Daniel Lins
Doutorado | 4° ano
Cultivo de mexilhões (Perna perna): De portador a transmissor de espécies invasoras
Cultivo de mexilhões (Perna perna): De portador a transmissor de espécies invasoras
A distribuição e o impacto de espécies invasoras foram avaliados em cultivos de mexilhões no estado de Santa Catarina. Dentre as espécies amplamente distribuídas e causando impactos estão duas ascídias: Didemnum perlucidum e Styela plicata; dois briozoários: Schizoporella errata e Watersipora subtorquata; um cirrípede: Megabalanus coccopoma e, um molusco bivalve: o mexilhão invasor Mytilus galloprovincialis, apontado como uma introdução recente que já exerce impactos devastadores à produtividade local. Em Bombinhas, epicentro da invasão de Mytilus, testamos a eficiência de uma estratégia de manejo amplamente utilizada que busca a aquisição de sementes da espécie comercial no período de maior recrutamento e evitar a incrustação de espécies indesejadas. Utilizando substratos artificiais monitoramos mês a mês o recrutamento dos mexilhões local e invasor ao longo de um ano e revelamos que ambas as espécies apresentaram padrão semelhante com picos e redução no recrutamento simultâneos, o que torna a estratégia de manejo injustificável para os locais avaliados. Recomendamos a suspensão da prática de obtenção de juvenis da coluna d’água nos locais afetados, limpeza de todas as estruturas submersas e flutuantes, incluindo as embarcações e após um ciclo em quarentena, recomendamos a obtenção de sementes de Perna de outros locais. Considerando que os cultivos marinhos de Santa Catarina são portadores de diversas espécies invasoras, nós avaliamos a possibilidade de a região ser doadora de espécies para outros estados. Utilizamos modelos de adequabilidade ambiental, com dados ambientais atuais e projeções da mudança do clima, sob diferentes cenários futuros em associação com a distribuição atual das espécies focais e o volume de cargas de cabotagem, oriundo dos portos do estado de Santa Catarina destinados a outros portos do Brasil. Embora as espécies apresentem adequabilidade para expandir regionalmente suas distribuições a introdução em estados mais distantes por rotas de comércio marítimo parece improvável devido à baixa adequabilidade ambiental.