Vamos aprender e fazer a nossa parte nesse processo?!
Imagine a seguinte situação (fictícia, mas que parece até real, de tanta familiaridade que você já deve ter com nosso personagem): o Sr. Arnaldo está tocando sua fazenda de gado de corte e se depara com muitas situações e desembolsos realizados, dentre eles:
Ele realiza uma compra de um novo lote de novilhas, no valor de R$ 75.000,00, no dia 9 de janeiro de 2022. Porém esses animais só estarão disponíveis para venda após o período de engorda, que pode ser daqui a alguns meses. Como poderá considerar esse desembolso? Como Gasto? Despesa? Custo?
Um segundo desembolso ocorre quando ele recebe, semanalmente, uma carga de ração para alimentar suas criações. Isso, agora, deve ser registrado como gasto, custo ou despesa?
Mais uma situação: ele precisa vacinar seu rebanho e, para tanto, realiza a compra de vacinas, uma para cada animal do pasto. Como deve ser esse registro?
Por fim, mas não menos importante: ele não possui dinheiro para executar essa atividade em uma propriedade própria, portanto, exerce-a em um pasto arrendado. Esse pagamento fixo, referente ao “aluguel do pasto” mensal, é considerado despesa, custo ou gasto?
São muitas perguntas, porém com possibilidade clara de respostas de acordo com os conteúdos abordados até aqui e com as retomadas e amplificações feitas nesta lição. Todas as lições possuem em comum a necessidade de um amplo entendimento dos conceitos — esses que são apresentados na etapa da conceitualização —, para que não sejam realizadas de maneira errada.
Em um ambiente totalmente concorrencial e globalizado, torna-se necessário, cada vez mais, que as empresas e o próprio produtor rural tenham, cada vez mais, acesso a informações claras, objetivas e corretas sobre os custos de sua atividade produtiva. É sobre esse assunto que inicio nossa conceitualização de hoje: tratando sobre o papel da contabilidade de custos.
Primeiramente, segundo Lorentz (2021), os custos com aquisição de mercadorias, com processo de produção, fabricação e revenda ou com prestação de serviços representam uma fonte essencial à determinação de concorrência ou à capacidade de sobrevivência de uma empresa. Sendo assim, entender sobre esse assunto é fundamental, seja qual for a área de atuação. Portanto, você deve se lembrar da nossa tradicional função lucro, que, até aqui, apresentei a você como sendo:
LUCRO = RECEITAS - CUSTOS
Se você reparar bem, nela, as despesas não são mencionadas, não é mesmo? Mas sabemos da sua importância! Bom, então quer dizer que essa fórmula está errada, ou que ensinei a você uma maneira incorreta de mensurar os lucros?! Não, apenas indica que, naquele momento de nossos estudos, o foco principal não era desmembrar esses valores, pois faremos isso agora, nesta lição. Sendo assim, segundo Lorentz (2021), podemos reescrever essa equação de lucro da seguinte forma:
LUCRO = RECEITAS - CUSTOS - DESPESAS
Importante lembrar que as receitas são os resultados financeiros, as entradas advêm da venda de mercadorias/produtos, dos serviços prestados pela empresa, dos retornos sobre os investimentos realizados, que podem ser na forma de arrendamento, aluguéis, juros, royalties, e de outros assuntos ligados à atividade-fim da empresa, ou propriedade rural.
Embora pareçam intuitivos e até mesmo parecidos, os termos custos e despesas não significam a mesma coisa. Você deve se lembrar que comentamos, rapidamente, sobre a diferença deles nas lições do ano passado, não é mesmo? Porém essa área de atuação especializada em custos tem se tornado algo tão importante que se torna necessário avançar um pouco mais nessas definições novamente aqui.
Enquanto os gastos são todos os desembolsos realizados pelo indivíduo, os custos se referem àqueles que foram efetivamente utilizados na produção. No entanto os custos, em seu sentido mais específico, referem-se, apenas, aos que foram utilizados, de forma direta, na produção, como a aquisição de sementes, fertilizantes e adubos, o pagamento de mão de obra para as atividades operacionais (preparo do solo, plantio, colheita, pulverização), entre outros. Importante ressaltar que esses exemplos valem para qualquer tipo de empresa, dessa forma, poderiam representar qualquer aquisição de materiais, insumos, fatores de produção e demais itens necessários para a realização da atividade econômica da empresa, ou seja, aqueles consumidos no processo de produção.
Em relação às despesas, elas não possuem relação direta com a atividade-fim da empresa. Nelas, entrariam, por exemplo, os desembolsos com as atividades administrativas, o pagamento de todo o pessoal do escritório, os serviços de Recursos Humanos ou de toda a equipe de vendas, as relações com os clientes, entre outros. Viu como ambos são importantes e carecem de estudos mais aprofundados, ou seja, citá-los apenas, como fizemos anteriormente, não é suficiente?
