Olá, estudante do 2º ano do Novo Ensino Médio do Paraná, do Curso Técnico em Agronegócio. Seja muito bem-vindo(a) à mais uma lição da disciplina de Administração e Economia Rural 2. Espero que esteja gostando dos assuntos abordados até aqui!
Na lição de hoje, você compreenderá o que são investimentos e quando os desembolsos podem receber essa definição. Verá, também, alguns dos principais tipos de investimentos existentes, de forma bem superficial e introdutória, e como se dão os registros dos investimentos em relação à contabilidade. Também, será possível perceber e relembrar que nem todo gasto é um investimento e perceber o papel dos estoques nesse processo de gasto, custo ou investimento. Venha comigo aprender um pouco sobre esses importantes assuntos!
Imagine que você faz um desembolso em relação à determinada atividade que realize. Será que todo desembolso pode ser reconhecido como um investimento ou apenas um gasto? Quais são as principais diferenças entre eles?
Entender sobre o que é um investimento se mostra cada vez mais necessário em nossos dias atuais, e você, enquanto Técnico(a) em Agronegócio, deverá saber as principais características desse assunto para que possa auxiliar o produtor em seu processo de tomada de decisões. Da mesma forma, escolher qual é a melhor aplicação aos recursos disponíveis, que você deve lembrar bem que sempre são escassos, é uma decisão que precisa ser realizada com o máximo de embasamento teórico e empírico possível, para que as chances de erro sejam reduzidas a patamares extremamente baixos, elevando, assim, as taxas de acerto das projeções realizadas.
No estudo de caso de hoje, trarei, mais uma vez, o personagem fictício que nos acompanha nesse processo de aquisição de conhecimento técnico. Na lição de hoje, consideraremos a seguinte situação: o Sr. Arnaldo quer empreender em um novo galpão para ordenha, mas, ao mesmo tempo, ele pensa, também, na possibilidade de mudar seu ramo de atuação de criação de gado de corte para produção leiteira.
Temos aqui uma clássica decisão de investimento: em qual propósito deve empregar os recursos disponíveis? Será que ele possui todo o montante necessário para ambas as situações? Se não possui, consegue realizar um empréstimo para financiar parte desse investimento? Aproximaremos essa situação ao máximo de uma possível realidade: o Sr. Arnaldo não possui todo o dinheiro para construção do galpão nem mesmo para aquisição dos novos animais para iniciar a produção leiteira. Nesse caso, ele precisará financiar uma parte. Mas qual será a taxa de juros que ele pagará? Será menor do que o retorno adicional obtido pela realização desses investimentos?
Sei que você pode estar lembrando dos vários indicadores demonstrados no ano passado, e digo que você está correto(a)! O Sr. Arnaldo deverá utilizar todos os meios numéricos de analisar a viabilidade dessas opções de investimentos, mas focando na parte teórica, se ele realizar tal investimento, deverá lançar, adequadamente, suas despesas, investimentos, para contabilizar, corretamente, seus ganhos decorrentes da atividade. Para isso, contratará você, um(a) Técnico(a) em Agronegócio, recém-formado(a), que terá todo o respaldo necessário para auxiliá-lo nessas análises. Espero que você tenha conseguido imaginar essa situação, pois tem muitas chances de se concretizar em sua atuação profissional nos próximos anos, esteja preparado(a) para saber lidar com essas questões!
Para começar a falar sobre investimentos, é necessário que apresentemos uma definição, ou, ainda, mais de uma, que existe na literatura. Por exemplo, segundo Arruda e Santos (2017), investimentos são gastos contabilizados em função de sua capacidade de geração de benefícios futuros. É uma espécie de estocagem de ativos na forma de estoques, por exemplo, ou na forma mais duradoura.
Como exemplos de estoques no setor agrícola, podemos citar máquinas e equipamentos (colheitadeiras, tratores, implementos agrícolas em geral, por exemplo) e demais insumos, como sementes e defensivos agrícolas, desde que comprados com a intenção de produzir riqueza futuramente.
Dessa forma, é possível perceber que o estoque representa um tipo de investimento. Mas quando um produto acabado se torna um bem de investimento?
Bom, não posso deixar de lembrar que estoque é um gasto, mas não é considerado custo, porque, em minhas próprias palavras, representa a mercadoria parada dentro da loja esperando ser vendida, ou, ainda, o produto colhido parado dentro do silo esperando para ser vendido em um período futuro.
