Olá, aluno(a), seja bem-vindo(a) a mais uma lição da disciplina de Administração e Economia Rural II, do Curso Técnico em Agronegócios do Novo Ensino Médio do Paraná. Primeiramente, queria parabenizá-lo(a) por ter chegado a aproximadamente metade de seu período de curso, pois já estamos na metade da disciplina e na metade do segundo ano de seu Ensino Médio. Logo mais, você estará formado(a) e poderá atuar nessa importante profissão na qual está sendo formado(a).
Bom, sem mais demora, queria dizer que o objetivo da aula de hoje é muito simples: apresentar a você a conta de lucros e perdas das empresas, bem como maneiras de usá-la em suas análises profissionais futuras e, também, demonstrar algumas diferenças entre ela e algumas outras contas componentes do balanço de pagamentos. Venha comigo para mais uma lição!
Num ambiente em que cada centavo vale a pena, entender os resultados de um negócio e os fatores que levaram àqueles valores é de vital importância para empresários, agricultores, empreendedores — rurais ou não — e todos os agentes que participam de cargos de gestão nas organizações, incluindo você, enquanto Técnico(a) em Agronegócio, em sua atuação daqui a alguns poucos meses.
Entender os resultados de um negócio se faz necessário para que se possa replicar casos de sucesso obtidos e evitar situações desagradáveis ou situações em que não houve êxito nas ações propostas. Da mesma forma, se eu, enquanto investidor, estiver decidindo em qual empresa eu invisto, posso fazer essa escolha baseada na situação financeira da empresa, bem como na estabilidade e saúde financeira dela, que, de certa maneira, estará descrita nos valores apresentados nessa conta que aprenderemos um pouco mais na lição de hoje.
Imagine a seguinte situação: uma pessoa quer saber se investe na empresa A, que é líder de setor no ramo de telefonia móvel, ou na empresa B, que também participa do mesmo mercado de telefonia móvel, porém com menor parcela de mercado.
Uma opção de saber se a empresa é “boa para se investir”, ou seja, se ela, provavelmente, obterá sucesso e valorização nos próximos períodos, é exatamente olhando sua conta de Lucros e Prejuízos Acumulados. É claro que se deve olhar não apenas os números, mas, sim, seu histórico, as causas daqueles números no atual momento, dentre muitos outros fatores.
Por exemplo, imagine que a Empresa A tenha um saldo positivo nessa conta, o que, segundo as leis vigentes, exigiria que fossem remanejados para outras aplicações. Quais seriam essas aplicações? Seriam destinados a ações de investimentos para melhoria constante do serviço prestado ou para pagamento de dívidas?
Pense também que, ao mesmo tempo, essa conta da empresa B possua saldo negativo. Isso seria necessariamente ruim? Pode significar investimentos de longo prazo em ativos que darão ótimos retornos futuros? Ou, simplesmente, dívidas e prejuízos de ações ou acontecimentos do exercício atual?
Viu como são relevantes essas contas? Nesse caso, a depender da resposta a essas perguntas, eu poderia optar, inclusive, por investir na empresa B, mesmo tendo resultado negativo se fosse para investimentos de longo prazo, em vez de investir na empresa A se ela apresentasse resultados positivos, porém dívidas ativas, ou se não fosse adepta de investimentos.
Ao analisar as contas das empresas, é normal que se busque alguns indicadores em meio a tantas informações disponíveis — muitas vezes, repetidas, outras vezes, com informações faltantes —, geralmente, sendo necessário criá-los. Em nossa disciplina de Administração e Economia Rural I, já vimos alguns desses indicadores, mas os retomaremos muito em breve nas próximas lições, como Taxa Interna de Retorno (TIR), Valor Presente Líquido (VPL), Taxa Mínima de Atratividade (TMA), Payback, Análises de Benefício-Custo, ou Custo-Benefício, dentre tantos outros possíveis.
Como mencionado, esses indicadores, no entanto, são criados, e nem sempre as informações necessárias para preenchê-los são de fácil acesso, ou, ainda, para que se possa calculá-los, torna-se necessário supor ou colocar parâmetros para algumas de suas variáveis, o que torna a análise um tanto quanto subjetiva e incerta em relação a suas previsões. Mas é possível que se tenha um panorama básico da situação da empresa olhando uma informação que costuma estar disponível em seus balanços: o P & L.
