Maiara Vicentini

Doutorado | 4° ano

maiaravicentini@gmail.com


Orientador

Helena Cristina da Silva de Assis

Cianotoxinas, aquecimento global e os efeitos em uma espécie de peixe neotropical

A água é um dos recursos mais afetados pela intensificação das atividades antrópicas. Consequências dessas atividades, como a eutrofização e o aquecimento global, favorecem a ocorrência de florações de cianobactérias produtoras de cianotoxinas, sendo este um grande problema em reservatórios de abastecimento público. O objetivo deste trabalho é avaliar a resposta de uma espécie nativa de peixe exposta à diferentes temperaturas e às neurotoxinas produzidas pela Raphidiopsis (Cylindrospermopsis) raciborskii, utilizando biomarcadores de contaminação ambiental. Para isso, o extrato bruto foi produzido a partir do cultivo dessas cianobactérias e as cianoxitoxinas presentes foram quantificadas. Peixes da espécie Rhamdia quelen, machos e fêmeas, foram expostos a diferentes tratamentos: controle 25°C, controle 30°C, extrato equivalente a 105 células/ml a 25°C e extrato de 105 células/ml a 30°C. Após 96 horas, os animais foram anestesiados e o sangue coletado. Após a eutanásia, os arcos brânquiais, rim posterior, cérebro, músculo, fígado e gônada foram coletados para análise dos biomarcadores. A temperatura isoladamente foi capaz de alterar parâmetros sanguíneos, como os níveis de glicose e número de leucócitos, além de causar danos ao DNA. A análise proteômica do fígado mostrou que o aumento da temperatura pode alterar proteínas relacionadas a estruturação e transporte celular, produção de energia, resposta imune e vias metabólicas de diferentes compostos, como os aminoácidos. Com relação a exposição às cianotoxinas a 25°C, foi possível observar maiores alterações em parâmetros sanguíneos e danos ao DNA em diferentes tecidos, principalmente em machos. Já a exposição às cianotoxinas a 30°C, foi observado maiores danos bioquímicos em fêmeas, como lipoperoxidação, além de genotoxicidade em ambos os sexos em todos os tecidos analisados. Esses resultados preliminares demonstram que o aumento da temperatura é capaz de agravar a toxicidade de cianotoxinas produzidas por Raphidiopsis (Cylindrospermopsis) raciborskii, visto que mais danos de macromoléculas foram observados em temperaturas mais altas.