Isso não deixa de ser uma decisão de investimento, porque a intenção de aguardar para vender em um tempo mais adiante pode representar uma expectativa de melhor preço que nos dias atuais, o que resultará em ganhos mais compensadores do que se liquidados no momento presente.
Para efeito de análise de investimentos, na forma de estoque, podemos separar em três principais tipos de estoques:
Estoque de Matéria-Prima: representa os produtos na forma de insumos, sem sofrerem nenhuma transformação desde que adquiridos.
Estoque de Produtos em Processo: composto pelos produtos que já sofreram alguma modificação, mas, ainda, não foi finalizado o processo de transformação.
Estoque de Produtos Finais: são os itens que já passaram por todas as etapas de transformação e estão disponíveis para a venda imediata ou posterior.
Devo lembrar que empreender em um projeto agropecuário ou empresarial significa uma alternativa de investimento, que, para efeitos de comparação e análise, deve ser entendido como uma opção de mercado. É nessa parte que entra o nosso conhecido conceito de custo de oportunidade — lembrarei você sobre esse assunto em uma próxima lição, mas tente ir percebendo esses conceitos ao longo de seus estudos.
Na verdade, apesar de nosso maior foco ser nos investimentos dentro da porteira — como diria usando nosso palavreado mais agro —, existem, sim, os investimentos fora da porteira, que podem ser realizados em indústrias, agroindústrias ou similares, que, nesse caso, estão incorporados em nossa análise, por fazerem parte do agronegócio. No entanto investimentos em infraestrutura, como construção de novas estradas, comercialização, comunicação e criação de projetos de incentivos regionais ou nacionais, geralmente, são proporcionados pelo Estado, por políticas de governo dos entes públicos.
Essas políticas são responsáveis por incentivar ou reprimir o desenvolvimento dos projetos setoriais, sobretudo os privados, pois entram em nossa análise como agentes potencializadores, e não como objetos de estudos. Mas, se surgir interesse em aprender mais sobre o assunto, aprofunde-se, pois é um tema de extrema importância e de amplo campo de atuação. No entanto os investimentos aqui mencionados têm maior foco na decisão do produtor rural em decidir se empreende em determinada atividade ou em outra, qual será a intensidade de determinada atividade e quais serão os investimentos necessários para realizar cada uma delas bem como qual será o retorno de cada atividade, a fim de compará-las e decidir qual é a melhor opção de emprego do capital disponível.
Seguindo a definição apresentada por Rodrigues et al. (2021), podemos diferenciar despesas/custos em relação a gastos ou investimentos. Primeiramente, como definido na lição anterior, despesas estão relacionadas, sobretudo, com funções administrativas e de comercialização. Mas e quando o produto colhido não é vendido imediatamente? E quando os desembolsos não estão diretamente ligados à produção nem à sua comercialização ou administração imediata? Bom, nessa situação, podemos dizer que se tornam investimentos.
Nas palavras de Rodriguez et al. (2021, p. 250), os recursos financeiros são
Efetivamente aplicados durante o ano-calendário com vistas ao desenvolvimento da atividade, para a expansão da produção e melhoria da produtividade, realizados com:
A. Benfeitorias resultantes de construção, instalações, melhoramentos, reparos, bem como de limpeza de diques, comportas e canais;
B. Culturas permanentes, essências florestais e pastagens artificiais;
C. Aquisição de tratores, implementos e equipamentos, máquinas, motores, veículos de carga, utensílios e bens de duração superior a um ano (computadores, telefones, etc.), bem como de botes de pesca e caiaque, frigoríficos para conservação de pesca, cordas, anzóis, boias, guinchos e reformas em embarcações;
D. Animais de trabalho, produção e engorda;
E. Serviços técnicos especializados, devidamente contratados, que visem a elevar a eficiência do uso dos recursos da propriedade ou exploração rural;
F. Insumos que contribuam destacadamente para a elevação da produtividade, tais como reprodutores, matrizes, alevinos e girinos, sementes e mudas selecionadas, corretivos de solo, fertilizantes, vacinas e defensivos vegetais e animais;
G. Atividades que visem especificamente à elevação socioeconômica do trabalhador rural, tais como casas de trabalhadores, prédios e galpões para atividades recreativas, educacionais e de saúde;
H. Estradas que facilitem o acesso ou a circulação na propriedade;
I. Instalação de aparelhagem de comunicação, bússola, sonda, radares e energia elétrica;
J. Bolsas para formação de técnicos em atividades rurais, inclusive gerentes de estabelecimentos e contabilistas.
Em relação ao lançamento dos desembolsos com investimentos, deve-se observar algumas especificidades, como:
Se o bem for adquirido por meio de financiamento rural, ele deve ser computado quando ocorrer o pagamento do bem, e não do empréstimo.