Segundo Reis (2022), uma das ferramentas mais utilizadas nas análises contábeis das empresas é o P & L. Isso porque a sigla vem do inglês, em que P significa Profit e L significa Loss, que, traduzindo para o português, ficaria algo como conta de lucros ou perdas. No entanto essa conta costuma ser chamada também de conta de lucros ou prejuízos acumulados.
O P & L remete à DRE (Demonstração do Resultado do Exercício), que já vimos em nossos estudos, porém muitos especialistas afirmam que não é a mesma coisa.
O P & L representa um importante documento de gestão e análise de uma empresa, pois apresenta dados específicos referentes aos resultados obtidos por ele. É praticamente um balancete que indica o resultado da atividade desenvolvida pela empresa e pode ser elaborado para avaliar tanto a empresa como um todo quanto a uma linha ou produto específico, ou, ainda, de determinado setor ou departamento da organização (REIS, 2022).
Segundo Reis (2022), essa conta pode ajudar a:
Definir estratégias e ações.
Realizar comparação de situações da empresa em diferentes épocas.
Possibilitar a avaliação de receitas e gastos, faturamento e questões relacionadas à gestão da organização.
Sendo assim, o P & L é considerado um importante meio de gerenciamento de uma empresa. Essa conta, ou seu equivalente (Demonstração do Resultado do Exercício), deve estar em um plano de negócios bem elaborado, mas esse é assunto para outro momento. Inclusive, você verá isso na disciplina de Empreendedorismo muito detalhadamente.
Mas o que inclui essa conta? Isso é definido pela própria empresa, no entanto, bem como sua periodicidade, varia de acordo com as decisões da gerência e do tipo de negócio. Porém os mais observados na literatura, segundo Reis (2022), são:
Volume de vendas.
Faturamento total.
Custo unitário dos produtos vendidos.
Custo da fabricação.
Custos administrativos.
Lucro bruto.
Lucro líquido.
Sendo assim, as principais informações obtidas nessa conta são os lucros, os custos e as vendas ou receitas. Como o objetivo principal das empresas é gerar lucros, assim como apresentado a você no ano passado na disciplina de Administração e Economia Rural I, para se elevar os lucros, temos duas possibilidades: aumentar as receitas (nesse caso, podem ser representadas pela maior oferta de produtos pela empresa, ou uma safra recorde de soja ou milho); reduzir os custos (podendo ser da produção, por meio de tecnologias mais eficientes, redução de processos ou em compras por atacado, por exemplo, negociações de preços com fornecedores).
É importante lembrar que, após se deduzirem os custos das receitas obtidas, também é necessário que se retire as despesas, que são os desembolsos indiretos que forem realizados pela atividade. Após esses descontos, será possível encontrar o resultado final dessa conta, que, se positiva, representará os lucros acumulados e, se negativa, apresentará as perdas ou prejuízos sofridos no período analisado. Lembrando que, nesse último caso, devem ser revertidos nos próximos exercícios sociais.
Essa conta faz parte da DLPA (Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados) e, ainda, está incorporada dentro do Patrimônio Líquido. Sua principal função é complementar as informações contidas na DRE (Demonstração do Resultado do Exercício) (SANTOS, 2014). Nota-se que esse autor é um exemplo de pesquisador que defende que a DRE e a Conta de Lucros ou Prejuízos Acumulados são diferentes.
Um detalhe importante de se acrescentar é o fato de que, segundo a Lei nº 11.638/2007, as sociedades por ações não podem apresentar saldos positivos nessa conta. Sendo assim, ao final de cada exercício, os valores resultantes, se positivos, devem ser destinados por propostas da administração da companhia, depois de aprovadas por assembleia geral ordinária. Lembrando apenas que isso só se aplica às sociedades formadas por ações, para seus balanços a partir de 31 de dezembro de 2008.