Em relação ao surgimento da contabilidade de custos, podemos mencionar sua relação com a contabilidade gerencial e financeira, que abordamos em lições anteriores. Adianto a você que, em primeiro momento, a contabilidade surgiu como forma de mensurar, financeiramente, os custos, e, ao longo dos anos, demonstrou sua função de auxiliar nas decisões gerenciais das empresas.
Isso nos leva, segundo Lorentz (2021), a definir a contabilidade de custos como forte aliada na tomada de decisão por parte das empresas. No começo, as empresas, apenas, revendiam produtos e, portanto, não agregavam valor nem trabalho a eles, sendo apurado, apenas, o lucro, decorrente das diferenças de preços entre compras e vendas. No entanto, com o advento da Revolução Industrial e o desenvolvimento da indústria e comércio, as operações se tornaram mais complexas e exigiram adaptações e sistemas mais avançados.
Para que um gasto seja considerado despesa, ele precisa estar relacionado à atividade-fim da empresa. Despesas são todos os gastos que não foram identificados na contabilização de custos de produção, não entrando, portanto, os estoques na contabilização dos custos, pois têm sua apuração de resultado como despesas do período. A seguir, apresentarei alguns gastos comuns da atividade e sua classificação indicada, conforme Arruda e Santos (2017):
São considerados despesas desde que tenham sido para atender à saúde do trabalhador rural em situações que possam ser consideradas permanentes e constantes, com o objetivo principal de melhorar a condição de vida do trabalhador, não sendo considerados os gastos eventuais, no entanto.
Podem ser deduzidos como despesas, desde que sejam utilizados para a atividade agrícola, como peças de reposição, manutenção e reparos, combustível, serviços mecânicos e, até mesmo, salário do condutor.
Não são considerados despesas, mesmo que as viagens sejam relacionadas à busca de insumos, por exemplo. Não se tratam de gastos considerados desembolsos obrigatórios ou relacionados à propriedade rural, mas, sim, de custos referentes ao transporte pessoal do produtor.
Podem ser deduzidos apenas se forem destinados a atividades agrícolas, como aluguel para pulverização, semeadura, entre outros.
Para sintetizar essas despesas, citarei, como exemplo, a prestação de serviços da atividade agrícola, que podem ser reconhecidos como despesas de custeio. Lembra que já vimos sobre isso em lições anteriores?! Segundo Arruda e Santos (2017, p.179-180), devem ser consideradas despesas somente aquelas que contribuem, normalmente, para a realização da produção rural, como:
As operações culturais, de colheita, debulha, enfardamento, ceifa e recolha, incluindo operações de sementeira e de plantação.
As operações de embalagem e de acondicionamento, tais como secagem, limpeza, trituração, desinfecção e ensilagem de produtos agrícolas.
A armazenagem de produtos agrícolas.
A guarda, criação ou engorda de animais.
Alocação, para fins rurais, dos meios normalmente utilizados nas explorações agrícolas, pecuárias, silvícolas ou de pesca.
A assistência técnica.
A destruição de plantas e animais nocivos, o tratamento de plantas e de terreno por pulverização.
A exploração de instalações de irrigação e de drenagem.
A poda de árvores, corte de madeira e outros serviços silvícolas.
Sendo assim, todo desembolso deve ser analisado de forma criteriosa, antes de ser lançado nos registros contábeis, por profissional habilitado, e é nesse momento em que o profissional do agronegócio pode ser bem requisitado para ajudar a compreender esses gastos e sua melhor classificação. Espero que os conhecimentos adquiridos na lição de hoje ajudem você a desenvolver tais habilidades.
Com os conhecimentos que você já possui, que, inclusive, comprovou isso em provas no ano passado, garanto a você que já conseguiu ver esta lição de maneira mais tranquila, não é mesmo?! Pois bem, o desafio que lhe proponho hoje, como atividade prática de aplicação dos conteúdos aprendidos, é exatamente isso: volte até o Case desta mesma lição e responda às seguintes perguntas propostas: qual(is) das situações apresentadas pelo seu Arnaldo são considerados custos, gastos ou despesas? Como fazer os devidos registros nas contas correspondentes de maneira correta?
Aproveite e enumere algumas outras situações que venham à sua mente e tente encaixá-las nessas categorias. Com certeza, você estará treinando seu cérebro para saber agir em um momento futuro em relação a esses assuntos, quando estiver em sua atuação profissional. Mãos à obra e até a próxima lição!
ARRUDA, L. L.; SANTOS, C. J. Contabilidade Rural. Curitiba: InterSaberes, 2017.
LORENTZ, F. Contabilidade e análise de custos: uma abordagem prática e objetiva. 3. ed. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 2021.