Se ocorrer, porém, na forma de consórcio, deverá ser considerado o pagamento das parcelas até a contemplação, no ano em que essa ocorrer, sendo que as demais são consideradas assim que ocorrerem.
Os bens que forem adquiridos por meio de permuta deverão ser convertidos para que ocorra tanto a tributação da receita quanto dos gastos assim que cada parcela ocorrer.
Para que haja uma comprovação dos valores apresentados, torna-se necessária a apresentação de documentos comprobatórios confiáveis, tais como notas fiscais, faturas, recibos, contratos de prestação de serviços, laudos de vistorias, folhas de pagamentos, entre outros que possam comprovar a origem e o destino dos recursos aplicados.
Gitman e Joehnk (2005) destacam alguns tipos de investimento que serão apenas citados aqui, pois seria necessário um curso apenas desse assunto para abranger as várias opções de áreas que podem ser exploradas sobre esse tema. Para efeito de conhecimento básico, além de empreender em assuntos agropecuários ou empresariais, outros tipos de investimentos podem ser diferenciados em relação a alguns fatores:
Título: representa a dívida, a propriedade ou o direito legal de adquirir ou vender uma propriedade.
Propriedade: representa investimentos em bens imóveis ou pessoas tangíveis (que foram os investimentos de maior foco em nosso curso, no caso).
Direto: quando se adquire direito de reivindicações sobre o título ou propriedade possuído.
Indireto: trata-se de comprar uma quota em um fundo ou carteira gerenciada por outra pessoa ou empresa, que não a emissora direta das ações.
Dívida: representa os recursos que se tomam emprestados em troca de pagamentos de juros e devolução do capital principal em data futura.
Capital próprio: diz respeito ao capital permanente da propriedade em questão ou negócio.
Derivativos: representam um direito de compra e venda de outros títulos ou capital próprio, mas isso será assunto para lições mais ao final da disciplina, prometo!
Primeiramente, risco, nesse caso, representa a probabilidade de os retornos não refletirem os valores esperados por eles. Um investimento de baixo risco é aquele que transmite maior segurança em relação ao recebimento esperado de seu retorno, enquanto um de alto risco não transmite uma previsibilidade tão concreta dos retornos, porém oferece uma possibilidade de ganhos (ou perdas) mais elevada.
Mais uma vez, lembrando a você que os assuntos foram apresentados de forma introdutória, mas podem ser amplamente expandidos de acordo com o interesse em cada uma das áreas.
Com os conhecimentos adquiridos na lição de hoje, acredito que tenha despertado maior interesse de sua parte pelo assunto apresentado. Como disse anteriormente, foram introduções de vários assuntos que podem ser extremamente explorados, mas que não cabe aqui na disciplina, ou ainda ao curso, avançarmos mais nesses aspectos técnicos ou teóricos. No entanto, como sugestão de atividade prática, sugiro a você que pesquise, a fundo, sobre um ou mais assuntos mencionados que mais o(a) deixou com aquela curiosidade mais intensa. Hoje, com o avanço da Internet e a quantidade imensa de informações obtida gratuitamente por meio das redes sociais, é possível que você faça, inclusive, algum curso introdutório sobre o assunto escolhido, alguns até com emissão de certificado de forma gratuita.
Se gostou e quer conhecer, mais de perto, como funciona esse mundo dos investimentos, sobretudo em ações e seus derivados, abra uma conta gratuita em uma corretora de valores, acompanhe compras e vendas, ainda que fictícias, anotando-as em um papel e vá aprendendo mais sobre o assunto. Talvez, após um tempo, você até goste de atuar na área e passe a fazer operações reais aplicando dinheiro. Até uma próxima lição!
ARRUDA, L. L.; SANTOS, C. J. Contabilidade Rural. Curitiba: InterSaberes, 2017.
GITMAN, L. J.; JOEHNK, M. D. Princípios de investimentos. São Paulo: Pearson Addisons Wesley, 2005.
RODRIGUEZ, A. O. et al. Contabilidade Rural. 5. ed. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 2021.