Repare, apenas, que, mesmo nesse caso, essa ainda deve constar em seu plano de contas, apenas com seus registros compreendendo somente o saldo respectivo de eventuais prejuízos não absorvidos pelas demais reservas, e não eventuais resultados positivos, como lucros ou reservas, sendo que esses devem ser repassados a outras finalidades. Há, também, uma conta que cabe que eu comente por aqui, pois possui muitas semelhanças com a de Lucros ou Prejuízos Acumulados, trata-se da DMPL (Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido). Ela, inclusive, pode substituir a conta de lucros e perdas na DRE, segundo a Lei nº 6.404/76, art. 186.
A DMPL fornece não só as movimentações executadas durante o exercício, mas também as motivações ou causas dessas ações. Isso permite que se amplie o horizonte de análises em relação à DLPA, principalmente pelo fato de demonstrar as variações de todas as contas dentro do Balanço Patrimonial, e não só da conta Lucros ou Prejuízos Acumulados. Com isso, torna-se possível entender, mais precisamente, os movimentos dos fluxos financeiros realizados dentro das contas do Balanço Patrimonial e tomar ações mais assertivas quanto a suas destinações (MÜLLER, 2007).
Imagine que, numa sequência em níveis de precisão ou riqueza de detalhamento cada vez maior, vem, em primeiro lugar, a DRE, depois, a DLPA e, por último, a DMPL. No entanto, pela DLPA, já é possível tomar ações assertivas quanto às destinações de recursos ainda que não sejam possíveis as visualizações de como se deram as variações dos saldos nela apresentados. De maneira geral, se olharmos para uma DMPL, filtrando apenas as movimentações e os valores das Contas de Lucros Acumulados, teremos exatamente a Conta de Lucros ou Prejuízos Acumulados. É como se a DMPL fosse uma versão estendida e mais completa da DLPA ou da conta de Lucros ou Prejuízos Acumulados. Ambas as apresentações realizadas nesta lição são de grande importância para o devido conhecimento organizacional.
Cabe destacar que as contas ou valores registrados na conta de lucros ou perdas referem-se a despesas ou gastos realizados no período observado. Para tanto, é necessário que, para que você possa analisá-la de forma correta, recorde-se desses conceitos. Se não se lembrar de algum deles, volte algumas lições atrás e resgate suas definições, pois serão de grande valia nesta jornada do conhecimento.
Com os conhecimentos adquiridos nesta lição, acredito que seja possível que você entenda um pouco melhor as contas e os demonstrativos de resultados, sobretudo a conta de Lucros ou Prejuízos Acumulados, ou Ganhos e Perdas, DLPA ou P & L. Esses nomes ou siglas que, muitas vezes, poderiam ser entraves em sua leitura de balanços na sua atuação, enquanto Técnico(a) em Agronegócio, agora, com os conhecimentos adquiridos, tendem a ser facilmente decifrados.
Mais uma vez, reforço a importância da construção do conhecimento linear ao decorrer das lições apresentadas. Então, como sugestão de aplicação para hoje, deixaria apenas uma: pense em tudo o que você estudou até aqui, quais assuntos já vimos, quais deles se mostrou interessantes a você, quais não chamaram tanto sua atenção.
Apenas, lembre-se que vimos um pouco de tudo que existe em sua área e que você não tem a obrigação de sair especialista em todos esses assuntos, mas aconselho que, ao menos, você escolha um ou mais assuntos e se aprofunde no conhecimento e saiba os demais, pelo menos no nível mais básico para entendimento no seu dia a dia. Isso lhe trará um diferencial importante em sua atuação profissional e ajudará a orientar seus estudos também. Espero que tenha gostado da lição de hoje e até a próxima!
BRASIL. Lei n° 6.404/76, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por Ações. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6404consol.htm. Acesso em: 16 mar. 2023.
BRASIL. Lei nº 11.638, de 28 de dezembro de 2007. Altera e revoga dispositivos da Lei no 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e da Lei no 6.385, de 7 de dezembro de 1976, e estende às sociedades de grande porte disposições relativas à elaboração e divulgação de demonstrações financeiras. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11638.htm. Acesso em: 16 mar. 2023.
MÜLLER, A. N. Contabilidade básica: fundamentos essenciais. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007.
REIS, T. P & L: o que é? Como funciona o demonstrativo de lucros e perdas. 27 out. 2022. Disponível em: https://www.suno.com.br/artigos/pl/. Acesso em: 16 mar. 2023.
SANTOS, A. S. (org.). Contabilidade. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2014.